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Precisão da medida de mobilidade no espaço de vida para discriminar fragilidade e sarcopenia em idosos

Resumo

Objetivo

Identificar o perfil de mobilidade nos espaços de vida em idosos que vivem na comunidade e estabelecer a precisão dos pontos de corte desse instrumento para discriminar entre níveis de fragilidade, fragilidade em marcha e de risco de sarcopenia.

Método

Estudo observacional e metodológico com 391 participantes com 72 anos e mais (80,4±4,6), que responderam ao Life Space Assessment (LSA) e a medidas de rastreio de fragilidade e risco de sarcopenia usando respectivamente o fenótipo de fragilidade e o SARC-F. Os pontos de corte para fragilidade e risco de sarcopenia foram determinados por meio da Curva ROC (Receiver Operating Characteristic) com intervalos de confiança de 95%.

Resultados

A média da pontuação no LSA foi 53,6±21,8. Os pontos de corte de melhor acurácia diagnóstica foram ≤54 pontos para fragilidade em marcha (AUC= 0,645 95%; p<0,001) e ≤60 pontos para risco de sarcopenia (AUC= 0,651 95%; p<0,001).

Conclusão

A capacidade de idosos de se deslocar nos vários níveis de espaços de vida, avaliado pelo LSA demonstrou ser uma ferramenta viável que pode contribuir no rastreio de fragilidade em marcha e de risco de sarcopenia e, com isso, prevenir desfechos negativos.

Palavras-Chave:
Envelhecimento; Idoso; Fragilidade; Sarcopenia; Limitação da Mobilidade

Abstract

Objective

To identify the profile of a sample of older people recruited at home based on a measure of life-space mobility and to establish the accuracy of the cut-off points of this instrument for discriminating between levels of frailty, frailty in walking speed and risk of sarcopenia.

Method

An observational methodological study of 391 participants aged ≥72 (80.4±4.6) years, who answered the Life-Space Assessment (LSA) and underwent frailty and risk of sarcopenia screening using the frailty phenotype and SARC-F measures, respectively, was performed. The cut-off points for frailty and risk of sarcopenia were determined using ROC (​​Receiver Operating Characteristic) curves and their respective 95% confidence intervals.

Results

Mean total LSA score was 53.6±21.8. The cut-off points with the best diagnostic accuracy for total LSA were ≤54 points for frailty in walking speed (AUC=0.645 95%; p<0.001) and ≤60 points for risk of sarcopenia (AUC=0.651 95%; p<0.001).

Conclusion

The ability of older people to move around life-space levels, as assessed by the LSA, proved a promising tool to screen for frailty in walking speed and risk of sarcopenia, thus contributing to the prevention of adverse outcomes.

Keywords
Aging; Older people; Frailty; Sarcopenia; Mobility Limitation

INTRODUÇÃO

A mobilidade é definida como atividade intencional de deslocamento de uma pessoa de um local para outro. É realizada em ambientes internos e externos e com fins específicos, tais como andar dentro de casa, visitar amigos e família, participar de eventos religiosos e culturais e comparecer aos serviços de saúde11 Johnson J, Rodriguez MA, Al Snih S. Life-Space Mobility in the Elderly: Current Perspectives. Clin Interv Aging. 2020; 15:1665–74.,22 Ferrucci L, Cooper R, Shardell M, Simonsick EM, Schrack JA, Kuh D. Age-Related Change in Mobility: Perspectives from Life Course Epidemiology and Geroscience. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016;71(9):1184–94.. A independência em mobilidade é reconhecida como um marcador essencial da funcionalidade e do envelhecimento saudável11 Johnson J, Rodriguez MA, Al Snih S. Life-Space Mobility in the Elderly: Current Perspectives. Clin Interv Aging. 2020; 15:1665–74.,33 Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Organização Pan-Americana da Saúde; 2005.. Estudos associam-na com o bem-estar físico e psicológico em pessoas idosas11 Johnson J, Rodriguez MA, Al Snih S. Life-Space Mobility in the Elderly: Current Perspectives. Clin Interv Aging. 2020; 15:1665–74.

2 Ferrucci L, Cooper R, Shardell M, Simonsick EM, Schrack JA, Kuh D. Age-Related Change in Mobility: Perspectives from Life Course Epidemiology and Geroscience. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016;71(9):1184–94.
-33 Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Organização Pan-Americana da Saúde; 2005.. Além disso, o engajamento social dos idosos está particularmente associado à mobilidade exercida fora de casa, na vizinhança ou em deslocamentos para locais dentro e fora da cidade22 Ferrucci L, Cooper R, Shardell M, Simonsick EM, Schrack JA, Kuh D. Age-Related Change in Mobility: Perspectives from Life Course Epidemiology and Geroscience. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016;71(9):1184–94..

Para fins de investigação, a mobilidade dentro e fora de casa tem sido avaliada com base em instrumento de espaço de vida44 Baker PS, Bodner EV, Allman RM. Measuring Life-Space Mobility in Community-Dwelling Older Adults. Journal of the American Geriatrics Society. 2003;51(11):1610–4.

5 Peel C, Baker PS, Roth DL, Brown CJ, Bodner EV, Allman RM. Assessing Mobility in Older Adults: The UAB Study of Aging Life-Space Assessment. Physical Therapy. 2005;85(10):1008–19.
-66 Webber SC, Porter MM, Menec VH. Mobility in older adults: a comprehensive framework. Gerontologist. 2010;50(4):443–50.. Para tanto, Webber et al.66 Webber SC, Porter MM, Menec VH. Mobility in older adults: a comprehensive framework. Gerontologist. 2010;50(4):443–50. propuseram um modelo de espaço de vida que inclui áreas concêntricas de expansão a partir da residência, com exigências crescentes em relação ao desempenho independente da mobilidade. São incluídas como zonas de mobilidade: o quarto onde se dorme, a casa, a área ao ar livre em torno da casa em que se mora, o bairro onde ela se localiza, a comunidade de prestadores de serviço (por exemplo lojas, bancos, serviços de cuidados à saúde), a cidade, a área circundante (por exemplo, o estado e o país) e o mundo66 Webber SC, Porter MM, Menec VH. Mobility in older adults: a comprehensive framework. Gerontologist. 2010;50(4):443–50.. Nesse modelo, a medida do espaço de vida é realizada por um instrumento denominado Life Space Assessment (LSA)55 Peel C, Baker PS, Roth DL, Brown CJ, Bodner EV, Allman RM. Assessing Mobility in Older Adults: The UAB Study of Aging Life-Space Assessment. Physical Therapy. 2005;85(10):1008–19. que reflete em estimativas da frequência e da extensão do deslocamento do ambiente imediato de dentro de casa para o ambiente ampliado de fora de casa, independentemente de como se chega a eles, seja por meio de assistência pessoal, seja com o auxílio de equipamento ou sem nenhum tipo de auxílio55 Peel C, Baker PS, Roth DL, Brown CJ, Bodner EV, Allman RM. Assessing Mobility in Older Adults: The UAB Study of Aging Life-Space Assessment. Physical Therapy. 2005;85(10):1008–19..

O LSA foi validado em uma amostra aleatória 306 idosos com 65 anos ou mais. A confiabilidade do teste e reteste em duas semanas de acompanhamento foi de 0,96 (95% IC=0,95-0,97)11 Johnson J, Rodriguez MA, Al Snih S. Life-Space Mobility in the Elderly: Current Perspectives. Clin Interv Aging. 2020; 15:1665–74.. Foi validado e traduzido em vários idiomas (alemão, chinês, dinamarquês, espanhol, finlandês, francês-canadense, japonês e português)11 Johnson J, Rodriguez MA, Al Snih S. Life-Space Mobility in the Elderly: Current Perspectives. Clin Interv Aging. 2020; 15:1665–74.. Para os brasileiros residentes na comunidade, o LSA preencheu os critérios de validade do conteúdo. O valor alfa do Cronbach foi de 0,92, o coeficiente de correlação intraclasse de 0,97 (95% IC=0,95-0,98)77 Simões M do SM, Garcia IF, Costa L da C, Lunardi AC. Life-Space Assessment questionnaire: Novel measurement properties for Brazilian community-dwelling older adults. Geriatr Gerontol Int. 2018;18(5):783–9..

O espaço de vida é um bom constructo e um critério válido para avaliar as limitações de mobilidade11 Johnson J, Rodriguez MA, Al Snih S. Life-Space Mobility in the Elderly: Current Perspectives. Clin Interv Aging. 2020; 15:1665–74.,44 Baker PS, Bodner EV, Allman RM. Measuring Life-Space Mobility in Community-Dwelling Older Adults. Journal of the American Geriatrics Society. 2003;51(11):1610–4.,55 Peel C, Baker PS, Roth DL, Brown CJ, Bodner EV, Allman RM. Assessing Mobility in Older Adults: The UAB Study of Aging Life-Space Assessment. Physical Therapy. 2005;85(10):1008–19.,66 Webber SC, Porter MM, Menec VH. Mobility in older adults: a comprehensive framework. Gerontologist. 2010;50(4):443–50.. Em idosos, a restrição da mobilidade nos espaços de vida está associada a eventos adversos em saúde, tais como quedas, fraturas, sarcopenia, declínio cognitivo, fragilidade e institucionalização. Relaciona-se também à mortalidade11 Johnson J, Rodriguez MA, Al Snih S. Life-Space Mobility in the Elderly: Current Perspectives. Clin Interv Aging. 2020; 15:1665–74.,77 Simões M do SM, Garcia IF, Costa L da C, Lunardi AC. Life-Space Assessment questionnaire: Novel measurement properties for Brazilian community-dwelling older adults. Geriatr Gerontol Int. 2018;18(5):783–9.

8 Choi M, O’Connor ML, Mingo CA, Mezuk B. Gender and Racial Disparities in Life-Space Constriction Among Older Adults. Gerontologist. 2016;56(6):1153–60.

9 Rantakokko M, Portegijs E, Viljanen A, Iwarsson S, Kauppinen M, Rantanen T. Changes in life-space mobility and quality of life among community-dwelling older people: a 2-year follow-up study. Qual Life Res. 2016;25(5):1189–97.

10 Caldas V, Fernandes J, Vafaei A, Gomes C, Costa J, Curcio C, et al. Life-Space and Cognitive Decline in Older Adults in Different Social and Economic Contexts: Longitudinal Results from the IMIAS Study. J Cross Cult Gerontol. 2020;35(3):237–54.

11 De Silva NA, Gregory MA, Venkateshan SS, Verschoor CP, Kuspinar A. Examining the Association between Life-Space Mobility and Cognitive Function in Older Adults: A Systematic Review. J Aging Res. 2019; 2019:3923574.
-1212 Portegijs E, Rantakokko M, Viljanen A, Sipilä S, Rantanen T. Is frailty associated with life-space mobility and perceived autonomy in participation outdoors? A longitudinal study. Age Ageing. 2016;45(4):550–3.. Em contrapartida, a manutenção da mobilidade nos espaços de vida associa-se com boa capacidade funcional e senso de autonomia, que se refletem em interesse para participação em atividades sociais e em bons níveis de qualidade de vida percebida11 Johnson J, Rodriguez MA, Al Snih S. Life-Space Mobility in the Elderly: Current Perspectives. Clin Interv Aging. 2020; 15:1665–74.,55 Peel C, Baker PS, Roth DL, Brown CJ, Bodner EV, Allman RM. Assessing Mobility in Older Adults: The UAB Study of Aging Life-Space Assessment. Physical Therapy. 2005;85(10):1008–19.,88 Choi M, O’Connor ML, Mingo CA, Mezuk B. Gender and Racial Disparities in Life-Space Constriction Among Older Adults. Gerontologist. 2016;56(6):1153–60.,99 Rantakokko M, Portegijs E, Viljanen A, Iwarsson S, Kauppinen M, Rantanen T. Changes in life-space mobility and quality of life among community-dwelling older people: a 2-year follow-up study. Qual Life Res. 2016;25(5):1189–97.,1313 Rantanen T, Eronen J, Kauppinen M, Kokko K, Sanaslahti S, Kajan N, et al. Life-Space Mobility and Active Aging as Factors Underlying Quality of Life Among Older People Before and During COVID-19 Lockdown in Finland-A Longitudinal Study. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2021;76(3):e60–7.

14 Saraiva MD, Apolinario D, Avelino-Silva TJ, de Assis Moura Tavares C, Gattás-Vernaglia IF, Marques Fernandes C, et al. The Impact of Frailty on the Relationship between Life-Space Mobility and Quality of Life in Older Adults during the COVID-19 Pandemic. J Nutr Health Aging. 2021;25(4):440–7.

15 Hewston P, Grenier A, Burke E, Kennedy CC, Papaioannou A. Frailty and Life-Space Mobility: Implications for Clinical Practice and Research. Occup Ther Health Care. 2021;35(1):16–24.
-1616 Perracini MR, Correia de Lima MDC, Soares VN, Komatsu TR. Desempenho funcional, mobilidade e espaço de vida. In: Neri, AL, Borim FSA, Assumpção D. Octogenários em Campinas: dados do Fibra 80+. Campinas: Alínea, 2019. p. 99-112.. As restrições em mobilidade não decorrem apenas do efeito acumulativo das comorbidades sobre os sistemas fisiológicos, mas refletem a interação entre fatores biológicos, comportamentais, sociais, econômicos e ambientais11 Johnson J, Rodriguez MA, Al Snih S. Life-Space Mobility in the Elderly: Current Perspectives. Clin Interv Aging. 2020; 15:1665–74.,22 Ferrucci L, Cooper R, Shardell M, Simonsick EM, Schrack JA, Kuh D. Age-Related Change in Mobility: Perspectives from Life Course Epidemiology and Geroscience. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016;71(9):1184–94.,1515 Hewston P, Grenier A, Burke E, Kennedy CC, Papaioannou A. Frailty and Life-Space Mobility: Implications for Clinical Practice and Research. Occup Ther Health Care. 2021;35(1):16–24.,1616 Perracini MR, Correia de Lima MDC, Soares VN, Komatsu TR. Desempenho funcional, mobilidade e espaço de vida. In: Neri, AL, Borim FSA, Assumpção D. Octogenários em Campinas: dados do Fibra 80+. Campinas: Alínea, 2019. p. 99-112..

A mobilidade nos espaços de vida é um constructo multidimensional capaz de identificar desfechos negativos na saúde e funcionalidade em idosos, entre eles a sarcopenia e a fragilidade11 Johnson J, Rodriguez MA, Al Snih S. Life-Space Mobility in the Elderly: Current Perspectives. Clin Interv Aging. 2020; 15:1665–74.,1212 Portegijs E, Rantakokko M, Viljanen A, Sipilä S, Rantanen T. Is frailty associated with life-space mobility and perceived autonomy in participation outdoors? A longitudinal study. Age Ageing. 2016;45(4):550–3.

13 Rantanen T, Eronen J, Kauppinen M, Kokko K, Sanaslahti S, Kajan N, et al. Life-Space Mobility and Active Aging as Factors Underlying Quality of Life Among Older People Before and During COVID-19 Lockdown in Finland-A Longitudinal Study. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2021;76(3):e60–7.

14 Saraiva MD, Apolinario D, Avelino-Silva TJ, de Assis Moura Tavares C, Gattás-Vernaglia IF, Marques Fernandes C, et al. The Impact of Frailty on the Relationship between Life-Space Mobility and Quality of Life in Older Adults during the COVID-19 Pandemic. J Nutr Health Aging. 2021;25(4):440–7.

15 Hewston P, Grenier A, Burke E, Kennedy CC, Papaioannou A. Frailty and Life-Space Mobility: Implications for Clinical Practice and Research. Occup Ther Health Care. 2021;35(1):16–24.

16 Perracini MR, Correia de Lima MDC, Soares VN, Komatsu TR. Desempenho funcional, mobilidade e espaço de vida. In: Neri, AL, Borim FSA, Assumpção D. Octogenários em Campinas: dados do Fibra 80+. Campinas: Alínea, 2019. p. 99-112.
-1717 Poranen-Clark T, Von Bonsdorff MB, Rantakokko M. et al. Executive functional and life space mobility in old age. Aging Clin Exp Res. 2018; 30 (2): 145-148.. A avaliação da mobilidade no espaço de vida é simples e de baixo custo apresenta grande potencial para o monitoramento de idosos atendidos no sistema de atenção primária à saúde11 Johnson J, Rodriguez MA, Al Snih S. Life-Space Mobility in the Elderly: Current Perspectives. Clin Interv Aging. 2020; 15:1665–74., sendo ainda um instrumento pouco utilizado no Brasil com essa finalidade. Embora sejam constructos distintos, a coexistência de sarcopenia, fragilidade e restrição da mobilidade são frequentes à medida que se envelhece.

Este estudo tem como objetivo identificar o perfil de mobilidade nos espaços de vida em idosos que vivem na comunidade e estabelecer a precisão dos pontos de corte desse instrumento para discriminar entre níveis de fragilidade, fragilidade em marcha e de risco de sarcopenia.

MÉTODOS

Foi realizado um estudo observacional, descritivo, de corte transversal e de natureza metodológica, com base nos dados do Estudo Fibra (Fragilidade em Idosos Brasileiros), este um estudo populacional e multicêntrico, com medidas realizadas em 2008-2009 e 2016-2017, em cidades selecionadas por critério de conveniência nas cinco regiões geográficas brasileiras. Na primeira onda de medidas, procedeu-se ao sorteio simples de um certo número de setores censitários, os quais foram agrupados por critério geográfico para efeito do recrutamento e da coleta de dados. Na linha de base, foram recrutadas cotas de homens e mulheres de 65 a 69, 70 a 74, 75 a 79 e 80 anos e mais, cujo tamanho foi estimado para equivaler ao porte dos respectivos segmentos da população geral, mais cotas de reposição de 25% para repor perdas.

Ainda nessa fase, foram aplicados critérios de elegibilidade e de exclusão por ocasião do recrutamento, que foi realizado nos domicílios e em pontos de fluxo de idosos. Os critérios de elegibilidade foram: idade, residência permanente na cidade e no setor censitário, compreensão de instruções e aceitação do convite para participar de uma pesquisa sobre fatores demográficos, socioeconômicos, de saúde e psicossociais associados à fragilidade em idosos. Os critérios de exclusão compreenderam: deficit sensoriais graves, sequelas de acidente vascular cerebral tais como afasia, imobilidade e perda localizada de força, demência, Doença de Parkinson em estágio avançado, restrição ao leito ou à cadeira de rodas, deficit de compreensão e de expressão, câncer, estar em tratamento quimioterápico e terminalidade. A coleta de dados ocorreu em sessão única de 40 a 90 minutos de duração, em locais públicos e em datas e horários previamente agendados com os idosos (ver Neri et al.1818 Neri AL, Yassuda MS, Araújo LF de, Eulálio M do C, Cabral BE, Siqueira MEC de et al. Metodologia e perfil sociodemográfico, cognitivo e de fragilidade de idosos comunitários de sete cidades brasileiras: Estudo FIBRA. Cad Saúde Pública. 2013; 29:778–92., para detalhes sobre a metodologia).

Em 2015, foi planejada a segunda onda de medidas envolvendo as amostras de Campinas e Ermelino Matarazzo (subdistrito da cidade de São Paulo). Foram recrutados e reentrevistados em domicílio 549 ou 42,8% dos 1.284 participantes da primeira onda ou linha de base. Cento e noventa e dois (14,9%) foram identificados como falecidos entre as medidas e 543 (42,3%) foram considerados como perdas amostrais (por recusa, não localização, exclusão, desistência e risco à segurança dos entrevistadores). Entre os 549 idosos reentrevistados, 130 foram excluídos pelo fato de haverem pontuado abaixo da nota de corte no Miniexame de Estado Mental (MEEM)1919 Folstein MF, Folstein SE, McHugh PR. “Mini-mental state”. A practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. J Psychiatr Res.1975;12(3):189–98.

20 Bertolucci PHF, Brucki SMD, Campacci SR, Juliano Y. O Mini-Exame do Estado Mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq Neuro-Psiquiatr. 1994; 52:01–7.
-2121 Brucki SMD, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamoto IH. Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no Brasil. Arq Neuro-Psiquiatr. 2003; 61:777–81.: 17 para analfabetos e sem escolaridade formal; 22 para os com 1 a 4 anos; 24 para os com 5 a 8 e 26 para os com 9 ou mais1919 Folstein MF, Folstein SE, McHugh PR. “Mini-mental state”. A practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. J Psychiatr Res.1975;12(3):189–98.,2020 Bertolucci PHF, Brucki SMD, Campacci SR, Juliano Y. O Mini-Exame do Estado Mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq Neuro-Psiquiatr. 1994; 52:01–7.. Entre os 419 com pontuação superior à nota de corte no MEEM foram excluídos 28, de forma que a amostra para este estudo ficou composta por 391 idosos com 72 anos ou mais em 2016-2017.

As variáveis investigadas foram as sociode-mográficas, sexo (derivada da resposta sim ou não às alternativas masculino e feminino), idade (derivada do confronto entre a data da entrevista no seguimento e a data do nascimento), status conjugal [casado(a) ou vive com companheiro (a), solteiro(a), divorciado(a), viúvo(a)] e anos completos de escolaridade (0, 1 a 4, 5 a 8 ou 9 ou mais).

A mobilidade no espaço de vida foi avaliada pelo questionário LSA66 Webber SC, Porter MM, Menec VH. Mobility in older adults: a comprehensive framework. Gerontologist. 2010;50(4):443–50., traduzido e adaptado transculturalmente para o português falado no Brasil2222 Curcio C-L, Alvarado BE, Gomez F, Guerra R, Guralnik J, Zunzunegui MV. Life-Space Assessment scale to assess mobility: validation in Latin American older women and men. Aging Clin Exp Res. 2013;25(5):553–60. e submetido a estudos psicométricos de validação, confiabilidade e interpretabilidade77 Simões M do SM, Garcia IF, Costa L da C, Lunardi AC. Life-Space Assessment questionnaire: Novel measurement properties for Brazilian community-dwelling older adults. Geriatr Gerontol Int. 2018;18(5):783–9.. O valor do alfa de Cronbach, indicador de consistência interna, foi 0,92; o coeficiente de correlação intraclasse foi 0,97 (com 95% IC 0,95-0,98), e erro padrão de medida de 4,12)77 Simões M do SM, Garcia IF, Costa L da C, Lunardi AC. Life-Space Assessment questionnaire: Novel measurement properties for Brazilian community-dwelling older adults. Geriatr Gerontol Int. 2018;18(5):783–9.. É composto por questões referentes a cinco níveis de espaço de vida frequentados pelo idoso, com ou sem ajuda, nas quatro semanas anteriores à avaliação: 1) cômodo da residência além daquele onde dorme; 2) área externa da residência; 3) vizinhança; 4) cidade onde vive; 5) outras cidades. É registrada a frequência por semana (menos de uma, uma a três vezes; quatro a seis vezes ou diariamente) e o grau de independência (sem equipamento ou assistência pessoal, com equipamento de auxílio ou com assistência pessoal), com os quais cada idoso frequenta e utiliza esses espaços.

A pontuação varia de 0 a 120 e é obtida por meio da soma da pontuação em cada um dos níveis de espaço de vida. Quanto maior a pontuação final, maior a mobilidade nos espaços de vida66 Webber SC, Porter MM, Menec VH. Mobility in older adults: a comprehensive framework. Gerontologist. 2010;50(4):443–50.. Simões et al.77 Simões M do SM, Garcia IF, Costa L da C, Lunardi AC. Life-Space Assessment questionnaire: Novel measurement properties for Brazilian community-dwelling older adults. Geriatr Gerontol Int. 2018;18(5):783–9. analisaram a validade, a confiabilidade e a interpretabilidade do LSA para idosos brasileiros residentes na comunidade, o LSA atendeu aos critérios de validação de conteúdo.

A fragilidade foi referenciada ao modelo fenotípico de Fried2323 Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2001;56(3):M146-156. e operacionalizada por cinco critérios: 1) Perda de peso não intencional igual ou superior a 4,5kg ou a 5% do peso corporal no ano anterior à entrevista2323 Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2001;56(3):M146-156.; 2) Fadiga referenciada a dois itens sobre esforço e vitalidade para realizar tarefas cotidianas, nos últimos 7 dias, com respostas sempre e/ou quase sempre a qualquer dos itens2323 Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2001;56(3):M146-156.,2424 Radloff LS. The CES-D Scale: A self-report depression scale for research in the general population. Applied Psychological Measurement. 1977;1(3):385–401.; 3) Baixa força de preensão palmar2323 Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2001;56(3):M146-156. medida por dinamômetro, com resultado inferior ao valor do primeiro quintil da distribuição das médias da amostra em três tentativas, com ajustes por sexo e IMC (sexo masculino: IMC ≤23kg/m22 Ferrucci L, Cooper R, Shardell M, Simonsick EM, Schrack JA, Kuh D. Age-Related Change in Mobility: Perspectives from Life Course Epidemiology and Geroscience. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016;71(9):1184–94., corte: ≤24,67kgf; IMC>23kg e <28kg/m22 Ferrucci L, Cooper R, Shardell M, Simonsick EM, Schrack JA, Kuh D. Age-Related Change in Mobility: Perspectives from Life Course Epidemiology and Geroscience. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016;71(9):1184–94., corte: ≤23,33kgf; IMC≥28 e <30kg/m22 Ferrucci L, Cooper R, Shardell M, Simonsick EM, Schrack JA, Kuh D. Age-Related Change in Mobility: Perspectives from Life Course Epidemiology and Geroscience. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016;71(9):1184–94., corte: ≤45,90kgf; IMC≥30kg/m22 Ferrucci L, Cooper R, Shardell M, Simonsick EM, Schrack JA, Kuh D. Age-Related Change in Mobility: Perspectives from Life Course Epidemiology and Geroscience. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016;71(9):1184–94., corte: ≤21,33kgf. Sexo feminino: IMC≤23kg/m22 Ferrucci L, Cooper R, Shardell M, Simonsick EM, Schrack JA, Kuh D. Age-Related Change in Mobility: Perspectives from Life Course Epidemiology and Geroscience. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016;71(9):1184–94., corte: ≤10,67kgf; IMC>23kg e <28kg/m22 Ferrucci L, Cooper R, Shardell M, Simonsick EM, Schrack JA, Kuh D. Age-Related Change in Mobility: Perspectives from Life Course Epidemiology and Geroscience. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016;71(9):1184–94., corte: ≤13,33kgf; IMC≥28 e <30kg/m22 Ferrucci L, Cooper R, Shardell M, Simonsick EM, Schrack JA, Kuh D. Age-Related Change in Mobility: Perspectives from Life Course Epidemiology and Geroscience. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016;71(9):1184–94., corte: ≤13,67kgf; IMC≥30kg/m22 Ferrucci L, Cooper R, Shardell M, Simonsick EM, Schrack JA, Kuh D. Age-Related Change in Mobility: Perspectives from Life Course Epidemiology and Geroscience. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016;71(9):1184–94., corte: ≤13,33kgf); 4) Lentidão da marcha indicada pelo tempo em segundos gasto para percorrer quatro 4 metros em passo usual e em linha reta, em três tentativas; idosos cuja média das três tentativas se situasse acima do percentil 80 da distribuição, com ajustes por altura e sexo (sexo masculino: altura ≤166cm, corte:≥7,60; altura >166cm, corte:≥7,10. Sexo feminino: altura ≤152cm, corte:≥8,54; altura>152cm, corte:≥8,62)2525 Fattori A, Maríncolo JCS, Guimarães M, Lázari MSR, Neri AL. Fragilidade e Sarcopenia. In: Neri, AL, Borim FSA, Assumpção D. Octogenários em Campinas: dados do Fibra 80+. Campinas: Alínea, 2019. p. 39-56.. 5) Baixo nível de atividade física indicado pelo gasto calórico semanal em METs (Methabolic Equivalent of Task) ajustados por sexo, em exercícios físicos de moderada e de alta intensidade, realizados em situações de lazer e de esportes ativos, conforme as respostas dos idosos a itens selecionados do Minnesota Leisure Time Activity Questionnaire 2525 Fattori A, Maríncolo JCS, Guimarães M, Lázari MSR, Neri AL. Fragilidade e Sarcopenia. In: Neri, AL, Borim FSA, Assumpção D. Octogenários em Campinas: dados do Fibra 80+. Campinas: Alínea, 2019. p. 39-56.. Os que pontuavam entre os 20% menores valores da distribuição pontuavam para fragilidade no critério.

Para o rastreio do risco de sarcopenia foi utilizado o questionário SARC-F2626 Barbosa-Silva TG, Menezes AMB, Bielemann RM, Malmstrom TK, Gonzalez MC, Grupo de Estudos em Composição Corporal e Nutrição (COCONUT). Enhancing SARC-F: Improving Sarcopenia Screening in the Clinical Practice. J Am Med Dir Assoc. 2016;17(12):1136–41., validado para a população brasileira2626 Barbosa-Silva TG, Menezes AMB, Bielemann RM, Malmstrom TK, Gonzalez MC, Grupo de Estudos em Composição Corporal e Nutrição (COCONUT). Enhancing SARC-F: Improving Sarcopenia Screening in the Clinical Practice. J Am Med Dir Assoc. 2016;17(12):1136–41., composto por 5 itens. Em quatro itens os participantes foram perguntados se apresentavam dificuldade nas seguintes atividades: 1) levantar e carregar 5kg, 2) atravessar um cômodo, 3) levantar de uma cama ou cadeira e 4) subir um lance de escadas de 10 degraus. Em cada item, as respostas foram graduadas em 3 níveis: 0= nenhuma, 1= alguma e 2= muita ou não consegue sem ajuda. O quinto item pergunta quantas vezes o idoso caiu no ano anterior2525 Fattori A, Maríncolo JCS, Guimarães M, Lázari MSR, Neri AL. Fragilidade e Sarcopenia. In: Neri, AL, Borim FSA, Assumpção D. Octogenários em Campinas: dados do Fibra 80+. Campinas: Alínea, 2019. p. 39-56.. O instrumento soma de 0 a 10 pontos, com 0 a 4 considerados como ausência de sinais sugestivos de risco de sarcopenia, e 5 a 10 pontos considerados como sugestivos de risco de sarcopenia2727 Malmstrom TK, Miller DK, Simonsick EM, Ferrucci L, Morley JE. SARC-F: a symptom score to predict persons with sarcopenia at risk for poor functional outcomes. J Cachexia Sarcopenia Muscle. 2016;7(1):28–36..

A pesquisa faz parte do estudo de seguimento das coortes de Campinas e de Ermelino Matarazzo do Estudo Fibra: preditores e desfechos de fragilidade em idosos no Brasil. Está de acordo com a Resolução no 466/2012 e a Resolução no 510/2016. Foi aprovado pelo parecer CEP UNICAMP 1.332.651, de 23/1/2015 e mediante o parecer CEP Unicamp No 2.847.829, de 27/08/2018. Todos os idosos foram informados sobre os objetivos e os procedimentos, os deveres e direitos dos participantes e aos compromissos éticos dos pesquisadores, e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Para descrever o perfil da amostra foram feitas tabelas de frequência das variáveis categóricas com valores de frequência absoluta (n) e percentual (%) e estatísticas descritivas das variáveis numéricas. Para analisar a consistência interna da escala foi utilizado o coeficiente alfa de Cronbach. Valores a partir de 0,70 foram considerados como indicativos de alta confiabilidade. O teste de Mann-Whitney foi usado para comparação das variáveis numéricas entre dois grupos e o de Kruskal-Wallis para comparar três ou mais grupos, devido à ausência de distribuição normal das variáveis. Para analisar a correlação entre as variáveis idade, nível de fragilidade, fragilidade em marcha e risco de sarcopenia e pontuação do LSA foi usado o coeficiente de correlação de Spearman. O nível de significância adotado para os testes foi de 5%, ou seja, p<0,05.

Foi feita análise de curva ROC (Receiver Operating Characteristic curve) para identificar o ponto de corte do LSA que pudesse funcionar como melhor preditor de fragilidade e risco de sarcopenia, maximizando a sensibilidade e a especificidade dessas medidas. Também foi avaliada a área sob a curva e respectivo IC 95% para essa medida.

RESULTADOS

Do total de participantes (n=391), 273 (69,8%) eram do sexo feminino. A média de idade foi de 84,3(±4,6) anos. Cento e oitenta e um (46,6%), eram viúvos e cento e setenta e sete (45,6%) casados, ou viviam com companheiro. Duzentos e trinta e um idosos (59,0%) tinham de 1 a 4 anos de escolaridade. Duzentos e quarenta e oito participantes (63,4%) foram classificados como pré-frágeis e sessenta e quatro (16,3%) como frágeis. Setenta e seis (20,0%) pontuaram para fragilidade em marcha. Duzentos e noventa e seis idosos (76,6%) apresentaram ausência de sinais sugestivos de risco de sarcopenia (Tabela 1).

Tabela 1
Caraterização da amostra (N=391) quanto aos dados sociodemográficos, à fragilidade e ao risco de sarcopenia. Estudo Fibra, Idosos, Campinas e Ermelino Matarazzo, SP, Brasil, 2016-2017.

O LSA apresentou moderada consistência interna com valor de coeficiente alfa de Cronbach de 0,613. A média da pontuação total foi de 53,6±21,8 pontos e a mediana de 52,5. Em relação à mobilidade dos participantes em cada nível do LSA, trezentos e oitenta e cinco (98,7%) frequentavam o nível 1 diariamente. À medida em que o espaço de vida era ampliado foi possível verificar uma diminuição da mobilidade expressa nos ambientes que cada idoso utilizava e com quais frequências. No nível 4, 142 (44,7%) relataram frequentar menos de 1 vez por semana; 201 (53,3%) não frequentavam o nível 5. Trezentos e cinquenta e dois idosos (90,5%) eram independentes para a utilização dos espaços localizados no nível 1 e 138 (75,8%) para a utilização dos espaços localizados no nível 5. No entanto, foi observado um aumento da necessidade de ajuda pessoal para mobilidade no espaço de vida a partir do nível 4 (Tabela 2).

Tabela 2
Descrição do LSA (Life Space Assessment) de acordo com os cinco níveis de espaços de vida frequentados pelos idosos, com ou sem ajuda, nas quatro semanas anteriores à avaliação. Estudo Fibra, Idosos, Campinas e Ermelino Matarazzo, SP, Brasil, 2016-2017.

Quanto à relação entre o escore total do LSA, segundo variáveis sociodemográficas, de fragilidade, de fragilidade em marcha e risco de sarcopenia, os idosos que pontuaram para fragilidade, os que pontuaram para fragilidade em marcha e os idosos com pontuação no SARC-F maior que 4 pontos apresentaram menor pontuação total no LSA (Tabela 3).

Tabela 3
Análise comparativa das pontuações totais obtidas pelos idosos no LSA, considerando as variáveis sociodemográficas, fragilidade, fragilidade em marcha e de risco de sarcopenia. Estudo Fibra, Idosos, Campinas e Ermelino Matarazzo, SP, Brasil, 2016-2017.

A variável idade não apresentou correlação significativa com o escore total no LSA. As variáveis fragilidade, fragilidade em marcha e risco de sarcopenia apresentaram correlações significativas com o escore total no LSA (Tabela 4).

Tabela 4
Valores dos testes de correlação entre o escore total no LSA e idade, a pontuação nos critérios de fragilidade, os valores do teste de marcha e os valores da avaliação de risco de sarcopenia. Estudo Fibra, Idosos, Campinas e Ermelino Matarazzo, SP, Brasil, 2016-2017.

A partir da curva ROC foi avaliado o ponto de corte para os escores do LSA preditores dos níveis de fragilidade (não frágeis + pré-frágeis vs. frágeis), fragilidade em marcha e risco de sarcopenia. Os escores do LSA tiveram área sob a curva significativa para fragilidade em marcha e para risco de sarcopenia, com escore total ≤54 pontos e ≤60 pontos, respectivamente (Figura 1).

Figura 1
Curva ROC identificando a sensibilidade e a especificidade do melhor ponto de corte do escore total do LSA como preditor de fragilidade em marcha e de risco de sarcopenia. Estudo Fibra, Idosos, Campinas e Ermelino Matarazzo, SP, Brasil, 2016-2017.

DISCUSSÃO

A pontuação do LSA se correlacionou com os escores de fragilidade em marcha e risco de sarcopenia. Os pontos de corte de melhor acurácia diagnóstica do LSA total foram ≤54 pontos para fragilidade em marcha e ≤60 pontos para risco de sarcopenia.

A preservação da mobilidade é um determinante crítico do envelhecimento ativo e saudável11 Johnson J, Rodriguez MA, Al Snih S. Life-Space Mobility in the Elderly: Current Perspectives. Clin Interv Aging. 2020; 15:1665–74.,33 Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Organização Pan-Americana da Saúde; 2005.. Por sua vez, reduções na mobilidade podem afetar a saúde física e mental, limitar a participação social na comunidade e afetar a qualidade de vida11 Johnson J, Rodriguez MA, Al Snih S. Life-Space Mobility in the Elderly: Current Perspectives. Clin Interv Aging. 2020; 15:1665–74.,33 Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Organização Pan-Americana da Saúde; 2005.,88 Choi M, O’Connor ML, Mingo CA, Mezuk B. Gender and Racial Disparities in Life-Space Constriction Among Older Adults. Gerontologist. 2016;56(6):1153–60.,99 Rantakokko M, Portegijs E, Viljanen A, Iwarsson S, Kauppinen M, Rantanen T. Changes in life-space mobility and quality of life among community-dwelling older people: a 2-year follow-up study. Qual Life Res. 2016;25(5):1189–97.,1111 De Silva NA, Gregory MA, Venkateshan SS, Verschoor CP, Kuspinar A. Examining the Association between Life-Space Mobility and Cognitive Function in Older Adults: A Systematic Review. J Aging Res. 2019; 2019:3923574.

12 Portegijs E, Rantakokko M, Viljanen A, Sipilä S, Rantanen T. Is frailty associated with life-space mobility and perceived autonomy in participation outdoors? A longitudinal study. Age Ageing. 2016;45(4):550–3.

13 Rantanen T, Eronen J, Kauppinen M, Kokko K, Sanaslahti S, Kajan N, et al. Life-Space Mobility and Active Aging as Factors Underlying Quality of Life Among Older People Before and During COVID-19 Lockdown in Finland-A Longitudinal Study. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2021;76(3):e60–7.

14 Saraiva MD, Apolinario D, Avelino-Silva TJ, de Assis Moura Tavares C, Gattás-Vernaglia IF, Marques Fernandes C, et al. The Impact of Frailty on the Relationship between Life-Space Mobility and Quality of Life in Older Adults during the COVID-19 Pandemic. J Nutr Health Aging. 2021;25(4):440–7.

15 Hewston P, Grenier A, Burke E, Kennedy CC, Papaioannou A. Frailty and Life-Space Mobility: Implications for Clinical Practice and Research. Occup Ther Health Care. 2021;35(1):16–24.
-1616 Perracini MR, Correia de Lima MDC, Soares VN, Komatsu TR. Desempenho funcional, mobilidade e espaço de vida. In: Neri, AL, Borim FSA, Assumpção D. Octogenários em Campinas: dados do Fibra 80+. Campinas: Alínea, 2019. p. 99-112.. No estudo de Rantakokko et al.99 Rantakokko M, Portegijs E, Viljanen A, Iwarsson S, Kauppinen M, Rantanen T. Changes in life-space mobility and quality of life among community-dwelling older people: a 2-year follow-up study. Qual Life Res. 2016;25(5):1189–97. sobre mudanças no espaço de vida e qualidade de vida em idosos da comunidade foi encontrada pontuação média do LSA de 63,9 pontos e média de idade de 80,6 anos.

No presente estudo, a pontuação total da amostra no LSA foi, em média, de 53,6 pontos e a média de idade dos participantes foi de 84,3 anos. Não foram encontrados estudos nacionais com idade de 80 anos ou mais. Em um estudo conduzido com idosos residentes em Natal (n=150)2222 Curcio C-L, Alvarado BE, Gomez F, Guerra R, Guralnik J, Zunzunegui MV. Life-Space Assessment scale to assess mobility: validation in Latin American older women and men. Aging Clin Exp Res. 2013;25(5):553–60., a pontuação média foi de 59,6 pontos para idosos com média de idade de 69,6 anos. No estudo de Simões et al.77 Simões M do SM, Garcia IF, Costa L da C, Lunardi AC. Life-Space Assessment questionnaire: Novel measurement properties for Brazilian community-dwelling older adults. Geriatr Gerontol Int. 2018;18(5):783–9. sobre as propriedades de mensuração do LSA em idosos comunitários brasileiros, com média de 70 anos de idade, a pontuação foi de 52,8 pontos77 Simões M do SM, Garcia IF, Costa L da C, Lunardi AC. Life-Space Assessment questionnaire: Novel measurement properties for Brazilian community-dwelling older adults. Geriatr Gerontol Int. 2018;18(5):783–9..

Segundo Tsai et al.2828 Tsai L-T, Rantakokko M, Rantanen T, Viljanen A, Kauppinen M, Portegijs E. Objectively Measured Physical Activity and Changes in Life-Space Mobility Among Older People. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2016;71(11):1466–71. pontuações abaixo de 60 pontos têm sido consideradas como indicadoras de restrição em mobilidade no espaço de vida, sugerindo que o indivíduo não é mais capaz de se mover para fora da sua vizinhança, o que se reflete em baixos níveis de participação social e em aumento do risco para mortalidade.

Estudos transversais que analisaram variáveis ​​sociodemográficas e pontuação do LSA demonstraram que idade avançada55 Peel C, Baker PS, Roth DL, Brown CJ, Bodner EV, Allman RM. Assessing Mobility in Older Adults: The UAB Study of Aging Life-Space Assessment. Physical Therapy. 2005;85(10):1008–19.,2929 Al Snih S, Peek KM, Sawyer P, Markides KS, Allman RM, Ottenbacher KJ. Life-space mobility in Mexican Americans aged 75 and older. J Am Geriatr Soc. 2012;60(3):532–7.,3030 Ullrich P, Eckert T, Bongartz M, Werner C, Kiss R, Bauer JM, et al. Life-space mobility in older persons with cognitive impairment after discharge from geriatric rehabilitation. Arch Gerontol Geriatr. 2019; 81:192–200. sexo feminino 55 Peel C, Baker PS, Roth DL, Brown CJ, Bodner EV, Allman RM. Assessing Mobility in Older Adults: The UAB Study of Aging Life-Space Assessment. Physical Therapy. 2005;85(10):1008–19.,2929 Al Snih S, Peek KM, Sawyer P, Markides KS, Allman RM, Ottenbacher KJ. Life-space mobility in Mexican Americans aged 75 and older. J Am Geriatr Soc. 2012;60(3):532–7.

30 Ullrich P, Eckert T, Bongartz M, Werner C, Kiss R, Bauer JM, et al. Life-space mobility in older persons with cognitive impairment after discharge from geriatric rehabilitation. Arch Gerontol Geriatr. 2019; 81:192–200.
-3131 Rantakokko M, Iwarsson S, Portegijs E, Viljanen A, Rantanen T. Associations between environmental characteristics and life-space mobility in community-dwelling older people. J Aging Health. 2015;27(4):606–21., e nível de escolaridade mais baixo2929 Al Snih S, Peek KM, Sawyer P, Markides KS, Allman RM, Ottenbacher KJ. Life-space mobility in Mexican Americans aged 75 and older. J Am Geriatr Soc. 2012;60(3):532–7.,3030 Ullrich P, Eckert T, Bongartz M, Werner C, Kiss R, Bauer JM, et al. Life-space mobility in older persons with cognitive impairment after discharge from geriatric rehabilitation. Arch Gerontol Geriatr. 2019; 81:192–200.,3232 Eronen J, von Bonsdorff M, Rantakokko M, Portegijs E, Viljanen A, Rantanen T. Socioeconomic Status and Life-Space Mobility in Old Age. J Aging Phys Act. 2016;24(4):617–23. estão associados a pontuações diminuídas do LSA. Segundo Webber et al.66 Webber SC, Porter MM, Menec VH. Mobility in older adults: a comprehensive framework. Gerontologist. 2010;50(4):443–50. e Choi et al.88 Choi M, O’Connor ML, Mingo CA, Mezuk B. Gender and Racial Disparities in Life-Space Constriction Among Older Adults. Gerontologist. 2016;56(6):1153–60., a mobilidade reduzida tem demonstrado ser um indicador precoce de incapacidade e restrição de desempenho funcional. Neste estudo, à medida em que o espaço de vida era ampliado parte dos idosos passou a precisar de ajuda pessoal para mover-se nos espaços de maior demanda física e cognitiva (de 6,3% no nível 3 para 14,0% no nível 4 para 19,.5% no nível 5). Ao mesmo tempo, a quantidade de vezes por semana que cada nível do espaço de vida era frequentado pelos idosos diminuiu à medida em que ele se tornou mais ampliado e exigente. A partir do nível 3, houve uma diminuição gradativa na frequência semanal de deslocamentos.

Conforme estudos de Rantakokko et al.99 Rantakokko M, Portegijs E, Viljanen A, Iwarsson S, Kauppinen M, Rantanen T. Changes in life-space mobility and quality of life among community-dwelling older people: a 2-year follow-up study. Qual Life Res. 2016;25(5):1189–97.,3131 Rantakokko M, Iwarsson S, Portegijs E, Viljanen A, Rantanen T. Associations between environmental characteristics and life-space mobility in community-dwelling older people. J Aging Health. 2015;27(4):606–21., as restrições mais comuns à participação dos idosos envolvem barreiras ambientais. O aumento do suporte social e emocional e do senso de segurança para sair de casa e se deslocar para lugares fora da vizinhança, e dentro e fora da cidade pode contribuir para a funcionalidade e para as atividades dos idosos99 Rantakokko M, Portegijs E, Viljanen A, Iwarsson S, Kauppinen M, Rantanen T. Changes in life-space mobility and quality of life among community-dwelling older people: a 2-year follow-up study. Qual Life Res. 2016;25(5):1189–97.,3131 Rantakokko M, Iwarsson S, Portegijs E, Viljanen A, Rantanen T. Associations between environmental characteristics and life-space mobility in community-dwelling older people. J Aging Health. 2015;27(4):606–21..

Na prática clínica, principalmente na atenção primária à saúde, precisamos de medidas fáceis, rápidas, de baixo custo e com bom valor preditivo para identificar a mobilidade reduzida3333 Pereira LC, Figueiredo M do LF, Beleza CMF, Andrade EMLR, Silva MJ da, Pereira AFM. Predictors for the functional incapacity of the elderly in primary health care. Rev Bras Enferm. 2017;70(1):112–8..

A pontuação do LSA correlacionou-se negativamente com os valores de fragilidade, de fragilidade em marcha e de risco de sarcopenia, demonstrando que quanto maior a pontuação do LSA, menos critérios de fragilidade pontuados, menor o tempo de marcha e mais baixa pontuação para rastreio de risco de sarcopenia. Os pontos de corte para melhor acurácia diagnóstica do LSA total foram ≤54 pontos para fragilidade em marcha e ≤60 pontos para risco de sarcopenia. Portegijs et al.1212 Portegijs E, Rantakokko M, Viljanen A, Sipilä S, Rantanen T. Is frailty associated with life-space mobility and perceived autonomy in participation outdoors? A longitudinal study. Age Ageing. 2016;45(4):550–3. identificaram idosos com risco de mobilidade reduzida nas atividades de vida diária, utilizando o LSA. O ponto de corte foi 52,3, para média de idade de 80,4 anos, com sensibilidade de 86% e especificidade de 74%. No presente estudo, os resultados da análise da curva ROC e as medidas de precisão diagnóstica demonstraram que o ponto de corte ideal para o escore total do LSA como preditor de fragilidade em marcha é de ≤54 pontos (sensibilidade de 64,6% e especificidade de 59,5%) e de risco de sarcopenia, de ≤60 pontos (sensibilidade de 73,4% e especificidade de 49,8%).

Ullrich et al3434 Ullrich, P., Werner, C., Eckert, T. et al. Cut-off for the Life-Space Assessment in persons with cognitive impairment. Aging Clin Exp Res. 2019; 31, 1331–1335.. estimaram o ponto de corte para o LSA entre 118 idosos com deficit cognitivo e comorbidades. O ponto de corte ideal para o LSA diferenciar entre aqueles com redução do espaço de vida (confinado em casa) e ampliado (fora de casa e ativo) foi <26,75 (dentro de um intervalo de 0-90 pontos), com uma sensibilidade de 78% e especificidade de 84% e uma precisão moderada de validade diagnóstica de 0,8.

A amostra deste estudo tinha características singulares, sugere-se cautela na generalização dos resultados1616 Perracini MR, Correia de Lima MDC, Soares VN, Komatsu TR. Desempenho funcional, mobilidade e espaço de vida. In: Neri, AL, Borim FSA, Assumpção D. Octogenários em Campinas: dados do Fibra 80+. Campinas: Alínea, 2019. p. 99-112.. Trata-se de idosos sobreviventes de um estudo prévio sobre perfis de fragilidade em idosos brasileiros. É possível que tenham sobrevivido os mais robustos e em melhores condições de saúde o que pode ter afetado os resultados. De maneira geral, os idosos do Estudo FIBRA apresentaram melhores condições de saúde do que em outros estudos1616 Perracini MR, Correia de Lima MDC, Soares VN, Komatsu TR. Desempenho funcional, mobilidade e espaço de vida. In: Neri, AL, Borim FSA, Assumpção D. Octogenários em Campinas: dados do Fibra 80+. Campinas: Alínea, 2019. p. 99-112.,1818 Neri AL, Yassuda MS, Araújo LF de, Eulálio M do C, Cabral BE, Siqueira MEC de et al. Metodologia e perfil sociodemográfico, cognitivo e de fragilidade de idosos comunitários de sete cidades brasileiras: Estudo FIBRA. Cad Saúde Pública. 2013; 29:778–92.. Em torno de 63,0% foram classificados como pré-frágeis e 76,0% com ausência de sinais de risco de sarcopenia. Os participantes são sobreviventes da amostra avaliada em 2008-2009, que já apresentava um perfil robusto e pró-ativo1818 Neri AL, Yassuda MS, Araújo LF de, Eulálio M do C, Cabral BE, Siqueira MEC de et al. Metodologia e perfil sociodemográfico, cognitivo e de fragilidade de idosos comunitários de sete cidades brasileiras: Estudo FIBRA. Cad Saúde Pública. 2013; 29:778–92..

Como a coleta deste estudo foi realizada nos domicílios, não foi possível realizar o caminho do Find cases-Assess-Confirm-Severity (F - A - C - S) de forma completa como recomendado pelo consenso “European Working Group on Sarcopenia in Older People” (EWGSOP)3535 Cruz-Jentoft AJ, Bahat G, Bauer J, Boirie Y, Bruyère O, Cederholm T, et al. Sarcopenia: revised European consensus on definition and diagnosis. Age Ageing. 2019;48(1):16–31. para rastreio precoce de sarcopenia e diminuir o subdiagnóstico de sarcopenia. Utilizamos apenas o SARC-F para o rastreio do risco de sarcopenia que corresponde ao Find cases (encontrando casos). Não foi possível realizar as etapas seguintes constituídas pela avaliação e confirmação da sarcopenia usando a mensuração da força de preensão palmar e detecção de baixa quantidade e qualidade muscular, por meio de medida de imagem, como o Dual-energy X-ray absorptiometry (DEXA)3535 Cruz-Jentoft AJ, Bahat G, Bauer J, Boirie Y, Bruyère O, Cederholm T, et al. Sarcopenia: revised European consensus on definition and diagnosis. Age Ageing. 2019;48(1):16–31..

Do lado positivo, este estudo oferece uma contribuição nova no Brasil, com relação ao rastreio da fragilidade e do risco de sarcopenia através da avaliação da mobilidade no espaço de vida, a qual demonstrou ser uma ferramenta viável para ser utilizada no contexto clínico e na atenção primária em saúde por ser simples e de baixo custo. Novos estudos poderão analisar a eficácia e impacto da mobilidade nos espaços de vida no monitoramento de idosos atendidos no sistema de atenção primária.

CONCLUSÃO

A capacidade de idosos de se deslocar nos vários níveis de espaços de vida, avaliado pelo Life Space Assessment (LSA) demonstrou ser uma ferramenta viável e pode contribuir no rastreio de fragilidade em marcha e de risco de sarcopenia em idosos. O uso do LSA em linhas de cuidado à saúde do idoso, a partir de pontos de corte precisos, pode ajudar profissionais de saúde a atuar de forma preventiva, evitando o escalonamento do declínio funcional e da restrição de participação social.

  • Financiamento da pesquisa: CAPES/PROCAD número 2972/2014-01 (Projeto número 88881.068447/ 2014-01), FAPESP número 2016/00084-8 e CNPq número 424789/2016-7.

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Editado por

Editado por: Maria Helena Rodrigues Galvão

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    28 Out 2021
  • Aceito
    23 Mar 2022
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