Resposta ao artigo: Perfil e distribuição espacial da mortalidade materna

Prezado editor,

O estudo relata os detalhes por trás da Mortalidade Materna (MM), sendo uma das Metas de Desenvolvimento do Milênio sua redução até 2015.¹ No entanto, no ano de 2015 a taxa de mortalidade materna nos países em desenvolvimento foi de 239/100 mil nascidos vivos e de 12/100 mil nascidos vivos em países desenvolvidos. Neste contexto, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) morrem mais de meio milhão de mulheres no mundo anualmente, devido à complicações do ciclo gravídico - puerperal.² Mais da metade destas mortes ocorrem nas internações decorrentes do trabalho de parto. O estudo ressalta o conceito de mortalidade materna, o qual consiste na morte de mulheres durante a gestação ou puerpério, não incluindo causas acidentais ou incidentais. Esta mortalidade reflete a condição de vida, nível de organização e qualidade de atenção prestada à gestante.³ O estudo relata ainda, a criação dos Comitês de Mortalidade Materna no Brasil, o qual melhorou os registros de óbitos, uma vez que,essas situações de risco atingem, majoritariamente, mulheres com pouco acesso aos serviços de saúde e pré-natal de qualidade.³

Comparando o estudo de Ruas et al.¹ com outro estudo realizado na cidade de Florianópolis, Santa Catarina no mesmo período, percebeu-se que entre os anos de 2010 a 2013 tota-lizou-se 7 óbitos maternos e 593 óbitos de mulheres em idade fértil.⁴ No ano de 2009 não ocorreram óbitos maternos. Dados obtidos pelo DataSUS⁴ demonstraram que a causa obstétrica mais influente foi a indireta (4 mortes) versus a direta (3 mortes), discordando com os dados apresentados pelo estudo de Ruas et al.¹ Causas indiretas de mortalidade materna são aquelas causadas por doenças tratáveis existentes previamente ou durante a gestação.

Com isso, é indubitável a importância do pré natal para prevenir a ocorrência de óbito materno por causas indiretas. Ele representa o papel fundamental na detecção precoce de patologias maternas e fetais permitindo medidas de tratamento que evitam maior prejuízo á gestante e ao feto.^2,3

Dessa forma, infere-se que a infeliz realidade de óbitos maternos persiste por problemas evitáveis, com maior percentual na cidade de Florianópolis, Santa Catarina quando comparado aos números relatados no estudo de Ruas et al.¹ A melhor adesão das gestantes aos serviços de pré natal oferecidos pela rede pública consiste em uma estratégia fidedigna para obter a redução dessas taxas.

References

• ¹
  Ruas CAM, Quadros JFC, Rocha JFD, Rocha Neto C, Gregorio RA, Piris AP, Rios BRM, Pereira SGS, Ribeiro CDAL, Leão GMMS. Perfil e distribuição espacial da mortalidade materna. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2020; 20 (2): 385-96.
• ²
  Hogan MC, Foreman KJ, Naghavi M, Ahn SY, Wang M, Makela SM, Murray CJ. Maternal mortality for 181 countries, 1980-2008: a systematic analysis of progress towards Millennium Development Goal 5. Lancet. 2010; 375 (9726): 1609-23.
• ³
  Troncon JK, Quadros ND, Leonel RPM, Cecatti JG, Surita FG. Mortalidade materna em um centro de referência do Sudeste Brasileiro. Rev Bras Ginecol Obst. 2013; 35 (9): 388-94.
• ⁴
  Brasil. Ministério da Saúde. Sistema de Informações sobre Mortalidade. [acesso 17 set 2020]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sim/obtmap.htm
  » http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sim/obtmap.htm

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  31 Maio 2021
• Data do Fascículo
  Jan-Mar 2021

Histórico

• Recebido
  07 Nov 2020
• Revisado
  06 Jan 2021
• Aceito
  01 Fev 2021