Resumo
Os índices de classificação climática Thornthwaite são essenciais para interpretar os tipos de clima no estado do bioma pantanal (Mato Grosso do Sul), simplificando o processo de cálculo e interpretação do equilíbrio climatológico da água pelos agricultores. Contudo, existem poucos estudos encontrados na literatura que caracterizam o clima do bioma pantaneiro em diferentes cenários climáticos. Procuramos avaliar as alterações climáticas utilizando o índice de humidade da classificação climática de Thornthwaite no bioma pantaneiro. Utilizámos séries históricas de dados climáticos de todos os 79 municípios de Mato Grosso do Sul entre 1987 e 2017, que foram divididos em microrregiões. A temperatura do ar e a precipitação foram recolhidas numa escala diária. Os dados de precipitação e evapotranspiração potencial permitiram calcular o balanço hídrico pelo método de Thornthwaite e Mather. Caracterizámos todos os locais como húmidos e secos utilizando índices de aridez propostos por Thornthwaite. O modelo climático global utilizado foi BCC-CSM 1.1 desenvolvido no Centro Climático de Pequim (BCC) com uma resolução de 125 x 125 km. Utilizámos os cenários RCP-2.6, RCP-4, RCP-6 e RCP-8.5 para analisar projecções do século XXI (períodos 2041-2060 e 2061-2080). Foram gerados mapas a partir de índices climáticos de Mato Grosso do Sul usando o método de interpolação kriging com modelo esférico, um vizinho, e resolução de 0,25°. As microrregiões mostraram diferentes padrões no que diz respeito aos componentes do balanço hídrico e índice de humidade. O índice de humidade tinha uma média de 15,94. O clima predominante no estado de Mato Grosso do Sul é C2 (sub-húmido húmido). O estado de Mato Grosso do Sul tem dois períodos bem definidos durante o ano: um período seco e um período chuvoso. Três tipos de clima predominam em Mato Grosso do Sul e, de acordo com a classificação Thornthwaite (1948)THORNTHWAITE, C.W. An approach toward a rational classification of climate. Geographical Review, v. 38, n. 1, p. 55-94, 1948., são B1 (húmido), C2 (sub-húmido húmido), e C1 (sub-húmido seco). A caracterização da água em Mato Grosso do Sul mostrou 234,78 mm ano−1 de excesso de água, 80,8 mm ano−1 de défice hídrico, e 1.114,8 mm ano−1 de evapotranspiração potencial. O défice de água e a evapotranspiração potencial diminuem à medida que a latitude aumenta. As projecções climáticas mostram, em todos os cenários, reduzir a área classificada como umida no estado (B1, B2 e B3), além de adicionar a classe seca sub-húmida (C1). O Cenário RCP 8.5 em 2061 - 2080 é a situação mais preocupante de todas, porque o estado pode sofrer grandes alterações, especialmente na região do bioma pantanal.
Palavras-chave
IPCC; climatologia; déficit hídrico; zoneamento húmido; Brasil