Resumos
Introdução
A osteoartrite (OA) é uma das dez doenças mais incapacitantes nos países desenvolvidos e uma das principais causas de dor e incapacitação no mundo. O diagnóstico precoce aumenta a probabilidade de prevenção da progressão da doença.
Objetivos
Estimar a prevalência de osteoartrite auto-referida e a qualidade de vida em adultos portugueses com 45 ou mais anos de idade.
Métodos
Estudo observacional, transversal, implementado em domicílios por entrevista interpessoal.
Resultados
Foram incluídos no estudo 1039 indivíduos com idade média de 62 anos, sendo 54,2% do gênero feminino. A prevalência de osteoartrite auto-referida foi de 9,9%. Os joelhos e as mãos foram o local mais freqüente da doença. A prevalência de OA foi maior em mulheres e em participantes sem atividade profissional. A presença de OA foi maior em participantes com comorbidades. A maioria dos indivíduos já tinham passado por algum tratamento em alguma ocasião de suas vidas para esta doença: 94,5% tiveram tratamento farmacológico, 49,5% fisioterapia, e 19,8% atividade física. A dor estava associada com a estatura, com alguns locais da doença, especificamente pescoço, coluna lombar e ombros, pontuação do SF12 para qualidade de vida, e medidas de impacto no cotidiano dos participantes, gravidade da doença e incapacitação. O impacto da OA no dia-a-dia foi maior em indivíduos que tinham gozado licença por doença ou que pararam de trabalhar por causa da OA, apresentavam-se com pior saúde física e mental, e exibiam maior gravidade da doença.
Conclusão
Este estudo confirmou que a osteoartrite é uma doença muito relevante, com impacto potencial elevado na qualidade de vida, no funcionamento e na capacidade para o trabalho e, por causa de sua prevalência, exerce um impacto social muito elevado e crescente.
Osteoartrite; Qualidade de vida; Auto-relato
Introduction
Osteoarthritis (OA) is one of the ten most disabling diseases in developed countries and one of the leading causes of pain and disability over the world. Early diagnosis increases the likelihood of preventing disease progression.
Objectives
To estimate the prevalence of self-reported osteoarthritis and quality of life in Portuguese adults with 45 or more years old.
Methods
Observational, cross-sectional study, implemented in households by face-to-face interview.
Results
1039 subjects with mean age of 62 years and 54.2% female were included. The prevalence of self-reported osteoarthritis was 9.9%. Knees and hands were the most frequent site of disease. The prevalence of OA was higher in women and in participants without professional activity. Presence of OA was higher in participants with comorbidities. Most subjects have done some treatment at some point in time for this disease: 94.5% had drug therapy, 49.5% physiotherapy, and 19.8% physical activity. Pain was associated with height, with some disease locations specifically neck, lower spine and shoulders, SF12 scores of quality of life, and measurements of impact in daily living, severity of disease and disability. The impact of OA in daily living was greater in subjects that had been on sick leave or stopped working due to OA, had worse physical and mental health, and with more severe of disease.
Conclusion
This study confirmed that osteoarthritis is a very relevant disease with a high potential impact on quality of life, function and work ability and because of its prevalence with a very high growing social impact.
Osteoarthritis; Quality of life; Self-report
Introdução
A osteoartrite (OA) é a mais importante das doenças reumáticas, afetando todos os
componentes das articulações, sobretudo a cartilagem articular.11 World Health Organization (WHO) [internet]. Available from:
http://www.who.int/chp/topics/rheumatic/en/.[Accessed in January 15,
2013].
http://www.who.int/chp/topics/rheumatic/...
OA é uma das dez doenças mais incapacitantes em países
desenvolvidos,11 World Health Organization (WHO) [internet]. Available from:
http://www.who.int/chp/topics/rheumatic/en/.[Accessed in January 15,
2013].
http://www.who.int/chp/topics/rheumatic/...
e acredita-se que seja a
doença articular crônica mais prevalente.22 Bijlsma JW, Berenbaum F, Lafeber FP. Osteoarthritis: an update with
relevance for clinical practice. Lancet. 2011;377:2115-26.
Trata-se, de longe, da forma mais comum de artrite e uma das principais causas de
dor e incapacitação em todo o mundo.11 World Health Organization (WHO) [internet]. Available from:
http://www.who.int/chp/topics/rheumatic/en/.[Accessed in January 15,
2013].
http://www.who.int/chp/topics/rheumatic/...
,33 Guermazi A, Niu J, Hayashi D, Roemer FW, Englund M, Neogi T, et al.
Prevalence of abnormalities in knees detected by MRI in adults without knee
osteoarthritis: population based observational study (Framingham Osteoarthritis
Study). BMJ. 2012;345:e5339.
A dor é o principal sintoma em pacientes com OA,44 DiBonaventura MC, Gupta S, McDonald M, Sadosky A. Evaluating the
health and economic impact of osteoarthritis pain in the workforce: results from
the National Health and Wellness Survey. Musculoskeletal Disorders.
2011;12:83. com impacto significativo na capacidade funcional, causando
deficiência grave nas atividades da vida diária, e estando associada com perda
considerável de produtividade e com a diminuição da qualidade de vida.44 DiBonaventura MC, Gupta S, McDonald M, Sadosky A. Evaluating the
health and economic impact of osteoarthritis pain in the workforce: results from
the National Health and Wellness Survey. Musculoskeletal Disorders.
2011;12:83.
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knee osteoarthritis. Curr Opin Rheumatol. 2010;22:533-7. Considerada uma doença relacionada à idade, OA tem maior probabilidade
de afetar as articulações que ficam continuamente sob stress ao longo dos anos,
incluindo joelhos, quadris, pequenas articulações das mãos e região inferior da
coluna.11 World Health Organization (WHO) [internet]. Available from:
http://www.who.int/chp/topics/rheumatic/en/.[Accessed in January 15,
2013].
http://www.who.int/chp/topics/rheumatic/...
,44 DiBonaventura MC, Gupta S, McDonald M, Sadosky A. Evaluating the
health and economic impact of osteoarthritis pain in the workforce: results from
the National Health and Wellness Survey. Musculoskeletal Disorders.
2011;12:83.,88 The National Collaborating Centre for Chronic Conditions.
Osteoarthritis: National clinical guideline for care and managemen in adults.
London: Royal College of Physicians; 2008.
Em todo o mundo, estima-se que 9,6% dos homens e 18,0% das mulheres com idade acima
de 60 anos padecem de osteoartrite sintomática.11 World Health Organization (WHO) [internet]. Available from:
http://www.who.int/chp/topics/rheumatic/en/.[Accessed in January 15,
2013].
http://www.who.int/chp/topics/rheumatic/...
Os principais fatores de risco associados à OA são idade, gênero (mais
frequente em mulheres), obesidade, doenças metabólicas ou endócrinas, trauma ou
sobrecarga articular, e também fatores genéticos.88 The National Collaborating Centre for Chronic Conditions.
Osteoarthritis: National clinical guideline for care and managemen in adults.
London: Royal College of Physicians; 2008.
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[Accessed in August, 2011].
http://www.jasfarma.pt/artigo.php?public...
No entanto, a
importância dos fatores de risco individuais varia, chegando mesmo a diferir,
dependendo da articulação.88 The National Collaborating Centre for Chronic Conditions.
Osteoarthritis: National clinical guideline for care and managemen in adults.
London: Royal College of Physicians; 2008. Contudo, muitos
fatores de risco para o estilo de vida são reversíveis ou evitáveis – o que tem
implicações importantes para a sua prevenção. O diagnóstico precoce aumenta a
probabilidade de prevenir a progressão da doença até situações de maior
incapacitação.
Tendo em vista que os pacientes frequentemente ignoram a dor e os sintomas, OA tende a progredir quase que silenciosamente. Os pacientes devem ter conhecimento de sua doença e ter um plano de prevenção, evitando mecanismos que possam intensificar sua progressão e usando tratamentos farmacológicos que possam impedir a degradação estrutural da articulação.
O estudo MOVES teve como objetivo estimar a prevalência de osteoartrite auto-referida e seu impacto na qualidade de vida em portugueses adultos com 45 ou mais anos de idade. Neste estudo, buscou-se comparar indivíduos com e sem OA auto-referida, considerando alguns dos parâmetros que podem contribuir para uma pior qualidade de vida e perda de funcionalidade.
Métodos
Este estudo transversal observacional foi realizado em 17 municipalidades de Portugal Continental entre 27 de setembro e 26 de outubro de 2011. Para garantir a representatividade da população, a amostra foi estratificada por região (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve), idade e gênero, de acordo com estimativas do Instituto Nacional de Estatística (Estatísticas Demográficas, 2008). Este estudo foi implementado em domicílios, com seleção de rua por procedimento aleatório. Os questionários foram aplicados por meio de entrevistas face-a-face por entrevistadores especificamente treinados. As pessoas dos domicílios selecionados eram convidadas a participar se tivessem mais de 45 anos de idade e concordassem em participar do estudo.
Estimamos uma amostra de 1.039 participantes para possibilitar o cálculo dos intervalos de confiança de 95% (IC 95%) para a prevalência auto-referida de osteoartrite com um erro de precisão de 1,8%.
Os dados coletados junto a todos os respondentes consistiram de variáveis sociodemográficas, atividade profissional e condições de trabalho, comorbidades e aspectos de auto-relato da doença. Para os indivíduos que relataram OA, também foram recolhidos dados específicos, incluindo a caracterização da OA (data do diagnóstico, sintomas, localização da doença), capacidade de trabalho e licença por doença, tratamento e caracterização terapêutica, e qualidade de vida e funcionalidade (SF-12 v2.0). Além disso, os participantes foram convidados a responder a cinco escalas visuais analógicas (EVAs) para medir a intensidade da dor, o impacto da OA no cotidiano da pessoa, a gravidade da doença, o nível de incapacitação e a percepção do paciente com respeito à importância que o médico dá à doença.
Análise estatística
As estimativas auto-referidas de prevalência da osteoartrite foram calculadas para a população Portuguesa e estratificadas por região, idade e gênero. Os resultados foram subdivididos em dois grupos: indivíduos com OA auto-referida e indivíduos sem OA auto-referida.
Os escores do instrumento SF-12 v2.0 foram obtidos com o Health Outcomes Scoring Software 4.5 e variam entre 0 e 100 (valores mais altos indicam melhor qualidade de vida/estado de saúde).
Utilizamos os testes do qui-quadrado (QQ) e exato de Fisher (FS) em caso de baixas freqüencias esperadas, com o objetivo de identificar associações entre osteoartrite e variáveis qualitativas. Aplicamos o teste U de Mann-Whitney (não paramétrico) para comparar os participantes com e sem osteoartrite e variáveis quantitativas, uma vez que a suposição de normalidade não foi aceita (Kolmogorov-Smirnov). A associação entre variáveis quantitativas foi confirmada com o coeficiente de correlação de Spearman. Os diversos resultados da análise de regressão logística para presença de OA auto-referida estão apresentados por meio de razão de chances (odds ratio [OR]) e por intervalos de confiança de 95%. Todos os testes foram bilaterais, sendo considerado um nível de significância de 5%. As análises estatísticas foram realizadas com o uso do programa IBM® SPSS® Statistics 18.
Este estudo observacional foi registrado no ClinicalTrials.gov, sob o número NCT01423097.
Resultados
Este estudo incluiu 1.039 participantes com idade média de 62 anos (45-99 anos); 54,2% eram mulheres. A tabela 1 resume as características sociodemográficas e antropométricas da amostra total e por grupo (com ou sem OA).
No geral, cerca de 72% da amostra viviam com o cônjuge e/ou filhos. Sobrepeso foi observado em quase metade dos pacientes (47,0%) e obesidade estava presente em 18,0%. 65% dos participantes não exerciam qualquer atividade profissional, a maioria deles (76,2%) por aposentadoria não causada por OA. A idade média de início da atividade profissional foi de 15,2 anos (DP = 5,7).
Hipertensão arterial foi a comorbidade mais frequente (32,2%), seguida por diabetes (15,4%) e doenças cardiovasculares (14,2%). Aproximadamente 30% dos participantes relataram não sofrer qualquer doença.
Neste estudo, a prevalência de osteoartrite auto-referida foi de 9,9% (IC 95%: 8,1-11,7%).
A prevalência de OA foi maior em mulheres (13,3% versus 5,9%, P <0,001) em indivíduos do Norte de Portugal, em participantes sem atividade profissional, como mostra a tabela 1. Os participantes com OA eram mais idosos (idade mediana = 64) e tinham menor número de anos de escolaridade.
Para a amostra total, a prevalência auto-referida de OA foi de 6,3% nos joelhos e 5,5% e 3,1% nas mãos e pés, respectivamente. A coluna vertebral teve prevalência de 2,7% e os tornozelos e quadris, 2,2%. Punhos, ombros, cotovelos, pescoço e coluna torácica tiveram, todos, prevalência inferior a 2%.
A presença de OA foi mais elevada em participantes com comorbidades (13,5% versus 1,6%, sem comorbidade, P <0,001). Indivíduos com OA apresentaram maior número mediano de comorbidades (2 versus 1 em indivíduos sem OA, P <0,001).
A prevalência de OA foi associada a algumas das comorbidades: artrite reumatoide, depressão, problemas renais, transtornos intestinais, osteoporose, transtornos cardiovasculares, diabetes e hipertensão (fig. 1).
Os resultados de várias regressões logísticas para a presença de osteoartrite auto-referida (tabela 2) mostraram que o risco de OA é 2 vezes maior para as mulheres, 2,6 vezes maior para indivíduos com artrite reumatoide e 1,8 vezes maior para aqueles com mais comorbidades.
Para o subgrupo de pacientes com OA auto-referida, coletamos dados extras com o objetivo de compreender quais as variáveis que poderiam ter tido algum impacto na doença. A tabela 3 resume as variáveis de avaliação dos pacientes com OA.
Neste grupo de indivíduos, a média de idade por ocasião do diagnóstico foi de 52 anos de idade (20-85 anos), e o tempo médio transcorrido entre a queixa e o diagnóstico foi de três anos, variando de 1 mês a 35 anos. A duração média da doença foi de 13 anos (1-56 anos). Na maioria dos casos, um clínico geral foi o responsável pelo diagnóstico da doença (63,0%), e foi o profissional que acompanhou o paciente (58,4%). Aproximadamente 92% dos indivíduos com prevalência auto-referida tinham o diagnóstico radiograficamente confirmado.
Entre os pacientes com OA, joelhos e mãos foram os locais mais frequentemente acometidos pela doença (63,1% e 55,3%, respectivamente); coluna torácica foi o local menos frequentemente registrado (8,7%).
Aproximadamente 30% dos indivíduos com OA gozaram de licença por doença em algum momento, ou pararam de trabalhar devido a esta condição. O absenteísmo variou entre 3 dias e 3 anos. Entre esses indivíduos, 41,4% mudaram seu tipo de trabalho, 34,5% mudaram a forma de trabalhar por motivos relacionados com a OA e 10,3% pararam completamente de trabalhar por causa da doença.
Em sua maioria, os pacientes com prevalência de OA (88,3%) fizeram algum tipo de tratamento para esta doença em algum momento de suas vidas: 94,5% fizeram tratamento farmacológico, 49,5% fisioterapia e 19,8% atividade física; também foram citadas cirurgia e dieta especial. Aproximadamente 84% dos pacientes tomavam AINEs para tratamento da OA (42,0% usavam exclusivamente AINEs), 46,9% tomavam analgésicos (3,7% usavam exclusivamente analgésicos) e 34,6% usavam drogas modificadoras de doença (DMARDs) (6,2% usavam exclusivamente DMARDs) (tabela 3).
Em sua maioria, os indivíduos entrevistados relataram o uso de analgésicos (52,4%) ou anti-inflamatórios (86,9%) nos três meses anteriores ao estudo. Em média, o consumo de analgésicos ocorreu quatro dias/semana (1-7 dias por semana) durante 6 semanas. O uso de anti-inflamatórios ocorreu, em média, 5 dias/semana durante 7 semanas.
A tabela 3 lista os resultados da avaliação com EVA. Em média, a intensidade da dor chegou a 4,5 pontos, enquanto a gravidade da doença alcançou 5,9 pontos, considerando-se um nível médio de incapacitação de 5,3. O impacto no dia-a-dia dos participantes chegou a 6,1 pontos na EVA; no ponto de vista dos pacientes, esse é o parâmetro mais importante associado a esta doença. A percepção do indivíduo com relação à importância que o médico dá à doença recebeu 6,4 pontos.
A análise de SF-12 V2.0 demonstrou que a pontuação global para a saúde mental registrou um valor superior ao escore global para a saúde física, sugerindo que os pacientes têm melhor qualidade de vida mental do que física (45,9 pontos [DP = 12,7] e 38,5 pontos [DP = 9,3], respectivamente) (fig. 2).
Foram feitos testes de associação com o objetivo de entender quais as variáveis que se relacionavam com dor em pacientes com OA. No presente estudo, a dor foi associada com a estatura (rs = –0,221, P = 0,025) e com alguns locais acometidos pela doença [pescoço (7,9 versus 4,2 pontos para OA em outros locais; P = 0,008); mãos (5,0 versus 3,1 pontos para OA em outros locais, P = 0,029); coluna vertebral (7,3 versus 4,1 pontos para OA em outros locais, P = 0,020); e ombros (7,2 versus 4,1 pontos para OA em outros locais, P = 0,025)]. A dor também foi associada com escores do SF12 para qualidade de vida (saúde física: rs = –0,479, P <0,001 e saúde mental: rs = –0,414, P <0,001) e medições na EVA para impacto da OA no dia-a-dia (rs = 0,524, P <0,001), gravidade da doença (rs = 0,557, P <0,001) e nível de incapacitação (rs = 0,587, P <0,001).
Também foram avaliados os parâmetros com os quais estava relacionado o impacto da OA na vida diária (EVA). Escores estatisticamente mais elevados para o impacto da OA no cotidiano foram obtidos por indivíduos que estavam em licença médica ou que tinham parado de trabalhar em decorrência da OA (8,1 pontos versus 6,0 pontos, P = 0,001). Além disso, um maior impacto da OA na vida diária foi associado com pior saúde física (rs = –0,582, P <0,001), pior saúde mental (rs = –0,460, P <0,001) e maior gravidade da doença (rs = 0,506, P <0,001).
Discussão
Este estudo epidemiológico teve como objetivo avaliar a osteoartrite em indivíduos
adultos com mais de 45 anos de idade em Portugal. Os resultados sugerem que a
prevalência da OA auto-referida na população portuguesa com 45 anos ou mais de idade
se situa entre 8,1 e 11,7%. Este resultado é semelhante aos dados de prevalência
relatados em países como Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Nova
Zelândia, Bélgica e Holanda.1111 Wong R, Davis AM, Badley E, Grewal R, Mohammed M. Prevalence of
arthritis and rheumatic diseases around the world. Models of Care in Arthritis,
Bone & Joint Disease (MOCA). 2010.,1212 Roux CH, Saraux A, Mazieres B, Pouchot J, Morvan J, Fautrel B, et
al. Screening for hip and knee osteoarthritis in the general population:
predictive value of a questionnaire and prevalence estimates. Ann Rheum Dis.
2008;67:1406-11. A prevalência
global da OA entre os habitantes da Noruega foi de 12,8%, sendo significativamente
maior entre as mulheres, em comparação com os homens.1313 Grotle M, Hagen KB, Natvig B, Dahl FA, Kvien TK. Prevalence and
burden of osteoarthritis: results from a population survey in Norway. J
Rheumatol. 2008;35:677-84.,1414 Sakalauskiene G, Jauniskiene D. Osteoarthritis: etiology,
epidemiology, impact on the individual and society and the main principles of
management. Medicina (Kaunas). 2010;46:790-7. Na população
holandesa com OA, a prevalência de osteoartrite no joelho foi maior do que no
quadril, o que também é relatado em outros países,1212 Roux CH, Saraux A, Mazieres B, Pouchot J, Morvan J, Fautrel B, et
al. Screening for hip and knee osteoarthritis in the general population:
predictive value of a questionnaire and prevalence estimates. Ann Rheum Dis.
2008;67:1406-11.,1414 Sakalauskiene G, Jauniskiene D. Osteoarthritis: etiology,
epidemiology, impact on the individual and society and the main principles of
management. Medicina (Kaunas). 2010;46:790-7. bem como em
nosso estudo em Portugal.1515 Picavet HS, Hazes JM. Prevalence of self reported musculoskeletal
diseases is high. Ann Rheum Dis. 2003;62:644-50. Na Polônia, OA
foi diagnosticada em 14,7% dos participantes. A ocorrência de OA aumentou com a
idade, sendo mais elevada na faixa etária acima dos 50 anos, e mais frequente em
mulheres.1414 Sakalauskiene G, Jauniskiene D. Osteoarthritis: etiology,
epidemiology, impact on the individual and society and the main principles of
management. Medicina (Kaunas). 2010;46:790-7. A Espanha revelou uma
prevalência estimada de OA sintomática no joelho de 10,2% na população adulta em
geral com mais de 20 anos de idade, e de 6,2% para OA sintomática na mão. Estes
resultados estavam relacionados principalmente a uma alta taxa de dor no joelho em
mulheres com mais de 55 anos.1414 Sakalauskiene G, Jauniskiene D. Osteoarthritis: etiology,
epidemiology, impact on the individual and society and the main principles of
management. Medicina (Kaunas). 2010;46:790-7.,1616 Carmona L, Ballina J, Gabriel R, Laon A. on behalf of the EPISER
Study Group. The burden of musculoskeleta diseases in the general population of
Spain: results from a national survey. Ann Rheum Dis.
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No entanto, a maioria dos estudos na literatura1111 Wong R, Davis AM, Badley E, Grewal R, Mohammed M. Prevalence of
arthritis and rheumatic diseases around the world. Models of Care in Arthritis,
Bone & Joint Disease (MOCA). 2010.,1313 Grotle M, Hagen KB, Natvig B, Dahl FA, Kvien TK. Prevalence and
burden of osteoarthritis: results from a population survey in Norway. J
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14 Sakalauskiene G, Jauniskiene D. Osteoarthritis: etiology,
epidemiology, impact on the individual and society and the main principles of
management. Medicina (Kaunas). 2010;46:790-7.-1515 Picavet HS, Hazes JM. Prevalence of self reported musculoskeletal
diseases is high. Ann Rheum Dis. 2003;62:644-50. relatam dados de prevalência de OA
sintomática no joelho, mão e quadril. São muito escassas as informações sobre outros
locais acometidos pela doença.
O presente estudo utiliza informações obtidas por auto-relato; por isso há algumas limitações, visto dispensarem confirmação médica do diagnóstico. Portanto, é possível que algumas pessoas se descrevam como diagnosticadas, quando na verdade não estavam; por outro lado, alguns indivíduos podem pensar que foram diagnosticados com outra enfermidade, mas na verdade receberam um diagnóstico de OA, o que implica risco de diagnóstico falso-positivo ou falso-negativo. Em resumo, a avaliação da doença por meio de informações obtidas por auto-relato pode levar a alguns erros de diagnóstico; não obstante, tais informações são consideradas como um importante indicador da condição de uma pessoa, mesmo dependendo de como ela percebe e identifica sua doença.
Como esperado, em nosso estudo, os locais mais comuns para ocorrência de OA também
foram joelhos e mãos. No entanto, apesar da elevada evidência de OA do quadril
relatada em outros países,1313 Grotle M, Hagen KB, Natvig B, Dahl FA, Kvien TK. Prevalence and
burden of osteoarthritis: results from a population survey in Norway. J
Rheumatol. 2008;35:677-84.,1919 Driving musculoskeletal health for Europe (eumusc.net). [internet].
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2008;67:432-9. esse achado não ficou demonstrado nesta população portuguesa.
Idade, gênero, obesidade, lesões, ocupação e atividade física são alguns dos fatores
de risco associados com OA, já exaustivamente discutidos previamente na literatura
publicada.1414 Sakalauskiene G, Jauniskiene D. Osteoarthritis: etiology,
epidemiology, impact on the individual and society and the main principles of
management. Medicina (Kaunas). 2010;46:790-7.,2222 Zhang Y, Jordan JM. Epidemiology of osteoarthritis. Clin Geriatr
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O dano oxidativo que ocorre com o envelhecimento é um dos principais responsáveis
pela ocorrência da OA. Em comparação com os homens, as mulheres têm maior propensão
de sofrer OA, havendo também maior tendência de acometimento das formas mais graves
da doença. Os resultados deste estudo confirmam esses achados, em que a prevalência
de OA é maior em mulheres do que em homens, concordando com resultados relatados por
estudos em outros países.1111 Wong R, Davis AM, Badley E, Grewal R, Mohammed M. Prevalence of
arthritis and rheumatic diseases around the world. Models of Care in Arthritis,
Bone & Joint Disease (MOCA). 2010.,1313 Grotle M, Hagen KB, Natvig B, Dahl FA, Kvien TK. Prevalence and
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2008;26:324-32.,2525 Symmons D, Mathers C, Pfleger B. Global burden of osteoarthritis in
the year 2000. Draft 15-08-06 Available from: http://www.who.int/healthinfo/en/4
Accessed in June, 2013].
http://www.who.int/healthinfo/en/4...
,2727 Issa R, Griffin TM. Pathobiology of obesity and osteoarthritis:
integrating biomechanics and inflammation. Pathobiology of Aging &
Age-related Diseases. 2012;2:17470. houve associação entre idade e OA, tendo sido observada uma idade
mediana mais alta em indivíduos com OA.
Alguns estudos demonstraram que os fatores de risco para OA de diferente localização podem variar. Na Itália, os resultados para OA no quadril revelaram correlações com peso, fatores genéticos, gênero, traumas prévios, fatores ocupacionais e idade, enquanto que OA no joelho teve grande correlação com peso, estilo de vida e atividade física.1414 Sakalauskiene G, Jauniskiene D. Osteoarthritis: etiology, epidemiology, impact on the individual and society and the main principles of management. Medicina (Kaunas). 2010;46:790-7. Há muito tempo a obesidade e o sobrepeso têm sido reconhecidos como potente fator de risco para OA, especialmente no joelho.22 Bijlsma JW, Berenbaum F, Lafeber FP. Osteoarthritis: an update with relevance for clinical practice. Lancet. 2011;377:2115-26.,77 Sowers MF, Karvonen-Gutierrez CA. The evolving role of obesity in knee osteoarthritis. Curr Opin Rheumatol. 2010;22:533-7.,2222 Zhang Y, Jordan JM. Epidemiology of osteoarthritis. Clin Geriatr Med. 2010;26:355-69.,2727 Issa R, Griffin TM. Pathobiology of obesity and osteoarthritis: integrating biomechanics and inflammation. Pathobiology of Aging & Age-related Diseases. 2012;2:17470. Além disso, o índice de massa corporal (IMC) parece desempenhar um papel importante na determinação da incapacitação dos indivíduos.2828 Williams DA, Farrell MJ, Cunningham J, Gracely RH, Ambrose K, Cupps T, et al. Knee pain and radiographic osteoarthritis interact in the prediction of levels of self-reported disability. Arthritis & Rheumatism (Arthritis Care & Research). 2004;51:558-61. Mas no presente estudo, não percebemos associação entre OA e IMC, contrastando com dados obtidos em um levantamento populacional na Noruega,1313 Grotle M, Hagen KB, Natvig B, Dahl FA, Kvien TK. Prevalence and burden of osteoarthritis: results from a population survey in Norway. J Rheumatol. 2008;35:677-84. onde IMC estava significativamente associado com OA no quadril e joelho.
Tem sido demonstrado que, em pacientes com OA, condições de comorbidade podem afetar
não apenas a progressão da doença, mas também o bem-estar psicológico dos pacientes,
independentemente da extensão da doença.2929 Nebel MB, Sims EL, Keefe FJ, Kraus VB, Guilak F, Caldwell DS, et al.
The relationship of self-reported pain and functional impairment to gait
mechanics in overweight and obese persons with knee osteoarthritis. Arch Phys
Med Rehabil. 2009;90:1874-9.,3030 Sadosky AB, Bushmakin AG, Cappelleri JC, Lionberger DR. Relationship
between patient-reported disease severity in osteoarthritis and self-reported
pain, function and work productivity. Arthritis Research & Therapy.
2010;12:R162, doi:10.1186/ar3121.
https://doi.org/10.1186/ar3121...
No nosso estudo,
a prevalência de OA foi maior em indivíduos hipertensos, com transtornos
cardiovasculares e diabetes. Essas comorbidades também foram relatadas por outros
autores, juntamente com depressão, dislipidemia ou outros problemas
musculosqueléticos.3131 Leite AA, Costa AJ, Matheos de Lima BA, Padilha AV, Albuquerque EC,
Marques CD. Comorbidities in patients with osteoarthritis: frequency and impact
on pain and physical function. Rev Bras Reumatol.
2011;51:113-23.
32 Rosemann T, Laux G, Szecsenyi J. Osteoarthritis: quality of life,
comorbidities, medication and health service utilization assessed in a large
sample of primary care patients. J Orthop Surg Res. 2007;2:12,
doi:10.1186/1749-799X-2-12.
https://doi.org/10.1186/1749-799X-2-12...
-3333 Kadam UT, Jordan K, Croft PR. Clinical comorbidity in patients with
osteoarthritis: a case-control study of general practice consulters in England
and Wales. Ann Rheum Dis. 2004;63:408-14. Nossos resultados demonstraram maior risco
de OA para indivíduos com mais comorbidades, implicando maior necessidade de
atenção, investigação e tratamento dessas comorbidades, com a finalidade de tentar
diminuir a incapacitação associada e a diminuição da qualidade de vida em pacientes
com essas condições.
Nossos resultados mostraram uma associação entre OA e menor número de anos de educação e absentismo; esse também foi um dos achados nos estudos norueguês1313 Grotle M, Hagen KB, Natvig B, Dahl FA, Kvien TK. Prevalence and burden of osteoarthritis: results from a population survey in Norway. J Rheumatol. 2008;35:677-84. e espanhol,1616 Carmona L, Ballina J, Gabriel R, Laon A. on behalf of the EPISER Study Group. The burden of musculoskeleta diseases in the general population of Spain: results from a national survey. Ann Rheum Dis. 2001;60:1040-5.,1818 Fernandez-Lopez JC, Laffon A, Blanco FJ, Carmona L, EPISER Study Group. Prevalence, risk factors, and impact of knee pain suggesting osteoarthritis in Spain. Clinical and Experimental Rheumatology. 2008;26:324-32. nos quais foi observado aumento na ocorrência de OA em pessoas com menos de 12 anos de educação e naqueles fora do mercado de trabalho.
Com relação ao absentismo ou às condições de trabalho associadas à OA, os resultados
do presente estudo concordam com dados dos Estados Unidos:44 DiBonaventura MC, Gupta S, McDonald M, Sadosky A. Evaluating the
health and economic impact of osteoarthritis pain in the workforce: results from
the National Health and Wellness Survey. Musculoskeletal Disorders.
2011;12:83. nossos percentuais de indivíduos, de mudança no tipo de
trabalho, ou de mudança na forma de trabalhar por causa da OA foram semelhantes, em
comparação com o comprometimento no trabalho em geral e nas atividades observadas
naquele país. A redução do emprego em decorrência da OA pode também depender do
local afetado pela doença.3434 Sayre EC, Li LC, Kopec JA, Esdaile JM, Bar S, Cibere J. The effect
of disease site (knee, hip, hand, foot, lower back or neck) on employment
reduction due to osteoarthritis. PLoS ONE. 2010;5:e10470,
doi:10.1371/journal.pone.0010470.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.001...
No estudo
norte-americano,44 DiBonaventura MC, Gupta S, McDonald M, Sadosky A. Evaluating the
health and economic impact of osteoarthritis pain in the workforce: results from
the National Health and Wellness Survey. Musculoskeletal Disorders.
2011;12:83. trabalhadores com dor
causada pela OA relataram um estado de saúde significativamente pior (medido por
SF-12), em comparação com trabalhadores sem dor causada pela doença. Da mesma forma,
também chegamos a escores mais baixos para os componentes físicos que, como
esperado, estavam associados à dor, uma vez que OA e dor afetam o funcionamento
físico.44 DiBonaventura MC, Gupta S, McDonald M, Sadosky A. Evaluating the
health and economic impact of osteoarthritis pain in the workforce: results from
the National Health and Wellness Survey. Musculoskeletal Disorders.
2011;12:83.,1313 Grotle M, Hagen KB, Natvig B, Dahl FA, Kvien TK. Prevalence and
burden of osteoarthritis: results from a population survey in Norway. J
Rheumatol. 2008;35:677-84.,3030 Sadosky AB, Bushmakin AG, Cappelleri JC, Lionberger DR. Relationship
between patient-reported disease severity in osteoarthritis and self-reported
pain, function and work productivity. Arthritis Research & Therapy.
2010;12:R162, doi:10.1186/ar3121.
https://doi.org/10.1186/ar3121...
Em nosso estudo, também observamos uma associação entre dor medida por EVA e impacto
na vida diária, gravidade da doença e nível de incapacitação. Segundo a literatura,
o alívio da dor é o principal motivador nos pacientes com OA, na busca de atenção
médica.1414 Sakalauskiene G, Jauniskiene D. Osteoarthritis: etiology,
epidemiology, impact on the individual and society and the main principles of
management. Medicina (Kaunas). 2010;46:790-7. Tendo em vista a relação entre
dor e qualidade de vida, é importante que sejam buscadas formas adequadas para que o
paciente obtenha melhor qualidade de vida. É importante também compreender a relação
entre OA, dor auto-referida e medidas de incapacitação, para que se tenha um
conhecimento mais aprofundado com relação ao efeito que a OA exerce na vida do
paciente, à progressão da doença, e aos caminhos para uma intervenção eficaz.2929 Nebel MB, Sims EL, Keefe FJ, Kraus VB, Guilak F, Caldwell DS, et al.
The relationship of self-reported pain and functional impairment to gait
mechanics in overweight and obese persons with knee osteoarthritis. Arch Phys
Med Rehabil. 2009;90:1874-9.,3030 Sadosky AB, Bushmakin AG, Cappelleri JC, Lionberger DR. Relationship
between patient-reported disease severity in osteoarthritis and self-reported
pain, function and work productivity. Arthritis Research & Therapy.
2010;12:R162, doi:10.1186/ar3121.
https://doi.org/10.1186/ar3121...
Para alguns autores,2222 Zhang Y, Jordan JM. Epidemiology of osteoarthritis. Clin Geriatr
Med. 2010;26:355-69.,3030 Sadosky AB, Bushmakin AG, Cappelleri JC, Lionberger DR. Relationship
between patient-reported disease severity in osteoarthritis and self-reported
pain, function and work productivity. Arthritis Research & Therapy.
2010;12:R162, doi:10.1186/ar3121.
https://doi.org/10.1186/ar3121...
dor e funcionamento são assumidos como
resultados sintomáticos da OA que podem frequentemente ser considerados pelo
paciente como parte da avaliação da eficácia farmacológica, em associação com suas
percepções de gravidade e melhora. Em nosso estudo, os resultados apontam para uma
relação entre o impacto no dia-a-dia do paciente, gravidade e incapacitação – que,
no ponto de vista do paciente, são os desfechos que mais foram considerados como
tendo associação com esta doença.
Estatisticamente, o pescoço foi o local de acometimento da OA considerado como o mais doloroso pelos participantes deste estudo, um achado bastante incomum em outros estudos semelhantes já publicados. Junto com o pescoço, a coluna vertebral lombar e os ombros também foram estatisticamente significativos para a dor; em geral, e ainda do ponto de vista dos pacientes, esses níveis de dor podem ter sido responsáveis pelos resultados relacionados ao impacto no dia-a-dia e à incapacitação. Alguns estudos55 Mannoni A, Briganti MP, DiBari M, Ferruci L, Costanzo S, Serni U, et al. Epidemiological profile of symptomatic osteoarthritis in older adults: a population based study in Dicomano. Italy Ann Rheum. 2003;62:576-8.,1414 Sakalauskiene G, Jauniskiene D. Osteoarthritis: etiology, epidemiology, impact on the individual and society and the main principles of management. Medicina (Kaunas). 2010;46:790-7.,2828 Williams DA, Farrell MJ, Cunningham J, Gracely RH, Ambrose K, Cupps T, et al. Knee pain and radiographic osteoarthritis interact in the prediction of levels of self-reported disability. Arthritis & Rheumatism (Arthritis Care & Research). 2004;51:558-61.,2929 Nebel MB, Sims EL, Keefe FJ, Kraus VB, Guilak F, Caldwell DS, et al. The relationship of self-reported pain and functional impairment to gait mechanics in overweight and obese persons with knee osteoarthritis. Arch Phys Med Rehabil. 2009;90:1874-9. relataram que a presença de dor em pacientes com OA no quadril e joelho demonstrava forte associação com a percepção de incapacitação para as atividades básicas da vida cotidiana.
As associações entre o auto-relato de OA, gravidade e outras medidas de resultados relatados pelos pacientes sugerem que há relevância clínica em solicitar ao paciente que faça uma autoavaliação de sua condição.1414 Sakalauskiene G, Jauniskiene D. Osteoarthritis: etiology, epidemiology, impact on the individual and society and the main principles of management. Medicina (Kaunas). 2010;46:790-7. Esta abordagem pode representar uma forma adicional de avaliar a osteoartrite na prática clínica, embora haja necessidade de maior volume de dados para que seja confirmada a utilidade deste método.
Conclusão
Existem alguns estudos que avaliam OA auto-referida e seu impacto no cotidiano de seus portadores. Com este estudo, buscamos compreender como os pacientes são afetados por esta doença.
O nosso estudo confirma que a prevalência de osteoartrite foi maior em mulheres, e existe uma associação entre a doença e a idade. Entre os pacientes com OA, joelhos e mãos foram os locais mais frequentemente citados para a doença auto-referida. OA foi associada com menor número de anos de educação e com absentismo. Um impacto no dia-a-dia do paciente foi o mais importante parâmetro associado a esta doença, que também foi associada com pior saúde física e mental e maior gravidade da doença.
No geral, nosso estudo confirma que o impacto da OA é muito significativo em pacientes com mais de 45 anos de idade e que também está presente em pacientes portadores de outras doenças variadas. Isso pode indicar um perfil do paciente, com um estado de saúde global menos satisfatório e em quem OA contribui para a diminuição da qualidade de vida.
Em uma população em processo de envelhecimento e que precisa trabalhar durante maior número de anos, OA deve ser considerada em termos de prevenção e tratamento, para que seja controlado o impacto global da doença não só para os doentes, mas também na sociedade.
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Apoio financeiroEste estudo foi patrocinado por AstraZeneca Produtos Farmacêuticos, Lda., Portugal.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Jan-Feb 2015
Histórico
-
Recebido
27 Mar 2014 -
Aceito
28 Jul 2014