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Validade preditiva da medida e estimativas do VO2máx no desempenho de Mountain Bikers

Predictive validity of VO2máx measurement and estimates in Mountain Bikers' performance

Validez predictiva de la medida y estimativas del VO2máxen el desempeño de Mountain Bikers

Resumos

INTRODUÇÃO:

considerando o racional para a utilização das equações preditivas na estimativa do VO2máx em atletas, nenhum estudo estabeleceu sua validade para o desempenho no mountain bike cross-country(XCO).

OBJETIVO:

comparar diferentes estratégias de determinação do VO2máx, de forma direta ou indireta, para a predição do desempenho em uma prova real e outra simulada.

MÉTODOS:

20 atletas de XCO do sexo masculino (31,6 ± 6,8 anos; 68,1 ± 6,5 kg; 175,5 ± 5,7cm; 64,9 ± 4,4 mL. kg-1.min-1), foram submetidos a três sessões experimentais. A primeira visita consistiu na estratificação de risco, avaliação antropométrica e teste progressivo máximo. Na segunda, foi realizada a prova simulada e, na terceira, foi realizada a competição de XCO.

RESULTADOS:

a correlação entre a prova simulada e as equações preditivas do VO2máx de forma absoluta alcançaram relação quase perfeita (r ≥ 0,9). As correlações entre a competição real e as estimativas de VO2máx relativizadas à massa corporal alcançaram resultados classificados como muito altos (r = 0,7-0,89). As associações entre a medida direta do VO2máx e a simulação apresentaram uma classificação baixa para valores relativos à massa corporal (r = 0,10, IC95%-0,35 a 0,51). Para o desempenho real, a classificação foi moderada (r = 0,48, IC95% 0,009 a 0,78).

CONCLUSÃO:

o presente estudo foi o primeiro a demonstrar a validade preditiva das estimativas do VO2máx para o desempenho simulado e real de MTB. Em complemento, confirmou a baixa validade preditiva da medida direta do VO2máx para o mesmo propósito.

reprodutibilidade dos testes; esportes; desempenho atlético; exercício


INTRODUCCIÓN:

considerando el racional para el uso de las ecuaciones predictivas en la estimativa del VO2máx en atletas de ciclismo, ningún estudio estableció su validez predictiva para el desempeño en el mountain bike cross-country (XCO).

OBJETIVO:

comparar diferentes estrategias de determinación del VO2máx, de forma directa o indirecta, para la predicción del desempeño en una prueba real y otra simulada.

MÉTODOS:

veinte atletas de XCO del sexo masculino (31,6 ± 6,8 años; 68,1 ± 6,5 kg; 175,5 ± 5,7cm; 64,9 ± 4,4 mL. kg-1.min-1), fueron sometidos a tres sesiones experimentales. La primera visita consistió en la estratificación de riesgo, evaluación antropométrica y test progresivo máximo. En la segunda, fue realizada la prueba simulada y en la tercera fue realizada la competición de XCO.

RESULTADOS:

la correlación entre la prueba simulada y las ecuaciones predictivas del VO2máx de forma absoluta alcanzaron relación casi perfecta (r ≥ 0,9). Las correlaciones entre la competición real y las estimativas de VO2máx relativizada a la masa corporal alcanzaron resultados clasificados como muy grande (r = 0,7-0,89). Las asociaciones entre la medida directa del VO2máx y la simulación presentaron clasificación pequeña para valores relativos a masa corporal (r = 0,10, IC95% -0,35 a 0,51). Para el desempeño real, la clasificación fue moderada (r = 0,48, IC95% 0,009 a 0,78).

CONCLUSIÓN:

el presente estudio fue el primero en demostrar la validez predictiva de las estimativas del VO2máx para el desempeño simulado y real de MTB. En complemento, confirmó la baja validez predictiva de la medida directa del VO2máx para el mismo propósito.

reprodutibilidade dos testes; esportes; desempenho atlético; exercício


INTRODUCTION:

considering the rationale for the use of predictive equations to estimate VO2max in athletes, no study has established its validity for performance in mountain bike cross-country (XCO).

OBJECTIVE:

the aim was to compare different strategies for determining VO2max, directly or indirectly, for predicting performance in a simulated and in a real competition.

METHODS:

20 XCO male athletes (31.6 ± 6.8 anos; 68.1 ± 6.5 kg; 175.5 ± 5.7cm; VO2max 64.9 ± 4.4 mL. kg-1.min-1), were submitted to three experimental sessions. In the first visit, there were risk stratification, anthropometric evaluation and maximum progressive test. In the second, a simulated race was performed and, in the third session, a XCO competition was performed.

RESULTS:

the correlation between the simulated competition and the predictive equations of VO2max in absolute values reached an almost perfect relationship (r ≥ 0.9). The correlations between the real competition and estimated VO2max relativized to body mass achieved results classified as very high (r = 0.7 to .89). The associations between the direct measurement of VO2max and the simulation were classified as small for values relative to body mass (r = 0.10, CI95% -0.35 to 0.51). For the actual performance, the classification was moderate (r = 0.48, CI95% 0.009 to 0.78).

CONCLUSION:

this study was the first to demonstrate the predictive validity of the estimates of VO2max for the simulated and real MTB performance. In addition, it confirmed the low predictive validity of direct measurement of VO2max for the same purpose.

reproducibility of results; sports; athletic performance; exercise


INTRODUÇÃO

O mountain bike (MTB) cross-country olímpico (XCO) é uma modalidade caracterizada como intermitente de alta intensidade11. Impellizzeri FM, Marcora SM. The physiology of mountain biking. Sports Med. 2007;37(1):59-71.. Os determinantes do desempenho nesta modalidade incluem, entre outras variáveis, a máxima capacidade de produção de potência por via aeróbia22. Inoue A, Sá Filho AS, Mello FC, Santos TM. Relationship between anaerobic cycling tests and mountain bike cross-country performance. J Strength Cond Res. 2012;26(6):1589-93., competência esta diretamente associada ao consumo máximo de oxigênio (VO2máx).

É bem aceita a importância do VO2máx na determinação da aptidão cardiorrespiratória e do nível de saúde, além de sua utilidade na prescrição de exercícios cardiorrespiratórios. O método direto de análise de gases é considerado padrão ouro para esta medida33. American College of Sports Medicine. ACSM's Guidlines for esxercise testing and prescripton. 8th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2009.. Entretanto, sua utilização se restringe aos ambientes de pesquisa ou clínicos devido à complexidade dos procedimentos, custo e qualificação profissional44. Santos TM, Furtado LFL, Ribeiro LG, Cabral LF, Novaes JS. Comparação entre as modalidades de caminhada e corrida na predição do consumo máximo de oxigênio. Rev Bras Med Esporte. 2008;14(5):412-5.. Esta medida historicamente valorizada na avaliação de atletas apresenta limitada utilidade em dimensão prática55. Noakes TD. Implications of exercise testing for prediction of athletic performance: a contemporary perspective. Med Sci Sports Exerc. 1988;20(4):319-30. , 66. Noakes TD. Maximal oxygen uptake: "classical" versus "contemporary" viewpoints: a rebuttal. Med Sci Sports Exerc. 1998;30(9):1381-98.. Pode-se concluir que, baseado numa análise de custo vs efetividade e em evidências da literatura77. Lucia A, Hoyos J, Perez M, Chicharro JL. Heart rate and performance parameters in elite cyclists: a longitudinal study. Med Sci Sports Exerc. 2000;32(10):1777-82. , 88. Hawley JA, Noakes TD. Peak power output predicts maximal oxygen uptake and performance time in trained cyclists. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1992;65(1):79-83., a recomendação para este procedimento com o enfoque no desempenho atlético, pode ser questionada, justificando sua manutenção basicamente pela tradição. Em complemento, inexistem diretrizes claras de utilização desta variável para a prescrição de treinamento competitivo.

Alternativamente, a estimativa do VO2máx tem sido recomendada em ambientes que não possuam a estrutura necessária para a realização do método direto de análises de gases. Tal recomendação sustenta-se mesmo considerando a crítica de diversos autores sobre a precisão (validade concorrente)99. Currell K, Jeukendrup AE. Validity, reliability and sensitivity of measures of sporting performance. Sports Med. 2008;38(4):297-316. dos métodos indiretos para estimativa do VO2máx 44. Santos TM, Furtado LFL, Ribeiro LG, Cabral LF, Novaes JS. Comparação entre as modalidades de caminhada e corrida na predição do consumo máximo de oxigênio. Rev Bras Med Esporte. 2008;14(5):412-5. , 1010. Dotson CO, Caprarola MA. Maximal oxygen intake estimated from submaximal heart rate. Br J Sports Med. 1984;18(3):191-4., sendo defendida pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte há várias décadas. Para a população em geral, o método de reserva recomendado por essa instituição para a prescrição de exercícios33. American College of Sports Medicine. ACSM's Guidlines for esxercise testing and prescripton. 8th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2009. foi validado para a estimativa do VO2máx 11 em indivíduos ativos, mas não atletas. Em dimensão atlética no ciclismo, dois estudos estabeleceram recomendações objetivas para a determinação do VO2máx utilizando estratégias indiretas88. Hawley JA, Noakes TD. Peak power output predicts maximal oxygen uptake and performance time in trained cyclists. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1992;65(1):79-83. , 1212. Lamberts RP, Lambert MI, Swart J, Noakes TD. Allometric scaling of peak power output accurately predicts time trial performance and maximal oxygen consumption in trained cyclists. Br J Sports Med. 2012;46(1):36-41.. Entretanto, tais abordagens não foram comparadas em conjunto e suas validades preditivas do desempenho atlético não foram investigadas.

Apesar de não tradicional, parece existir um razoável racional para o uso de equações preditivas para estimativa do VO2máx em atletas. Via de regra, os modelos preditivos se utilizam da potência aeróbia máxima (Wmáx)55. Noakes TD. Implications of exercise testing for prediction of athletic performance: a contemporary perspective. Med Sci Sports Exerc. 1988;20(4):319-30. , 88. Hawley JA, Noakes TD. Peak power output predicts maximal oxygen uptake and performance time in trained cyclists. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1992;65(1):79-83. ou submáxima1111. Swain DP, Parrott JA, Bennett AR, Branch JD, Dowling EA. Validation of a new method for estimating VO2max based on VO2 reserve. Med Sci Sports Exerc. 2004;36(8):1421-6. para estimar o VO2máx a partir de equações simples ou combinadas. Alguns estudos já demonstraram que a Wmáx alcançada em um teste aeróbio é um ótimo preditor de desempenho88. Hawley JA, Noakes TD. Peak power output predicts maximal oxygen uptake and performance time in trained cyclists. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1992;65(1):79-83. , 1212. Lamberts RP, Lambert MI, Swart J, Noakes TD. Allometric scaling of peak power output accurately predicts time trial performance and maximal oxygen consumption in trained cyclists. Br J Sports Med. 2012;46(1):36-41.. Considerando a característica colinear destas variáveis, é esperado que ocorra uma transferência do poder preditivo do desempenho atlético observado na Wmáx, ou submáxima, ao VO2máx, quando estes são utilizados na sua predição. Este racional apresenta-se como um novo paradigma em relação ao tema, onde a relevância das associações entre os valores estimados de VO2máx e o desempenho (validade preditiva) se sobreporia à precisão da medida direta do VO2máx (validade concorrente), possibilitando uma discriminação mais adequada dos atletas avaliados. Entretanto, nenhum estudo estabeleceu a validade preditiva das equações de estimativas do VO2máx para o desempenho competitivo em XCO. Assim, o objetivo deste estudo foi comparar diferentes estratégias de determinação do VO2máx, de forma direta e indireta, para a predição do desempenho de XCO em uma prova real e simulada.

MÉTODOS

Participaram do estudo 20 atletas de MTB do sexo masculino, classificados como de nível regional e nacional. Todos os atletas treinavam seis dias por semana, há pelo menos cinco anos incluindo campeões e vice campeões estaduais. Quatro atletas foram excluídos do estudo, um devido a problemas na mensuração do consumo máximo de oxigênio e três por problemas mecânicos durante a competição. As análises dos dados realizadas utilizaram tantos atletas quanto possível dependendo da disponibilidade das informações. Suas características são apresentadas na tabela 1. Todos os atletas concordaram com os procedimentos do experimento através da assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os procedimentos foram aprovados pelo Comitê Institucional de Ética (parecer 051.2010).

Tabela 1.
Característica da amostra (n = 20).

A presente pesquisa de corte transversal foi realizada utilizando um total de três encontros, sendo dois em laboratório e outro durante uma competição de MTB (Campeonato Lagos). Na primeira visita, foi realizada uma bateria de medidas antropométricas e o teste progressivo máximo. Na segunda, os atletas realizaram a prova simulada e na terceira visita, os atletas participaram da competição de MTB. Os testes de laboratório foram realizados em um ambiente com temperatura em torno de 21oC e no mesmo local e horário (± 2 h de variação). Os atletas foram orientados a evitar alimentos sólidos nas 3 h que antecederem os testes, hidratar-sead libitum somente com água e a não realizar exercícios físicos de alta intensidade nas 24 h anteriores às avaliações.

Teste aeróbio máximo: O VO2máx foi determinado em um teste progressivo máximo em uma bicicleta acoplada pela roda traseira em um ciclo ergômetro eletrônico (Computrainer(tm) Lab 3D, RacerMate, Seattle, USA). A bicicleta foi ajustada seguindo as preferências de cada atleta. A calibração do equipamento seguiu as recomendações do fabricante e de Davidson1313. Davidson RC, Corbett J, Ansley L. Influence of temperature and protocol on the calibration of the computrainer eletromagnetically braked cycling ergometer. Int Sport Med J. 2009;10(2):66-76.. A roda traseira da bicicleta foi calibrada em 100psi. Foi realizado um aquecimento de 10 min e potência de 100 W. Os atletas puderam escolher a cadência preferida desde que entre 70 a 90 rotações por minuto (RPM)1414. Lucia A, Hoyos J, Perez M, Santalla A, Earnest CP, Chicharro JL. Which laboratory variable is related with time trial performance time in the Tour de France? Br J Sports Med. 2004;38(5):636-40.. O teste foi iniciado com potência de 100 W e incrementos de 30 W a cada 5 min. A interrupção foi na exaustão voluntária máxima ou quando a rotação mínima estipulada de 70 RPM não fosse mantida por 10 s1515. Impellizzeri FM, Marcora SM, Castagna C, Reilly T, Sassi A, Iaia FM, et al. Physiological and performance effects of generic versus specific aerobic training in soccer players. Int J Sports Med. 2006;27(6):483-92.. Houve o monitoramento contínuo da frequência cardíaca (Polar(r) RS 800 CX (Polar Electro, Oy, Finland) e ao final de cada estágio houve registro da percepção subjetiva de esforço (CR100)1616. Borg E, Kaijser L. A comparison between three rating scales for perceived exertion and two different work tests. Scand J Med Sci Sports. 2006;16(1):57-69..

Medida Direta do VO2máx: Durante o teste progressivo máximo, as variáveis de trocas gasosas respiratória foram medidas por um analisador metabólico Vacumed Vista-Mini CPX (Ventura, Califórnia, USA) com o software Vista Turbo Fit 5.1 (Ventura, Califórnia, USA) em circuito aberto. O analisador foi calibrado como recomendado pelo fabricante. Para a determinação direta do VO2máx, foi utilizado o maior valor de consumo de oxigênio atingido durante o teste progressivo máximo (média de 30 s).

Cálculo da Wmáx: A maior potência completada pelo individuo em 300 s foi definida como potência máxima. Quando o último estágio não fosse completado (300 s), a Wmáx foi determinada segundo a equação de Kuipers et al. 1717. Kuipers H, Verstappen FT, Keizer HA, Geurten P, van Kranenburg G. Variability of aerobic performance in the laboratory and its physiologic correlates. Int J Sports Med. 1985;6(4):197-201..

Estimativas do VO2máx: Foram utilizadas quatro equações preditivas do VO2máx, sendo três baseadas na potência máxima alcançada no teste progressivo máximo (Hawley e Noakes88. Hawley JA, Noakes TD. Peak power output predicts maximal oxygen uptake and performance time in trained cyclists. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1992;65(1):79-83., Eq. 1; Lamberts et al.1212. Lamberts RP, Lambert MI, Swart J, Noakes TD. Allometric scaling of peak power output accurately predicts time trial performance and maximal oxygen consumption in trained cyclists. Br J Sports Med. 2012;46(1):36-41., Eq. 2; e ACSM3Eq. 3); e uma baseada na potência submáxima e sua FC correspondente (Swainet al.1111. Swain DP, Parrott JA, Bennett AR, Branch JD, Dowling EA. Validation of a new method for estimating VO2max based on VO2 reserve. Med Sci Sports Exerc. 2004;36(8):1421-6., Eq. 4):

Determinação dos limiares de lactato: Nós últimos 30 s de cada estágio do teste aeróbio, amostras de sangue (25 µL) foram coletadas do lóbulo da orelha e imediatamente analisadas usando uma técnica eletroenzimática (YSL(r) 1500 Sport, Yellow Springs Instruments, Yellow Springs, OH). Antes de cada teste, o analisador foi calibrado de acordo com as instruções do fabricante. Dois limiares foram identificados: (a) limiar de lactato (LL) como sendo a potência que provocou um aumento de 1 mmol.L-1 na concentração de lactato sanguíneo acima dos valores medidos durante o exercício a 40-60% do VO2máx 1818. Hagberg JM, Coyle EF. Physiological determinants of endurance performance as studied in competitive racewalkers. Med Sci Sports Exerc. 1983;15(4):287-9.; (b) O início de acumulação de lactato (OBLA) como a potência correspondente a uma concentração fixa de lactato de 4 mmol.L-1 1919. Sjodin B, Jacobs I. Onset of blood lactate accumulation and marathon running performance. Int J Sports Med. 1981;2(1):23-6..

Prova simulada de MTB: O teste de desempenho simulado foi realizado em laboratório e completado pelos atletas utilizando os mesmos equipamentos e ajustes já descritos para o teste aeróbio. Para minimizar o estresse térmico, um ventilador foi direcionado para os sujeitos durante todo o teste. Em todos os testes o Computrainer foi utilizado com o softwareinterativo 3D versão 1,0 (Racermate Inc.) para simular uma competição. Para cada teste, o Computrainer foi conectado a um laptop, o qual estava localizado à frente do ciclista.

Após um aquecimento de 10 min e carga de 100 W, o teste de desempenho consistiu de quatro voltas no percurso de 9.9 km com grau de inclinação variando de 0 a 10%, com tempo total de aproximadamente 100 min. Os atletas estavam livres a consumirem águaad libitum, trocar de marcha, decidir o RPM e quando pedalar em pé. Houve o monitoramento contínuo da FC e da escala subjetiva de esforço CR1001616. Borg E, Kaijser L. A comparison between three rating scales for perceived exertion and two different work tests. Scand J Med Sci Sports. 2006;16(1):57-69.. Os atletas foram orientados a completar o teste o mais rápido possível, utilizando a estratégia de escolher seu próprio ritmo.

Competição MTB: A competição regional circuitocross-country foi realizada em um circuito de 5,2 km, com um total de seis voltas, em um dia de verão a uma temperatura de "24° C e umidade de "65%. Antes da competição, todos os indivíduos realizaram um aquecimento livre de acordo com suas próprias preferências. Os participantes foram instruídos a completar a prova o mais rápido possível e beber água ad libitum. O tempo médio oficial da corrida foi de 8251 ± 524 s, fornecido pelos organizadores, foi utilizado para todas as análises.

Análise estatística

As variáveis analisadas foram apresentadas pela média ± desvio padrão e testadas para normalidade e homogeneidade pelo teste de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente. O coeficiente de correlação de Pearson foi utilizado para verificar a correlação entre o desempenho de XCO em prova simulada e real e o VO2máx determinado pelas diferentes estratégias investigadas e enunciado em sua forma absoluta e relativa à massa corporal. Devido ao tamanho da amostra, apresentaremos os resultados das correlações com os seus respectivos intervalos de confiança com 95% de precisão (IC95%). Esta abordagem foi recentemente recomendada pelo corpo editorial em estudo publicado do nosso grupo22. Inoue A, Sá Filho AS, Mello FC, Santos TM. Relationship between anaerobic cycling tests and mountain bike cross-country performance. J Strength Cond Res. 2012;26(6):1589-93.. Os coeficientes de correlação foram interpretados por meio da escala de magnitudes proposta por Hopkins (www.sportsci.org): < 0,1, trivial; 0,1 - 0,29, pequeno; 0,3 - 0,49, moderada; 0,5 - 0,69, grande, 0,7 - 0,89, muito grande; ≥ 0,9, quase perfeito. As análises foram realizadas no software Graphpad Prism5(GraphPad Inc., Califórnia, EUA), adotando-se um nível de significância de P < 0,05.

O objetivo do presente estudo foi comparar diferentes estratégias de determinação do VO2máx, de forma direta e indireta, para a predição do desempenho aeróbio de XCO em uma prova real e simulada, estabelecendo assim, de maneira comparativa, a validade preditiva das variações desta variável.

RESULTADOS

Os resultados da medida direta do VO2máx e de suas estimativas pelos diferentes métodos investigados encontra-se na tabela 2. Observa-se que, em média, as estimativas do VO2máxforam ≅ 28% abaixo do valor máximo medido. Hove diferença significativa entre todos os métodos preditivos e a medida direta do VO2máx (P < 0,0001).

Tabela 2.
Valores médios, desvio padrão (DP) e intervalo de confiança (IC 95%) do VO2máx medido e estimados pelas equações preditivas.

As associações entre o VO2máx e o desempenho simulado e real apresentaram elevada e significativa associação. Na figura 1 encontram-se as associações entre o VO2máx em termos absolutos e a prova simulada, enquanto na figura 2 estão as associações entre o VO2máx em termos relativos e a prova real. Os resultados encontrados classificam-se entre quase perfeito e muito grande, respectivamente.

Figura 1.
Melhores resultados de correlação entre a potência máxima e as várias determinações do VO2máx com desempenho na prova simulada em valores absolutos..

Figura 2.
Melhores resultados de correlação entre a potência máxima e as várias determinações do VO2máx com desempenho na competição real em valores relativos a massa corporal.

Na figura 1, observa-se que a correlação entre a prova simulada e as equações preditivas do VO2máx em forma absoluta alcançaram força associativa quase perfeita (r ≥ 0,9). Para as equações de Hawley e Noakes88. Hawley JA, Noakes TD. Peak power output predicts maximal oxygen uptake and performance time in trained cyclists. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1992;65(1):79-83., Lamberts et al. 1212. Lamberts RP, Lambert MI, Swart J, Noakes TD. Allometric scaling of peak power output accurately predicts time trial performance and maximal oxygen consumption in trained cyclists. Br J Sports Med. 2012;46(1):36-41., ACSM - Reserva33. American College of Sports Medicine. ACSM's Guidlines for esxercise testing and prescripton. 8th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2009. e a equação do ACSM - Pot. Máx.33. American College of Sports Medicine. ACSM's Guidlines for esxercise testing and prescripton. 8th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2009. foram observadas magnitudes associativas de -0,90, -0,90, -0,88 e -0,91, respectivamente. Na figura 2, as correlações entre o desempenho na competição e as estimativas de VO2máx relativizada á massa corporal e estabelecidas pelas equações preditivas alcançaram resultados classificados como muito grande (r = 0,7-0,89), com correlações de -0,77, -0,78, -0,77 e -0,77 para as equações de Hawley e Noakes88. Hawley JA, Noakes TD. Peak power output predicts maximal oxygen uptake and performance time in trained cyclists. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1992;65(1):79-83., Lamberts et al. 1212. Lamberts RP, Lambert MI, Swart J, Noakes TD. Allometric scaling of peak power output accurately predicts time trial performance and maximal oxygen consumption in trained cyclists. Br J Sports Med. 2012;46(1):36-41., ACSM - Reserva33. American College of Sports Medicine. ACSM's Guidlines for esxercise testing and prescripton. 8th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2009. e ACSM - Pot. Máx.33. American College of Sports Medicine. ACSM's Guidlines for esxercise testing and prescripton. 8th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2009., respectivamente. É possível que os melhores resultados associativos observados na prova simulada em comparação à real tenham sido consequência de um ambiente mais controlado, com menor efeito de variáveis intervenientes.

As demais relações, com piores desempenhos (r < -0,17), estão apresentadas natabela 3. O desempenho em competição real associado ao VO2máx absoluto resultou em baixa correlação com as equações de Hawley e Noakes88. Hawley JA, Noakes TD. Peak power output predicts maximal oxygen uptake and performance time in trained cyclists. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1992;65(1):79-83. (r = -0,31), Lamberts et al. 1212. Lamberts RP, Lambert MI, Swart J, Noakes TD. Allometric scaling of peak power output accurately predicts time trial performance and maximal oxygen consumption in trained cyclists. Br J Sports Med. 2012;46(1):36-41. (r = -0,31), ACSM - Reserva33. American College of Sports Medicine. ACSM's Guidlines for esxercise testing and prescripton. 8th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2009. (r = -0,19) e ACSM - Pot.Máx.33. American College of Sports Medicine. ACSM's Guidlines for esxercise testing and prescripton. 8th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2009. (r = -0,25). Nas associações entre o desempenho em prova simulada e o VO2máx relativo, foram observadas para as equações de Hawley e Noakes8, Lamberts et al. 1212. Lamberts RP, Lambert MI, Swart J, Noakes TD. Allometric scaling of peak power output accurately predicts time trial performance and maximal oxygen consumption in trained cyclists. Br J Sports Med. 2012;46(1):36-41., ACSM - Reserva3 e ACSM - Pot.Máx.33. American College of Sports Medicine. ACSM's Guidlines for esxercise testing and prescripton. 8th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2009. correlações de -0,17, -0,31, -0,24 e -0,24, respectivamente, sendo estes resultados classificados no máximo como possuindo pequena associação.

Tabela 3.
Valores de baixa correlação entre o desempenho e a prova simulada, de forma relativa, e o desempenho e a competição real, de forma absoluta.

Destaca-se que, em nenhuma das análises realizadas, o VO2máx medido diretamente alcançou elevada associação com o desempenho, apresentando classificação pequena e moderada para as relações entre VO2máx relativo vs. prova simulada e VO2máx absoluto e prova real, respectivamente. Este achado confirma a baixa validade preditiva da medida direta do VO2máx quando atletas são analisados frente a condições competitivas.

DISCUSSÃO

Este estudo foi o primeiro a comparar as equações sugeridas por Noakes55. Noakes TD. Implications of exercise testing for prediction of athletic performance: a contemporary perspective. Med Sci Sports Exerc. 1988;20(4):319-30. e Hawley e Noakes88. Hawley JA, Noakes TD. Peak power output predicts maximal oxygen uptake and performance time in trained cyclists. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1992;65(1):79-83. com as estimativas pelo método de reserva e pela potência máxima, ambas utilizando a equação do ACSM para o ciclismo. Em complemento, foram comparadas a potência máxima alcançada no teste aeróbio e a medida direta do consumo máximo de oxigênio. Os resultados do presente estudo demonstraram que, como já reportado anteriormente55. Noakes TD. Implications of exercise testing for prediction of athletic performance: a contemporary perspective. Med Sci Sports Exerc. 1988;20(4):319-30. , 66. Noakes TD. Maximal oxygen uptake: "classical" versus "contemporary" viewpoints: a rebuttal. Med Sci Sports Exerc. 1998;30(9):1381-98., a determinação direta do VO2máxnão apresentou correlação significativa com o desempenho atlético, confirmando a baixa relevância desta medida na explicação dos desempenhos competitivos. A melhor predição do VO2máx se deu pelo uso das equações preditivas. Observou-se discreta, porém irrelevante superioridade, em especial pela equação do ACSM utilizando a potência máxima relativizada à massa corporal, na predição da prova simulada. Já para a prova real, a equação de Hawley e Noakes88. Hawley JA, Noakes TD. Peak power output predicts maximal oxygen uptake and performance time in trained cyclists. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1992;65(1):79-83., em termos absolutos, demonstrou maior valor de correlação.

Há um grande volume de evidências citando o VO2máx como uma medida de desempenho em atletas de endurance2020. Jones AM, Carter H. The effect of endurance training on parameters of aerobic fitness. Sports Med. 2000;29(6):373-86., comomountain bikers, ciclistas de estrada2121. Lucia A, Hoyos J, Perez M, Santalla A, Chicharro JL. Inverse relationship between VO2max and economy/efficiency in world-class cyclists. Med Sci Sports Exerc. 2002;34(12):2079-84. , 2222. Coyle EF. Improved muscular efficiency displayed as tour de France champion matures. J Appl Physiol. 2005;98(6):2191-6., ciclistas de pista2323. Craig NP, Norton KI. Characteristics of track cycling. Sports Med. 2001;31(7):457-68., triatletas2424. Laursen PB, Shing CM, Tennant SC, Prentice CM, Jenkins DG. A comparison of the cycling performance of cyclists and triathletes. J Sports Sci. 2003;21(5):411-8. e corredores2525. Hagan RD, Smith MG, Gettman LR. Marathon performance in relation to maximal aerobic power and training indices. Med Sci Sports Exerc. 1981;13(3):185-9.. Entretanto, Noakes66. Noakes TD. Maximal oxygen uptake: "classical" versus "contemporary" viewpoints: a rebuttal. Med Sci Sports Exerc. 1998;30(9):1381-98. sugeriu ineditamente que o VO2máxsomente era um bom preditor do desempenho quando grupos heterogêneos de indivíduos eram estudados, se tornando um fraco preditor do desempenho quando atletas homogêneos eram avaliados55. Noakes TD. Implications of exercise testing for prediction of athletic performance: a contemporary perspective. Med Sci Sports Exerc. 1988;20(4):319-30.. Além disso, Luciaet al.77. Lucia A, Hoyos J, Perez M, Chicharro JL. Heart rate and performance parameters in elite cyclists: a longitudinal study. Med Sci Sports Exerc. 2000;32(10):1777-82. demonstraram melhoras na Wmáx sem nenhuma mudança no VO2máx, enquanto Hoogeveen2626. Hoogeveen AR. The effect of endurance training on the ventilatory response to exercise in elite cyclists. Eur J Appl Physiol. 2000;82(1-2):45-51. demonstraram melhoras no VO2máx com poucas mudanças na Wmáx. Estes dois estudos demonstram a dissociação adaptativa destas variáveis em atletas. Assim, o presente estudo confirma evidências anteriores demonstrando a fragilidade da medida direta do VO2máx para a compreensão e diferenciação do desempenho em atletas com características semelhantes.

Por outro lado, a Wmáx é uma importante variável preditora do desempenho55. Noakes TD. Implications of exercise testing for prediction of athletic performance: a contemporary perspective. Med Sci Sports Exerc. 1988;20(4):319-30. , 2727. Noakes TD, Myburgh KH, Schall R. Peak treadmill running velocity during the VO2 max test predicts running performance. J Sports Sci. 1990;8(1):35-45.. Hawley e Noakes88. Hawley JA, Noakes TD. Peak power output predicts maximal oxygen uptake and performance time in trained cyclists. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1992;65(1):79-83. reportaram uma significativa correlação (-0,91, p < 0,001) entre a Wmáx e o tempo em um contra-relógio de 20 km. Balmer et al.2828. Balmer J, Davison RC, Bird SR. Peak power predicts performance power during an outdoor 16.1-km cycling time trial. Med Sci Sports Exerc. 2000;32(8):1485-90. observaram significativa correlação entre Wmáx e a potência média mantida em um contra relógio de 16,1 km (r = 0,99, p < 0,001). Resultados semelhantes com atletas demountain bike foram demonstrados por Gregory et al. 2929. Gregory J, Johns DP, Walls JT. Relative vs. absolute physiological measures as predictors of mountain bike cross-country race performance. J Strength Cond Res. 2007;21(1):17-22. e Inoue et al. 22. Inoue A, Sá Filho AS, Mello FC, Santos TM. Relationship between anaerobic cycling tests and mountain bike cross-country performance. J Strength Cond Res. 2012;26(6):1589-93..

Até onde pudemos identificar, apenas um estudo foi encontrado explorando o potencial das estimativas do VO2máx na predição do desempenho atlético em corredores. Santos et al. 3030. Santos TM, Inoue AR, Greco CC, Marques AL, Terra BS, Oliveira BRR. VO2máx estimado e sua velocidade correspondente predizem o desempenho de corredores amadores. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2012;14(2):192-201. compararam o poder preditivo do método de reserva proposto por Swain et al. 1111. Swain DP, Parrott JA, Bennett AR, Branch JD, Dowling EA. Validation of a new method for estimating VO2max based on VO2 reserve. Med Sci Sports Exerc. 2004;36(8):1421-6. para estimativa do VO2máx com a potência crítica na predição do desempenho de 10 e 21,1 km no plano horizontal e 3,6 km em aclive. Os autores observaram que a estimativa do VO2máxpossibilitou as melhores associações (-0,95, -0,96 e -0,83) e os menores erros padrões de estimativa (1,7 min, 3,9 min e 5 min) para as três condições investigadas, respectivamente. Estes resultados foram ≅ 4,95% melhores do que os observados pela potência crítica.

Em conjunto, a abordagem metodológica empenhada possibilitou de maneira abrangente um olhar crítico sobre o papel do VO2máx determinado por abordagens diretas e indiretas na predição do desempenho em provas simulada e real. Destaca-se que, tradicionalmente, esta temática vinha sendo explorada exclusivamente pelo olhar da validade concorrente das determinações do VO2máx e não pela validade preditiva, resultando numa histórica e equivocada contraindicação da utilização das abordagens indiretas de estimativa do VO2máx dada a sua questionável precisão. Estudos futuros deverão estabelecer se em outras modalidades e públicos tais resultados se confirmarão.

CONCLUSÃO

O presente estudo foi o primeiro a demonstrar a validade preditiva das estimativas do VO2máx para o desempenho simulado e real de MTB. Em complemento, confirmou a baixa validade preditiva da medida direta do VO2máx para a predição do desempenho. Como aplicabilidade prática, recomenda-se que estudos futuros orientados para a investigação do desempenho e intervenções orientadas ao treinamento de atletas prefiram a abordagem indireta de determinação do VO2máx em detrimento da medida direta, que por sua vez deverá ser utilizada quando o objetivo for o de coletar outras variáveis relacionadas ao desempenho (limiares ventilatórios, economia de movimento etc.) ou clínicas (pulso de oxigênio etc.).

AGRADECIMENTOS

Tony Meireles Santos recebe apoio financeiro da Fundação Carlos Chagas de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ E-26/110.153/2).

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  • Todos os autores declararam não haver qualquer potencial conflito de interesses referente a este artigo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Feb 2015

Histórico

  • Recebido
    16 Fev 2013
  • Aceito
    13 Ago 2014
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