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Trinta anos da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho, uma ideia que deu certo

O diagnóstico da dor no joelho era difícil e a pneumoartrografia contrastada permitia a visualização indireta das estruturas meniscais e ligamentares internas do joelho, foi uma precursora da ressonância; os grupos especializados começavam a surgir no Departamento de Ortopedia da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP); o então Dr. Marco Amatuzzi, na época interessado em patologia do pé, começava a se interessar pela pneumoartrografia; nós iniciávamos a nossa vida ortopédica como assistente no Instituto de Ortopedia da FMUSP. O Grupo de Joelho do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) começou a se reunir às quintas-feiras à noite, nosso dia de plantão no Pronto-Socorro, e nas sextas-feiras de manhã a atender pacientes que iam em busca de pneumoartrografias e esclarecimento diagnóstico de doenças do joelho.

Às quintas-feiras à noite eram lidos e discutidos trabalhos que Amatuzzi selecionava e resumia em fichas de rápida consulta. Com o passar dos anos, colegas de outros hospitais passaram a visitar o IOT, que ficou pequeno para as reuniões e restrito para a visita de pacientes externos. As reuniões, então, passaram a ser feitas no consultório de Amatuzzi. O Grupo de Joelho do IOT-USP dava cursos que eram muito concorridos, até que se resolveu fundar a Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ), em agosto de 1983.

Numa reunião patrocinada por um laboratório, do qual um cliente de Amatuzzi, o Sr. Mantegassa, era presidente, feita em uma sala do Hotel Maksoud, fundou-se a SBCJ. As reuniões do Grupo de Joelho continuaram e existem até hoje no IOT e a SBCJ se desenvolveu passando dos limites do IOT e atingindo o mundo.

Vários estagiários frequentaram serviços, que inicialmente eram acreditados e hoje são credenciados, para o aprendizado dos conceitos da patologia do joelho.

A troca de estagiários e as visitas frequentes criaram um laço de amizade entre os diversos sócios da SBCJ que é a sua marca. Os congressos parecem festas de aniversário de família, nas quais o encontro com pessoas queridas é comemorado.

No plano nacional fizemos vários congressos, conhecidos pelo sucesso, e cursos regionais tradicionais, alguns que já ultrapassaram a décima edição.

A qualidade das apresentações, sempre uma marca dos sócios da SBCJ, estabeleceu um padrão que sempre é mantido e aprimorado. O exemplo é a melhor formar de educar.

Nunca foi cobrada taxa ou anuidade, pertencer a SBCJ é uma deferência; nunca tivemos uma eleição, as chapas diretivas sempre foram escolhidas por consenso e negociação.

Brigas ocorreram, e não foram poucas, mas nunca intervieram no andamento da sociedade, que esteve sempre acima de qualquer problema pessoal.

No corpo diretivo da SBOT a participação dos membros da SBCJ é muito significativa, já tivemos cinco presidentes da SBCJ que presidiram a SBOT e provavelmente teremos outros.

A SBCJ estabeleceu, por intermédio de seus membros, sólidas relações internacionais, que deram muita sustentabilidade a sua estrutura de educação médica continuada.

Trouxemos Jack Hughston, Henry Dejour, John Insall, Frank Noyes, James Andrews, Lamberto Perujia, e tantos outros, que nos permitiram expandir nossa área de conhecimentos e, com visitas aos seus serviços, trazer novas técnicas e promover a internacionalização dos nossos membros. As nossas relações internacionais aumentaram e hoje conhecemos todos os grandes centros de cirurgia do joelho do mundo e somos conhecidos neles.

Participamos de vários cursos e congressos internacionais, como convidados e membros ativos. Fundamos, como membros atuantes, a International Society of Arthroscopy, Knee Surgery, and Orthopaedic Sports Medicine (ISAKOS), que fez seu mais recente congresso no Brasil.

Hoje a Isakos é presidida por Moises Cohen, um dos nossos ex-presidentes.

Fundamos e presidimos a primeira diretoria da Sociedade Latino Americana de Artroscopia, Cirurgia de Rodilla e Medicina Deportiva (Slard). Temos sólidos contatos com o grupo de Lyon, França, com o qual fazemos jornadas bianuais. A próxima será em Curitiba, no ano que vem. Na anterior, em 2012, fomos convidados em Lyon, com a deferência de ser um palestrante internacional.

Tenho certeza de que neste momento há um membro da SBCJ estagiando em algum lugar do mundo ortopédico, fazendo contato e procurando novos caminhos.

O diagnóstico da dor no joelho continua difícil e continuamos a tentar compreendê-la, só que agora juntos e unidos por uma grande amizade de 30 anos, que sem dúvida é o segredo dessa ideia que deu certo.

Gilberto Luis Camanho

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May/June 2013
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