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Em busca do mundo: literatura e cinema como dispositivos cosmotécnicos e aparelhos cosmopoéticos1 1 Este artigo é um dos resultados do projeto de pesquisa “O paradigma anarquívico e o arquivo colonial-moderno no cinema e no audiovisual”, desenvolvido e coordenado pelo autor na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, desde 2020, especialmente no grupo (an)arqueologias do sensível, retomando estudos anteriores realizados em estágio de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal de Goiás (2016-2017), com o projeto “Literatura mundial e cinema mundial: genealogia conceitual e atlas de cosmopoéticas”. Parte dele também foi apresentada no XVIII Congresso Internacional ABRALIC (Salvador, 2023), no simpósio “Imagens e Literatura no Brasil Contemporâneo”. Agradeço às diversas que pessoas que, nesses diferentes contextos, debateram algumas das discussões que proponho aqui, assim como, em especial, àquelas que dedicaram sua leitura atenta e sua sensibilidade crítica para a elaboração dos pareceres que conduziram a esta versão, os quais trouxeram, em articulação com um atento trabalho editorial, sugestões significativas. Os erros e os problemas que permanecem atravessando o texto são, sem dúvida, de minha inteira responsabilidade.

In search of the world: literature and cinema as cosmotechnical dispositives and cosmopoetic apparatuses

Resumo:

Com base em uma incursão crítica por debates sobre literatura e cinema mundial, em que busco interrogar o conceito de mundo, este artigo elabora um argumento duplo, no qual está em jogo a questão da mundação, isto é, da configuração de mundos como partilhas do comum. Por um lado, trata-se de um argumento fundamentalmente teórico. Literatura e cinema operam como dispositivos cosmotécnicos sempre que trabalham no sentido de unificar ordem cósmica e ordem moral, inscrevendo o comum (que se define pela contingência e indeterminação) na ordem pretensamente necessária de um arquivo e determinando-o como comunidade. Quando perturbam a unificação de cosmos e moral, insinuando outras partilhas, literatura e cinema operam como aparelhos cosmopoéticos, que restituem ao comum a abertura inquietante de sua contingência e indeterminação. Por outro lado, trata-se de um argumento metodológico. O atlas, entendido como conjunto de mapas, tem sido reivindicado como ferramenta analítica em estudos de literatura mundial e cinema mundial, definindo um programa de pesquisa. Nessas abordagens, literatura e cinema tendem a ser identificados à sua operação como dispositivos cosmotécnicos. Para interrogar sua operação como aparelhos cosmopoéticos, é preciso suplementar o atlas como forma de arquivamento do mundo, experimentando com as possibilidades de uma linhagem associada ao atlas de imagens. Esse argumento duplo conduz à proposição de uma deriva de pesquisa (em vez de um programa): um atlas de cosmopoéticas.

Palavras-chave:
literatura mundial; cinema mundial; cosmopolíticas; cosmotécnicas; cosmopoéticas

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