Acessibilidade / Reportar erro

RBO no WhatsApp

A informação e a divulgação do conhecimento têm acompanhado as diversas mídias de comunicação disponíveis.

A forma escrita é a mais duradoura e mudou o rumo da humanidade, permitiu a perpetuação de conhecimentos adquiridos ao longo da história. Cercada de regras e de preceitos básicos, a comunicação escrita é a base para outras formas de informação, pois mesmo a informação falada é precedida por um texto a ser lido.

Por mais inovações nas ilustrações e na qualidade de impressão, há pouca diferença entre um jornal de 1920 e um jornal atual. O mesmo ocorre com os livros e as revistas, em especial as científicas, que usam as mesmas regras de 100 anos atrás.

A comunicação escrita tem qualidades excepcionais e supera em muito a falada, pois persiste, pode ser revisitada, pode ser analisada previamente e pode ser guardada, mas apresenta um único defeito, o tempo que separa a informação da publicação, representado pela editoração, impressão e distribuição do material escrito.

Recentemente, provavelmente a partir dos anos 90 do século passado, houve uma revolução na comunicação; os telefones, que até então possibilitavam uma comunicação falada instantânea, passaram a possibilitar a comunicação escrita instantânea e simultânea para diversas pessoas.

No início não nos demos conta dessa brutal modificação, mas com o passar dos anos observamos uma evolução para a qual não estamos ainda preparados.

A agilidade das redes sociais, com informação instantânea, atinge todas as formas de divulgação e criou uma geração que não tem mais paciência para aguardar os passos da comunicação escrita impressa com todas as suas regras.

A chamada geração Y, aquela que ocorreu no ambiente da tecnologia atual rápida e objetiva a partir dos anos 90, mostra-se basicamente desinteressada pelas nossas formas de informação. Ensiná-los tem sido uma tarefa árdua, educá-los mais ainda. Como educar sem livros-texto ou romances, como educar sem revistas de atualização, como motivá-los a escrever segundo regras?

As nossas formas de educar são desinteressantes, demoradas, enfadonhas para essa geração, que em segundos se reúne ou divulga informações de forma eficiente e quase gratuita.

Essa forma ágil de informar tem defeitos básicos graves. O principal é a irresponsabilidade, pois não há julgamento nem análise previa para qualquer informação, uma vez divulgado é verdade.

No caso de uma revista científica, nos distanciamos mais ainda, pois até que o autor produza seu trabalho, que os editores julguem, que se façam as adequações, se envie para publicação e se distribua, passa-se às vezes um ano, tempo inimaginável neste mundo da geração Y.

Como agir para evitar o desinteresse dessa geração, que representa 20% da população urbana e que neste momento estamos formando?

Os sociólogos admitem que esse é um fato contra o qual não é possível se insurgir e que devemos nos adaptar.

Cada uma das classes terá de se posicionar diante desse fato. Para nós, educadores, restará a tarefa mais árdua, pois caberá a nós formá-los.

Nas aulas expositivas podemos "evoluir" e produzir aulas mais participativas, nas quais o ensinamento vem pelo fato, e não pela disposição didática habitual. Ao falar da tíbia, por exemplo, começamos por um caso clínico de fratura e, a partir desse fato, discutimos a anatomia, a vascularização e as formas de tratamento.

A fisiologia, a anatomia patológica, a biomecânica virão por tabela no meio da orientação para o tratamento.

Assim nos aconselham os modernos caminhos da pedagogia.

Na publicação científica poderíamos resumir e apresentar apenas os pontos básicos da pesquisa, com um prejuízo enorme para a profundidade da informação, pois a discussão de um trabalho é uma rica fonte de informação.

Ceder, no meu ponto de vista, será destruir uma cultura secular que deu certo e enveredar por um caminho novo e desconhecido para nós, o da superficialidade.

Será muito estranho ver a RBO no WhatsApp.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2016
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Al. Lorena, 427 14º andar, 01424-000 São Paulo - SP - Brasil, Tel.: 55 11 2137-5400 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rbo@sbot.org.br