Todos sabem que a democracia teve um papel importante na Doutrina Bush. O que nem todos sabem é que esse papel foi essencial para que a doutrina pudesse ser posta em operação, sob a qual a invasão do Iraque foi preparada e conduzida. Será argumentado também que, ainda que agressiva, a Doutrina Bush é compatível com a Tradição Liberal americana. Para demonstrar esses argumentos, serão analisados os vínculos entre democracia, segurança e os interesses nacionais americanos, conforme identificados nos pilares da política externa americana desde o fim da Guerra Fria. A crença da administração Bush nos efeitos positivos da exportação de democracia pela força para o Afeganistão e para o Iraque no combate ao terrorismo será destacada. Será mostrado, contudo, que entre as justificativas e motivações para as intervenções militares nos dois países, as razões de segurança prevaleceram sobre preocupações democráticas, embora esta última esteja significativamente presente desde as primeiras horas após o 11 de setembro. Depois que se tornou claro, no entanto, que as armas de destruição em massa não existiam no Iraque, a exportação de democracia como arma definitiva de combate ao terrorismo cresceu significativamente como justificativa para as invasões dos rogue states e se sobrepôs às motivações de segurança. O artigo usa a análise de conteúdo qualitativa e quantitativa dos discursos do Presidente Bush e de seus Secretários de Estado e Defesa.
Afeganistão; doutrina Bush; exportação de democracia; Iraque; intervenção militar