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Depressão antenatal prediz fortemente depressão pós-parto na atenção básica à saúde

OBJETIVO: Estimar a associação entre depressão pré-natal e pós-natal, e examinar o papel das condições sócioeconômicas sobre o risco de depressão pós-parto. MÉTODOS: Estudo de coorte prospectivo, realizado entre maio de 2005 e janeiro de 2006, com 831 gestantes recrutadas de clínicas de cuidados básicos, do setor público, na cidade de São Paulo, Brasil. Presença de depressão pré-natal e pós-natal foi medida com o Self Report Questionnaire (SRQ-20). Características sócio-demográficas e socioeconômicas, e informações obstétricas foram obtidas através de um questionário. Riscos relativos (RR), bruto e ajustado, com IC de 95%, foram calculados usando Regressão de Poisson. RESULTADOS: A prevalência de sintomas depressivos pós-natal foi de 31,2% (IC95% 27,8-34,8%). Entre as 219 mães que tinham sintomas depressivos, quase 50% já haviam mostrado sintomas depressivos durante a gravidez. Mulheres que tiveram depressão pré-natal tiveram risco 2,4 vezes maior de apresentar depressão pós-parto do que as mulheres que não tiveram tais sintomas durante a gravidez. Na análise multivariada, maior escore de bens (RR: 0,76; IC95% 0,1-0,96), maior escolaridade (RR: 0,75; IC95% 0,59-0,96), contacto diário com vizinhos (RR: 0.68; IC95% 0,51-0,90) e depressão pré-natal (RR:2,44; IC95% 1,93-3,08) permaneceram independentemente associadas com depressão pós-parto. CONCLUSÕES: Depressão pré-natal e pós-natal são altamente prevalentes na atenção primária, e profissionais de saúde devem ser treinados para realizar intervenções simples e eficazes, o mais precocemente possível.

Depressão antenatal; Depressão pós-parto; Fatores de risco; SRQ-20


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