Resumo
Introdução:
a dominação sobre os trabalhadores na fase neoliberal do capitalismo se desloca da sujeição dos corpos para o controle da subjetividade. Entre as tecnologias gerenciais que auxiliam esse processo, estão os instrumentos de avaliação de desempenho. Pela centralidade do sistema financeiro na sociedade capitalista, é em empresas desse ramo que costumam ocorrer inovações tecnológicas com maior potencial para se disseminar por toda a sociedade.
Objetivo:
para identificar a racionalidade subjacente a essas tecnologias, neste artigo estudamos o instrumento de avaliação de desempenho utilizado por um banco privado brasileiro.
Métodos:
foi realizada uma análise documental do manual explicativo do instrumento.
Resultados:
o instrumento, por meio de um algoritmo matemático e do uso de avaliação 360 graus, por um lado, determina um percentual mínimo de trabalhadores com desempenho insatisfatório, e, por outro, limita a porcentagem máxima de trabalhadores que poderão atingir o mais alto desempenho. Desse modo, os trabalhadores são estimulados permanentemente a concorrerem entre si para ocuparem posições predeterminadas.
Conclusão:
identificamos no instrumento um paradigma ilustrativo da racionalidade gerencial subjacente às mais diversas tecnologias gerenciais que, por meio do fomento à concorrência generalizada entre os trabalhadores, contribuem para um ambiente de trabalho adoecedor.
Palavras-chave:
saúde do trabalhador; trabalho; saúde mental; neoliberalismo; bancários