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Perfil multicêntrico do acadêmico de medicina e suas perspectivas sobre o ensino da Oftalmologia

Como comentários ao artigo “Perfil de acadêmicos de Medicina e suas perspectivas sobre o ensino de Oftalmologia”(11 Ferreira MA, Gameiro GR, Cordeiro FM, Santos TV, Hilarião AA, Souza GM, et al. Perfil multicêntrico do acadêmico de medicina e suas perspectivas sobre o ensino da Oftalmologia. Rev Bras Oftalmol . 2019; 78 (5): 351-20.) publicado na sua estimada revista, gostaríamos de complementar alguns pontos.

O artigo demonstra a importância das Ligas Acadêmicas no complemento do conhecimento oftalmológico no currículo atual das faculdades de medicina do Brasil.(11 Ferreira MA, Gameiro GR, Cordeiro FM, Santos TV, Hilarião AA, Souza GM, et al. Perfil multicêntrico do acadêmico de medicina e suas perspectivas sobre o ensino da Oftalmologia. Rev Bras Oftalmol . 2019; 78 (5): 351-20.)

A população brasileira de médicos, e mundial de oftalmologistas está aumentando, mas a distribuição dos mesmos não tem atendido a necessidade de atendimento da população.(22 Resnikoff S, Lansingh VC, Washburn L, Felch W, Gauthier TM, Taylor HR, et al. Estimated number of ophthalmologistsworldwide (International Council of Ophthalmolog yupdate): will we meet theneeds? Br J Ophthalmol . 2019 Jul 2. pii: bjophthalmol-2019-314336.)

Dessa forma, percebemos que um atendimento oftalmológico que se aproprie de tecnologia e seja direcionado aos aspectos mais resolutivos e prevalentes, é necessário. A esperança de que haja um deslocamento natural de médicos especialistas para regiões remotas não se concretizou, dada a complexidade do atendimento, com necessidade de sub-especialidades complementares na mesma região e equipamentos caros e adequados.

Esse problema acaba sendo menor em países com uma boa infraestrutura de transporte público, que permite o deslocamento dos pacientes até as cidades com atendimento especializado. Contudo, essa não é a realidade da maioria dos países e outras estratégias devem ser consideradas.

O tempo de ensino de oftalmologia nas faculdades de medicina tem reduzido em várias faculdades. O número de faculdades de medicina que possui ensino obrigatório dessa disciplina nos Estados Unidos caiu de 68% em 2000 para 30% em 2004.(33 Quillen DA, Harper RA, Haik BG. Medical student education inophthalmology: Crisis and opportunity. Ophthalmolog y. 2005;112(11):1867-8.) Isso reflete no aumento do número de médicos generalistas com menor familiaridade com a visão e suas doenças. Dessa forma, devemos escolher o que e para quem ensinar. Para os médicos da atenção básica torna-se ineficiente uma ampla bibliografia e armamental tradicional. Quem sabe preparar os mesmos para lidar com equipamentos de obtenção de dados simples e envio remoto, estressando os achados a serem buscados e orientações básicas aos pacientes. No terreno das escolhas pessoais (eletivas), as ligas cumprem papel importante, permitindo a incursão e escolha precoce com melhor conhecimento da especialidade.

As condições econômicas, sociais e territoriais de nosso país mudaram e mudarão mais ainda o ensino, e as ligas são pontos de apoio mais livres para ousar. Quem sabe sua função não seja exatamente preparar esse salto, com o entendimento de algoritmos, capacitação em tele-oftalmologia, simulação realística, empatia e liderança, para que os médicos do futuro não se sintam tão despreparados, mesmo em locais desconhecidos e remotos.(44 Surendran TS, Raman R. Teleophthalmology in diabetic retinopathy. J Diabetes Sci Technol. 2014; 8(2):262-6.)

Referências

  • 1
    Ferreira MA, Gameiro GR, Cordeiro FM, Santos TV, Hilarião AA, Souza GM, et al. Perfil multicêntrico do acadêmico de medicina e suas perspectivas sobre o ensino da Oftalmologia. Rev Bras Oftalmol . 2019; 78 (5): 351-20.
  • 2
    Resnikoff S, Lansingh VC, Washburn L, Felch W, Gauthier TM, Taylor HR, et al. Estimated number of ophthalmologistsworldwide (International Council of Ophthalmolog yupdate): will we meet theneeds? Br J Ophthalmol . 2019 Jul 2. pii: bjophthalmol-2019-314336.
  • 3
    Quillen DA, Harper RA, Haik BG. Medical student education inophthalmology: Crisis and opportunity. Ophthalmolog y. 2005;112(11):1867-8.
  • 4
    Surendran TS, Raman R. Teleophthalmology in diabetic retinopathy. J Diabetes Sci Technol. 2014; 8(2):262-6.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Maio 2020
  • Data do Fascículo
    Mar-Apr 2020
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