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Sequelas oculares estruturais da retinopatia da prematuridade em crianças em Manaus, Amazonas

Como comentários ao artigo “Sequelas oculares estruturais da retinopatia da prematuridade em crianças em Manaus, Amazonas” (11 Ribeiro JA, Carvalho FS, Viterbino DS, Cohen JM, Jorge R. Ocular sequelae of retinopathy of prematurity in Manaus, Amazonas. Rev Bras.Oftalmol. 2020;79(2): 99-102.) publicado na sua estimada revista, gostaríamos de complementar alguns pontos.

O artigo demonstra que a retinopatia da prematuridade (ROP) constitui um importante causa de cegueira prevenível no Amazonas, acometendo 31,6% das crianças em risco, demonstrando a necessidade de programas de triagem e tratamento da população de risco para evitar a cegueira em usuário do sistema público de saúde.(22 Quinn GE. Retinopathy of prematurity blindness worldwide: phenotypes in the third epidemic. Eye Brain. 2016;8:31-6.) A retinopatia da prematuridade em sua última epidemia, resultou em cegueira irreversível em mais de 50.000 prematuros.(33 Santos Martins TGD, de Azevedo Costa ALF, Schor P. Comment on: "Do We Have Enough Ophthalmologists to Manage Vision-Threatening Diabetic Retinopathy? A Global Perspective" [published online ahead of print, 2020 Apr 28]. Eye (Lond). 2020;10. doi:1038/s41433-020-0903-3.
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) A formação do oftalmologista nessa área e muitas vezes inadequada, limitando ainda mais o número de profissionais qualificados. Além disso, os parâmetros utilizados no diagnóstico de retinopatia da prematuridade como zona, estágio e presença de doenças adicionais variam entre os próprios especialistas.(44 Chiang MF, Jiang L, Gelman R, Du YE, Flynn JT. Interexpert agreement of plus disease diagnosis in retinopathy of prematurity. Arch Ophthalmol. 2007; 125(7):875-80.) Em um estudo multicêntrico utilizando telemedicina para diagnóstico dessa patologia, quase 25% dos exames tiveram discordância de um dos três critérios para ROP clinicamente significativa.(55 Daniel E, Quinn GE, Hildebrand PL, Ells A, Hubbard GB 3rd, Capone A Jr, et al.; e-ROP Cooperative Group. Validated System for Centralized Grading of Retinopathy of Prematurity: Telemedicine Approaches to Evaluating Acute-Phase Retinopathy of Prematurity (e-ROP) Study. JAMA Ophthalmol. 2015;133(6):675-82.)

Nesse cenário, a inteligência artificial surge como uma alternativa com objetivo de aumentar o acesso da população ao atendimento oftalmológico, com a avaliação automática de imagens fornecidas pelo Reticam de grande angular. Alguns algoritmos desenvolvidos já são capazes de avaliar a tortuosidade vascular da doença plus.(66 Capowski JJ, Kylstra JA, Freedman SF. A numeric index based on spatial frequency for the tortuosity of retinal vessels and its application to plus disease in retinopathy of prematurity. Retina. 1995;15(6):490-500.) Campbell et al. (77 Campbell JP, Ataer-Cansizoglu E, Bolon-Canedo V, Bozkurt A, Erdogmus D, Kalpathy-Cramer J, et al.; Imaging and Informatics in ROP (i-ROP) Research Consortium. Imaging and informatics in ROP (i-ROP) research consortium.expert diagnosis of plus disease in retinopathy of prematurity from computer-based image analysis. JAMA Ophthalmol. 2016;134(6):651-7.) demonstraram o desempenho de um algoritmo para o diagnóstico automatizado de ROP (i-ROP) com uma acurácia de 95%, enquanto a acurácia média de 11 especialistas no estudo foi de 87%. Dessa forma, já existem algoritmos com desempenho comparáveis com especialistas de retina.

Dessa forma, o desenvolvimento de sistemas automatizados de inteligência artificial pode auxiliar na triagem de profissionais de saúde, principalmente em países em desenvolvimento, onde a disponibilidade de conhecimentos oftalmológicos e de neonatologia podem ser insuficientes para gerenciar o número de prematuros em risco.

Referências

  • 1
    Ribeiro JA, Carvalho FS, Viterbino DS, Cohen JM, Jorge R. Ocular sequelae of retinopathy of prematurity in Manaus, Amazonas. Rev Bras.Oftalmol. 2020;79(2): 99-102.
  • 2
    Quinn GE. Retinopathy of prematurity blindness worldwide: phenotypes in the third epidemic. Eye Brain. 2016;8:31-6.
  • 3
    Santos Martins TGD, de Azevedo Costa ALF, Schor P. Comment on: "Do We Have Enough Ophthalmologists to Manage Vision-Threatening Diabetic Retinopathy? A Global Perspective" [published online ahead of print, 2020 Apr 28]. Eye (Lond). 2020;10. doi:1038/s41433-020-0903-3.
    » https://doi.org/1038/s41433-020-0903-3
  • 4
    Chiang MF, Jiang L, Gelman R, Du YE, Flynn JT. Interexpert agreement of plus disease diagnosis in retinopathy of prematurity. Arch Ophthalmol. 2007; 125(7):875-80.
  • 5
    Daniel E, Quinn GE, Hildebrand PL, Ells A, Hubbard GB 3rd, Capone A Jr, et al.; e-ROP Cooperative Group. Validated System for Centralized Grading of Retinopathy of Prematurity: Telemedicine Approaches to Evaluating Acute-Phase Retinopathy of Prematurity (e-ROP) Study. JAMA Ophthalmol. 2015;133(6):675-82.
  • 6
    Capowski JJ, Kylstra JA, Freedman SF. A numeric index based on spatial frequency for the tortuosity of retinal vessels and its application to plus disease in retinopathy of prematurity. Retina. 1995;15(6):490-500.
  • 7
    Campbell JP, Ataer-Cansizoglu E, Bolon-Canedo V, Bozkurt A, Erdogmus D, Kalpathy-Cramer J, et al.; Imaging and Informatics in ROP (i-ROP) Research Consortium. Imaging and informatics in ROP (i-ROP) research consortium.expert diagnosis of plus disease in retinopathy of prematurity from computer-based image analysis. JAMA Ophthalmol. 2016;134(6):651-7.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Fev 2021
  • Data do Fascículo
    Nov-Dec 2020

Histórico

  • Recebido
    12 Jun 2020
  • Aceito
    15 Set 2020
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