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Comemorar Camões e repensar a nação: o discurso de Joaquim Nabuco na festa do tricentenário de morte de Camões no Rio de Janeiro (1880)

Resumos

O presente artigo analisa os eventos realizados em comemoração ao tricentenário de morte de Luís de Camões, no Rio de Janeiro, em junho de 1880, com destaque para o discurso pronunciado por Joaquim Nabuco no momento da festa. Busca-se investigar a fala de Nabuco considerando-se as relações culturais e políticas em curso entre Portugal e Brasil, naquele período, destacando-se o fato de que as comemorações do tricentenário enfatizaram, na ação de seus organizadores, um ideal de identidade nacional brasileira definida como fundamentalmente lusitana. A contribuição de Nabuco para a composição dessa representação da Nação é o objetivo deste artigo.

Camões; tricentenário de Camões; relações luso-brasileiras


This article analyzes the events held in Rio de Janeiro in June 1880 to commemorate the tercentenary of the death of Luis de Camoes, emphasizing the speech given by Joaquim Nabuco. The aim is to investigate Nabuco's speech in light of the cultural and political relations between Brazil and Portugal at that time, highlighting the fact that the tercentenary celebrations emphasized an ideal Brazilian national identity defined as fundamentally Lusitanian. Nabuco's contribution to the development of this representation of the nation is the aim of this article.

Camões; Camões' tercentenary; Luso-Brazilian relations


ARTIGOS

Comemorar Camões e repensar a nação: o discurso de Joaquim Nabuco na festa do tricentenário de morte de Camões no Rio de Janeiro (1880)

Commemorate Camões and rethink the nation: Joaquim Nabuco's speech during the celebration of the tercentenary of the death of Camões in Rio de Janeiro (1880)

Giselle Martins Venâncio

Departamento de História e Programa de Pós-Graduação em História. Universidade Federal Fluminense (UFF), Centro de Estudos Gerais, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Campus do Gragoatá. Rua Prof. Marcos Waldemar de Freitas, bloco O, sala 501, Gragoatá. 24210-380 Niterói – RJ – Brasil. giselle@historia.uff.br

RESUMO

O presente artigo analisa os eventos realizados em comemoração ao tricentenário de morte de Luís de Camões, no Rio de Janeiro, em junho de 1880, com destaque para o discurso pronunciado por Joaquim Nabuco no momento da festa. Busca-se investigar a fala de Nabuco considerando-se as relações culturais e políticas em curso entre Portugal e Brasil, naquele período, destacando-se o fato de que as comemorações do tricentenário enfatizaram, na ação de seus organizadores, um ideal de identidade nacional brasileira definida como fundamentalmente lusitana. A contribuição de Nabuco para a composição dessa representação da Nação é o objetivo deste artigo.

Palavras-chave: Camões; tricentenário de Camões; relações luso-brasileiras.

ABSTRACT

This article analyzes the events held in Rio de Janeiro in June 1880 to commemorate the tercentenary of the death of Luis de Camoes, emphasizing the speech given by Joaquim Nabuco. The aim is to investigate Nabuco's speech in light of the cultural and political relations between Brazil and Portugal at that time, highlighting the fact that the tercentenary celebrations emphasized an ideal Brazilian national identity defined as fundamentally Lusitanian. Nabuco's contribution to the development of this representation of the nation is the aim of this article.

Keywords: Camões; Camões' tercentenary; Luso-Brazilian relations.

O tricentenário da morte de Camões em Lisboa e no Rio de Janeiro: breves considerações

No memorável dia 10 de junho de 1880, decorridos trezentos anos depois da morte do glorioso Épico, e quando a população desta Capital festejava ruidosamente esse notável acontecimento, na antiga rua da Lampadosa, hoje Luís de Camões, era lançada a pedra fundamental do belo templo [sede do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro]. A este grande ato compareceram o Imperador, ministros, homens notáveis nas letras, ciências e artes, a Câmara Municipal que se apresentou solene, com o respectivo estandarte, caso raro (visto que se tratava de um edifício particular), o que deu ao ato extraordinária importância, muitas pessoas gradas, associações brasileiras e portuguesas, representadas pelas respectivas diretorias, e uma grande massa popular que contemplava o majestoso e comovente espetáculo. 1 1 SANDMANN, Marcelo Corrêa. As comemorações do tricentenário de Camões no Brasil. Revista Letras, Curitiba: Ed. UFPR, n.59, jan.-jun. 2003.

... no domingo com as regatas em Botafogo, a festa marítima mais esplêndida, mais deslumbrante que o Rio de Janeiro tem visto – um luxo, uma vaidade, uma orgia de luz e de adornos. O povo aliou-se ao Club das regatas, enfeitando todas as sacadas, iluminando os jardins; e à noite, as gôndolas venezianas, o fogo de artifício ... a baía de Botafogo parecia um cenário imenso de peça fantástica. (Revista Ilustrada, Rio de Janeiro, 19 jun. 1880)

Os textos em epígrafe relatam os acontecimentos vividos pela população do Rio de Janeiro na semana em torno do dia 10 de junho de 1880, data na qual se comemorou o tricentenário de morte de Camões. Além dos eventos citados (referidos por Sandmann, 2003), outros vieram se somar, entre eles a exposição realizada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. 2 2 Ver: CATÁLOGO da exposição camoneana realizada pela Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro a 10 de junho de 1880 por occasião do centenario de Camões. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1880.

A comemoração do tricentenário do escritor português mobilizou, de forma intensa, o espaço cultural e intelectual em Portugal e no Brasil, durante os primeiros anos da década de 1880. Enquanto em Portugal o evento foi vivenciado como um momento importante de (re)elaboração da memória nacional, no Brasil o tricentenário de Camões foi comemorado como um indício certeiro da importância da cultura portuguesa para o país.

A festa de Camões, assim como as comemorações republicanas estudadas por Lucia Lippi, teve "uma função pedagógica e unificadora", 3 3 OLIVEIRA, Lucia Lippi. As festas que a República manda guardar. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v.2, n.4, 1989. p.175. pois buscava minimizar as diferenças existentes entre os grupos que festejavam. 4 4 Há um importante texto de Lilia Schwarcz analisando as festas no Império. Entretanto, por tratar de aspectos mais associados a comemorações de caráter popular, a autora aborda questões distintas das aqui mencionadas. Ver: SCHWARCZ, Lilia. O império das festas e as festas do Império. In: As barbas do Imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. (2.ed. ). Diferenças que, neste caso, consistiam na superação da ideia de que o Brasil deveria definir-se pela alteridade em relação a Portugal, ao passo que este último deveria caracterizar-se pela busca da permanência, arvorando-se no direito que, na opinião de muitos intelectuais portugueses, havia sido adquirido por uma história comum aos dois países e que dava a Portugal a possibilidade de "conduzir vontades, definir destinos e propor caminhos além de seu território". 5 5 RAMOS, Maria Bernadete; SERPA, Élio; PAULO, Heloisa (Org.). O beijo através do Atlântico: o lugar do Brasil no panlusitanismo. Chapecó (RS): Argos, 2001. p.17. Como alerta André Burguière, as comemorações não são "as melhores conselheiras da pesquisa histórica", 6 6 BURGUIÈRE, Andre. Histoire d'une histoire: la naissance des Annales. Annales Économies, sociétés, civilisations, v.34, n.6, 1979. p.1347. justamente porque durante as festas obliteram-se as diferenças, as tensões e os dissensos e fortalece-se a harmonia. Nesse sentido, cabe ao historiador depurar os acontecimentos com vistas a investigar os movimentos de construção de aproximações e distanciamentos entre os grupos organizadores das comemorações, com vistas a melhor conhecer as representações em disputa que informam o processo comemorativo.

Assim, busca-se investigar o evento do tricentenário de morte de Camões como um importante acontecimento no curso das relações culturais e intelectuais estabelecidas entre Portugal e Brasil, na segunda metade do século XIX. Porém, é importante considerar que, ainda que esse evento tenha aproximado, de forma indiscutível, os intelectuais portugueses e brasileiros, ele não ocorreu de forma harmônica. A análise dos acontecimentos que o constituíram evidencia fissuras e dissensos na organização da festa e nas interpretações do legado camoniano, o que permite entrever projetos distintos de Nação em desenvolvimento tanto no Brasil quanto em Portugal, nos últimos decênios do século XIX.

Em Portugal, segundo Maria Isabel João, foi Luciano Cordeiro, secretário perpétuo da Sociedade de Geografia e jornalista d'O Comércio de Lisboa, quem deu início aos preparativos da festa. A partir de sua iniciativa, um grupo de indivíduos ligados à imprensa lisboeta tomou a frente da promoção, divulgando por meio de jornais e revistas a ideia de que urgia comemorar Camões, pois esta era uma "festa na nação" e não a "festa de um partido, de uma escola, ou de uma comunhão parcial". 7 7 Todas as citações sobre as comemorações do tricentenário de Camões em Portugal têm como referência JOÃO, Maria Isabel. Memória e Império: comemorações em Portugal (1880-1960). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002. Segundo os jornalistas, o evento "tinha o objetivo de estabelecer a convergência de todos os indivíduos em torno da Pátria de que Camões era símbolo". Considerando-se que "o trabalho de heroificação é inseparável da produção de uma memória coletiva", 8 8 RIBEIRO, Fernando Bessa. A invenção dos heróis: nação, história e discursos de identidade em Moçambique. Etnográfica, v.IX, n.2, 2005. p.258. Disponível em: ceas.iscte.pt/etnografica/docs/vol_09/N2/Vol_ix_N2_FBessaRibeiro.pdf; Acesso em: 30 set. 2010. a festa concentrou-se em organizar um conjunto de eventos e de publicações que evocava a memória de Camões, fortalecia a produção camoniana e a glorificação da história pátria. A festa em Portugal realizou-se com a publicação de diversos impressos, a criação de pinturas, moedas comemorativas, festas nas escolas, procissões cívicas, discursos pronunciados e publicados, uma ampla variedade de eventos que atendia a indivíduos dos mais variados espectros políticos e sociais (João, 2002, p.524).

Apesar dessa mobilização patriótica, no entanto, a união em torno de Camões como representativo do panteão dos heróis nacionais levou à sua utilização em prol de projetos de nação em disputa que foram evidenciados pelo movimento da festa. A vastidão das comemorações foi de tal monta que levou Oliveira Martins a afirmar, em 1880: "Camões é ao mesmo tempo uma infinidade de tipos para uma infinidade de criaturas arrastadas pelo Centenário". 9 9 MARTINS, Oliveira. Camões, Os Lusíadas e a Renascença em Portugal. Lisboa, 1986, apud JOÃO, 2002, p.525.

Opositores se uniram na homenagem a Camões. Porém, elaboraram justificativas distintas que convergiam com seus projetos de nação. Monarquistas e republicanos portugueses acionaram seus discursos. Do ponto de vista dos monarquistas, Camões havia dado expressão aos três elementos que caracterizavam a nacionalidade: a tradição, a língua e o território, aspectos que foram valorizados pela sua escrita. 10 10 JOÃO, Maria Isabel. Percursos da memória: centenários portugueses no século XIX. Camões. Revista de Letras e Culturas lusófonas, n.8, jan.-mar. 2000. Disponível em: www.instituto-camoes.pt/revista/percursmemo.htm; Acesso em: 30 set. 2010. Já sob o olhar dos republicanos, evocar o poeta era lembrar o passado como forma de superar as dificuldades de um presente de 'apagada e vil tristeza' – nas próprias palavras de Camões, bastante repetidas –, e de estimular os ânimos para as mudanças políticas (ibidem). Ao analisar as diversas comemorações portuguesas de fins do século XIX, entre elas as do tricentenário de morte de Camões, Fernando Catroga chama atenção para o fato de que

salvo raríssimas excepções as festas cívicas portuguesas foram, sobretudo após 1880, comemorações e celebrações postas ao serviço do combate contra um arreigado sentimento de decadência. Daí também seus anelos regeneracionistas, objetivo que ajuda a compreender porque é que os republicanos, mesmo antes de conquistarem o poder político (1910), conseguiram como promitentes de uma "Pátria Nova", hegemonizar boa parte das expectativas semeadas por esse ritualizado diálogo entre as promessas de futuro e as releituras do passado. 11 11 CATROGA, Fernando. Nação, mito e rito. Religião civil e comemoracionismo. Fortaleza: Ed. do Nudoc/UFC, Museu do Ceará, 2005. p.127.

Assim, o Camões e Os Lusíadas dos republicanos portugueses eram, antes de tudo, uma bandeira de luta contra a decadência nacional e a justificativa para a retomada dos valores mais genuinamente portugueses ligados ao heroísmo, à expansão, ao crescimento e ao desenvolvimento da Nação.

Entretanto, a festa de Camões em Portugal não era um exemplo isolado de culto às glórias passadas da Nação. Como se sabe, as construções nacionais imaginadas pelos homens do século XIX incluíam, em larga medida, a panteonização de seus heróis. Como anota Armelle Enders, "o declínio dos monarcas, mas sobretudo o fortalecimento das Nações, estimulam na Europa do século XIX o gosto pelos grandes homens e o interesse por seu culto". 12 12 ENDERS, Armelle. O "Plutarco Brasileiro", a produção dos vultos nacionais no Segundo Reinado. Estudos Históricos, v.14, n.25, 2000. p.41.

A glorificação de Camões por amplos grupos intelectuais portugueses repercutiu de forma intensa no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro. Nessa cidade, os membros da colônia portuguesa, particularmente aqueles que se reuniam na diretoria do Gabinete Português de Leitura, tomaram a frente das comemorações, elaborando a noção de um ideário festivo no qual o Brasil aparecia como uma continuação de Portugal na América (João, 2000). Na programação proposta pela instituição, o evento incluiria o lançamento da pedra fundamental do novo prédio e uma noite festiva no Teatro D. Pedro, com a apresentação de uma peça de Machado de Assis, escrita especialmente para a ocasião, a exibição de uma ópera de Carlos Gomes, uma exposição na Biblioteca Nacional, além de uma regata na enseada de Botafogo e uma passeata de estudantes (ibidem).

Joaquim Nabuco foi escolhido o orador da festa que se realizaria no Teatro D. Pedro. A escolha do nome de Nabuco para protagonizar a comemoração gerou conflitos entre os membros da colônia portuguesa, pois havia aqueles, como Figueiredo de Magalhães, que consideravam inaceitável a escolha de um brasileiro para homenagear o maior nome das letras portuguesas. Em texto publicado no Jornal do Commercio do dia 18 de março de 1880, Figueiredo de Magalhães elabora uma dura crítica à escolha do nome de Nabuco e defende o protagonismo de seus patrícios na festa:

em fins do século XIX um leigo peralta tenta esfrangalhar os créditos das nossas academias ... O baluarte das nossas letras pátrias, que ainda existe na capital deste Imperio, como sentinella perdida a vigiar a retirada das nossas legiões litterarias, arriou a bandeira da sua nação e capitulou á falta de artilheiros disciplinados que pudessem dar as salvas de gala nas festas do centenário de Camões! ... Eu protesto em nome do meu patriotismo, e os assassinos dos créditos pátrios, respondem que não ha já um portuguez decente para ir comprimentar Camões no seu centenário.

Convidem-se todas as autoridades e associações portuguezas que existão em qualquer lugar do Brazil; todos os portuguezes grandes ou pequenos; todos os nossos amigos e todos os admiradores do nosso Camões sem distincção de nacionalidade. Acerquemo-nos todos aos iniciadores dos festejos, se elles não querem sujar a historia deste centenario com a falsa supposição de que já em 1880 não havia no Brazil um portuguez capaz de saber dizer ao mundo quanto foi, é e será grande o seu immortal compatriota.

Entretanto, se esta era a opinião de Magalhães, ela não era compartilhada por toda a colônia portuguesa. Havia os que consideravam a festa uma oportunidade de aproximar culturalmente Portugal e Brasil, relação que, nesse momento, sofria as consequências, pelo menos na cidade do Rio de Janeiro, de um crescente processo popular de antilusitanismo. 13 13 O antilusitanismo do Brasil, de fins do século XIX e início do XX, foi estudado por uma ampla gama de autores, desde Raimundo Magalhães Junior, que em seu livro O Império em chinelos assinala o clima antiportuguês evidenciado por insultos como 'galego' e 'marinheiro', frequentemente citados pelos jornais locais. Sobre esse tema ver: MAGALHÃES JUNIOR, Raimundo. O Império em chinelos. Rio de Janeiro: s.n., 1957; TRICHES, Roberta Pedroso. A labareda da discórdia: o antilusitanismo na imprensa carioca. Disponível em: www.achegas.net, n.36; Acesso em: 5 dez. 2008; RIBEIRO, Gladys Sabina. "Cabras" e "pés-de-chumbo": os rolos do tempo. O antilusitanismo na cidade do Rio de Janeiro (1890-1930). Niterói: Ed. UFF, 1987; RIBEIRO, Gladys Sabina. Mata Galegos: os portugueses e os conflitos de trabalho na República Velha. São Paulo: Brasiliense, 1990.

Do ponto de vista dos organizadores do evento, o tricentenário de Camões era uma ocasião propícia para unir portugueses e brasileiros e construir uma visão mais positiva sobre os portugueses no Brasil. O convite a Nabuco seria, talvez, uma estratégia para que essa aproximação efetivamente se realizasse. Na opinião dos membros da diretoria do Gabinete Português de Leitura, a escolha de Nabuco se justificava ao representar o desejo de aproximação com o Brasil que eles almejavam. A explicação sobre a escolha do nome de Joaquim Nabuco havia sido publicada no Jornal do Commercio (13 mar. 1880), na seção "A pedidos" do periódico, o que evidencia, possivelmente, uma justificativa inscrita num espaço do jornal comprado pelos membros da diretoria do Gabinete Português de Leitura. O texto afirma:

Se de ser esta a comprehensão da sua tarefa houvesse o Gabinete de dar prova, tê-la-hia no convite que teve a honra de dirigir a um dos mais bellos talentos da nova geração brazileira, ao illustre escriptor que no verdor dos seus annos teve a insigne gloria de celebrar com a publicação de seu livro Camões e os Luziadas o 3º centenario do immortal poema. A parte principalissima distribuida na festa do centenario ao illustrado Sr. Dr. Joaquim Aurelio Nabuco de Araujo não é a que lhe conferio nem o nosso respeito pelos seus talentos, que é grande, nem a nossa estimação pela sua pessoa, que não é menor; é a que lhe pertence exclusivamente como o unico escriptor de lingua portugueza que ha oito annos teve a gloria de escrever: "Em 1859, em 1864 e 1865 a Allemanha, a Inglaterra e a Italia celebrarão com festas nacionaes os centenarios de Schiller, de Shakespeare e de Dante, publicando hoje estas notas, não faço mas do que fizeram os homens de coração desses tres paizes, quando, deixando os campos, vinhão ás cidades cobrir de flores as estatuas dos poetas. Eu pago o tributo de uma admiração sempre crescente a Luiz de Camões no 3º centenario do seu poema". O Sr. Joaquim Nabuco só nao devêra esperar o convite de que foi objecto da parte dos que ignorassem esta honrosa pagina da sua historia. Quanto a nós, uma unica cousa nos poderia ser mais agradavel do que a honra do convite que lhe dirigimos: esta occasião de expôr pela maior publicidade o nome do verdadeiro percursor deste grande movimento...

Segundo os membros da diretoria do Gabinete de Leitura, Nabuco merecia o lugar de orador porque teria sido ele, no Brasil, o primeiro a homenagear Camões ao publicar, em 1872, o livro Camões e os Lusíadas. 14 14 NABUCO, Joaquim. Camões e os Lusíadas. Rio de Janeiro: Typographia Imperial do Instituto Artístico, 1872. Os defensores de seu nome justificavam a escolha alegando ter sido Nabuco o precursor do movimento de homenagem a Camões. 15 15 Certamente o fato de Nabuco ter publicado esse livro sobre Camões não justificaria a escolha de seu nome para orador da festa. Ao que tudo indica, o livro não teve grande repercussão. Foi, possivelmente, um texto de juventude e de pouca importância em sua trajetória bibliográfica. Na biografia de Nabuco, escrita por Angela Alonso, na qual a autora faz uma extensa e minuciosa indicação dos textos escritos por ele, nem consta essa referência. Ver: ALONSO, Ângela. Indicações Bibliográficas. In: Joaquim Nabuco. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p.343-352. É possível, portanto, supor que tenha sido a posição política ocupada por Joaquim Nabuco em 1880 o que justificou a sua escolha para orador da festa. No período transcorrido entre a escrita do livro sobre Camões (1872) e a realização da festa (1880), Joaquim Nabuco tinha passado de jovem filho de um importante político do Império a indivíduo com trajetória política em ascensão. Em seu livro, Alonso destaca a atuação de Joaquim Nabuco na Câmara durante o primeiro semestre de 1880 – momento de preparação para a festa do tricentenário de Camões, que se realizaria em junho daquele ano. Segundo essa autora, entre outras questões, naquele momento, Nabuco ocupou-se da discussão do orçamento da agricultura, da reforma de ensino, e "propôs moção para incluir a Câmara nas comemorações do terceiro centenário de Camões". Ver: ALONSO, , 2007, p.102. Embora esse período da trajetória de Joaquim Nabuco seja pouco tratado pela bibliografia especializada em sua biografia, é importante consultar: BEIGUELMAN, Paula. Joaquim Nabuco. São Paulo: Perspectiva, 1999; SALLES, Ricardo. Joaquim Nabuco: um pensador do Império. Rio de Janeiro: Topbooks, 2002; MARSON, I. Política, história e método em Joaquim Nabuco: tessitura da revolução e da escravidão. Uberlândia (MG): Ed. UFU, 2008; e ALENCAR, J. A.; PESSOA, A. Joaquim Nabuco: o dever da política. Rio de Janeiro: Ed. Casa de Rui Barbosa, 2002. Além disso, legitimavam-na pelo fato de serem brasileiros e portugueses "povos de origem comum, herdeiros de tradições gloriosas". E consideravam que esse era o momento de reafirmar a aproximação e não de estabelecer distanciamentos.

As notícias publicadas no Jornal do Commercio, no primeiro semestre de 1880, expõem as fissuras e contradições internas à colônia portuguesa do Rio de Janeiro durante o período de organização da festa. 16 16 É importante destacar que a questão das polêmicas geradas no seio da colônia portuguesa foi destaque apenas no Jornal do Commercio. Outros jornais que também noticiavam a festa, como, por exemplo, a Gazeta de Notícias, não se referiam aos conflitos entre os portugueses. Sobre essa questão, ver: VENANCIO, Giselle Martins. Uma festa luso-brasileira? As comemorações do tricentenário de morte de Camões no Rio de Janeiro em 1880. In: GUIMARÃES, Lucia; SARMENTO, Cristina (Org.). Culturas cruzadas em português II. Lisboa: Almedina, 2012. Porém, apesar da oposição de alguns membros dessa colônia, prevaleceu o desejo da diretoria do Gabinete Português de Leitura e o nome de Nabuco foi confirmado como orador. Foi Nabuco quem pronunciou o discurso de homenagem a Camões na noite de 10 de junho de 1880, no Teatro D. Pedro, no evento que contou com a presença do imperador Pedro II, além de inúmeros convidados.

O discurso de Nabuco: comemorando Camões e definindo a Nação

O acervo do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro guarda cerca de duas centenas de cartas de agradecimento ao convite para a comemoração organizada no Imperial Theatro D. Pedro II, no dia 10 de junho de 1880. 17 17 O acervo das correspondências de agradecimento ao convite feito pelo Gabinete Português de Leitura pode ser consultado no arquivo digital disponível no site do RGPL: www.realgabinete.com.br/. Nessa noite, diante de um enorme público, 18 18 Maria Isabel João afirma que o público era de cerca de 3 mil pessoas. Ver: JOÃO, 2000. Joaquim Nabuco pronunciou seu discurso, cuja síntese pode ser evidenciada por uma de suas frases mais significativas: "O Brasil e Os Lusíadas são as duas maiores obras de Portugal". 19 19 Todas as citações do discurso de Nabuco se encontram em: NABUCO, Joaquim. Camões: discurso pronunciado em 10 de junho de 1880 por parte do Gabinete Português de Leitura. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1980.

Destacar a importância do Brasil para Portugal e constituir uma ideia de nação brasileira que se organizava como herança da tradição portuguesa foi, sem dúvida, a tônica do discurso de Nabuco.

Ao dar início à análise do poema de Camões, Nabuco questionava: "Qual é a ideia dos Lusíadas, si elles não são o poema das descobertas marítimas e da expansão territorial da raça Portuguesa? Mas o descobrimento do Brazil não será uma parte integrante desse conjunto histórico?".

Definir o Brasil como a parte mais importante do Império Português era o principal objetivo do discurso de Nabuco, o que parecia estar de acordo com os ideais propostos por um significativo grupo de intelectuais portugueses de criação de uma comunidade cultural luso-brasileira, 20 20 Noção desenvolvida por Eliana Dutra num texto intitulado Laços Fraternos. Com base nessa ideia, acredita-se, fundamentalmente, que o desejo de permanência de uma comunidade cultural luso-brasileira materializou-se, entre outras formas, pela criação e edição – em Portugal – e pela circulação – nos dois lados do Atlântico – de objetos impressos (almanaques, periódicos, livros e coleções) que se autodefiniam como destinados a 'portugueses e brasileiros', bem como no intercâmbio de ideias e projetos editoriais e intelectuais desenvolvidos por literatos, historiadores, jornalistas, em suma, pelos homens de letras de ambos os países. Ver sobre o tema: DUTRA, Eliana Regina. Laços Fraternos. Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, v.1, p.116-127, dez. 2005; e NUNES, Maria de Fátima; MIRANDA, Paula. Imagens do Brasil na cultura portuguesa (1880-1900). In: CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO: PORTUGAL E BRASIL. MEMÓRIAS E IMAGINÁRIO. Actas... Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, v.1, fasc., p.697-703, 1999. que se elaborava por meio de diversas estratégias. Nesse projeto de aproximação

importava recriar a memória do que ao longo dos séculos se fora sedimentando entre países que até então tinham tido experiências de vida e cultura bem diversas. As suas raízes, multiformes, iam beber a seiva que as alimentava aos tempos remotos da aventura do encontro com o desconhecido e dos laços que, a partir daí, se estreitaram e fortaleceram nas terras de aquém e além mar. 21 21 CASTRO, Zília Osório de. Do carisma do Atlântico ao sonho da Atlântida. In: GUIMARÃES, Lucia (Org.). Afinidades Atlânticas: impasses, quimeras e confluências nas relações luso-brasileiras. Rio de Janeiro: Quartet, 2009. p.61

Nabuco, em seu discurso, afirma a forte presença de Portugal no Brasil e a influência de Portugal sobre os brasileiros. Comemorar Camões era, sem dúvida, em sua opinião, reforçar os laços que os uniam. Nas palavras de Nabuco, se a pátria brasileira de algum modo se organizava de forma distinta da pátria portuguesa, a identidade nacional no Brasil se constituía por meio de um sentimento filial que ligava o Brasil diretamente a Portugal. Dizia ele:

nessa noite, sou portuguez; basta-me dizer que acho-me animado para com a pequena, mas robusta Nação que fundou o Brazil e que foi tanto tempo a Mãe Pátria, de um sentimento qui, se não se confunde com o patriotismo, não deixa de confundir-se, entretanto, com o próprio orgulho nacional.

Nessa "configuração complexa de representações, imagens e ideias" que os intelectuais evocam como o "mistério da identidade nacional", 22 22 DETIENNE, Marcel. L'identité nationale, une énigme. Paris: Gallimard, 2010. p.18. Portugal representaria, na concepção de Nabuco, o lugar de origem e, portanto, referência incontornável para se pensar o Brasil. E foi exatamente esse o argumento acionado por Nabuco para defender a sua posição de orador da festa:

A honra de ser o intérprete da admiração de um século inteiro e de dois povos unidos no Centenario de um poeta, é um desses privilegios dos quais se deve dizer – é melhor merecel-os sem os ter que possuil-os sem os merecer. – Confesso porem que aceitei este logar pela divida de gratidão que temos para com Portugal, e na qual, como Brazileiro, reclamo minha quota parte.

E continua, referindo-se àqueles que criticaram a escolha de seu nome:

Na festa, uns são Brazileiros, outros Portuguezes, outros estrangeiros; temos todos porem o direito de abrigar-nos sob o manto do Poeta. A pátria é um sentimento energico, desinteressado, benéfico, mesmo quando é um fanatismo. Este fanatismo admite muitas intolerâncias, menos uma que o tornaria contradictorio consigo mesmo: a de recusarmos o concurso expontaneo das sympathias estrangeiras nas grandes expansões da nossa pátria. Si o dia de hoje é o dia de Portugal, não é melhor para elle que a sua festa nacional seja considerada entre nós uma festa de família? Si é o dia da lingoa Portugueza, não é esta também a que fallam dez milhões de brazileiros? ... Num sentido mais especial, porém, póde-se dizer que sejamos nós, os Brazileiros, estrangeiros nesta festa? Seria preciso esquecer muita cousa para afirmal-o.

Nabuco utiliza o discurso para responder aos seus inimigos e para reforçar sua posição de legítimo orador. Em sua fala, considera que a discussão sobre sua nacionalidade deveria se dar em outra chave interpretativa. Ele, como todo brasileiro, era herdeiro de Camões, visto ser o poeta o representante maior da origem da família luso-brasileira. Em sua opinião, o Brasil estaria eterna e necessariamente ligado a Portugal. Não era apenas, segundo ele, a questão da língua, ou de uma cultura comum, o que ligava os dois países, mas sim um sentimento de pertencimento originado no processo de expansão marítima e que se perpetuaria em todos brasileiros. Fazendo referência, talvez, ao sentimento de decadência vivenciado pelos portugueses no fim do século XIX, Nabuco afirma que o Brasil daria continuidade ao legado lusitano. Referindo-se à língua portuguesa, argumenta: "Portugal pode desapparecer, dentro de seculos, sumergido pela vaga Européa, ella tera em cem milhões de Brazileiros, a mesma vibração luminosa e sonora".

Por fim, Nabuco destaca a importância das festas dos centenários para a consolidação de uma memória histórica comum a Portugal e Brasil, afirmando: "e por muitos séculos ainda o teo centenário reunirá, em torno das tuas estátuas espalhadas pelos vastos dominios da lingoa Portugueza, as duas Nações eternamente tributárias da tua gloria...".

É bem verdade que as festas dos centenários não teriam esse destino glorioso que supunha Nabuco. O quarto Centenário de Camões, já no fim do século XX, parece não ter mobilizado o mesmo espírito de congraçamento que se fez presente no terceiro Centenário. Embora a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro tenha realizado uma nova exposição, que acabou por gerar novas publicações, a festa foi mais modesta que a oitocentista. Porém, o processo de monumentalização da obra de Camões tomou ainda maior vulto no século XX, bem como a sua mobilização como referência para as literaturas portuguesa e brasileira. Como uma "ficção de fundação", 23 23 Aqui fazemos referência explícita ao título do livro de SUMMER, Dóris. Ficções de fundação: os romances nacionais na América Latina. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004. Camões foi incluído em antologias e na literatura didática, reforçando a ideia do mito fundador do elo entre as produções culturais portuguesa e brasileira.

Nesse processo, novas memórias de Camões foram sendo forjadas e difundidas. As inúmeras camadas de memória produzidas pela fortuna crítica de suas obras desempenharam papel fundamental no estabelecimento de um cânone literário no qual Camões ocupa lugar de destaque. As diversas leituras e interpretações possíveis evidenciaram, em alguns momentos mais, em outros menos, a aproximação das culturas brasileira e portuguesa.

Assim é que no prefácio ao discurso de Nabuco, reeditado pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro por ocasião do quarto centenário de morte de Camões, em 1980, Maximiano de Carvalho e Silva interpreta o texto de Nabuco como fundador da crítica elaborada por brasileiros sobre a obra de Camões. Em seu texto, Maximiano destaca o desconhecimento dos textos de Nabuco pelo público especializado e qualifica a sua leitura, num processo de monumentalização não apenas da obra de Camões, mas também da de Nabuco. O autor argumenta:

Os estudos camonianos de Nabuco, e os episódios que envolvem a sua publicação, estão a reclamar reexames ainda mais atentos e cuidadosos, sem o que não se dará, nos ensaios biográficos e relativos ao memorialista de Minha Formação, e nos ensaios sobre a evolução das investigações camonianas, o devido relevo a uma das contribuições mais importantes a moderna Camonologia. Reeditar esses estudos é, pois, contribuir para uma visão mais ampla e correta do que tem sido a impregnação camoniana no processo de nosso desenvolvimento intelectual. 24 24 SILVA, Maximiano de Carvalho. Joaquim Nabuco e as comemorações camonianas. In: NABUCO, 1980, p.9.

O texto de Maximiano de Carvalho e Silva é um importante testemunho para se pensar os usos e apropriações das obras de Camões e de Nabuco já nos últimos decênios do século XX. Na visão de Carvalho e Silva é preciso valorizar Nabuco porque este qualificou Camões em relação ao desenvolvimento intelectual brasileiro, inserindo-se numa tradição que se iniciou desde o fim do século XIX no Brasil de comemorar Camões como "patrono recuado também da nacionalidade brasileira" (Sandmann, 2003). Embora parte da intelectualidade brasileira do período estivesse mais preocupada com a constituição de um ideal de nacionalidade que se plasmava, em grande medida, por um discurso de oposição à produção intelectual de Portugal – forjando uma identidade nacional distinta, capaz de plasmar o consenso social –, as falas e eventos da festa do tricentenário de Camões elaboraram-se num campo condicionado por um mito de fundação da identidade nacional brasileira que era, na opinião de seus mentores, na origem fundamentalmente lusitano. Assim, o que se constituía como brasilidade, nesse momento, era num certo sentido também lusitanidade. 25 25 Observação semelhante é feita por Gisella Amorim Serrano ao tratar da chamada 'política do espírito' posta em prática em Portugal durante o governo Salazar. Ver: SERRANO, Gisella de Amorim. Caravelas de papel: a política editorial do Acordo Cultural de 1941 e o pan-lusitanismo (1941-1949). Tese (Doutorado em História) – UFMG. Belo Horizonte, 2009. p.26. Comemorar Camões como herói da nacionalidade brasileira, porque lusitana, certamente incita o questionamento.

Se a construção nacional devia resultar de uma genealogia histórica, que se estabelecia na eleição e na sucessão das nações possíveis, 26 26 GUIMARÃES, M. S. Nação e civilização nos trópicos: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o projeto de uma história nacional. Estudos Históricos, Rio de Janeiro: Vértice, v.1, p.5-27, 1988. pensar o poeta português como um precursor da alma nacional sugere alguma reflexão sobre os marcos referenciais para se construir o passado, o presente e o futuro da Nação. É bem verdade que a comemoração do tricentenário de Camões não se realizou sem conflitos, como se disse anteriormente a respeito das disputas em torno do nome do orador do evento. Há registros de que se fizeram ouvir "dissidências de particularismos da bandeira" (apud João, 2002, p.217), porém, segundo Maria Isabel João, "prevaleceu a ideia de que a identidade histórica e linguística devia dar lugar a uma celebração conjunta do poeta". Assim, "os poderes públicos do Império, o Parlamento Brasileiro, o ministério e o próprio Imperador compreenderam o alcance do Centenário de Camões para a confraternidade dos dois povos". 27 27 O Positivismo. Revista de Philosophia. Porto, v.II, p.513, 1880, apud JOÃO, 2002, p.217.

Na festa de Camões, sem dúvida, conformou-se um ideal de nação brasileira em consonância como um sentimento de pertencimento 28 28 Sobre a noção de sentimento de pertencimento, ver: NOIRIEL, G. Le lien national comme lien social: à propos du sentiment d'appartennance. In: _______. État, nation et immigration. Paris: Gallimard, 2001. p.198-205. a uma comunidade cultural mais ampla que se pode, talvez, nomear como luso-brasileira.

NOTAS

Artigo recebido em 31 de março de 2011.

Aprovado em 2 de fevereiro de 2012.

  • 1 SANDMANN, Marcelo Corrêa. As comemorações do tricentenário de Camões no Brasil. Revista Letras, Curitiba: Ed. UFPR, n.59, jan.-jun. 2003.
  • 2
    2 Ver: CATÁLOGO da exposição camoneana realizada pela Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro a 10 de junho de 1880 por occasião do centenario de Camões. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1880.
  • 3 OLIVEIRA, Lucia Lippi. As festas que a República manda guardar. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v.2, n.4, 1989. p.175.
  • 4 Há um importante texto de Lilia Schwarcz analisando as festas no Império. Entretanto, por tratar de aspectos mais associados a comemorações de caráter popular, a autora aborda questões distintas das aqui mencionadas. Ver: SCHWARCZ, Lilia. O império das festas e as festas do Império. In: As barbas do Imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. (2.ed.
  • 5 RAMOS, Maria Bernadete; SERPA, Élio; PAULO, Heloisa (Org.). O beijo através do Atlântico: o lugar do Brasil no panlusitanismo. Chapecó (RS): Argos, 2001. p.17.
  • 6 BURGUIÈRE, Andre. Histoire d'une histoire: la naissance des Annales. Annales Économies, sociétés, civilisations, v.34, n.6, 1979. p.1347.
  • 7 Todas as citações sobre as comemorações do tricentenário de Camões em Portugal têm como referência JOÃO, Maria Isabel. Memória e Império: comemorações em Portugal (1880-1960). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.
  • 8 RIBEIRO, Fernando Bessa. A invenção dos heróis: nação, história e discursos de identidade em Moçambique. Etnográfica, v.IX, n.2, 2005. p.258. Disponível em: ceas.iscte.pt/etnografica/docs/vol_09/N2/Vol_ix_N2_FBessaRibeiro.pdf; Acesso em: 30 set. 2010.
  • 10 JOÃO, Maria Isabel. Percursos da memória: centenários portugueses no século XIX. Camões. Revista de Letras e Culturas lusófonas, n.8, jan.-mar. 2000. Disponível em: www.instituto-camoes.pt/revista/percursmemo.htm; Acesso em: 30 set. 2010.
  • 11 CATROGA, Fernando. Nação, mito e rito Religião civil e comemoracionismo. Fortaleza: Ed. do Nudoc/UFC, Museu do Ceará, 2005. p.127.
  • 12 ENDERS, Armelle. O "Plutarco Brasileiro", a produção dos vultos nacionais no Segundo Reinado. Estudos Históricos, v.14, n.25, 2000. p.41.
  • 13 O antilusitanismo do Brasil, de fins do século XIX e início do XX, foi estudado por uma ampla gama de autores, desde Raimundo Magalhães Junior, que em seu livro O Império em chinelos assinala o clima antiportuguês evidenciado por insultos como 'galego' e 'marinheiro', frequentemente citados pelos jornais locais. Sobre esse tema ver: MAGALHÃES JUNIOR, Raimundo. O Império em chinelos Rio de Janeiro: s.n., 1957;
  • TRICHES, Roberta Pedroso. A labareda da discórdia: o antilusitanismo na imprensa carioca. Disponível em: www.achegas.net, n.36; Acesso em: 5 dez. 2008;
  • RIBEIRO, Gladys Sabina. "Cabras" e "pés-de-chumbo": os rolos do tempo. O antilusitanismo na cidade do Rio de Janeiro (1890-1930). Niterói: Ed. UFF, 1987;
  • RIBEIRO, Gladys Sabina. Mata Galegos: os portugueses e os conflitos de trabalho na República Velha. São Paulo: Brasiliense, 1990.
  • 14 NABUCO, Joaquim. Camões e os Lusíadas. Rio de Janeiro: Typographia Imperial do Instituto Artístico, 1872.
  • 15 Certamente o fato de Nabuco ter publicado esse livro sobre Camões não justificaria a escolha de seu nome para orador da festa. Ao que tudo indica, o livro não teve grande repercussão. Foi, possivelmente, um texto de juventude e de pouca importância em sua trajetória bibliográfica. Na biografia de Nabuco, escrita por Angela Alonso, na qual a autora faz uma extensa e minuciosa indicação dos textos escritos por ele, nem consta essa referência. Ver: ALONSO, Ângela. Indicações Bibliográficas. In: Joaquim Nabuco São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p.343-352.
  • É possível, portanto, supor que tenha sido a posição política ocupada por Joaquim Nabuco em 1880 o que justificou a sua escolha para orador da festa. No período transcorrido entre a escrita do livro sobre Camões (1872) e a realização da festa (1880), Joaquim Nabuco tinha passado de jovem filho de um importante político do Império a indivíduo com trajetória política em ascensão. Em seu livro, Alonso destaca a atuação de Joaquim Nabuco na Câmara durante o primeiro semestre de 1880 momento de preparação para a festa do tricentenário de Camões, que se realizaria em junho daquele ano. Segundo essa autora, entre outras questões, naquele momento, Nabuco ocupou-se da discussão do orçamento da agricultura, da reforma de ensino, e "propôs moção para incluir a Câmara nas comemorações do terceiro centenário de Camões". Ver: ALONSO, , 2007, p.102. Embora esse período da trajetória de Joaquim Nabuco seja pouco tratado pela bibliografia especializada em sua biografia, é importante consultar: BEIGUELMAN, Paula. Joaquim Nabuco. São Paulo: Perspectiva, 1999;
  • SALLES, Ricardo. Joaquim Nabuco: um pensador do Império. Rio de Janeiro: Topbooks, 2002;
  • MARSON, I. Política, história e método em Joaquim Nabuco: tessitura da revolução e da escravidão. Uberlândia (MG): Ed. UFU, 2008;
  • e ALENCAR, J. A.; PESSOA, A. Joaquim Nabuco: o dever da política. Rio de Janeiro: Ed. Casa de Rui Barbosa, 2002.
  • 16 É importante destacar que a questão das polêmicas geradas no seio da colônia portuguesa foi destaque apenas no Jornal do Commercio Outros jornais que também noticiavam a festa, como, por exemplo, a Gazeta de Notícias, não se referiam aos conflitos entre os portugueses. Sobre essa questão, ver: VENANCIO, Giselle Martins. Uma festa luso-brasileira? As comemorações do tricentenário de morte de Camões no Rio de Janeiro em 1880. In: GUIMARÃES, Lucia; SARMENTO, Cristina (Org.). Culturas cruzadas em português II Lisboa: Almedina, 2012.
  • 19 Todas as citações do discurso de Nabuco se encontram em: NABUCO, Joaquim. Camões: discurso pronunciado em 10 de junho de 1880 por parte do Gabinete Português de Leitura. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1980.
  • 20 Noção desenvolvida por Eliana Dutra num texto intitulado Laços Fraternos Com base nessa ideia, acredita-se, fundamentalmente, que o desejo de permanência de uma comunidade cultural luso-brasileira materializou-se, entre outras formas, pela criação e edição em Portugal e pela circulação nos dois lados do Atlântico de objetos impressos (almanaques, periódicos, livros e coleções) que se autodefiniam como destinados a 'portugueses e brasileiros', bem como no intercâmbio de ideias e projetos editoriais e intelectuais desenvolvidos por literatos, historiadores, jornalistas, em suma, pelos homens de letras de ambos os países. Ver sobre o tema: DUTRA, Eliana Regina. Laços Fraternos. Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, v.1, p.116-127, dez. 2005;
  • e NUNES, Maria de Fátima; MIRANDA, Paula. Imagens do Brasil na cultura portuguesa (1880-1900). In: CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO: PORTUGAL E BRASIL. MEMÓRIAS E IMAGINÁRIO. Actas... Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, v.1, fasc., p.697-703, 1999.
  • 21 CASTRO, Zília Osório de. Do carisma do Atlântico ao sonho da Atlântida. In: GUIMARÃES, Lucia (Org.). Afinidades Atlânticas: impasses, quimeras e confluências nas relações luso-brasileiras. Rio de Janeiro: Quartet, 2009. p.61
  • 22 DETIENNE, Marcel. L'identité nationale, une énigme Paris: Gallimard, 2010. p.18.
  • 23 Aqui fazemos referência explícita ao título do livro de SUMMER, Dóris. Ficções de fundação: os romances nacionais na América Latina. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004.
  • 25 Observação semelhante é feita por Gisella Amorim Serrano ao tratar da chamada 'política do espírito' posta em prática em Portugal durante o governo Salazar. Ver: SERRANO, Gisella de Amorim. Caravelas de papel: a política editorial do Acordo Cultural de 1941 e o pan-lusitanismo (1941-1949). Tese (Doutorado em História) UFMG. Belo Horizonte, 2009. p.26.
  • 26 GUIMARÃES, M. S. Nação e civilização nos trópicos: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o projeto de uma história nacional. Estudos Históricos, Rio de Janeiro: Vértice, v.1, p.5-27, 1988.
  • 28 Sobre a noção de sentimento de pertencimento, ver: NOIRIEL, G. Le lien national comme lien social: à propos du sentiment d'appartennance. In: _______. État, nation et immigration Paris: Gallimard, 2001. p.198-205.
  • 1
    SANDMANN, Marcelo Corrêa. As comemorações do tricentenário de Camões no Brasil.
    Revista Letras, Curitiba: Ed. UFPR, n.59, jan.-jun. 2003.
  • 2
    Ver: CATÁLOGO da exposição camoneana realizada pela Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro a 10 de junho de 1880 por occasião do centenario de Camões. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1880.
  • 3
    OLIVEIRA, Lucia Lippi. As festas que a República manda guardar.
    Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v.2, n.4, 1989. p.175.
  • 4
    Há um importante texto de Lilia Schwarcz analisando as festas no Império. Entretanto, por tratar de aspectos mais associados a comemorações de caráter popular, a autora aborda questões distintas das aqui mencionadas. Ver: SCHWARCZ, Lilia. O império das festas e as festas do Império. In:
    As barbas do Imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. (2.ed. ).
  • 5
    RAMOS, Maria Bernadete; SERPA, Élio; PAULO, Heloisa (Org.).
    O beijo através do Atlântico: o lugar do Brasil no panlusitanismo. Chapecó (RS): Argos, 2001. p.17.
  • 6
    BURGUIÈRE, Andre. Histoire d'une histoire: la naissance des Annales.
    Annales Économies, sociétés, civilisations, v.34, n.6, 1979. p.1347.
  • 7
    Todas as citações sobre as comemorações do tricentenário de Camões em Portugal têm como referência JOÃO, Maria Isabel.
    Memória e Império: comemorações em Portugal (1880-1960). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.
  • 8
    RIBEIRO, Fernando Bessa. A invenção dos heróis: nação, história e discursos de identidade em Moçambique.
    Etnográfica, v.IX, n.2, 2005. p.258. Disponível em: ceas.iscte.pt/etnografica/docs/vol_09/N2/Vol_ix_N2_FBessaRibeiro.pdf; Acesso em: 30 set. 2010.
  • 9
    MARTINS, Oliveira.
    Camões, Os Lusíadas e a Renascença em Portugal. Lisboa, 1986, apud JOÃO, 2002, p.525.
  • 10
    JOÃO, Maria Isabel. Percursos da memória: centenários portugueses no século XIX.
    Camões. Revista de Letras e Culturas lusófonas, n.8, jan.-mar. 2000. Disponível em:
  • 11
    CATROGA, Fernando.
    Nação, mito e rito. Religião civil e comemoracionismo. Fortaleza: Ed. do Nudoc/UFC, Museu do Ceará, 2005. p.127.
  • 12
    ENDERS, Armelle. O "Plutarco Brasileiro", a produção dos vultos nacionais no Segundo Reinado.
    Estudos Históricos, v.14, n.25, 2000. p.41.
  • 13
    O antilusitanismo do Brasil, de fins do século XIX e início do XX, foi estudado por uma ampla gama de autores, desde Raimundo Magalhães Junior, que em seu livro
    O Império em chinelos assinala o clima antiportuguês evidenciado por insultos como 'galego' e 'marinheiro', frequentemente citados pelos jornais locais. Sobre esse tema ver: MAGALHÃES JUNIOR, Raimundo.
    O Império em chinelos. Rio de Janeiro: s.n., 1957; TRICHES, Roberta Pedroso. A labareda da discórdia: o antilusitanismo na imprensa carioca. Disponível em:
    www.achegas.net, n.36; Acesso em: 5 dez. 2008; RIBEIRO, Gladys Sabina.
    "Cabras" e "pés-de-chumbo": os rolos do tempo. O antilusitanismo na cidade do Rio de Janeiro (1890-1930). Niterói: Ed. UFF, 1987; RIBEIRO, Gladys Sabina.
    Mata Galegos: os portugueses e os conflitos de trabalho na República Velha. São Paulo: Brasiliense, 1990.
  • 14
    NABUCO, Joaquim.
    Camões e os Lusíadas. Rio de Janeiro: Typographia Imperial do Instituto Artístico, 1872.
  • 15
    Certamente o fato de Nabuco ter publicado esse livro sobre Camões não justificaria a escolha de seu nome para orador da festa. Ao que tudo indica, o livro não teve grande repercussão. Foi, possivelmente, um texto de juventude e de pouca importância em sua trajetória bibliográfica. Na biografia de Nabuco, escrita por Angela Alonso, na qual a autora faz uma extensa e minuciosa indicação dos textos escritos por ele, nem consta essa referência. Ver: ALONSO, Ângela. Indicações Bibliográficas. In:
    Joaquim Nabuco. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p.343-352. É possível, portanto, supor que tenha sido a posição política ocupada por Joaquim Nabuco em 1880 o que justificou a sua escolha para orador da festa. No período transcorrido entre a escrita do livro sobre Camões (1872) e a realização da festa (1880), Joaquim Nabuco tinha passado de jovem filho de um importante político do Império a indivíduo com trajetória política em ascensão. Em seu livro, Alonso destaca a atuação de Joaquim Nabuco na Câmara durante o primeiro semestre de 1880 – momento de preparação para a festa do tricentenário de Camões, que se realizaria em junho daquele ano. Segundo essa autora, entre outras questões, naquele momento, Nabuco ocupou-se da discussão do orçamento da agricultura, da reforma de ensino, e "propôs moção para incluir a Câmara nas comemorações do terceiro centenário de Camões". Ver: ALONSO, , 2007, p.102. Embora esse período da trajetória de Joaquim Nabuco seja pouco tratado pela bibliografia especializada em sua biografia, é importante consultar: BEIGUELMAN, Paula.
    Joaquim Nabuco. São Paulo: Perspectiva, 1999; SALLES, Ricardo.
    Joaquim Nabuco: um pensador do Império. Rio de Janeiro: Topbooks, 2002; MARSON, I.
    Política, história e método em Joaquim Nabuco: tessitura da revolução e da escravidão. Uberlândia (MG): Ed. UFU, 2008; e ALENCAR, J. A.; PESSOA, A.
    Joaquim Nabuco: o dever da política. Rio de Janeiro: Ed. Casa de Rui Barbosa, 2002.
  • 16
    É importante destacar que a questão das polêmicas geradas no seio da colônia portuguesa foi destaque apenas no
    Jornal do Commercio. Outros jornais que também noticiavam a festa, como, por exemplo, a
    Gazeta de Notícias, não se referiam aos conflitos entre os portugueses. Sobre essa questão, ver: VENANCIO, Giselle Martins. Uma festa luso-brasileira? As comemorações do tricentenário de morte de Camões no Rio de Janeiro em 1880. In: GUIMARÃES, Lucia; SARMENTO, Cristina (Org.).
    Culturas cruzadas em português II. Lisboa: Almedina, 2012.
  • 17
    O acervo das correspondências de agradecimento ao convite feito pelo Gabinete Português de Leitura pode ser consultado no arquivo digital disponível no site do RGPL:
  • 18
    Maria Isabel João afirma que o público era de cerca de 3 mil pessoas. Ver: JOÃO, 2000.
  • 19
    Todas as citações do discurso de Nabuco se encontram em: NABUCO, Joaquim.
    Camões: discurso pronunciado em 10 de junho de 1880 por parte do Gabinete Português de Leitura. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1980.
  • 20
    Noção desenvolvida por Eliana Dutra num texto intitulado
    Laços Fraternos. Com base nessa ideia, acredita-se, fundamentalmente, que o desejo de permanência de uma comunidade cultural luso-brasileira materializou-se, entre outras formas, pela criação e edição – em Portugal – e pela circulação – nos dois lados do Atlântico – de objetos impressos (almanaques, periódicos, livros e coleções) que se autodefiniam como destinados a 'portugueses e brasileiros', bem como no intercâmbio de ideias e projetos editoriais e intelectuais desenvolvidos por literatos, historiadores, jornalistas, em suma, pelos homens de letras de ambos os países. Ver sobre o tema: DUTRA, Eliana Regina. Laços Fraternos.
    Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, v.1, p.116-127, dez. 2005; e NUNES, Maria de Fátima; MIRANDA, Paula. Imagens do Brasil na cultura portuguesa (1880-1900). In: CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO: PORTUGAL E BRASIL. MEMÓRIAS E IMAGINÁRIO.
    Actas... Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, v.1, fasc., p.697-703, 1999.
  • 21
    CASTRO, Zília Osório de. Do carisma do Atlântico ao sonho da Atlântida. In: GUIMARÃES, Lucia (Org.).
    Afinidades Atlânticas: impasses, quimeras e confluências nas relações luso-brasileiras. Rio de Janeiro: Quartet, 2009. p.61
  • 22
    DETIENNE, Marcel.
    L'identité nationale, une énigme. Paris: Gallimard, 2010. p.18.
  • 23
    Aqui fazemos referência explícita ao título do livro de SUMMER, Dóris.
    Ficções de fundação: os romances nacionais na América Latina. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004.
  • 24
    SILVA, Maximiano de Carvalho. Joaquim Nabuco e as comemorações camonianas. In: NABUCO, 1980, p.9.
  • 25
    Observação semelhante é feita por Gisella Amorim Serrano ao tratar da chamada 'política do espírito' posta em prática em Portugal durante o governo Salazar. Ver: SERRANO, Gisella de Amorim.
    Caravelas de papel: a política editorial do Acordo Cultural de 1941 e o pan-lusitanismo (1941-1949). Tese (Doutorado em História) – UFMG. Belo Horizonte, 2009. p.26.
  • 26
    GUIMARÃES, M. S. Nação e civilização nos trópicos: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o projeto de uma história nacional.
    Estudos Históricos, Rio de Janeiro: Vértice, v.1, p.5-27, 1988.
  • 27
    O Positivismo.
    Revista de Philosophia. Porto, v.II, p.513, 1880, apud JOÃO, 2002, p.217.
  • 28
    Sobre a noção de sentimento de pertencimento, ver: NOIRIEL, G. Le lien national comme lien social: à propos du sentiment d'appartennance. In: _______.
    État, nation et immigration. Paris: Gallimard, 2001. p.198-205.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Jul 2013
    • Data do Fascículo
      2013

    Histórico

    • Recebido
      31 Mar 2011
    • Aceito
      02 Fev 2012
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