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Estudo por ressonância magnética da relação anatômica entre a região proximal posterior da tíbia e a artéria poplítea Trabalho feito no Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Prof. Dr. Donato D'Ângelo, Hospital Santa Teresa, Petrópolis, RJ, e Faculdade de Medicina de Petrópolis, Petrópolis, RJ, Brasil.

RESUMO

OBJETIVO:

Analisar e descrever, com o joelho em extensão, a distância da artéria poplítea em três áreas específicas da região proximal da tíbia, por meio de ressonância magnética. MÉTODOS: Foram analisadas as imagens de 100 joelhos de pacientes submetidos a exame por ressonância magnética. A localização da artéria poplítea foi medida em três áreas distintas da região proximal posterior da tíbia. A primeira medida foi feita no nível da articulação do joelho (platô tibial). A segunda, a 9 mm distal do platô tibial. A terceira, ao nível da tuberosidade anterior da tíbia (TAT). RESULTADOS: As distâncias entre a artéria poplítea e o platô tibial e a região da TAT foram significativamente maiores no sexo masculino do que no feminino. As distâncias entre a artéria poplítea e a região 9 mm distal do platô tibial e a TAT foram significativamente maiores na faixa acima de 36 anos do que na faixa ≤ 36 anos. CONCLUSÃO: O conhecimento da posição anatômica da artéria poplítea, demonstrada por estudos de RM, é de grande relevância no planejamento de procedimentos cirúrgicos que envolvam a articulação do joelho. Com isso, podem-se evitar lesões iatrogênicas devastadoras, principalmente em regiões proximais ao platô tibial e em pacientes jovens.

Palavras-chave:
Joelho; Ressonância magnética; Artéria poplítea; Anatomia

ABSTRACT

OBJECTIVE:

To analyze and describe the distance from the popliteal artery to three specific areas of the proximal region of the tibia, with the knee extended, by means of magnetic resonance. METHODS: Images of 100 knees of patients who underwent magnetic resonance examinations were analyzed. The location of the popliteal artery was measured in three different areas of the posterior proximal region of the tibia. The first measurement was made at the level of the knee joint (tibial plateau). The second was 9 mm distally to the tibial plateau. The third was at the level of the anterior tuberosity of the tibia (ATT). RESULTS: The distances between the popliteal artery and the tibial plateau and ATT region were significantly greater in males than in females. The distances between the popliteal artery and the regions 9 mm distally to the tibial plateau and the ATT were significantly greater in the age group over 36 years than in the group ≤36 years. CONCLUSION: Knowledge of the anatomical position of the popliteal artery, as demonstrated through magnetic resonance studies, is of great relevance in planning surgical procedures that involve the knee joint. In this manner, devastating iatrogenic injuries can be avoided, particularly in regions that are proximal to the tibial plateau and in young patients.

Keywords:
Knee; Magnetic resonance; Popliteal artery; Anatomy

Introdução

Estruturas neurovasculares posteriores da região proximal da tíbia podem ser lesadas em procedimentos cirúrgicos. A probabilidade de ocorrer lesão iatrogênica da artéria poplítea com formação de pseudoaneurisma tem aumentado aproximadamente 37,5%. 1. Megalopoulos A, Siminas S, Trelopoulos G. Traumatic pseudoaneurysm of the popliteal artery after blunt trauma: case report and a review of the literature. Vasc Endovascular Surg. 2006;40(6):499-504.Complicações vasculares foram relatadas em procedimentos como cirurgia artroscópica, osteotomia tibial alta, osteotomia ao nível da tuberosidade anterior da tíbia (TAT) e fixação de fraturas do platô tibial. 2. Han KJ, Won YY, Khang SY. Pseudaneurysm after tibial nailing. Clin Orthop Relat Res. 2004;(418):209-12. 3. Karkos CD, Thomson GJ, D'Souza SP, Prasad V. False aneurysm of the popliteal artery: a rare complication of total knee replacement. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc. 2000;8(1):53-5. 4. Rubens F, Wellington JL, Bouchard AG. Popliteal artery injury after tibial osteotomy: a report of two cases. Can J Surg. 1990;33(4):294-7. 5. Yoo JH, Chang CB, Lee TS, Seong SC, Kim TK. Delayed recurrent hemarthrosis after staple fixation of tibial avulsion fracture of the posterior cruciate ligament: a case report. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc. 2006;14(9):854-8. and 6. Zaidi SH, Cobb AG, Bentley G. Danger to the popliteal artery in high tibial osteotomy. J Bone Joint Surg Br. 1995;77(3):384-6.Apesar de rara, a lesão vascular é uma das complicações que podem comprometer os resultados da ATJ. 7. Aust JC, Bredenberg CE, Murray DG. Mechanisms of arterial injuries associated with total hip replacement. Arch Surg. 1981;116(3):345-9. 8. Berger C, Anzbock W, Lange A, Winkler H, Klein G, Engel A. Arterial occlusion after total knee arthroplasty: successful management of an uncommon complication by percutaneous thrombus aspiration. J Arthroplasty. 2002;17(2):227-9. 9. Calligaro KD, Delaurentis DA, Booth RE, Rothman RH, Savarese RP, Dougherty MJ. Acute arterial thrombosis associated with total knee arthroplasty. J Vasc Surg. 1994;20(6):927-32. 1010 . Doi S, Motoyama Y, Itoh H. External iliac vein injury during total hip arthroplasty resulting in delayed shock. Br J Anaesth. 2005;94(6):866-L869. 1111 . Lewallen DG. Neurovascular injury associated with hip arthroplasty. Instr Course Lect. 1998;47:275-83. 1212 . Shoenfeld NA, Stuchin SA, Pearl R, Haveson S. The management of vascular injuries associated with total hip arthroplasty. J Vasc Surg. 1990;11(4):549-55. 1313 . Calligaro KD, Dougherty MJ, Ryan S, Booth RE. Acute arterial complications associated with total hip and knee arthroplasty. J Vasc Surg. 2003;38(6):1170-7. 1414 . Nachbur B, Meyer RP, Verkkala K, Zürcher R. The mechanisms of severe arterial injury in surgery of the hip joint. Clin Orthop Relat Res. 1979;(141):122-33. 1515 . Rand JA. Vascular complications of total knee arthroplasty. Report of three cases. J Arthroplasty. 1987;2(2):89-93. 1616 . Barrack RL, Butler RA. Avoidance and management of neurovascular injuries in total hip arthroplasty. Instr Course Lect. 2003;52:267-74. 1717 . Barrack RL. Neurovascular injury: avoiding catastrophe. J Arthroplasty. 2004;19 4 Suppl. 1:104-L107. and 1818 . Smith DE, McGraw RW, Taylor DC, Masri BA. Arterial complications and total knee arthroplasty. J Am Acad Orthop Surg. 2001;9(4):253-7.Sua incidência é de aproximadamente 0,2%. 1919 . Roth JH, Bray RC. Poplietal artery injury during anterior cruciant ligament reconstruction: brief report. J Bone Joint Surg Br. 1988;70(5):840-5. 2020 . Potter D, Morris-Jones W. Popliteal artery injury complicating arthroscopic meniscectomy. Arthroscopy. 1995;11(6):723-6. and 2121 . Williams PL, Warwick R, editors. Gray's anatomy. Edinburgh: Churchill Livingstone; 1980.O risco de lesão vascular é maior em pacientes com insuficiência vascular prévia. 2222 . McMinn RM, editor. Last's anatomy. Regional and applied. 8th ed Edinburgh: Churchill Livingstone; 1990. 2323 . Keser S, Savranlar A, Bayar A, Ulukent SC, Ozer T, Tuncay I. Anatomic localization of the popliteal artery at the level of the knee joint: a magnetic resonance imaging study. Arthroscopy. 2006;22(6):656-9. 2424 . Smith PN, Gelinas J, Kennedy K, Thain L, Rorabeck CH, Bourne RB. Poplieal vessels in knee surgery. A magnetic resonance imaging study. Clin Orthop Relat Res. 1999;(367):158-64. and 2525 . Vernon P, Delattre JF, Johnson EJ, Palot JP, Clément C. Dynamic modifications of the popliteal arterial axis in the sagittal plane during flexion of the knee. Surg Radiol Anat. 1987;9(1):37-41.A laceração direta da artéria durante ATJ também é rara. 1212 . Shoenfeld NA, Stuchin SA, Pearl R, Haveson S. The management of vascular injuries associated with total hip arthroplasty. J Vasc Surg. 1990;11(4):549-55. 1818 . Smith DE, McGraw RW, Taylor DC, Masri BA. Arterial complications and total knee arthroplasty. J Am Acad Orthop Surg. 2001;9(4):253-7. and 2626 . Farrington WJ, Charnley GJ, Harries SR, Fox BM, Sharp R, Hughes PM. The position of the popliteal artery in the arthritic knee. J Arthroplasty. 1999;14(7):800-2.Essa lesão também tem sido descrita na reconstrução dos ligamentos cruzados anterior e posterior, 2727 . Shetty AA, Tindall AJ, Qureshi F, Divekar M, Fernando KW. The effect of knee flexion on the popliteal artery and its surgical significance. J Bone Joint Surg Br. 2003;85(2):218-22.como também na meniscectomia por artroscopia. 2828 . Coventry MB. Osteotomy about the knee for degenerative and rheumatoid arthritis. J Bone Joint Surg Am. 1973;55(1):23-48.

A artéria poplítea, em sua anatomia normal, está localizada lateralmente à fossa intercondilar e passa obliquamente pela borda medial do músculo poplíteo, onde se divide em artéria tibial anterior e posterior. 6. Zaidi SH, Cobb AG, Bentley G. Danger to the popliteal artery in high tibial osteotomy. J Bone Joint Surg Br. 1995;77(3):384-6. 2121 . Williams PL, Warwick R, editors. Gray's anatomy. Edinburgh: Churchill Livingstone; 1980. and 2222 . McMinn RM, editor. Last's anatomy. Regional and applied. 8th ed Edinburgh: Churchill Livingstone; 1990.A artéria genicular lateral inferior se origina 1 cm a 2 cm abaixo da linha articular e circunda profundamente a tíbia. A artéria genicular medial inferior se origina posteriormente entre os músculos solear e a cabeça lateral do gastrocnêmio. 6. Zaidi SH, Cobb AG, Bentley G. Danger to the popliteal artery in high tibial osteotomy. J Bone Joint Surg Br. 1995;77(3):384-6.

Vários autores identificaram a localização da artéria poplítea em joelhos com osteoartrose ou em joelhos de cadáver com o uso de ressonância magnética (RM), arteriografia ou ultrassonografia. 2323 . Keser S, Savranlar A, Bayar A, Ulukent SC, Ozer T, Tuncay I. Anatomic localization of the popliteal artery at the level of the knee joint: a magnetic resonance imaging study. Arthroscopy. 2006;22(6):656-9. 2424 . Smith PN, Gelinas J, Kennedy K, Thain L, Rorabeck CH, Bourne RB. Poplieal vessels in knee surgery. A magnetic resonance imaging study. Clin Orthop Relat Res. 1999;(367):158-64. 2525 . Vernon P, Delattre JF, Johnson EJ, Palot JP, Clément C. Dynamic modifications of the popliteal arterial axis in the sagittal plane during flexion of the knee. Surg Radiol Anat. 1987;9(1):37-41. 2626 . Farrington WJ, Charnley GJ, Harries SR, Fox BM, Sharp R, Hughes PM. The position of the popliteal artery in the arthritic knee. J Arthroplasty. 1999;14(7):800-2. 2727 . Shetty AA, Tindall AJ, Qureshi F, Divekar M, Fernando KW. The effect of knee flexion on the popliteal artery and its surgical significance. J Bone Joint Surg Br. 2003;85(2):218-22. and 2828 . Coventry MB. Osteotomy about the knee for degenerative and rheumatoid arthritis. J Bone Joint Surg Am. 1973;55(1):23-48.

O objetivo deste trabalho foi analisar a distância da artéria poplítea com o joelho em extensão, em três áreas específicas da região proximal da tíbia, por meio de ressonância magnética, e comparar os resultados em pacientes maiores e menores de 36 anos.

Material e métodos

Entre maio e agosto de 2012, foi analisado, retrospectivamente, o posicionamento da artéria poplítea em 100 joelhos de pacientes submetidos a exame de ressonância magnética (RM). Todas as imagens foram obtidas com o joelho em extensão completa e escolhidas após exclusão de pacientes que apresentavam histórico de fraturas, tumores, deformidades do joelho ou procedimentos cirúrgicos prévios. Também foram excluídos os que apresentavam RM com qualquer anormalidade óssea ou de partes moles na região proximal da tíbia.

O exame de ressonância magnética foi feito com aparelho de 1,5 T (Magneton Essenza(r), Siemens, Alemanha) com o paciente em decúbito dorsal e a articulação do joelho em extensão completa. Foram obtidas as seguintes sequências: sagitais ponderadas em T1 (tempo de repetição [TR]: 540ms; tempo de eco [TE]: 13ms; espessura: 4 mm; Field of view[FOV]: 160/160 mm; matriz: 230/7384); ponderadas em densidade protônica com supressão de gordura nos planos axial (TR: 3.920, TE: 35, espessura: 3 mm, FOV: 160/160, matriz: 192/320), sagital (TR: 2.800, TE: 35, espessura: 4, FOV: 160/160, matriz: 230/320) e coronais (TR: 2.550, TE: 32, espessura: 3,5, FOV: 160/160, matriz: 224/320).

A distância da artéria poplítea à cortical tibial posterior foi medida e processada na estação de trabalho Leonardo Simens nas três áreas distintas da região proximal da tíbia. A primeira medida foi feita no nível da articulação do joelho, onde podem ocorrer lesões, principalmente por procedimentos artroscópicos. A segunda, a 9 mm distal do platô tibial, local onde se faz o corte durante a ATJ. A terceira, no nível da tuberosidade anterior da tíbia (TAT), onde se faz a osteotomia proximal da tíbia.

As medidas foram obtidas por meio de imagens de RM em T1 por corte sagital com o joelho em extensão completa. Em todos os níveis, foram usadas como referência a cortical posterior da região proximal da tíbia e a parede anterior da artéria poplítea ( fig. 1).

Figura 1
Localização das medidas da distância entre a artéria poplítea e a cortical posterior da tíbia. Nível da TAT e a 9 mm da articulação do platô tibial

Caracterização da amostra

A tabela 1apresenta a análise descritiva das distâncias (em mm) nas três regiões, assim determinadas: platô tibial (no nível da interlinha articular), 9 mm distal ao platô tibial e no nível da TAT, na amostra de 100 joelhos do estudo.

Tabela. 1
Descritiva das distâncias de três regiões na amostra de 100 joelhos

Análise estatística

A análise descritiva apresentou, sob a forma de tabelas, os dados observados, expressos pela média, desvio padrão e mediana e gráficos ilustrativos.

A análise inferencial foi composta pelos seguintes métodos:

- para comparação de variáveis numéricas entre dois subgrupos foi usado o teste de Mann-Whitney, e - o coeficiente de correlação de Spearman foi usado para medir o grau de associação entre as medidas de distâncias analisadas. O coeficiente de correlação de Spearman (rs) mede o grau de associação entre duas variáveis numéricas. Esse coeficiente varia de -1 a 1. Quanto mais próximo estiver de 1 ou -1, mais forte é a associação, quanto mais próximo estiver de zero, mais fraca é a relação entre as duas variáveis.

Foram usados métodos não paramétricos, pois as variáveis não apresentaram distribuição normal (Gaussiana), devido à grande dispersão dos dados e rejeição da hipótese de normalidade segundo o teste de Kolmogorov-Smirnov. O critério de determinação de significância adotado foi o nível de 5%. A análise estatística foi processada pelo programa computacional SAS 6.11 (SAS Institute, Inc., Cary, North Carolina).

Resultados

O primeiro objetivo foi verificar se existia diferença significativa nas distâncias entre a artéria poplítea e as três regiões (platô tibial, 9 mm distal do platô tibial e TAT) na amostra de 100 joelhos do estudo na comparação de sexo e faixa etária. As Tabela 2and Tabela 3apresentam a média, o desvio padrão (DP) e a mediana das distâncias das três regiões distribuídas por gênero e faixa etária (≤ 36 anos e > 36 anos), respectivamente, e o correspondente nível descritivo do teste de Mann-Whitney.

Tabela. 2
Análise das distâncias de três regiões por gênero

Tabela. 3
Análise das distâncias de três regiões por faixa etária

Observou-se que a distância entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior ao nível do platô tibial (p = 0,037) e ao nível da TAT (p = 0,016) foi significativamente maior no gênero masculino do que no feminino. Não houve diferença significativa (no nível de 5%) daquela distância na região a 9 mm distal do platô tibial (p = 0,46) entre os gêneros.

Ficou demonstrado que as distâncias entre a artéria poplítea e cortical tibial posterior na região 9 mm distal ao platô tibial (p = 0,006) e no nível TAT (p = 0,005) eram significativamente maiores na faixa acima de 36 anos do que na faixa ≤ 36 anos. Não houve diferença significativa (no nível de 5%) na distância na região do platô tibial (p = 0,14) entre as faixas etárias.

O segundo objetivo foi verificar se existia correlação entre as distâncias das três regiões (platô tibial, 9 mm distal do platô tibial e TAT) com a idade e entre si na amostra de 100 joelhos ( tabela 4).

Tabela. 4
Correlação entre as distâncias de três regiões

Observou-se que:

- existia correlação direta significativa da distância entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior na região 9 mm distal ao platô tibial com a idade, em anos (rs= 0,238; p = 0,017). Entretanto, essa correlação é de grau fraco; - existia correlação direta significativa da distância entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior na região do TAT com a idade, em anos (rs= 0,258; p = 0,017). Entretanto, essa correlação também é de grau fraco; e - não existia correlação significativa, no nível de 5%, entre a idade, em anos, e a distância entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior na região do platô tibial (p = 0,13).

As Figura 2and Figura 3ilustram a correlação da idade com as distâncias entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior nas regiões a 9 mm distal do platô tibial e ao nível da TAT, respectivamente.

Figura 2
Dispersão da idade com a distância da artéria poplítea à cortical tibial posterior na região de 9 mm distal do platô tibial.

Figura 3
Dispersão da idade com a distância da artéria poplítea à cortical tibial posterior na região TAT.

Observou-se que:

- existia correlação direta significativa da distância entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior na região a 9 mm distal do platô tibial (rs= 0,770; p = 0,0001); - existia correlação direta significativa da distância entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior na região do platô tibial com a distância da TAT (rs= 0,365; p = 0,0002). Entretanto, essa correlação é de grau fraco; e - existia correlação direta significativa da distância entre a artéria poplítea a cortical tibial posterior na região a 9 mm distal do platô tibial com a distância na região da TAT (rs= 0,523; p = 0,0001).

As Figura 4, Figura 5and Figura 6ilustram a correlação entre as medidas das distâncias das regiões estudadas.

Figura 4
Dispersão das distâncias entre a região a 9 mm distal com aquela no nível do platô tibial.

Figura 5
Dispersão das distâncias entre a região distal com o platô tibial e a TAT.

Figura 6
Dispersão das distâncias entre a região a 9 mm distal do platô tibial com aquela no nível TAT.

Discussão

A artéria poplítea é a estrutura mais anterior do feixe neurovascular da região posterior do joelho. É uma estrutura fixa e está mais próxima da articulação na região da inserção do ligamento cruzado posterior, próxima à arcada fibrosa do músculo solear. 2929 . Kramer D, Bahk M, Cascio B, Cosgarea AJ. Posterior knee arthroscopy: anatomy, technique, application. J Bone Joint Surg Am. 2006;88 Suppl. 4:110-21.

Nas cirurgias que envolvem a região proximal da tíbia, lesões iatrogênicas das estruturas neurovasculares posteriores são devastadoras e podem colocar o membro em risco. 3030 . Yang D, Zhou Y, Tang Q, Xu H, Yang X. Anatomical relationship between the proximal tibia and posterior neurovascular structures: a safe zone for surgeries involving the proximal tibia. J Arthroplasty. 2011;26(7):1123-7.Essa zona de perigo se localiza discretamente lateral à fossa intercondilar.

Small 3131 . Small NC. Complications in arthroscopy: the knee and other joints. Arthroscopy. 1986;2(4):253-8.relatou 12 lesões vasculares que representaram 0,54% de todas as complicações. Foram nove casos de trauma direto da artéria poplítea, um deslocamento da arcada fibrosa e duas lesões inespecíficas. Tawes et al 3232 . Tawes RL, Etheridge SN, Webb RL, Enloe LJ, Stallone RJ. Popliteal artery injury complicating arthroscopic meniscectomy. Am J Surg. 1988;156(2):136-8.relataram três casos nos quais a artéria poplítea foi lesada durante meniscectomia artroscópica com diagnóstico tardio, que levou à amputação. Mais de 50% dos pacientes com lesão da artéria poplítea têm deficiência circulatória, apesar de apresentar pulsos distais palpáveis. 3333 . DeLee JC. Complications of arthroscopy and arthroscopic surgery: results of a national survey. Arthroscopy. 1985;1(4):214-20.

Yang et al 3030 . Yang D, Zhou Y, Tang Q, Xu H, Yang X. Anatomical relationship between the proximal tibia and posterior neurovascular structures: a safe zone for surgeries involving the proximal tibia. J Arthroplasty. 2011;26(7):1123-7.estudaram as estruturas neurovasculares na região proximal da tíbia. Encontraram a artéria lateral à linha média da tíbia, principalmente em pacientes do sexo feminino. Houve uma grande diferença da distância entre as estruturas neurovasculares e a cortical posterior da tíbia. Isso significa que maiores cuidados devem ser tomados quando a cirurgia necessita de acesso à cortical posterior. Essa diferença da distância foi similar àquela relatada por Zaidi et al 6. Zaidi SH, Cobb AG, Bentley G. Danger to the popliteal artery in high tibial osteotomy. J Bone Joint Surg Br. 1995;77(3):384-6.no nível da linha articular, mas um pouco menor do que a distância relatada por Smith et al 1818 . Smith DE, McGraw RW, Taylor DC, Masri BA. Arterial complications and total knee arthroplasty. J Am Acad Orthop Surg. 2001;9(4):253-7.no nível do corte tibial para a artroplastia total do joelho. Nosso estudo demonstrou que a distância entre a artéria poplítea nas três regiões estudadas (platô tibial, que corresponde às cirurgias artroscópicas; 9 mm distal do platô tibial, que corresponde ao corte tibial para artroplastia total do joelho; e no nível da TAT, que corresponde à osteotomia proximal da tíbia), na amostra geral, foi de 9,54 mm (DP: 3,60), 6,59 mm (DP: 2,46) e 12,97 mm (DP: 2,74), respectivamente. Quando comparado por gênero, nos pacientes do sexo masculino, as distâncias entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior na região do platô distal e na região da TAT foram maiores do que no feminino. Isso significa que devemos ter ainda mais cuidado quando fazemos procedimentos em pacientes do sexo feminino.

Pace e Wahl 3434 . Pace J, Wahl C. Arthroscopy of the posterior knee compartments: neurovascular anatomic relationships during arthroscopic transverse capsulotomy. Arthroscopy. 2010;26(5):637-42.analisaram joelhos de cadáveres para estudar a região posterior do joelho e observaram que a média de idade dos espécimes estudados era de 70 anos. Relataram que não sabiam, entretanto, como isso poderia mudar as relações anatômicas quando comparados com pessoas jovens. Nosso estudo relacionou as distâncias entre artéria poplítea e a cortical tibial posterior em três regiões anatômicas da articulação do joelho com a idade. Quando observados pacientes em uma linha de corte de 35 anos, as distâncias entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior nas regiões a 9 mm distal do platô tibial e ao nível da TAT demonstraram que quanto maior a idade do paciente, maior aquela distância (rs= 0,258; p = 0,017 e rs= 0,238; p = 0,017, respectivamente.

Vários trabalhos têm mostrado lesão neurovascular iatrogênica na fossa poplítea durante reconstrução artroscópica do ligamento cruzado posterior (LCP) que pode ser causada pelo fio guia ou pela broca. 3535 . Dunn PM, Post RH, Jones SR. Thromboembolic complications of knee arthroscopy. West J Med. 1984;140(2):291. and 3636 . Simpson LA, Barrett JP. Facts associated with poor results following arthroscopic subcutaneous lateral release. Clin Orthop Relat Res. 1984;(186):165-71.Matava et al, 3737 . Matava MJ, Sethi NS, Totty WG. Proximity of the posteriorcruciate ligament insertion to the popliteal artery as a function of the knee flexion angle: implications for posterior cruciate ligament reconstruction. Arthroscopy. 2000;16(8):796-804.ao analisar 14 joelhos de cadáveres, revelaram que a artéria poplítea estava localizada posterior e lateralmente à inserção do LCP e anteriormente à veia poplítea e ao nervo ciático em todos os joelhos em extensão (0° ou 180°) e em flexão de 45°, 60° e 90°. Keser et al 2323 . Keser S, Savranlar A, Bayar A, Ulukent SC, Ozer T, Tuncay I. Anatomic localization of the popliteal artery at the level of the knee joint: a magnetic resonance imaging study. Arthroscopy. 2006;22(6):656-9.relataram que, no nível da articulação do joelho, a artéria poplítea estava localizada posteriormente à inserção do LCP em 19 casos (5,7%). Essa localização pode ocasionar lesão da artéria poplítea em casos de reparo ou excisão do corno posterior do menisco lateral, como também nos procedimentos de reconstrução do LCP. Ahn et al 3838 . Ahn JH, Wang JH, Lee SH, Yoo JC, Jeon WJ. Increasing the distance between the posterior cruciate ligament and the popliteal neurovascular bundle by a limited posterior capsular release during arthroscopic transtibial posterior cruciate ligament reconstruction: a cadaveric angiographic study. Am J Sports Med. 2007;35(5):787-92.fizeram reconstrução artroscópica do LCP com uma pequena liberação da cápsula posterior no nível de sua inserção. Por meio de angiografia, mediram a distância entre a inserção tibial do LCP e a artéria poplítea antes e depois da liberação capsular. Encontraram uma distância significativamente maior de 4,4 ± 3,2 mm para 14,7 ± 4,1 mm após liberação capsular. Cosgarea et al, 3939 . Cosgarea AJ, Kramer DE, Bahk MS, Totty WG, Matava MJ. Proximity of the popliteal artery to the PCL during simulated knee arthroscopy: implications for establishing the posterior trans-septal portal. J Knee Surg. 2006;19(3):181-5.ao analisar joelhos de cadáver, observaram uma distância média de 29,1 ± 11 mm (variação entre 18 e 55 mm) do ponto médio do LCP à artéria poplítea. Pace e Wahl 3434 . Pace J, Wahl C. Arthroscopy of the posterior knee compartments: neurovascular anatomic relationships during arthroscopic transverse capsulotomy. Arthroscopy. 2010;26(5):637-42.encontraram uma distância média de 19 mm do LCP à artéria poplítea, com o joelho em flexão de 90° no nível da linha articular. No presente estudo, as medidas obtidas por meio de RM demonstraram, no nível da articulação do joelho, uma distância média de 9,54 mm (variação entre 2,80 e 17,47 mm) entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior. Também foi observado que, em relação ao gênero, essa distância no nível do platô tibial foi significativamente maior no sexo masculino do que no feminino (10,1 ± 3,5 mm e 8,8 ± 3,6 mm, respectivamente).

A incidência de lesão vascular após artroplastia total do joelho (ATJ) é felizmente mínima (estimada ao redor de 0,2%). 9. Calligaro KD, Delaurentis DA, Booth RE, Rothman RH, Savarese RP, Dougherty MJ. Acute arterial thrombosis associated with total knee arthroplasty. J Vasc Surg. 1994;20(6):927-32. and 4040 . Kumar SN, Chapman JA, Rawlins I. Vascular injuries in total knee arthroplasty. A review of the problem with special reference to the possible effects of the tourniquet. J Arthroplasty. 1998;13(2):211-6.Este estudo analisou a distância entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior na região a 9 mm distal do platô tibial, localização média onde se faz o corte para a colocação do componente tibial na artroplastia total do joelho. Ninomiya et al., 4141 . Ninomiya JT, Dean JC, Goldberg VM. Injury to the popliteal artery and its anatomic location in total knee arthroplasty. J Arthroplasty. 1999;14(7):803-9.em estudo em cadáveres por meio de RM, desenvolvido para avaliar o mecanismo de lesão da artéria poplítea durante a ATJ, observaram que ela estava localizada lateralmente ao platô tibial em 95% dos espécimes. A proximidade com a cápsula articular posterior torna a artéria susceptível a lesões durante a ATJ. Takeda et al 4242 . Takeda M, Ishii Y, Noguchi H, Sato J. Change in the position of the politeal artery with knee flexion after total knee arthroplasty. J Bone Joint Surg Am. 2011;93(21):e1231-6.ressaltaram a importância de um maior cuidado com o posicionamento de afastadores, com uso da serra oscilatória e osteótomos na região posterior do joelho durante a ATJ. Observaram que ao longo do arco de flexão do joelho o posicionamento da artéria poplítea variou entre os indivíduos que tinham sido submetidos a ATJ. Mureebe et al 4343 . Mureebe L, Gahtan V, Kahn MB, Kerstein MD, Roberts AB. Popliteal artery injury after total knee arthroplasty. Am Surg. 1996;62(5):366-8.relataram dois casos de pacientes que tiveram lesão da artéria poplítea após ATJ e necessitaram de cirurgia de reconstrução arterial para salvar o membro. Nosso estudo demonstrou, por meio de RM, que a distância entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior na região 9 mm distal ao platô tibial foi, em média, de 6,59 mm (variação entre 3 e 12,70). Essa foi a localização onde a artéria se encontrava mais próxima da cortical posterior da tíbia. Não encontramos diferença significativa entre os gêneros nas distâncias mensuradas entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior nas três regiões da tíbia proximal avaliadas. Entretanto, em relação à faixa etária, a distância entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior na região 9 mm distal ao platô tibial foi significativamente maior do que na faixa ≤ 36 anos. Isso significa que quanto maior (p = 0,006) a idade, mais distante fica a artéria poplítea da cortical tibial posterior (idade ≤ 36 anos 5,9 ± 2,2 mm e > 36 anos 7,2 ± 2,5 mm).

Apesar de rara, a lesão da artéria poplítea durante osteotomia proximal da tíbia, no nível da tuberosidade anterior, pode ter consequências devastadoras. A osteotomia da tuberosidade da tíbia, que envolve a violação da cortical posterior da tíbia com brocas e parafusos, pode gerar uma lesão da artéria poplítea. 4444 . Shetty AA, Tindal AJ, Nickolaou N, James KD, Ignotus P. A safe zone for the passage of screws through the posterior tibial cortex in tibial tubercle transfer. Knee. 2005;12(2):99-101.Existem poucos trabalhos na literatura que demonstram lesão direta da artéria poplítea durante a osteotomia proximal da tíbia. 6. Zaidi SH, Cobb AG, Bentley G. Danger to the popliteal artery in high tibial osteotomy. J Bone Joint Surg Br. 1995;77(3):384-6. and 4545 . Insall J. Surgery of the knee. Edinburgh: Churchill Livingstone; 1984.Zaidi et al 6. Zaidi SH, Cobb AG, Bentley G. Danger to the popliteal artery in high tibial osteotomy. J Bone Joint Surg Br. 1995;77(3):384-6.estudaram o posicionamento da artéria poplítea em 20 joelhos, por meio de ultrassonografia duplex no nível da região onde seria feita a osteotomia proximal. Em 12 joelhos (60%) a artéria se localizava próxima da tíbia, com o joelho em flexão de 90°. Alguns trabalhos mostram a presença de pseudoaneurisma após osteotomia proximal da tíbia. 4646 . Rubens F, Wellington JL, Bouchard AG. Popliteal artery injury in tibial osteotomy: report of two cases. Can J Surg. 1990;33(4):294-7. and 4747 . Han K, Won Y, Khang S. Pseudaneurysm after tibial nailing. Clin Orthop Relat Res. 2004;(418):209-12.Kim et al 4848 . Kim J, Allaire R, Harner CD. Vascular safety during high tibial osteotomy: a cadaveric angio graphic study. Am J Sports Med. 2010;38(4):810-5.relataram que a artéria poplítea se afasta da cortical posterior da tíbia quando o joelho está em flexão de 90°. Porém, quando o ângulo de corte da osteotomia for maior do que 30°, no plano coronal pode ocorrer risco de lesão das estruturas neurovasculares. Smith et al 2424 . Smith PN, Gelinas J, Kennedy K, Thain L, Rorabeck CH, Bourne RB. Poplieal vessels in knee surgery. A magnetic resonance imaging study. Clin Orthop Relat Res. 1999;(367):158-64.estudaram nove voluntários, por meio de RM, com o joelho em extensão completa e em flexão de 90°, e demonstraram que mesmo com o joelho fletido a 90°, não significa que os vasos poplíteos estejam seguros durante a cirurgia. O nosso estudo, por meio de RM, demonstrou que, no nível da TAT, a distância média de 12,97 mm variou entre 7,61 mm e 19,31 mm. Essa foi a localização em que a artéria se encontrou mais afastada da cortical posterior da tíbia. Observou-se também que no gênero masculino a distância entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior ao nível da TAT foi significativamente maior (13,5 ± 2,5 mm e 12,3 ± 2,9 mm respectivamente). Em relação à faixa etária, a distância entre a artéria poplítea e a cortical tibial posterior no nível da TAT foi significativamente maior em pacientes acima de 36 anos. Isso significa que quanto maior a idade, mais distante a artéria poplítea se localiza da cortical posterior da tíbia.

A maior limitação do nosso estudo foi ter verificado as medidas das três regiões do joelho somente em extensão. Existe uma grande controvérsia na literatura sobre quanto a flexão do joelho pode aumentar a distância entre as estruturas neurovasculares poplíteas e a cortical posterior da tíbia. Alguns autores argumentam que em todas as regiões do joelho a distância entre a artéria poplítea e a cortical posterior da tíbia aumentaria com o joelho fletido. Outros autores, entretanto, preconizam que mesmo com o joelho em flexão não haveria mudança na distância nas regiões a 9 mm do platô tibial (ATJ) e no nível da osteotomia valgizante da tíbia. 6. Zaidi SH, Cobb AG, Bentley G. Danger to the popliteal artery in high tibial osteotomy. J Bone Joint Surg Br. 1995;77(3):384-6. 2626 . Farrington WJ, Charnley GJ, Harries SR, Fox BM, Sharp R, Hughes PM. The position of the popliteal artery in the arthritic knee. J Arthroplasty. 1999;14(7):800-2. 2828 . Coventry MB. Osteotomy about the knee for degenerative and rheumatoid arthritis. J Bone Joint Surg Am. 1973;55(1):23-48. and 3030 . Yang D, Zhou Y, Tang Q, Xu H, Yang X. Anatomical relationship between the proximal tibia and posterior neurovascular structures: a safe zone for surgeries involving the proximal tibia. J Arthroplasty. 2011;26(7):1123-7.

Conclusão

O conhecimento da posição anatômica da artéria poplítea, demonstrada por estudos de RM, é de grande relevância no planejamento de procedimentos cirúrgicos que envolvam a articulação do joelho. Com isso, lesões iatrogênicas devastadoras podem ser evitadas. Portanto, procedimentos mais próximos ao platô tibial se tornam mais perigosos principalmente em paciente jovens.

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  • Trabalho feito no Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Prof. Dr. Donato D'Ângelo, Hospital Santa Teresa, Petrópolis, RJ, e Faculdade de Medicina de Petrópolis, Petrópolis, RJ, Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Ago 2015

Histórico

  • Recebido
    19 Jan 2014
  • Aceito
    29 Jun 2014
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