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A classificação hierarquizada, os médicos e a sociedade

EDITORIAL

A classificação hierarquizada, os médicos e a sociedade

O dia 9 de março último foi escolhido como dia nacional de mobilização da classe médica para implantação da Classificação Hierarquizada dos Procedimentos Médicos.

A Diretoria da FEBRASGO, e após consentimento do autor, resolveu utilizar texto do Dr. Abdon Murad, Presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão e 3º Vice-Presidente do Conselho Federal de Medicina.

Este texto bem espelha o momento vivenciado pela categoria médica e mostra que todos devemos unir-nos para reverter a aviltante situação da classe médica brasileira em geral e particularmente a nossa como tocoginecologistas.

A Diretoria

Eis o texto:

A classificação hierarquizada, os médicos e a sociedade

"A classe médica brasileira está passando por um importante momento atualmente. São inúmeros os projetos de lei de nosso interesse que tramitam no Congresso Nacional: a Lei do Ato Médico, a Lei dos Conselhos.

Além disto, nos deparamos com a eterna luta pela melhoria do SUS, inclusive, no tocante à remuneração dos médicos, que é aviltante, um verdadeiro desafio à nossa vocação sacerdotal.

Mas dentre todas estas bandeiras de luta, tenho certeza de que a implantação da nova Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos – projeto conjunto do Conselho Federal de Medicina, CFM, e da Associação Médica Brasileira, AMB - é o ponto central de nossas reivindicações. Há no bojo desta luta pela implantação da nossa "Tabela" fatos importantíssimos, que não podemos esquecer:

1- O resultado desta luta depende muito, apenas de nós médicos e do restante da sociedade;

2- Não há dependência de Congressistas, nem da vontade de Governantes;

3- Embutida na luta e na vitória está em jogo a nossa dignidade. Temos que acreditar na nossa capacidade "de dobrar" os que há 12 anos nos remuneram, vergonhosamente, com os mesmos valores;

4- Fracassar, será algo que, pelo menos em médio prazo, levará a classe médica à impossibilidade de novas tentativas no sentido de ser dignamente remunerada;

5- Este momento é ímpar. Momento em que o CFM, pela primeira vez, chancela uma "Tabela" de procedimentos. Nós, do CFM e da AMB, elaboramos essa "Tabela" com a participação de todas as Sociedades Médicas Especializadas. Levamos muito tempo para que fosse feito o melhor e investimos uma grande quantia de recursos nesta idéia;

6- Dificilmente vai haver a participação de todos nós em outras batalhas desta natureza se não conseguirmos fazer valer a melhor e mais completa "Tabela" já feita neste País, para médicos;

7- Nós, médicos não acreditaremos, tão cedo, em nós mesmos, e os que nos remuneram terão a certeza de nossa incapacidade de mobilização.

É preciso que quebremos muitas lanças para termos a vitória almejada. É preciso, também que nos indignemos com o quadro atual. Indignação é mudança interior, é força para mudar o rumo das coisas.

Precisamos sair da individualidade, muitas vezes presente em alguns de nós. É necessário que saibamos que a causa médica é maior do que os interesses particulares de cada um de nós.

Temos que nos agarrar a esta luta com unhas e dentes, com a certeza de que podemos vencer e com a determinação dos que sabem o que querem.

É necessário que tenhamos a participação e a ajuda da sociedade como um todo. Precisamos envolver, principalmente, os usuários, grandes interessados na melhoria do atendimento por parte dos planos de saúde, seguradoras e cooperativas. Somente assim, poderemos apontar as empresas que não interessam aos médicos e à população usuária dos planos de saúde.

Há uma insatisfação geral, de médicos e usuários, com as empresas ligadas à saúde suplementar. Pesquisa recente do Datafolha nos revela dados importantes: 93% dos médicos brasileiros sofrem pressões dos planos de saúde e das empresas do ramo no sentido de não solicitarem determinados exames, não internarem pacientes, e quando internam, sofrem pressão para dar alta precoce.

No último Ato Público que o Conselho Regional de Medicina do Maranhão realizou em 22/11/03 foi feita uma ampla pesquisa sobre o grau de satisfação dos usuários dos planos de saúde no Estado e o resultado foi o seguinte:

Total de Pesquisados: 391 usuários.

37,34% estão satisfeitos com seu "plano";

enquanto 62,65% estão insatisfeitos.

Desta maneira, temos que estar juntos. Apenas coesos poderemos acertar o rumo da nau errante em que navegamos. É vencer ou vencer!"

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Maio 2004
  • Data do Fascículo
    Mar 2004
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