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Alinhamento espinopélvico em pacientes com fratura toracolombar explosão

Resumo

Objetivo

Avaliar o alinhamento espinopélvico em pacientes com fratura toracolombar do tipo explosão (FTE) sem déficit neurológico tratados de forma não operatória e operatória em um hospital terciário de referência em trauma.

Método

Estudo transversal retrospectivo de pacientes com FTE apenas da região toracolombar, de nível único, do tipo A3 e A4 AOSpine. Análise de dados clínicos, dor lombar (escala visual analógica [EVA]), Escala de Denis, qualidade de vida (SF-36), parâmetros radiográficos sagitais (cifose torácica [CT], cifose toracolombar [CTL], lordose lombar [LL] e eixo vertical sagital [EVS]) e espinopélvicos (incidência pélvica [IP], versão pélvica [VP], inclinação sacral [IS] e a discrepância entre incidência pélvica e lordose lombar [IP-LL]) de pacientes tratados de forma operatória e não operatória.

Resultados

O presente estudo avaliou um total de 50 indivíduos com uma média de 50 anos de idade com acompanhamento médio de 109 meses (mínimo de 19 e máximo de 306 meses). Houve diferença significativa entre os tratamentos para Denis trabalho (p= 0,046) a favor do tratamento não operatório. Não houve diferença significativa entre os tratamentos para EVA dor lombar e Denis dor (p= 0,468 e p= 0,623). Não houve diferença significante entre os tratamentos em nenhum dos domínios avaliados do SF-36 (p> 0,05). Parâmetros radiográficos não se mostraram diferentes entre os grupos analisados; contudo, todos os parâmetros radiográficos mostraram diferença significante entre a população considerada assintomática, com exceção da incidência pélvica (p< 0,005).

Conclusões

O alinhamento espinopélvico foi normal em pacientes com FTE sem déficit neurológico tratados de forma não operatória e operatória, após acompanhamento mínimo de 19 meses. Entretanto, estes pacientes apresentaram maior média de versão pélvica e de discrepância entre lordose lombar e incidência pélvica quando comparados com os valores de referência da população brasileira.

Palavras-chave
curvaturas da coluna vertebral; fraturas da coluna vertebral; traumatismos da coluna vertebral

Abstract

Objective

To evaluate the spinopelvic alignment in patients with thoracolumbar burst fracture (TBF) without neurological deficit treated nonsurgically and surgically in a tertiary reference trauma hospital.

Method

Retrospective cross-sectional study of patients with single level, type A3 and A4 AOSpine TBF only of the thoracolumbar region. Analysis of clinical data, low back pain (visual analogue scale [VAS]), Denis Pain Scale, quality of life (SF-36), sagittal (TC, TLC, LL, SVA) and spinopelvic (IP, PV, SI, PI-LL) radiographic parameters of patients treated surgically and nonsurgically.

Results

A total of 50 individuals with an average age of 50 years old with a mean follow-up of 109 months (minimum of 19 and maximum of 306 months) were evaluated. There was a significant difference between treatments for the Denis Work Scale (p= 0.046) in favor of nonsurgical treatment. There was no significant difference between the treatments for lower back pain VAS and Denis Pain Scale (p= 0.468 and p= 0.623). There was no significant difference between treatments in any of the domains evaluated with the SF-36 (p> 0.05). Radiographic parameters were not different between the analyzed groups; however, all radiographic parameters showed significant difference between the population considered asymptomatic, except for pelvic incidence (p< 0.005).

Conclusions

The spinopelvic alignment was normal in patients with TBF without neurological deficit treated nonsurgically and surgically after a minimum follow-up of 19 months. However, they presented a higher mean pelvic version and discrepancy between lumbar lordosis and pelvic incidence when compared with the reference values of the Brazilian population.

Keywords
spinal curvatures; spinal fractures; spinal injuries

Introdução

A fratura toracolombar do tipo explosão (FTE) é caracterizada por cominuição do corpo vertebral, cifose toracolombar (CTL) e fragmento ósseo projetado para o interior do canal vertebral.11 Atlas SW, Regenbogen V, Rogers LF, Kim KS. The radiographic characterization of burst fractures of the spine. AJR Am J Roentgenol 1986;147(03):575-582

De todas as fraturas envolvendo a coluna vertebral, 17% são FTEs.22 Denis F, Armstrong GW, Searls K, Matta L. Acute thoracolumbar burst fractures in the absence of neurologic deficit. A comparison between operative and nonoperative treatment. Clin Orthop Relat Res 1984;(189):142-149 Tal incidência deve-se à anatomia de transição entre a coluna dorsal rígida pelo aporte das costelas e a orientação coronal das facetas para a coluna lombar móvel com orientação facetaria sagital.33 Fakurnejad S, Scheer JK, Patwardhan AG, Havey RM, Voronov LI, Smith ZA. Biomechanics of thoracolumbar burst fractures: methods of induction and treatments. J Clin Neurosci 2014;21(12): 2059-2064

Os objetivos do tratamento de FTEs são fornecer estabilidade, evitar deformidade e otimizar a recuperação neurológica.44 Vaccaro AR, Kim DH, Brodke DS, et al. Diagnosis and management of thoracolumbar spine fractures. Instr Course Lect 2004; 53:359-373 A intervenção cirúrgica é mandatória nos casos com comprometimento neural; contudo, naqueles de padrão neurológico normal, ainda existe dúvida sobre a melhor opção de tratamento.55 Abudou M, Chen X, Kong X, Wu T. Surgical versus non-surgical treatment for thoracolumbar burst fractures without neurological deficit. Cochrane Database Syst Rev 2013;(06):CD005079

Defensores do tratamento operatório afirmam que a correção da CTL gerada pela fratura é fundamental para garantir melhores resultados clínicos e funcionais.66 Siebenga J, Leferink VJ, Segers MJ, et al. Treatment of traumatic thoracolumbar spine fractures: a multicenter prospective randomized study of operative versus nonsurgical treatment. Spine 2006;31(25):2881-2890 Já os autores que preconizam tratamento não operatório sugerem que este evita complicações cirúrgicas, tem menor custo e, a longo prazo, apresenta desfechos clínicos e funcionais semelhantes.77 Gnanenthiran SR, Adie S, Harris IA. Nonoperative versus operative treatment for thoracolumbar burst fractures without neurologic deficit: a meta-analysis. Clin Orthop Relat Res 2012;470(02): 567-577

O paciente com FTE pode evoluir com aumento gradativo da CTL, criando deformidades no plano sagital com ativação de mecanismos de compensação no tronco e nos membros inferiores na tentativa de manterem-se equilibrados. Alguns autores relacionaram deformidades graves no plano sagital com piores índices de função e qualidade de vida.88 Vaccaro AR, Silber JS. Post-traumatic spinal deformity. Spine 2001;26(24, Suppl)S111-S118

A maioria das revisões sistemáticas e metanálises sobre fratura toracolombar relacionou o aumento da CTL com dor crônica, piora da função e qualidade de vida.55 Abudou M, Chen X, Kong X, Wu T. Surgical versus non-surgical treatment for thoracolumbar burst fractures without neurological deficit. Cochrane Database Syst Rev 2013;(06):CD005079

6 Siebenga J, Leferink VJ, Segers MJ, et al. Treatment of traumatic thoracolumbar spine fractures: a multicenter prospective randomized study of operative versus nonsurgical treatment. Spine 2006;31(25):2881-2890

7 Gnanenthiran SR, Adie S, Harris IA. Nonoperative versus operative treatment for thoracolumbar burst fractures without neurologic deficit: a meta-analysis. Clin Orthop Relat Res 2012;470(02): 567-577

8 Vaccaro AR, Silber JS. Post-traumatic spinal deformity. Spine 2001;26(24, Suppl)S111-S118

9 Wood KB, Buttermann GR, Phukan R, et al. Operative compared with nonoperative treatment of a thoracolumbar burst fracture without neurological deficit: a prospective randomized study with follow-up at sixteen to twenty-two years. J Bone Joint Surg Am 2015;97(01):3-9

10 Ghobrial GM, Maulucci CM, Maltenfort M, et al. Operative and nonoperative adverse events in the management of traumatic fractures of the thoracolumbar spine: a systematic review. Neurosurg Focus 2014;37(01):E8
-1111 Rometsch E, Spruit M, Härtl R, et al. Does Operative or Nonoperative Treatment Achieve Better Results in A3 and A4 Spinal Fractures Without Neurological Deficit?: Systematic Literature Review With Meta-Analysis Global Spine J 2017;7(04):350-372 No entanto, poucos estudos analisaram parâmetros espinopélvicos globais dos pacientes com FTE.1212 Koller H, Acosta F, Hempfing A, et al. Long-term investigation of nonsurgical treatment for thoracolumbar and lumbar burst fractures: an outcome analysis in sight of spinopelvic balance. Eur Spine J 2008;17(08):1073-1095,1313 Joaquim AF, Rodrigues SA, DA Silva FS, et al. Is There an Association With Spino-Pelvic Relationships and Clinical Outcome of Type A Thoracic and Lumbar Fractures Treated Non-Surgically? Int J Spine Surg 2018;12(03):371-376

Nossa hipótese é que o alinhamento espinopélvico de indivíduos que tiveram FTE esteja alterado em relação à população assintomática em razão do aumento da CTL.

O objetivo do presente estudo foi avaliar o alinhamento espinopélvico em pacientes com FTE sem déficit neurológico tratados de forma não operatória e operatória em um hospital terciário de referência em trauma.

Materiais e Métodos

Foi realizado um estudo transversal aprovado pelo comitê de ética (CAAE: 30745118.5.0000.5479) durante consultas de rotina no ambulatório da Instituição entre março de 2017 e março de 2019. Todos os pacientes que participaram assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

Os critérios de inclusão foram: pacientes com FTE conforme descrito por Denis,1414 Denis F. The three column spine and its significance in the classification of acute thoracolumbar spinal injuries. Spine 1983;8(08):817-831 de único nível, entre T11 e L2, idade entre 18 e 64 anos na época do trauma, acompanhados por pelo menos 12 meses após o início do tratamento, sem déficit neurológico, dos tipos A3 ou A4 pela classificação AOSpine. Os critérios de exclusão foram presença de metástase vertebral, presença de doença metabólica ou endócrina, operados com > 10 dias da fratura, fratura patológica, fratura por arma de fogo, déficit neurológico, cirurgia pregressa na coluna e doença psiquiátrica.

Foi feita coleta de dados clínicos sobre idade, gênero, nível de fratura, classificação AOSpine, mecanismo de trauma, tipo de tratamento e nível de dor lombar (escala visual analógica [EVA]) e foram aplicados questionários sobre a Escala de Dor de Denis, Escala de Trabalho de Denis e SF-36. Foram aferidos os parâmetros radiográficos sagitais e espinopélvicos. Foi feita a comparação dos resultados entre os grupos de tratamento operatório e não operatório e, além disso, os parâmetros radiográficos dos grupos foram comparados individualmente com a amostra-controle da população brasileira publicada por Pratali et al.1515 Pratali RR, Nasreddine MA, Diebo B, Oliveira CEAS, Lafage V. Normal values for sagittal spinal alignment: a study of Brazilian subjects. Clinics (São Paulo) 2018;73:e647 e considerada normal.

Os critérios para indicação cirúrgica do grupo foram CTL > 30°, perda de altura do corpo vertebral de 50% e comprometimento do canal vertebral > 50%.1616 Tezer M, Erturer RE, Ozturk C, Ozturk I, Kuzgun U. Conservative treatment of fractures of the thoracolumbar spine. Int Orthop 2005;29(02):78-82 A opção por fixação curta, longa ou associação de via anterior e o tipo de implante ficou a critério do cirurgião.

Foram realizadas radiografias panorâmicas laterais com chassi de 36 polegadas e o paciente foi posicionado em pe‘ com os membros superiores apoiados em um suporte, os ombros apoiados em 30° de flexa'o e os cotovelos ligeiramente fletidos.1717 Marks M, Stanford C, Newton P. Which lateral radiographic positioning technique provides the most reliable and functional representation of a patient's sagittal balance? Spine 2009;34(09): 949-954 Os parâmetros radiográficos foram medidos com o auxílio de ferramenta de aferição validada Surgimap Spine Software (Surgimap, Nova York, NY, EUA).

Pelo método de Cobb, aferimos os seguintes parâmetros sagitais: cifose toracolombar (CTL) cifose torácica (CT) e lordose lombar (LL).1818 Kuklo TR, Polly DW, Owens BD, Zeidman SM, Chang AS, Klemme WR. Measurement of thoracic and lumbar fracture kyphosis: evaluation of intraobserver, interobserver, and technique variability. Spine 2001;26(01):61-65, discussion 66 Os parâmetros espinopélvicos foram: eixo vertical sagital (EVS), incidência pélvica (IP), versão pélvica (VP), inclinação sacral (IS) e a discrepância entre incidência pélvica e lordose lombar (IP-LL).1919 Pratali RR, Hennemann SA, Amaral R, et al. Standardized terminology of adult spine deformity for Brazilian Portuguese. Coluna/Columna 2015;14(04):281-285

Variáveis qualitativas foram descritas como número e porcentagem. A normalidade dos dados foi investigada por meio do teste de Shapiro-Wilk. As variáveis quantitativas foram resumidas por meio da média (desvio padrão [DP]) quando os dados se mostraram normalmente distribuídos; caso contrário, utilizou-se mediana (P50%), primeiro e terceiro quartis (P25% e P75%, respectivamente), além dos valores de mínimo e máximo.

Para avaliar a associação das variáveis qualitativas com tratamento, utilizou-se o teste de qui-quadrado ou o teste exato de Fisher quando uma ou mais células apresentaram valor esperado menor do que cinco. A comparação entre médias foi realizada através do teste t de Student; já para as medianas, utilizou-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney.

Para a comparação dos achados radiográficos do presente estudo com os valores de referência para a população brasileira apresentados por Pratali et al.,1515 Pratali RR, Nasreddine MA, Diebo B, Oliveira CEAS, Lafage V. Normal values for sagittal spinal alignment: a study of Brazilian subjects. Clinics (São Paulo) 2018;73:e647 utilizou-se o teste t de Student porque os dados de tal estudo estavam expressos como média e desvio padrão.

Toda análise estatística foi realizada utilizando o software STATA/SE 15.1 for Windows (StataCorp, College Station, TX, EUA). Adotou-se um nível de significância de 5%, ou seja, valores de p< 0,05 foram considerados como estatisticamente significativos. Todos os testes foram bilaterais.

Resultados

O estudo contou com um total de 50 participantes, sendo que, destes, 39 (78%) eram homens. A média de idade dos participantes foi de ∼ 49,8 anos, variando de 20 a 81 anos (±15,2). Os mecanismos de trauma mais frequentes foram a queda de altura com 31 casos (62%), seguida de acidentes de trânsito, com 18 (38%). O nível de L1 foi o mais acometido, sendo observado em 21 (42%) dos pacientes, seguido de T12, com 14 (28%). O acompanhamento médio foi de 109 meses, com um mínimo de 19 e um máximo de 306 meses. Segundo a classificação AOSpine, 37 (74%) foram definidos como A3 e os outros 13 (26%) como A4. Tratamento operatório foi realizado em 26 dos participantes (52%) e 24 (48%) seguiram tratamento não operatório. A Tabela 1 mostra a comparação dos dados demográficos e clínicos entre os dois tipos de tratamento.

Tabela 1
Dados demográficos e clínicos de acordo com o tratamento

De acordo com a Tabela 1, pode-se verificar que não houve diferença entre o tipo de tratamento nas médias de idade, gênero, mecanismo de trauma e nível da fratura (p> 0,05). Houve maior porcentagem de participantes com classificação A3 nos pacientes submetidos ao tratamento não operatório (91,7%), (p= 0,006). Em relação aos 26 participantes que realizaram tratamento operatório, 9 (34,6%) realizaram VPC, 13 participantes (50,0%) realizaram VPL, e os demais quatro participantes (15,4%) realizaram VP + VA. Os implantes posteriores encontrados foram PP em 18 (69,2%), parafusos pediculares com ganchos superiores (sistema híbrido) em 4 (15,3%) e sistema Cotrel-Doubosset em quatro (15,3%). A Fig. 1 mostra a distribuição dos implantes.

Fig. 1
Distribuição dos implantes.

Em relação aos desfechos funcionais, de acordo com a Tabela 2 , pode-se observar que houve diferença significativa entre os tratamentos de acordo com a escala de Denis trabalho (p= 0,046): a mediana apresentada pelos participantes do tratamento operatório foi maior do que a do tratamento não operatório. Não houve diferença significativa entre os tratamentos para EVA dor lombar e Denis dor (p= 0,468 e p= 0,623, respectivamente).

Tabela 2
Escala visual analógica de dor lombar e escala de Denis de acordo com o tratamento

Em relação à qualidade de vida, a Tabela 3 mostra que não houve diferença significativa entre os tratamentos em nenhum dos domínios avaliados (p> 0,05).

Tabela 3
Qualidade de vida avaliada pela escala SF-36 de acordo com o tratamento

A Tabela 4 indica que não houve diferença estatisticamente significativa entre os tratamentos em nenhum dos parâmetros radiográficos avaliados (p> 0,05).

Tabela 4
Dados radiográficos de acordo com o tratamento

De acordo com a Tabela 5, pode-se verificar que todos os parâmetros radiográficos sagitais e espinopélvicos apresentaram uma diferença significativa entre o grupo submetido ao tratamento não operatório e a amostra de Pratali et al., com exceção da IP (p= 0,674).

Tabela 5
Comparação dos parâmetros radiográficos entre grupo de tratamento não operatório com os apresentados pelo trabalho de Pratali et al.1515 Pratali RR, Nasreddine MA, Diebo B, Oliveira CEAS, Lafage V. Normal values for sagittal spinal alignment: a study of Brazilian subjects. Clinics (São Paulo) 2018;73:e647

Para a LL, verificou-se que os participantes do estudo de Pratali et al. apresentaram, em média, 9,3° ± 2,0° a mais do que os participantes do grupo não operatório (p< 0,001). Os participantes do estudo atual (grupo não operatório) apresentaram, em média, 19,6 ± 6,1 mm a mais no eixo vertical sacral quando comparados àqueles do estudo de Pratali et al. (p< 0,001). Para a IS, observou-se que os participantes do estudo de Pratali et al. apresentaram, em média, 6,3° ± 1,5° graus a mais quando comparados com os participantes do grupo não operatório. Participantes do estudo atual (grupo não operatório) apresentaram maior média de VP e de IP-LL quando comparados com os valores apresentados pelo estudo de Pratali et al. (p< 0,001), sendo as diferenças médias estimadas em 6,2° ± 1,4° e 19,4° ± 1,8°, respectivamente.

De acordo com a Tabela 6, pode-se observar que todos os parâmetros sagitais e espinopélvicos apresentaram uma diferença significativa entre o grupo submetido ao tratamento operatório e a amostra-controle da população normal brasileira publicada por Pratali et al.,1515 Pratali RR, Nasreddine MA, Diebo B, Oliveira CEAS, Lafage V. Normal values for sagittal spinal alignment: a study of Brazilian subjects. Clinics (São Paulo) 2018;73:e647 com exceção da IP, que não apresentou uma diferença significativa (p= 0,949).

Tabela 6
Comparação entre os parâmetros radiográficos do grupo de tratamento operatório e os apresentados pelo trabalho de Pratali et al.1515 Pratali RR, Nasreddine MA, Diebo B, Oliveira CEAS, Lafage V. Normal values for sagittal spinal alignment: a study of Brazilian subjects. Clinics (São Paulo) 2018;73:e647

Para a LL, verificou-se que os participantes do estudo de Pratali et al. apresentaram, em média, 8,0° ± 2,1° a mais do que os participantes do grupo operatório (p< 0,001). Os participantes do grupo operatório apresentaram, em média, 28,9 ± 5,6 mm a mais no eixo vertical sacral quando comparados com os do estudo de Pratali et al. (p< 0,001). Para a IS, observou-se que os participantes do estudo de Pratali et al. apresentaram, em média, 6,0° ± 1,5° graus a mais quando comparados com os participantes do grupo operatório. Os participantes do grupo operatório apresentaram uma maior média de VP e de IP-LL quando comparados aos valores apresentados pelo estudo de Pratali et al. (p< 0,001), sendo as diferenças médias estimadas em 5,7° ± 1,5° e 18,8° ± 1,7°, respectivamente.

Discussão

Conforme os trabalhos levantados,22 Denis F, Armstrong GW, Searls K, Matta L. Acute thoracolumbar burst fractures in the absence of neurologic deficit. A comparison between operative and nonoperative treatment. Clin Orthop Relat Res 1984;(189):142-149,66 Siebenga J, Leferink VJ, Segers MJ, et al. Treatment of traumatic thoracolumbar spine fractures: a multicenter prospective randomized study of operative versus nonsurgical treatment. Spine 2006;31(25):2881-2890,99 Wood KB, Buttermann GR, Phukan R, et al. Operative compared with nonoperative treatment of a thoracolumbar burst fracture without neurological deficit: a prospective randomized study with follow-up at sixteen to twenty-two years. J Bone Joint Surg Am 2015;97(01):3-9 obtivemos uma amostra de maioria masculina, com me‘dia de 49,8 anos de idade, que teve como mecanismo de trauma mais comum a queda de altura. Entretanto, apresentamos seguimento médio de 109 meses (mínimo de 19 e máximo de 306 meses), tempo de acompanhamento considerado de longo termo dentre os estudos sobre FTE.

Nosso estudo não mostrou diferenças entre a dor lombar medida pela EVA para os pacientes tratados de forma operatória e não operatória. Ao contrário, dados de Shen et al.2020 Shen WJ, Liu TJ, Shen YS. Nonoperative treatment versus posterior fixation for thoracolumbar junction burst fractures without neurologic deficit. Spine 2001;26(09):1038-1045 sugeriram que a cirurgia resultou em melhores pontuações de EVA na comparação com o tratamento não operatório no primeiro mês, embora não houvesse diferenças entre os grupos após 6 meses de lesão.

Pela escala de dor de Denis, a mediana do grupo operatório foi de 3 (2 a 4) e a do não operatório de 3 (2 a 3), sem diferença estatística significativa (p= 0,623) entre os grupos. Nos dois grupos, a maior prevalência foi de pacientes com dor moderada fazendo uso ocasional de medicação. Conforme a escala de trabalho de Denis, a mediana do grupo operatório foi significativamente pior (5 [3 a 5]; p= 0,046), com a maior prevalência de pacientes incapazes de trabalhar. A diferença estatística encontrada na escala de trabalho de Denis no presente estudo não necessariamente estabelece um melhor resultado com o uso de órtese toracolombar, pois as fraturas operadas tenderam a ser mais graves pelo critério cirúrgico do grupo. Além disso, o número de lesões do tipo A4, com maior cominuição, foi significativamente maior no grupo operado.

Em relação à qualidade de vida, não encontramos nenhum dos parâmetros do SF-36 com diferença significativa entre os grupos; porém, piores quando comparados com a amostra considerada normal da população brasileira do estudo de Laguardia et al.2121 Laguardia J, Campos MR, Travassos C, Najar AL, Anjos LA, Vasconcellos MM. Brazilian normative data for the Short Form 36 questionnaire, version 2. Rev Bras Epidemiol 2013;16(04):889-897 Acreditamos que a FTE geralmente compromete pessoas previamente saudáveis que passam por trauma seguido de longo tratamento, muitas das quais exibem desfechos como dor crônica, limitações de movimento e deformidades pós-traumáticas. Tal situação pode alterar hábitos de vida e gerar incapacidade para as atividades de vida diária, piorando a qualidade de vida.

Em relação aos parâmetros radiográficos, não observamos diferença significativa em nenhuma das variáveis analisadas. A maioria dos estudos sobre FTE sem déficit neurológico relacionaram o aumento da CTL com desfechos como dor crônica e piora da função e da qualidade de vida.55 Abudou M, Chen X, Kong X, Wu T. Surgical versus non-surgical treatment for thoracolumbar burst fractures without neurological deficit. Cochrane Database Syst Rev 2013;(06):CD005079

6 Siebenga J, Leferink VJ, Segers MJ, et al. Treatment of traumatic thoracolumbar spine fractures: a multicenter prospective randomized study of operative versus nonsurgical treatment. Spine 2006;31(25):2881-2890

7 Gnanenthiran SR, Adie S, Harris IA. Nonoperative versus operative treatment for thoracolumbar burst fractures without neurologic deficit: a meta-analysis. Clin Orthop Relat Res 2012;470(02): 567-577

8 Vaccaro AR, Silber JS. Post-traumatic spinal deformity. Spine 2001;26(24, Suppl)S111-S118

9 Wood KB, Buttermann GR, Phukan R, et al. Operative compared with nonoperative treatment of a thoracolumbar burst fracture without neurological deficit: a prospective randomized study with follow-up at sixteen to twenty-two years. J Bone Joint Surg Am 2015;97(01):3-9

10 Ghobrial GM, Maulucci CM, Maltenfort M, et al. Operative and nonoperative adverse events in the management of traumatic fractures of the thoracolumbar spine: a systematic review. Neurosurg Focus 2014;37(01):E8
-1111 Rometsch E, Spruit M, Härtl R, et al. Does Operative or Nonoperative Treatment Achieve Better Results in A3 and A4 Spinal Fractures Without Neurological Deficit?: Systematic Literature Review With Meta-Analysis Global Spine J 2017;7(04):350-372 No entanto, a relevância clínica do resultado radiológico é motivo de debate, não existindo nenhum estudo que demonstre uma associação inequívoca de resultados radiológicos e clínicos após FTE de Denis A3 e A4 AOSpine.

A metanálise feita por Rometsch et al.1111 Rometsch E, Spruit M, Härtl R, et al. Does Operative or Nonoperative Treatment Achieve Better Results in A3 and A4 Spinal Fractures Without Neurological Deficit?: Systematic Literature Review With Meta-Analysis Global Spine J 2017;7(04):350-372 não encontrou diferença nos resultados de incapacidade ou dor entre o tratamento operatório e não operatório, resultados semelhantes aos do nosso estudo. A análise radiográfica da revisão não foi realizada devido à grande variedade de diferentes técnicas de mensuração de CTL.

Com base nos conhecimentos atuais do alinhamento sagital da coluna vertebral, a análise apenas da CTL focal não é adequada. Analisar de forma global todo o alinhamento espinopélvico nos garante resultados mais fiéis da consequência do aumento da CTL causados pela lesão traumática. Porém, são poucos os estudos que realizaram análise global dos parâmetros espinopélvicos de pacientes com FTE.1212 Koller H, Acosta F, Hempfing A, et al. Long-term investigation of nonsurgical treatment for thoracolumbar and lumbar burst fractures: an outcome analysis in sight of spinopelvic balance. Eur Spine J 2008;17(08):1073-1095,1313 Joaquim AF, Rodrigues SA, DA Silva FS, et al. Is There an Association With Spino-Pelvic Relationships and Clinical Outcome of Type A Thoracic and Lumbar Fractures Treated Non-Surgically? Int J Spine Surg 2018;12(03):371-376,2222 Mayer M, Ortmaier R, Koller H, et al. Impact of Sagittal Balance on Clinical Outcomes in Surgically Treated T12 and L1 Burst Fractures: Analysis of Long-Term Outcomes after Posterior-Only and Combined Posteroanterior Treatment. BioMed Res Int 2017; 2017:1568258

Koller et al.1212 Koller H, Acosta F, Hempfing A, et al. Long-term investigation of nonsurgical treatment for thoracolumbar and lumbar burst fractures: an outcome analysis in sight of spinopelvic balance. Eur Spine J 2008;17(08):1073-1095 analisaram retrospectivamente os parâmetros espinopélvicos de 21 pacientes, incluindo fraturas da região toracolombar e lombar do tipo explosão sem lesão neurológica (A3 AOSpine), tratados de forma não operatória com seguimento de 9 anos. Os autores constataram uma forte correlação entre idade e pior desfecho no que tange a EVA lombar nas FTEs. Os idosos estavam bem nos primeiros anos após a lesão; contudo, posteriormente, eles notaram um aumento da dor no nível da fratura. Possivelmente, entendemos, por perder o potencial de compensação do alinhamento sagital em razão da sarcopenia e das alterações degenerativas da coluna vertebral.

Mayer et al.2222 Mayer M, Ortmaier R, Koller H, et al. Impact of Sagittal Balance on Clinical Outcomes in Surgically Treated T12 and L1 Burst Fractures: Analysis of Long-Term Outcomes after Posterior-Only and Combined Posteroanterior Treatment. BioMed Res Int 2017; 2017:1568258 realizaram um estudo retrospectivo de 36 adultos com FTEs exclusivas tratados de forma operatória. Os resultados demonstraram a interdependência entre o alinhamento sagital e os desfechos clínicos. Eles também apoiam a suposição de que a restauração estável do alinhamento toracolombar para a normalidade e sua manutenção tem um impacto positivo no resultado clínico. Contudo, a análise estatística não atingiu o nível de significância para as diferenças entre os grupos tratados por via posterior e por via combinada posterior e anterior. A análise intergrupo não revelou diferenças significativas nas medidas radiográficas espinopélvicas globais sagitais ou nas medidas de resultados clínicos.

Em relação ao alinhamento sagital, observamos que os parâmetros estavam significativamente piores nestes pacientes, tanto nos operados como nos não operados, na comparação com o grupo controle da população brasileira assintomática.1515 Pratali RR, Nasreddine MA, Diebo B, Oliveira CEAS, Lafage V. Normal values for sagittal spinal alignment: a study of Brazilian subjects. Clinics (São Paulo) 2018;73:e647 Uma hipótese é que estes pacientes, apesar de alinhados de forma global, já apresentam algum fator inicial de compensação da versão pélvica em razão da cifose residual da transição toracolombossacral. Possivelmente, como nossa amostra foi de pacientes jovens (média de idade de 49,8 anos; DP ± 15,2 anos), houve maior capacidade de compensação do alinhamento global em função da musculatura estabilizadora lombar e pélvica mais eficientes do que nos idosos. Estudos futuros podem ser realizados para análise da capacidade de compensação pélvica nos pacientes idosos quando ocorre a perda da lordose fisiológica (aumento natural do EVS e da VP) e sarcopenia.

Atualmente, discute-se a influência muscular no desalinhamento sagital. Pesquisas em indivíduos sem deformidades da coluna vertebral demonstraram um aumento na infiltração de gordura de quase 15% com o envelhecimento.2323 Meakin JR, Fulford J, Seymour R, Welsman JR, Knapp KM. The relationship between sagittal curvature and extensor muscle volume in the lumbar spine. J Anat 2013;222(06):608-614 Da mesma forma, alguns autores observaram diminuição do volume e aumento da infiltração de gordura dos eretores da coluna em pacientes com perda da lordose lombar.2424 Kang CH, Shin MJ, Kim SM, Lee SH, Lee CS. MRI of paraspinal muscles in lumbar degenerative kyphosis patients and control patients with chronic low back pain. Clin Radiol 2007;62(05): 479-486 Ferrero et al.,2525 Ferrero E, Skalli W, Lafage V, et al. Relationships between radiographic parameters and spinopelvic muscles in adult spinal deformity patients. Eur Spine J 2020;29(06):1328-1339 em coorte prospectiva, relacionou a qualidade muscular com parâmetros espinopélvicos. O desalinhamento sagital foi associado ao aumento de infiltração gordurosa e à diminuição dos volumes musculares, com resultados clínicos ruins.

Na comparação com a literatura, nosso estudo apresenta um grupo homogêneo de pacientes (A3 e A4) e tempo mínimo de acompanhamento de 19 meses, considerado de longo prazo. Entretanto, o desenho do presente estudo transversal permite formular apenas hipóteses que podem ser confirmadas ou não com estudos prospectivos e com grupo controle em longo prazo. Ademais, os pacientes avaliados foram todos os que retornaram ao ambulatório. Sabemos que a perda de acompanhamento no contexto do Sistema Unificado de Saúde (SUS) é, em geral, relevante. Contudo, parece que estes pacientes utilizam mecanismos compensatórios para manter de forma global e local espinopélvicos a coluna vertebral alinhada. Sugerimos a realização de estudos prospectivos em longo prazo para melhorar o nível de evidência desta hipótese.

Conclusões

O alinhamento espinopélvico em pacientes com FTE sem déficit neurológico tratados de forma não operatória e operatória após acompanhamento mínimo de 19 meses foi normal; entretanto, os pacientes apresentaram médias maiores de VP e de IP-LL quando comparadas aos valores de referência da população brasileira.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Maio 2023
  • Data do Fascículo
    Jan-Feb 2023

Histórico

  • Recebido
    01 Mar 2022
  • Aceito
    26 Jul 2022
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