Este artigo procura contribuir para a crítica de algumas teses correntes sobre a Inconfidência Mineira (1789), notadamente aquelas correlatas à afirmação da existência de um projeto liberal e nacional em torno do qual se articularam os inconfidentes mineiros. Gerado em um contexto de transição entre o Antigo Regime e a Modernidade, em que valores estamentais como honra, posição e precedência chocavam-se com emergentes perspectivas de classe, como riqueza, trabalho e propriedade, o movimento foi expressão de uma série de ambigüidades e contradições próprias do período. Seus protagonistas, ações e projetos podem ser melhor compreendidos se considerados no contexto de grande heterogeneidade social e econômica - das quais o conteúdo político e o sentido do movimento são expressões diretas - do que de forte coesão ideológica em torno de um projeto de nação predefinido.
Inconfidência Mineira; historiografia; política