RESUMO:
Partindo de uma postura transdisciplinar e transperiférica sobre a produção e circulação de conhecimento, esse texto busca, a partir da obra musical de uma artista negra, independente e periférica, refletir sobre o papel da memória como instrumento tático de resistência e ressignificação do povo negro – mais especificamente da mulher negra – na sociedade brasileira. Tendo como perspectivas teóricas e analíticas autoras como Leda Martins (2003)MARTINS, L. Performances da oralitura: corpo, lugar da memória. Letras, Santa Maria, SC, n. 26, p. 63-81, jun. 2003. e Lélia Gonzalez (1984)GONZALEZ, L. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, Rio de Janeiro, p. 223-244, 1984., procuro mostrar como a música, por meio da interpretação, da letra e do gênero sonoro, possibilita a mobilização dessa memória por meio de performances periféricas insurgentes diante de lógicas de opressão marcadas pelo racismo e o sexismo. Essas performances constroem-se dentro de um cronotopo periférico em contraposição a cronopolítica racista. Por fim, o texto reflete sobre como o resultado dessa dinâmica possibilita a construção de saberes dentro de uma agenda socialmente engajada de pesquisa e de produção de conhecimento.
PALAVRAS-CHAVE:
memória; ancestralidade; mulher negra; performance; cronopolítica