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Concepções populares da esquizofrenia em Cabo Verde, África

INTRODUÇÃO: Tem sido bem documentado que a esquizofrenia apresenta um melhor curso clínico em países em desenvolvimento. Ainda que haja muitos estudos epidemiológicos demonstrando essa associação, poucas pesquisas têm sido realizadas para investigar os sistemas de representação nacional de esquizofrenia nesses países. OBJETIVOS: Este estudo está focado nos fatores culturais da esquizofrenia, a saber: os sistemas de representação nacional da enfermidade, bem como o que se entende no país como comportamento desviante e sua aceitação e os mecanismos de inserção ou exclusão sociocultural dos pacientes com esquizofrenia em Cabo Verde, África. MÉTODOS: Foram realizadas entrevistas abertas aleatorizadas com parentes de pacientes em tratamento no serviço ambulatorial de saúde mental do Hospital Batista de Sousa (Ilha de São Vicente), entre 1994 e 1995. As entrevistas avaliaram os históricos da doença dos pacientes em relação aos problemas e estratégias utilizadas pela família para lidar com tais problemas e comentam sobre a sobrecarga social e familiar. RESULTADOS: Vinte entrevistas com parentes próximos de 10 pacientes foram analisadas. O estudo foi focado em três categorias principais para explicar a esquizofrenia: "cabeça cansada", "nervoso" e categorias sobrenaturais (como "bruxaria" e feitiçaria"). Os entrevistados expressaram sua opinião, seja de forma explícita ou não, sobre se seus parentes realmente tinham uma doença. CONCLUSÕES: As características das categorias nacionais da esquizofrenia encontradas em Cabo Verde podem ser encaradas como uma forma menos estigmatizante de tratar a doença. É razoável supor que a compreensão desses fatores culturais poderia levar a melhores desfechos no tratamento de esquizofrenia neste país e também em outros onde similares condições podem ser identificadas.

Esquizofrenia; Esquizofrenia; Ajustamento social; África; Entrevistas


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