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Educação remota: desafios de pais ensinantes na pandemia

Resumo

Objetivos:

caracterizar o processo de ensino-aprendizagem das crianças na primeira infância ensinadas por seus pais e/ou cuidadores em educação em modo remoto, em diferentes contextos sociais, durante a pandemia de COVID-19.

Métodos:

realizou-se um estudo de cunho bibliográfico mediante uma pesquisa qualitativa em três bases de dados BVS, Lilacs e Scielo. Utilizaram-se os descritores Crianças, Pandemia, Cuidadores, Educação a distância e Saúde mental. A amostra utilizada foi composta por 35materiais.

Resultados:

observou-se que países que apresentavam problemas no sistema educacional tiveram sua situação agravada, tal como o Brasil. A escola deve tentar amenizar o impacto do confinamento, a partir de recomendações que visam consolidar o que foi aprendido e interromper o ensino de novos conteúdos, eliminando a pressão aos pais e responsáveis que auxiliam os estudantes nesse momento. Sabe-se que há carência no preparo desses cuidadores, pois grande maioria não possui condições materiais e nem tempo disponível, por causa do home office, dificultando o ensino remoto. Os impactos psicológicos desse ensino remoto – estresse, medo, diminuição de rendimento e frustração são perceptíveis, em todos os envolvidos. Destarte, a estratégia de enfrentamento com foco no problema pode evitar o agravamento de sintomas em saúde mental.

Conclusão:

espera-se promover futuras reflexões sobre a temática por parte da Psicologia.

Palavras-chave
Educação domiciliar; Impactos psicológicos; Parentalidade

Abstract

Objectives:

to characterize the teaching-learning process of children in early childhood taught by their parents and/or caregivers in remote educational mode, in different social contexts, during the COVID-19 pandemic.

Methods:

a bibliographic study was carried out through a qualitative research in three VHL, Lilacs and Scielo databases. The descriptors Children, Pandemic, Caregivers, Distance education and Mental health were used. The sample was composed of 35 materials.

Results:

it was observed that countries presented problems in its educational system and that their situation also aggravated, such as in Brazil. Schools should try to mitigate the impact of the confinement, based on the recommendations that aim to consolidate what has been learned and interrupt the teaching of new content, eliminating the pressure on parents and guardians who assist students at this time. It is known that there is a lack of preparation of these caregivers, since the vast majority do not have materials or available time, because of home office, making remote learning difficult. The psychological impacts of remote learning - stress, fear, decreased performance and frustration are noticeable in everyone who is involved. Thus, the coping strategy focused on the problem can prevent the worsening of symptoms in mental health.

Conclusion:

it is expected to promote future reflections according to the theme through Psychology.

Key words
Home education; Psychological impacts; Parenting

Introdução

O coronavírus, responsável por levar a óbito milhares de pessoas em todo o mundo, é o causador de síndromes respiratórias graves que colocava a população em emergente estado de saúde.11. Arentz M, Yim E, Klaff L, Lokhandwala S, Riedo FX, Chong M, Lee M. Characteristics and Outcomes of 21 Critically Ill Patients With COVID-19 in Washington State. Jama. 2019; 323 (16): 1612-4. O novo vírus que surgiu em 2019, em Wuhan na China, pode ser transmitido por gotas de saliva, espirro, tosse, secreção nasal, objetos ou superfícies contaminadas, tais como, maçanetas, mesas, celulares, brinquedos e por um simples aperto de mão.22. Brasil. Ministério da Educação. Coronavírus: saiba quais medidas o MEC já realizou ou estão em andamento. 2020 [acesso 10 mai 2020]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=867 91
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Diante da situação que acometeu o mundo, o distanciamento físico foi uma das medidas tomadas pelos governos de todos os países, com intuito principal de mitigar a propagação do vírus.

Com um ritmo crescente de infectados, a crítica à essa estratégia ganhava proeminência, uma vez que o distanciamento físico imposto pela pandemia evidencia uma série de problemas que atingem diferentes âmbitos, como a economia e a educação.33. Ferrari A, Cunha AM. A pandemia de Covid-19 e o isolamento social: saúde versus economia. 2020 [acesso 10 mai 2020]. Disponível em: https://www.ufrgs.br/coronavirus/base/artigo-a-pandemia-de-covid-19-e-o-isolamento-social-saude-versus-economia/
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Em todo o mundo, todas as instituições de ensino básico a superior, permaneceram temporariamente fechadas, fator que impactou a vida de 1,5 bilhões de estudantes em 174 países.44. Brasil. Nações Unidas. A experiência internacional com os impactos da COVID-19 na educação. 2020 [acesso 11 mai 2020]. Disponível em: https://nacoesunidas.org/artigo-a-experiencia-internacional-com-os-impactos-da-covid-19-na-educacao/
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Infere-se, entretanto, que não houve um padrão de tempo determinado para que as aulas presenciais permanecessem suspensas, e as escolas, fechadas, e que o retorno às atividades escolares em modo presencial já têm ocorrido, de maneira paulatina, de acordo com a estratégia de governo de cada país.

Acerca desta situação, a ONU destacava que o fechamento temporário destas instituições tem o intuito principal de proteger a todos, uma vez que, em sala de aula, correriam um risco maior de contaminação e seriam vetores da propagação do vírus em suas casas. Entretanto, esta medida afeta diretamente a educação, uma vez que poderia significar, sobretudo, a interrupção do ciclo de aprendizagem.22. Brasil. Ministério da Educação. Coronavírus: saiba quais medidas o MEC já realizou ou estão em andamento. 2020 [acesso 10 mai 2020]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=867 91
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,44. Brasil. Nações Unidas. A experiência internacional com os impactos da COVID-19 na educação. 2020 [acesso 11 mai 2020]. Disponível em: https://nacoesunidas.org/artigo-a-experiencia-internacional-com-os-impactos-da-covid-19-na-educacao/
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Neste sentido, o Ministério da Educação55. Brasil. Ministério da Saúde. Coronavírus (Covid-19). 2020. [acesso 11 mai 2020]. Disponível em: https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca#o-que-e-covid
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tem se posicionado no intuito de buscar soluções que possam garantir que a aprendizagem possa ser continuada com o menor impacto possível, autorizando, por exemplo, o ensino de forma remota e a distribuição da carga horária em um período diferente aos 200 dias letivos previstos em lei. Não menos importante, o Governo Federal Brasileiro sancionou a Lei n° 13.987 que autoriza a distribuição dos alimentos da merenda escolar aos pais e responsáveis, visto que muitos dos alunos que frequentam a rede pública, contam quase que exclusivamente com esse alimento diariamente.66. Brasil. Lei n° 13.987 de 7 de abril de 2020. Altera a Lei n° 11.947, de 16 de junho de 2009, para autorizar (...) a distribuição de gêneros alimentícios (...) aos pais. Diário Oficial da União, 7 de abril de 2020. Edição 67-B, Seção 1-Extra, p. 9; [acesso 10 nov 2020]. Disponível em:https://www.in.gov.br/web/dou/-/lei-n-13.987-de-7-de-abril-de-2020-251562793?inheritRedirect=true&redi-rect=%2Fweb%2Fguest%2Fsearch%3FqSearch%3D13.987 %252C%2520de%25207%2520de%2520abril%2520de%2 5202020
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Destarte, a situação atual é um grande paradoxo, uma vez que embora as soluções tecnológicas dispostas para as aulas remotas aparentam ser a melhor maneira de solucionar o problema da falta de aulas presenciais, elas podem evidenciar e aumentar ainda mais as diferenças de equidade na educação, sugerindo assim que, enquanto as escolas estão fechadas, parte da população que as frequenta estaria sujeita à desigualdade e à pobreza de aprendizagem, sobretudo, que a continuidade do aprendizado é garantida a uns e negada à outros.77. Moreno JM, Gortázar L. Schools’ readiness for digital learning in the eyes of principals. An analysis from PISA 2018 and its implications for the COVID19 (Coronavirus) crisis response. Education for Global Developement. [Internet]. 2020 [cited 2020 May 10]. Available from: https://blogs.worldbank.org/education/schools-readiness-digital-learning-eyes-principals-analysis-pisa-2018-and-its
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O atual cenário mundial colocou em evidência problemas que há muito já existiam no Brasil e que corroboram para os déficits na aprendizagem estudantil: questões sociais e econômicas influenciam diretamente no resultado da aprendizagem, uma vez que os alunos, além de todas as intempéries que já vivenciam, agora terão que se adaptar à realidade de um sistema de educação despreparado para auxiliálos diante da nova realidade.88. Avelino WF, Mendes JM. A realidade na educação brasileira a partir da Covid-19. BolConjunt.2020; 2 (5): 56-62. A carência de estrutura básica social que acomete inúmeras famílias foi colocada em evidência durante a pandemia, uma vez que houve uma quebra do “contrato educacional” que estabelece direitos e deveres de todos os envolvidos na comunidade educacional.99. Martín JM, Rogero J. El coronavirus y la asfixia educativa: el confinamento dejasinprotección a lainfancia más vulnerable. [Internet]. 2020 [acesso 12 mai 2020]. Disponible en: https://www.agenciasinc.es/Opinion/El-coronavirus-y-la-asfixia-educativa-el-confinamiento-deja-sin-proteccion-a-la-infancia-mas-vulnerable
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Afora todas as questões até então mencionadas, é válido destacar que os responsáveis, pais e cuidadores em geral na sua maioria, não possuem o preparo adequado exigido para educar as crianças em casa, que envolve, dentre outros fatores, didática, conhecimentos e habilidades que proporcionem a correta educação em modo remoto.77. Moreno JM, Gortázar L. Schools’ readiness for digital learning in the eyes of principals. An analysis from PISA 2018 and its implications for the COVID19 (Coronavirus) crisis response. Education for Global Developement. [Internet]. 2020 [cited 2020 May 10]. Available from: https://blogs.worldbank.org/education/schools-readiness-digital-learning-eyes-principals-analysis-pisa-2018-and-its
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É importante destacar que as dificuldades apresentadas anteriormente, no que tange os cuidadores como ensinantes, é um assunto discutido ao longo de muitas décadas pelos profissionais da pedagogia e psicopedagogia. A aprendizagem depende da postura existente entre o aprendente e ensinante, ou seja, o ser ensinante precisa abrir espaços para que a aprendizagem aconteça.1010. Fernandez A. Os idiomas do aprendente: análise das modalidades ensinantes com famílias, escolas e meios de comunicação. Porto Alegre: Artmed; 2001.

Partindo dessa perspectiva, o aprendente necessita de um adulto que esteja disposto a ensinar e que acredite no potencial da criança, bem como lhe proporcione autonomia e autoria para mostrar aquilo que já possuem de conhecimentos e para desenvolver novos. É importante enfatizar que o processo de ensino e aprendizado possui uma construção histórica, na qual se leva em consideração aspectos sociais, biológicos, emocionais e afetivos.1111. Vygotsky LS. A Formação Social da Mente: O Desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores. São Paulo: Martins Fontes; 2003.

Em meio a esse cenário atípico em que a população se encontra, as dificuldades apresentadas no contexto educacional podem ser um dos muitos desencadeadores de implicações psicológicas, podendo gerar assim, grandes riscos à saúde mental de todos os envolvidos no processo, incluindo sintomas de estresse, raiva, irritabilidade dentre outros.1212. Schmidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Mental health and psychological interventions during the new coronavirus pandemic (COVID-19). EstudPsicol. 2020; 37: 1-13.

O objetivo do presente estudo é caracterizar o processo de ensino-aprendizagem das crianças na primeira infância ensinadas por seus pais e/ou cuidadores em educação em modo remoto, em diferentes contextos sociais, durante a pandemia de COVID-19.

Métodos

Este estudo baseou-se na pergunta norteadora “Como tem se dado a educação em modo remoto de crianças de diferentes contextos sociais durante a pandemia?”. A pesquisa dos materiais foi realizada no período de três meses entre Maio e Julho de 2020 com base na revisão narrativa da literatura, cujo propósito principal é descrever e discutir o desenvolvimento do estado da arte a partir de um ponto de vista teórico. Tal revisão abarca técnicas de análise, visando obter indicadores sejam eles quantitativos ou não, que possam permitir a inferência de conteúdos e conhecimentos.1313. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2016.

A coleta de dados se deu por meio de artigos científicos extraídos de revistas nacionais e internacionais nas plataformas Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO), além dos portais, como Ministério da Educação e da Saúde e Organização Mundial da Saúde.

Os descritores utilizados foram Crianças, Pandemia, Cuidadores, Educação a Distância e Saúde mental. Dessa forma, foi realizado o cruzamento simultâneo entre eles e usou-se o booleano “AND” (E) para as pesquisas. Ainda, ressalta-se que foram empregados os mesmos descritores para as três plataformas.

Por fim, realizou-se análise de conteúdo que apresenta a seguinte sequência: organização, codificação, categorização, tratamento e interpretação dos resultados.1313. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2016. Foram discutidos os achados encontrados na literatura em três categorias respectivas: (1) Ensino e aprendizagem em diferentes contextos sociais: uma reflexão; (2) Pais como ensinantes: principais desafios; (3) Sala de aula em casa: impactos psicológicos do ensino remoto nos pais e nos filhos.

Resultados e Discussão

Foram encontrados nas bases de dados BVS (67), Lilacs (24) e SciELO (47) e selecionados somente os materiais que respondessem à pergunta norteadora e aos objetivos do estudo. Para essa revisão foram incluídos 35 documentos, destes 26 são artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais; quatro são materiais do Ministério da Saúde, três do Ministério da Educação, e dois são de Organizações Mundiais da Saúde. Os achados foram compilados em três categorias extraídas pelo conteúdo para atender aos objetivos, apresentadas e discutidas a seguir.

Ensino e aprendizagem em diferentes contextos sociais: uma reflexão

Durante a pandemia da COVID-19, todas as atenções têm se voltado a mitigar a propagação da doença, uma vez que grandes são os impactos em todas as esferas. Em poucos meses, a população do mundo viu-se diante de um cenário que obrigou a criação de uma série de adaptações, inclusive na educação, uma vez que, milhões de estudantes sofrem o impacto da pandemia no sistema educacional.44. Brasil. Nações Unidas. A experiência internacional com os impactos da COVID-19 na educação. 2020 [acesso 11 mai 2020]. Disponível em: https://nacoesunidas.org/artigo-a-experiencia-internacional-com-os-impactos-da-covid-19-na-educacao/
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A pandemia evidenciou a realidade dos sistemas educacionais em diferentes países do mundo.88. Avelino WF, Mendes JM. A realidade na educação brasileira a partir da Covid-19. BolConjunt.2020; 2 (5): 56-62. O Brasil é indicado como um país detentor de gritantes problemas no sistema educacional em um dos estudos que foram analisados – que investiga a estrutura, a produção, a eficiência e efetividade do ensino antes da pandemia – e nesse sentido, os autores deste achado discorreram sobre analfabetismo funcional, baixos salários dos educadores, infraestruturas precárias das escolas, violências de todas as ordens e, não obstante, resultados cada vez piores nas avaliações externas e internas.1414. Fleury, MT. Mattos, MIL de. Sistemas educacionais comparados. Estud Av. 1991; 5 (12): 69-89.

Acerca desse assunto polêmico desde antes da pandemia, alguns estudos já apontavam que os fatores supracitados atrelados a tantos outros são responsáveis pela insatisfação de muitos pais e cuidadores acerca da qualidade de ensino entregue no Brasil, em comparação a outros países.1515. Andrade ÉP de. Educação Domiciliar : encontrando o Direito. Pro-Posições. 2016; 2 (83): 172-92.,1616. Cury CRJ. Homeschooling ou educação no lar. Educ Rev. 2019; 35: e219798.,1717. Vasconcelos MCC. Educação na casa: perspectivas de desescolarização ou liberdade de escolha? Pro-Posições. 2017; 28 (2): 122-40. O reflexo da má administração dos cofres públicos é impresso, dentre tantos outros cenários, na educação, e a pandemia do novo vírus chegou para reiterar uma crise ainda maior que evidencia, sobremaneira, um sistema educacional sem estrutura suficiente para amparar os pais e/ou cuidadores e as crianças.88. Avelino WF, Mendes JM. A realidade na educação brasileira a partir da Covid-19. BolConjunt.2020; 2 (5): 56-62.

Ao realocar o processo educacional da escola para as residências, coloca-se em evidência a grande disparidade existente entre as famílias de classe alta e baixa, uma vez que grande parte do público que se enquadra como sendo de classes menos favorecidas, especialmente em países de terceiro mundo, vive em condiçóes precárias. Não menos importante, carece de estrutura de material, como, tecnologia, espaço, luz, temperatura, e de recursos como tempo, habilidades pedagógicas, conhecimento dos conteúdos, estabilidade emocional em muitas vezes, até de alimentos.88. Avelino WF, Mendes JM. A realidade na educação brasileira a partir da Covid-19. BolConjunt.2020; 2 (5): 56-62.,99. Martín JM, Rogero J. El coronavirus y la asfixia educativa: el confinamento dejasinprotección a lainfancia más vulnerable. [Internet]. 2020 [acesso 12 mai 2020]. Disponible en: https://www.agenciasinc.es/Opinion/El-coronavirus-y-la-asfixia-educativa-el-confinamiento-deja-sin-proteccion-a-la-infancia-mas-vulnerable
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Acerca desta disparidade, os estudos mencionaram que, em sua maioria, famílias de classe média em alguns países, a exemplo da Espanha, têm as condições técnicas de dar suporte aos aprendizes, ao passo que outros grupos sociais não possuem meios, recursos e habilidades para tal, e não menos importante, algumas sequer estão em casa durante o período de confinamento, agora mais rigorosamente aplicado aos estudantes.1818. Bonal X, González S. Confinamiento y efectoescuela. Catalunya, Espanha. [Internet]. 2020 [acesso 15 mai 2020]. Disponibleen: https://www.elperiodico.com/es/opinion/20200406/efecto-coronavirus-desigualdad-escuelas-xavier-bonal-sheila-gonzalez-7919442
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Aponta-se uma série de fatores que podem evidenciar essa disparidade que certamente terá reflexos no futuro dos aprendizes em diversos países do mundo: algumas famílias são monoparentais e não contam com suporte para o cuidado das crianças, outras trabalham na linha de frente durante a pandemia e muitas vezes, pouco vêm em casa e interagem com o restante dos membros, algumas sequer possuem computador e banda larga para ter um acesso de qualidade ao conteúdo repassado pelas escolas, dentre outros.99. Martín JM, Rogero J. El coronavirus y la asfixia educativa: el confinamento dejasinprotección a lainfancia más vulnerable. [Internet]. 2020 [acesso 12 mai 2020]. Disponible en: https://www.agenciasinc.es/Opinion/El-coronavirus-y-la-asfixia-educativa-el-confinamiento-deja-sin-proteccion-a-la-infancia-mas-vulnerable
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A respeito disso, a ONU44. Brasil. Nações Unidas. A experiência internacional com os impactos da COVID-19 na educação. 2020 [acesso 11 mai 2020]. Disponível em: https://nacoesunidas.org/artigo-a-experiencia-internacional-com-os-impactos-da-covid-19-na-educacao/
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afirmou que a interação que ocorre entre professores e estudantes também contribui para o processo de aprendizagem e que a ausência daquela pode não só corroborar para o aumento das taxas de abandono escolar, como também gerar uma perda significativa de capital humano futuro. Ao passo que aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade são impossibilitados de ter acesso a computadores e internet, estudantes que frequentam o ensino privado se preparam de alguma forma para dar continuidade à educação e isso evidencia sobremaneira a grande disparidade educacional que acomete várias nações.1818. Bonal X, González S. Confinamiento y efectoescuela. Catalunya, Espanha. [Internet]. 2020 [acesso 15 mai 2020]. Disponibleen: https://www.elperiodico.com/es/opinion/20200406/efecto-coronavirus-desigualdad-escuelas-xavier-bonal-sheila-gonzalez-7919442
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Cabe mencionar que, em meio à pandemia e à crise educacional que atinge de maneiras distintas as famílias de diferentes classes, muitas escolas não estão habituadas ao ensino remoto e não possuem o preparo adequado para instruir as famílias e ensinar adequadamente os alunos.77. Moreno JM, Gortázar L. Schools’ readiness for digital learning in the eyes of principals. An analysis from PISA 2018 and its implications for the COVID19 (Coronavirus) crisis response. Education for Global Developement. [Internet]. 2020 [cited 2020 May 10]. Available from: https://blogs.worldbank.org/education/schools-readiness-digital-learning-eyes-principals-analysis-pisa-2018-and-its
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Quando as aulas presenciais são substituídas pelo formato remoto, deve-se considerar que a disparidade educacional – acima mencionada, muitas vezes é proveniente da disparidade existente entre os níveis socioeconômicos dos países, das diferentes conectividades de rede nas regiões do Brasil nos centros rurais e urbanos e da escassez de infraestrutura, fatores que podem impactar negativamente o ensino.44. Brasil. Nações Unidas. A experiência internacional com os impactos da COVID-19 na educação. 2020 [acesso 11 mai 2020]. Disponível em: https://nacoesunidas.org/artigo-a-experiencia-internacional-com-os-impactos-da-covid-19-na-educacao/
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O Ministério da Educação Brasileiro,22. Brasil. Ministério da Educação. Coronavírus: saiba quais medidas o MEC já realizou ou estão em andamento. 2020 [acesso 10 mai 2020]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=867 91
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por meio do seu portal, divulgou algumas medidas que estão sendo tomadas durante o cenário da pandemia. Dentre elas, está o curso online para alfabetizadores, no qual professores, assistentes de alfabetização, coordenadores pedagógicos, diretores escolares e igualmente, os pais, poderão participar de maneira gratuita. O objetivo principal da ferramenta disponibilizada é, desta forma, o de ensinar a todos os envolvidos, técnicas e métodos que possam ser utilizados no processo de ensino de crianças no primeiro e segundo ano do ensino fundamental e no reforço para crianças do terceiro ano, também do ensino fundamental.

Apesar de compreender-se os esforços do Ministério da Educação em mitigar os danos do ensino em modo remoto, deparamo-nos com o que um dos estudos aponta ser uma “lacuna digital”, uma vez que, para que se haja o mínimo aproveitamento dos conteúdos previstos na ementa escolar, seriam necessários esforços direcionados a garantir que todos os alunos, sem exceção, tivessem acesso à internet, permitindo assim que todos eles pudessem acessar as plataformas digitais e os conteúdos educacionais.77. Moreno JM, Gortázar L. Schools’ readiness for digital learning in the eyes of principals. An analysis from PISA 2018 and its implications for the COVID19 (Coronavirus) crisis response. Education for Global Developement. [Internet]. 2020 [cited 2020 May 10]. Available from: https://blogs.worldbank.org/education/schools-readiness-digital-learning-eyes-principals-analysis-pisa-2018-and-its
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Essa é uma das lacunas na educação escolar que existe devido às condições socioeconômicas fortemente discutidas antes do período pandêmico.1414. Fleury, MT. Mattos, MIL de. Sistemas educacionais comparados. Estud Av. 1991; 5 (12): 69-89. A pandemia e o distanciamento social – que impuseram o ensino remoto - concederam à sociedade mundial a oportunidade de ver que o capital cultural e social das famílias são completamente distintos nas com baixo poder aquisitivo e nas de classe média alta e classe alta; ao passo que algumas escolas são ativas e pedem as mais variadas tarefas escolares, outras estão completamente inativas.1818. Bonal X, González S. Confinamiento y efectoescuela. Catalunya, Espanha. [Internet]. 2020 [acesso 15 mai 2020]. Disponibleen: https://www.elperiodico.com/es/opinion/20200406/efecto-coronavirus-desigualdad-escuelas-xavier-bonal-sheila-gonzalez-7919442
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As escolas transitam entre “capacidades e capacidades”, ou seja, enquanto algumas delas podem oferecer aprendizagem digital adequada e nivelada, monitoramento do envolvimento dos alunos e também dos seus pais nas tarefas escolares e fornecimento de feedbacks que possam potencializar os resultados, outras sequer tem recursos e treinamento para tal.77. Moreno JM, Gortázar L. Schools’ readiness for digital learning in the eyes of principals. An analysis from PISA 2018 and its implications for the COVID19 (Coronavirus) crisis response. Education for Global Developement. [Internet]. 2020 [cited 2020 May 10]. Available from: https://blogs.worldbank.org/education/schools-readiness-digital-learning-eyes-principals-analysis-pisa-2018-and-its
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O mesmo vale se observarmos as crianças nos diferentes cenários: ao passo que algumas têm acesso a museus, cinema, teatros, viagens e tecnologia, agentes ativos que preenchem a bagagem de aprendizados, outras nunca tiveram acesso a tal capital cultural.88. Avelino WF, Mendes JM. A realidade na educação brasileira a partir da Covid-19. BolConjunt.2020; 2 (5): 56-62.

Um dos estudos sobre o tema aponta que “todos esses alunos carecem da estrutura social que possibilita que o oxigênio do aprendizado chegue aos pulmões. Faltam respiradores educacionais”.99. Martín JM, Rogero J. El coronavirus y la asfixia educativa: el confinamento dejasinprotección a lainfancia más vulnerable. [Internet]. 2020 [acesso 12 mai 2020]. Disponible en: https://www.agenciasinc.es/Opinion/El-coronavirus-y-la-asfixia-educativa-el-confinamiento-deja-sin-proteccion-a-la-infancia-mas-vulnerable
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Ou seja, a falta de recursos educacionais, atrelada a todas as dificuldades encontradas pelas crianças, está o fato de que seus responsáveis muitas vezes não possuem sequer a educação básica, o que impossibilita a orientação direcionada à construção do conhecimento na infância.88. Avelino WF, Mendes JM. A realidade na educação brasileira a partir da Covid-19. BolConjunt.2020; 2 (5): 56-62.

Visto as desigualdades presentes no momento atual de pandemia, o objetivo da escola deve ser tentar amenizar o impacto do confinamento, a fim de diminuir as disparidades educacionais, considerando as possíveis necessidades dos alunos desfavorecidos.1919. Rogero-García J. La ficción de educar a distancia. RevSociolla Educ.2020; 13 (2): 174-82. Nesse sentido, a oferta de recomendações adaptativas às realidades presentes nas famílias é uma atitude recomendada, já que visa consolidar o que foi aprendido e interromper o ensino de novos conteúdos e, assim, eliminar a pressão para cumprir metas educacionais. Além disso, passado o período de distanciamento social, se faz necessário um possível diagnóstico dos educadores do que foi aprendido nesse tempo, revisando o conteúdo a fim de preencher possíveis lacunas de aprendizagem.2020. Guizo BS, Marcello FA, Müller F. A reinvenção do cotidiano em tempos de pandemia. EducPesq São Paulo. 2020; 46:1-18.

Pais como ensinantes: principais desafios

Com a suspensão das atividades presenciais nas escolas em razão da pandemia, muitas famílias enfrentam desafios no auxílio das atividades escolares em formato remoto. A situação atinge pessoas de diferentes idades, porém famílias com crianças que vivenciam o período da primeira infância (0 a 6 anos) enfrentam desafios ainda maiores, uma vez que é nesta fase que se dá inicio à alfabetização. Dessa forma, exigem-se adaptações à nova realidade que privilegia as atividades remotas de ensino.2121. Torres ACM, Costa ACN, Alves LRG. Educação e saúde: reflexões sobre o contexto universitário em tempos de COVID-19. [Internet]. 2020 [acesso 10 nov 2020]; 1-11. Disponível em: https://doi.org/https://doi.org/10.1590/ SciELOPreprints.640.
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Com isso, além do home office e das tarefas domiciliares, pais e/ou responsáveis são encarregados de exercer o papel de professores em casa, tornando-se ensinantes dos próprios filhos.

A decisão de continuar com as atividades escolares no lar implica que as famílias assumam a educação formal das crianças. Porém, essa solução foi projetada para lares com condições materiais e tempo para desempenhá-la, não levando em conta lares insuficientes em termos econômico e social, onde os membros adultos trabalham ou possuem limitações, como o analfabetismo funcional.1919. Rogero-García J. La ficción de educar a distancia. RevSociolla Educ.2020; 13 (2): 174-82. Não obstante, sabe-se que a maioria dos cuidadores não tem formação de professor, e mesmo que tivesse, são vistos pelos filhos como cuidadores e nao seu docente da escola.2121. Torres ACM, Costa ACN, Alves LRG. Educação e saúde: reflexões sobre o contexto universitário em tempos de COVID-19. [Internet]. 2020 [acesso 10 nov 2020]; 1-11. Disponível em: https://doi.org/https://doi.org/10.1590/ SciELOPreprints.640.
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A esse respeito, um dos estudos analisados afirmou que:

De um lado, as situações de paralisação total dos processos presenciais e virtuais de naturalmente geraram o contexto mais problemático, pois a forte ruptura dos processos de ensino aprendizagem no contexto pandêmico transborda fortes limitações para a absorção integral dos conteúdos no período pós-pandemia, com a volta de ciclos acadêmicos compactados.2222. Martins SE. Coronavírus e educação: análise dos impactos assimétricos. BolConjunt. 2020 [acesso 10 mai 2020]; II(5):2020. Disponível em: www.revista.ufrr.br/bocaboletimdeconjuntura
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Outro estudo afirmou que, o que o cenário pandêmico acabou impondo às famílias e estudantes uma adaptação do ensino presencial, ou seja, pais, professores e alunos, por não ter o preparo adequado para situações como esta, estão bastante confusos. Ainda, afirma que o que se está vivenciando se trata de uma atividade remota em caráter emergencial, na qual os alunos passaram a ser educados por meio de vídeo aulas.2323. Joye CR, Moreira MM, Rocha SSD. Distance Education or Emergency Remote Educational Activity: in search of the missing link of school education in times of COVID-19. Res Soc Dev. 2020; 9 (7): e521974299.

No contexto da educação básica, o novo modelo de ensino chegou carregado de desafios para os pais e cuidadores.2222. Martins SE. Coronavírus e educação: análise dos impactos assimétricos. BolConjunt. 2020 [acesso 10 mai 2020]; II(5):2020. Disponível em: www.revista.ufrr.br/bocaboletimdeconjuntura
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Conhecedor das dificuldades, o Ministério da Saúde2424. Brasil. Ministério da Saúde. Diário de uma pandemia: 5 dicas para orientar pais e crianças. [Internet]. 2020 [acesso em 10 mai 2020]. Disponível em: https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-exercitarmais/diario-de-uma-pandemia-5-dicas-para-orientar-pais-e-criancas
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através do portal Saúde Brasil, publicou o “Diário de uma Pandemia”, que traz conteúdo significativo no intuito de orientar pais e crianças durante a pandemia. As orientações sugeridas vão desde como explicar o conceito de Coronavírus através de linguagem lúdica, até a sugestão de brincadeiras, jogos, exercícios físicos, pequenas tarefas domésticas e atividades propícias à fase da educação infantil.

O público alvo das atividades remotas emergenciais são crianças em fase de construção de saberes e de autonomia. Para melhor desenvolvimento e aprendizagem, a criança necessita conviver com pessoas fora de seu círculo familiar a fim de melhor desenvolver suas competências e sua capacidade de viver com os outros.2323. Joye CR, Moreira MM, Rocha SSD. Distance Education or Emergency Remote Educational Activity: in search of the missing link of school education in times of COVID-19. Res Soc Dev. 2020; 9 (7): e521974299. Além do núcleo familiar e de outros adultos, este período da educação visa propor atividades exploratórias, motoras, sensoriais e afetivas, além de um conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica.2525. Brasil. Base Nacional Comum - BNCC. Mec. [Internet]. 2018 [acesso 10 nov 2020]; 600. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_E F_110518_versaofinal_site.pdf
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O início do processo de alfabetização é um exemplo de aprendizagem adquirida durante a primeira infância, uma vez que desde o desenvolvimento da linguagem, a criança passa a adquirir a habilidade de interação e interpretação de códigos que a auxiliarão no processo de letramento.2626. Silva AKA. Sobre a Teoria Vigotskiana e a Formação Docente. 2001 [acesso 10 mai 2020]; 11380-11392. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2013/8233_7087.pdf
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O primeiro contato com as letras é um desafio por si só que necessita do acompanhamento de um profissional pedagógico, porém, atualmente, esse está impossibilitado devido ao distanciamento social. Isto posto, o Ministério da Educação,2727. Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA Política Nacional de Alfabetização/Secretaria de Alfabetização. Brasília. 2019 [acesso 10 mai 2020]; 2019;54. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final. pdf
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por meio da Secretaria de Alfabetização (Sealf), criou a Política Nacional de Alfabetização (PNA), instituída pelo Decreto n° 9.765, de 11 de abril de 2019, reconhecendo a importância da primeira infância para o desenvolvimento linguístico da criança e combatendo o analfabetismo em todo território brasileiro. Nela, há aconselhamentos para professores e responsáveis com intuito de facilitar o processo da alfabetização.

Durante a primeira infância, a literacia, conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionados à leitura e à escrita, desenvolvidos antes da alfabetização, começa a aflorar na vida da criança, sendo fundamental para a alfabetização.2828. Development EL. Developing early literacy. Literacy. 2008; 2 (1): 1-25. Ao ouvir diferentes tipos de histórias, recitar poemas, ouvir e cantar quadrinhas, ao se familiarizar com materiais como revistas, livros e jornais, ela passa a reconhecer letras, nomes e sons e tenta representá-las por escrito, identificando todos os sinais gráficos que os circundam. Assim, durante a literacia emergente a criança pode vivenciar, de maneira lúdica, experiências e conhecimentos sobre escrita e leitura adequados à sua idade, seja de maneira formal ou informal, antes mesmo de aprender a ler e escrever.2727. Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA Política Nacional de Alfabetização/Secretaria de Alfabetização. Brasília. 2019 [acesso 10 mai 2020]; 2019;54. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final. pdf
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O papel da família no sucesso da criança na aprendizagem da leitura e da escrita é relevante e pode ser incentivado com leituras partilhadas de histórias, brincadeiras lúdicas e didáticas, tendo como objetivo a ampliação do vocabulário e a compreensão da linguagem oral. Além disso, desperta a imaginação e fortalece o vínculo familiar.2929. Movileanu L, Sima CC. Family literacy in Europe: using parental support initiatives to enhance early literacy development. Clare Sheahan AlgStichtWelzAppingedam. 2011 [cited 2020 May 10]; (8). Available from: http://www.nrdc.org.uk/wp-content/uploads/2015/11/EC_Family-Literacy_0.11.zip
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Sendo assim, o papel ativo da família no auxílio junto à escola no momento atual de pandemia pode minimizar as possíveis dificuldades educacionais.

É no período da infância que os pais atuam como reguladores e modelos de como lidar com as demandas e eventos estressores que possam ocorrer, assim, uma parentalidade caracterizada com afetividade, reciprocidade, responsividade e uma comunicação positiva é relevante no contexto da pandemia.3030. Muratori P, Ciacchini R. Children and the COVID-19 transition: Psychological reflections and suggestions on adapting to the emergency. Clin Neuropsychiatry. 2020; 17 (2): 131-4. Available from: https://pesquisa.bvsalud.org/global-literature-on-novel-coronavirus-2019-ncov/resource/en/covidwho-380324
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Cabe salientar que existem muitas realidades em que os pais ou responsáveis além de não poderem acompanhar efetivamente as crianças, também não contam com uma rede de apoio com quem possam deixar os filhos em casa, quais sejam, avós, babás, parentes próximos, entre outros. Este fator contribui significativamente para que as crianças não recebam integralmente o suporte necessário durante estes eventos estressores. Logo, é importante salientar que, muitas vezes, essas crianças acabam acompanhando seus cuidadores no trabalho ou até mesmo ficam em casa sozinhas.

Em fevereiro de 2020, o governo brasileiro sancionou a lei n. 13.979,3131. Brasil. Ministério da Saúde. Lei n. 13.979. de 06 de fevereiro de 2020. Dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019. [Internet]. 2020 [acesso 10 mai 2020]. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2020/lei-13979-6-fevereiro-2020-789744-normapl.html#:~:text=EMENTA%3A%20Disp%C3%B5e %20sobre%20as%20medidas,respons%C3%A1vel%20pelo %20surto%20de%202019.
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com intuito de lidar com a pandemia. Pela legislação, os trabalhadores que se ausentarem devido à quarentena (40 dias) ou ao isolamento (14 dias) terão suas faltas justificadas. Todavia, nada consta sobre a possibilidade do home office, cabendo à empresa a decisão de o adotar ou não, fator muitas vezes que faz com que os pais necessitem tomar a decisão: deixar os filhos em casa sozinhos, mas garantir seu sustento ou ficar com eles e pôr em risco sua fonte de remuneração. Essa decisão, corriqueira nos últimos dias, vai de encontro aos direitos da criança.

Ao mesmo tempo em que preza pela proteção especial desses menores e visa garantir que eles sejam criados sob o cuidado dos pais, busca assegurar que sejam sustentados com alimentação, educação e saúde dignos, aspectos que dificilmente são garantidos com excelência, se os cuidadores estão desempregados.3232. Brasil. Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. [Internet]. 2020 [acesso 18 mai 2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/18069.htm
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Torna-se necessário, então, um olhar empático perante essas famílias, além de proporcionar uma solução plausível a respeito dessa problemática.

É importante considerar que a sobrecarga dos familiares pelo excesso de responsabilidades, sejam profissionais, sejam domésticas, somada às demandas das crianças, a ausencia de espaço adequado ao ensino, dentre outros fatores decorrentes da situação atípica na qual o mundo se encontra, proporcionou aos pais, familiares e crianças um nível de exigência demasiadamente grande que pode convergir em níveis de frustração, também elevados.3333. Brasil. Ministério da Saúde. Saúde mental e atenção psicossocial na pandemia COVID-19. Fiocruz. 2020 [acesso 10 nov 2020]. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/docu-mento/saude-mental-e-atencao-psicossocial-na-pandemia-covid-19
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Sala de aula em casa: as implicações psicológicas do ensino remoto nos pais e nos filhos

Diante do cenário atual que implicou no distanciamento social em todos os países do mundo, muitos estudos de revisão têm sido publicados no sentido de identificar os possíveis efeitos da quarentena na vida das pessoas.3434. Maia BR, Dias PC. Ansiedade, depressão e estresse em estudantes universitários: o impacto da COVID-19. Estud Psicol. 2020; 37: 1-8. Sabe-se até então, que com o objetivo de mitigar a disseminação do vírus, uma série de medidas foram tomadas, sendo parte delas extrema, incluindo o isolamento de quadros suspeitos, o distanciamento social de pessoas idosas e demais grupos de risco, o fechamento de escolas e universidades e a quarentena de toda população.1212. Schmidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Mental health and psychological interventions during the new coronavirus pandemic (COVID-19). EstudPsicol. 2020; 37: 1-13. Em meio à crise, os focos primários acabam sendo o combate aos agentes patogênicos e a preservação da saúde física, porém muito se subestima quando se trata da saúde mental.3535. Ornell F, Schuch JB, Sordi AO, Kessler FHP. “Pandemic fear” and COVID-19: Mental health burden and strategies. Braz J Psychiatry. 2020; 42 (3): 232-5.

Estudiosos sobre o tema, baseados em cerca de 24 estudos em diferentes cenários que envolvem isolamento e distanciamento, afirmam que “os principais fatores de estresse identificados, sobressaem o efeito da duração do período de quarentena, os receios em relação ao vírus ou à infeção, a frustração, a diminuição de rendimentos, a informação inadequada e o estigma”,3434. Maia BR, Dias PC. Ansiedade, depressão e estresse em estudantes universitários: o impacto da COVID-19. Estud Psicol. 2020; 37: 1-8. aumentando os impactos psicológicos de crianças e famílias. Acontecimentos históricos como a quarentena podem afetar negativamente o desenvolvimento humano, pois promove um ambiente desordenado e, consequentemente, estressante que se reflete no sistema familiar e no desenvolvimento das crianças.3636. Linhares MBM, Enumo SRF. Reflexões baseadas na Psicologia sobre efeitos da pandemia COVID-19 no desenvolvimento infantil. Estud Psicol. 2020; 37: e200089.

Além das consequências psicológicas, o distanciamento físico priva as crianças da importante socialização com os pares, aprendizados consideráveis para o desenvolvimento humano, como: experiências lúdicas partilhadas, comunicação, cooperação, convivência com as diferenças, enfrentamento e compartilhamento de decisões, solução de conflitos.3737. Holmes EA, O’Connor RC, Perry VH, Tracey I, Wessely S, Arseneault L, et al. Multidisciplinary research priorities for the COVID-19 pandemic: a call for action for mental health science. Lancet Psychiatry. 2020; 7 (6): 547-60. Ainda, com o ensino remoto instalado no Brasil, o lar tornou-se sala de aula e os pais, professores, provocando um contexto caótico e estressante. Nesse sentido, o lar passou a ser um lugar com incertezas e falta de previsão para o retorno das relações sociais fora desse ambiente, tornando-se um agravante ansiogênico.3636. Linhares MBM, Enumo SRF. Reflexões baseadas na Psicologia sobre efeitos da pandemia COVID-19 no desenvolvimento infantil. Estud Psicol. 2020; 37: e200089.

Dentro do contexto pandêmico, a sociedade fica exposta não somente ao avanço da doença, mas também ao excesso de informações disponíveis que muitas vezes confundem quem as ouve e impulsionam o adoecimento psicológico.3838. Pereira MD, Oliveira LC, Costa CFT, Bezerra CMO, Pereira MD, Santos CKA, et al. A pandemia de COVID-19, o isolamento social, consequências na saúde mental e estratégias de enfrentamento: uma revisão integrativa. Res Soc Dev. 2020; 9 (7): e652974548. Destarte, a Organização Pan-Americana de Saúde3939. OPAS/OMS Proteção Da saúde mental em situações de epidemias. [Internet]. 2009 [acesso 10 mai 2020]; p.1-26. Disponível em: https://www.paho.org/hq/dmdocu-ments/2009/Protecao-da-Saude-Mental-em-Situaciones-de-Epidemias--Portugues.pdf
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evidencia que uma pandemia da magnitude do COVID-19 pode acarretar uma série de perturbações psicossociais que ultrapassam a capacidade de enfrentamento que a população possui, uma vez que toda ela sofre de angústias em maior ou menor grau. “Essencialmente, estima-se um aumento da incidência de transtornos psíquicos (entre um terço e metade da população exposta pode vir a sofrer alguma manifestação psicopatológica, de acordo com a magnitude do evento e o grau de vulnerabilidade)”.

Portante, a pandemia exige do individuo a mobilização das estratégias de enfrentamento do estresse (coping) de forma adaptativa, com intuito de evitar o estresse tóxico que essa adversidade pode gerar,3636. Linhares MBM, Enumo SRF. Reflexões baseadas na Psicologia sobre efeitos da pandemia COVID-19 no desenvolvimento infantil. Estud Psicol. 2020; 37: e200089. estabelecendo as três necessidades psicológicas básicas, inatas e universais que são afetadas durante a pandemia, sendo elas: de relacionamento – sentirse amado com relações estáveis; de competência – ter controle para gerenciar desafios e cumprir objetivos; e de autonomia – tomar decisões e assumir as respectivas conseqüências.4040. Bouffard L. Ryan RM, Deci EL. Self-determination theory. Basic psychological needs in motivation, development and wellness. New York, NY: Guilford Press. Rev québécoise Psychol. 2017; 38 (3): 231-4. Available from: https://www.erudit.org/fr/revues/rqpsy/2017-v38-n3-rqpsy03258/1041847ar/
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Ainda, o estresse tóxico – diferente do positivo e do tolerável – diz respeito à um estresse forte, frequente e prolongado, para o qual o corpo carece de mecanismos de proteção capazes de amenizar os efeitos negativos, fator que pode gerar exaustão e hiper vigilância nos indivíduos que o vivenciam.3636. Linhares MBM, Enumo SRF. Reflexões baseadas na Psicologia sobre efeitos da pandemia COVID-19 no desenvolvimento infantil. Estud Psicol. 2020; 37: e200089.

Por isso, o coping – que pode ser caracterizado como um conjunto de esforços, cognitivos e comportamentais com propósito de lidar com demandas internas ou externas que derivam de situações estressantes que causam sobrecarregamento sob o individuo – pode ser uma alternativa de enfrentamento do estresse tóxico.4141. Maia Â, Sendas S, Lopes R, Mendes JM. A eficácia das estratégias de coping após um evento traumático: uma revisão sistemática. e-cadernos CES. 2016; 25: 64-82. Logo, tendo em vista que a capacidade de enfrentamento adaptativo possa ser ameaçada nesse período, as estratégias de coping mais utilizadas são: a busca por uma rede de apoio, a fuga, a tentativa de solucionar o problema ou a distração.

As respostas de enfrentamento menos adaptativas podem aumentar a vulnerabilidade da criança, uma vez que ela está em desenvolvimento de sua capacidade de autorregulação – planejar, focalizar, realizar múltiplas tarefas. Portante, no processo de desenvolvimento de coping infantil, algumas estratégias são comuns, como: “a busca por apoio, a solução de problema e ação instrumental, a fuga e, quando esta não é possível, a distração”.3636. Linhares MBM, Enumo SRF. Reflexões baseadas na Psicologia sobre efeitos da pandemia COVID-19 no desenvolvimento infantil. Estud Psicol. 2020; 37: e200089. Além disso, segundo o autor, o apoio e a promoção da autonomia através dos responsáveis possibilitará a autoconfiança por parte da criança para lidar com futuros problemas.

Considerações fináis

O presente estudo objetivou identificar como tem se constituído o ensino/aprendizagem das crianças na primeira infância ensinadas por seus pais em educação remota em diferentes contextos sociais durante a pandemia do novo Coronavírus. Os resultados evidenciaram as dificuldades inerentes ao processo de aprendizagem durante a pandemia, visto que a obtenção de melhores resultados quanto à adaptação ao ensino remoto está ligada aos aspectos econômicos e de acesso, tanto às tecnologias quanto à rede de apoio. Constitui, ainda, grandes desafios, como a adequação da sala de aula ao modo remoto, a falta de preparo dos pais para atuarem como ensinantes, bem como, a ausência de tecnologias disponíveis para amparar e suprir as lacunas que o ensino remoto evidenciou.

Destarte, destaca-se um grande abismo proveniente das diferenças sociais, visto que grande parte da população de países em desenvolvimento, como o Brasil, encontram-se em vulnerabilidade social, podendo-se concluir, dessa forma, que a continuidade do aprendizado é garantida a uns e negada a outros. Outrossim, um sistema educacional sem estrutura suficiente para amparar os pais e/ou cuidadores também é responsável pela insatisfação de muitos pais e cuidadores acerca da qualidade de ensino no Brasil.

O isolamento físico causa perda de modelos externos do contexto social, como a escola e o ambiente de trabalho. Nessa perspectiva, com as recomendações referentes ao enfrentamento da pandemia do Coronavírus e com as medidas de proteção social indicadas pela Organização Mundial da Saúde, as famílias possivelmente podem ser amparadas no enfrentamento das necessidades psicológicas e educacionais citadas.

No estressante contexto atual causado pela pandemia, a pessoa pode manifestar estratégias mal adaptativas, como a negação, a evitação e o pensamento fantasioso ou mágico. Destarte, a busca por informações confiáveis e de qualidade baseadas em evidências e o planejamento de ações que visem lidar com as possibilidades disponíveis para a resolução de possíveis dificuldades são métodos de enfrentamento mais adaptativos, promovem o sentimento de autoeficácia e evitam o desamparo e as emoções que o acompanham, como o medo e o pessimismo.

Além disso, no âmbito educacional, as crianças pertencentes a contextos mais vulneráveis podem sofrer uma deficiência pedagógica, já que a desigualdade socioeconômica brasileira é uma realidade, e consequentemente, o sistema educacional não possui estrutura suficiente para amparar os responsáveis e as crianças. Meios escassos, analfabetismo funcional e falta de habilidades didáticas agravam ainda mais as disparidades educacionais presentes na sociedade brasileira. Desse modo, o propósito da escola deve tentar amenizar o impacto do confinamento, com recomendações adaptativas às realidades das diferentes famílias brasileiras, visando também preservar a saúde mental de todos os envolvidos.

Porém, o estudo é restrito ao cenário em que se vive, contendo limitações quanto às eventuais consequências pós pandemia, pois os impactos ainda não são conhecidos. É importante destacar que os países se organizaram rapidamente para possibilitar a continuação da aprendizagem. Visto isso, é preciso que as instituições e os órgãos governamentais estejam preparados para possíveis imprevistos.

Dessa forma, espera-se promover futuras reflexões sobre a temática por parte da Psicologia, uma vez que é de suma importância a discussão relacionada à atividade da docência que foi imposta aos pais em tempos de pandemia, bem como os impactos psicológicos que essa situação pode gerar.

Contribuição dos autores

Todos os autores contribuíram de igual forma em todo o desenvolvimento do trabalho, desde a pesquisa e escrita e aprovaram a versão final do artigo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Jun 2021
  • Data do Fascículo
    Maio 2021

Histórico

  • Recebido
    29 Set 2020
  • Aceito
    30 Mar 2021
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