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A SBOT será responsável pela formação básica da ortopedia

As recentes mudanças no currículo das faculdades de medicina afetam de forma direta a formação dos especialistas em áreas não consideradas como de conhecimento geral.

A tendência é do ensino amplo, sem o detalhamento, com vistas inicialmente ao atendimento populacional global, e a exclusão do ensino de especialidades, deixado para outros períodos de formação. Essa filosofia vai na contramão do projeto educacional da ortopedia, pois enquanto no ensino médico se fala em síndromes traumáticas dos membros inferiores -, que consideram a fratura, a lesão muscular, a lesão vascular e a lesão de pele como um conjunto -, a nossa tendência é detalhar ao máximo as fraturas da tíbia, por exemplo.

Um dos motivos que levaram à modificação do currículo é que ao longo dos anos houve um aumento significativo de conhecimento, sem que houvesse um aumento do tempo de curso proporcional.

Aumentar o período do curso seria uma atitude paliativa e temporária, optou-se por tornar o curso mais informativo e genérico, preparar o aluno para períodos de formação complementar, segundo sua opção profissional.

O grande aumento do conhecimento também ocorreu na ortopedia com o surgimento das especialidades na década de 1980 do século passado. São incomparáveis os novos parâmetros nas diversas áreas com os conhecimentos da década de 1980; basta lembrar que não havia ressonância nem artroscopia.

A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) jamais conseguiu atuar na área de formação acadêmica, embora tenha tido por algum tempo uma comissão que seria responsável por essa área, mas é responsável pela formação pós-graduada, especialmente na área da formação inicial - a residência.

Não cabe a nós discutir a mudança de currículo, mas acredito que temos de modificar a nossa residência.

Inicialmente não podemos nos afastar na formação genérica em ortopedia, que em minha opinião deve ser melhorada, uma vez que será inexistente nos cursos de formação.

Os princípios básicos da especialidade que nortearão a formação especializada são fundamentais. O conhecimento da fisiologia óssea, articular e muscular, os princípios de semiologia, o conhecimento de técnicas cirúrgicas básicas, os princípios de cicatrização dos tecidos do aparelho locomotor não podem ser esquecidos.

Se não valorizarmos os conhecimentos básicos haverá uma nítida especialização precoce, extremamente nociva, que levará a SBOT a ser uma sociedade de importância secundária.

Caberá a SBOT dar a formação ortopédica básica, uma vez que os cursos de formação não darão. Temos estrutura para isso. Com os nossos mecanismos de ensino a distância podemos oferecer áreas básicas mesmo para serviços de residência inicialmente não preparados para as áreas de formação básica.

O ensino nas áreas de especialidades deverá ser complementar em serviços de reconhecida qualificação para tal, certificados pelas sociedades de especialidade, que não serão necessariamente aqueles que darão a formação básica.

Temos de rever os currículos de residência e rapidamente nos programar para receber esses jovens médicos, que em cinco anos se formarão com vagas noções de nossa especialidade.

Com esse novo panorama, a residência em três anos será insuficiente para termos um ortopedista pronto para trabalhar, com ainda uma expectativa de se tornar um especialista em alguma área.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar-Apr 2017
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