Open-access Fatores associados aos distúrbios musculoesqueléticos em pescadores de comunidade tradicional na Baía de Todos-os-Santos, Bahia, Brasil

Resumo

Introdução  Distúrbios musculoesqueléticos (DME) são uma das principais causas de dor e incapacidade no trabalho, afetando diversas categorias profissionais, incluindo pescadores polivalentes/artesanais.

Objetivo  Analisar os fatores associados à prevalência de DME, conforme a ocupação de pescadores e marisqueiras. Métodos: Estudo transversal, com amostra probabilística de pescadores do município de Cachoeira (BA). Utilizou-se o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares, além de questionário estruturado. Empregou-se análise de correspondência múltipla e regressão de Poisson.

Resultados  Participaram 248 trabalhadores, n = 78 pescadores e n = 170 marisqueiras. A prevalência de DME foi de 89,7% entre pescadores e de 95,3% entre marisqueiras, sem diferenças entre esses grupos (razão de prevalência = 1,06). Entre as marisqueiras, predominaram mulheres com idade ≤ 37 anos, com filhos menores de dois anos, ensino médio incompleto, que tinham outra atividade, com longas jornadas na postura agachada, deambulando com manuseio de carga e empurrando o pescado. Entre os pescadores, o perfil foi oposto, eles referiram medicamento para dor e longas jornadas na posição sentada.

Conclusão  Houve elevada prevalência de DME generalizado entre os pescadores polivalentes/artesanais, independentemente do gênero, isto pode ser explicado pela alta exposição de ambos os grupos aos fatores ocupacionais adversos e pelo perfil sociodemográfico da comunidade estudada.

Palavras-chave
Doenças Musculoesqueléticas; Doenças Profissionais; Pescadores Polivalentes; Saúde do Trabalhador

Abstract

Introduction  Musculoskeletal disorders (MSD) are one of the leading causes of pain and disability at work, affecting various professional categories, including multipurpose/artisanal fishing workers .

Objective  To analyse the factors associated with the prevalence of musculoskeletal disorders, characterized according to occupation, and to draw up a profile of fishermen and shellfish gatherers.

Methods  Cross-sectional study with a probabilistic sample of artisanal fishing workers from the municipality of Cachoeira (BA). The Nordic Musculoskeletal Questionnaire was used, in addition to a structured questionnaire. Multiple correspondence analysis and Poisson regression were used.

Results  248 workers participated, n = 78 fishermen and n = 170 shellfish gatherers. The prevalence of MSD was 89.7% among fishermen and 95.3% among shellfish gatherers, with no differences between these groups (prevalence ratio = 1.06). Among the shellfish gatherers, were predominant women aged ≤ 37 years, with children under two years old, incomplete secondary education, who had another activity, with long hours in a squatting position, walking while handling loads and pushing fish. Among the fishermen, the profile was the opposite, they reported taking pain medication and long hours in a sitting position.

Conclusion  There was a high prevalence of generalized MSD among multipurpose/artisanal fishers, regardless of gender. This could be explained by the high exposure of both groups to adverse occupational factors and by the sociodemographic profile of the community studied.

Keywords
Musculoskeletal Diseases; Occupational Diseases; Artisanal Fishers; Occupational Health

Introdução

Os distúrbios musculoesqueléticos (DME) são caracterizados como condições inflamatórias e degenerativas que afetam o sistema musculoesquelético e seus componentes1.Trata-se de um fenômeno relacionado ao trabalho, com danos decorrentes da utilização excessiva do sistema musculoesquelético, bem como da falta de tempo para sua recuperação2. O conjunto de doenças classificadas como DME é vasto e deve ser analisado a partir de protocolos específicos1,3.

No Brasil, os DMEs representam 30% ou mais dentre todas as doenças ocupacionais notificadas nos órgãos oficiais, liderando as causas de dor e incapacidade nos ambientes de trabalho4. Para os trabalhadores informais, o que inclui os pescadores polivalentesf, é evidente a inexistência de ações estruturadas e permanentes de vigilância em saúde do trabalhador voltadas para essa categoria profissional5.

Os pescadores polivalentes que são caracterizados como artesanais realizam a pesca de subsistência e constituem uma categoria tradicional em nível global, sendo, portanto, considerada uma modalidade importante de trabalho5 com características distintas em suas atividades pesqueiras. No Brasil, segundo dados do Registro Geral da Atividade Pesqueira de 2024, estão cadastrados 1.650.247 trabalhadores da pesca, sendo que 99,76% estão cadastrados como pescadores artesanais6 e aproximadamente 38 milhões de pessoas no mundo estavam dedicadas a essa atividade em tempo integral ou parcial7.

A pesca artesanal (PA) no Brasil pode ser de subsistência ou comercial e pode ser definida como um empreendimento simples, de baixa tecnologia, realizado de forma individual ou familiar, com maior frequência, a operação é conduzida pelo próprio proprietário (pescador), embora, em determinadas circunstâncias, as embarcações possam pertencer a comerciantes de pescado ou a investidores externos, contando, ainda, com o suporte da família5. Apesar da alta participação na produção do pescado, os trabalhadores da PA estão entre os grupos mais pobres da população8.

Os trabalhadores da PA são invisíveis ao Sistema de Saúde brasileiro9. O reconhecimento e o acompanhamento do agravamento do DME e sua relação causal ainda é incipiente no Brasil, devido à fragilidade persistente do nexo técnico epidemiológico (NTEP); este fato perpetua a dificuldade para o diagnóstico desses agravos4, aponta-se a necessidade da inclusão desse contingente profissional entre os grupos sociais de maiores riscos para ocorrência de DME10.

A sintomatologia de DME e seus fatores associados nos pescadores brasileiros já foram descritos11, caracterizados pela gravidade e ocorrência em inúmeras regiões corporais, sendo, entretanto, pouco elucidada nos pescadores artesanais do gênero masculino. Dentre os principais fatores desencadeadores pelo DME destacam-se os aspectos do processo de trabalho, as exigências cognitivas, fatores organizacionais/ psicossociais3. É notório ainda que variáveis como a idade, o gênero, o tempo de trabalho na profissão e a escolaridade podem ser fatores associados ao DME, considerando também a atividade econômica e a ocupação desenvolvida15.

Ainda não é possível ter uma estimativa mundial acerca da prevalência de DME e seus fatores associados no conjunto dos pescadores, embora existam evidências da magnitude da ocorrência do agravo nos pescadores profissionais16. Portanto, este artigo tem como objetivo analisar os fatores associados à prevalência de DME, conforme a ocupação de pescadores e marisqueiras, em uma comunidade pesqueira tradicional do nordeste brasileiro.

Métodos

Desenho do estudo e contexto

Trata-se de um estudo de corte transversal, realizado em 2017 com pescadores artesanais residentes de Santiago do Iguape, pertencente ao município de Cachoeira no estado da Bahia. A iniciativa de investigar trabalhadores informais emergiu a partir do princípio da pesquisa participativa de base comunitária17.

O referido espaço geográfico faz parte da Reserva Extrativista (RESEX) Marinha da Baía do Iguape que está às margens da Baía do Iguape, sendo a pesca a principal fonte de subsistência da população18.

Tamanho do estudo

Para caracterização da população pesqueira, foram utilizados os dados oficiais cadastrados da RESEX referente ao ano de 2017. Para o cálculo amostral, adotou-se a prevalência de DME de 50%12-14, com erro alfa de 5% em uma população total (N) de 537, calculando-se uma margem de perda ou recusa de 10%, resultando em uma amostra final de 248 pescadores artesanais, sendo 170 marisqueiras e 78 pescadores.

Participantes

Os critérios de inclusão estabelecidos foram: ter idade maior ou igual a 18 anos e estar exercendo a atividade (pesca) há pelo menos um ano, e aceitar participar do estudo ao assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Critérios de exclusão

Realizou-se um sorteio dos pescadores artesanais, utilizando-se a tabela de números aleatórios para uma abordagem amostral probabilística, estratificada por gênero e sem reposição.

Neste estudo, partiu-se do pressuposto histórico do reconhecimento da centralidade das mulheres na atividade da mariscagem e dos homens, na pesca marítima, com pequenas embarcações, conforme estudo realizado na Baía de Todos-os-Santos9.

Coleta de dados

Para a coleta de dados, que ocorreu nos meses de maio a julho de 2017, foi utilizado um questionário. O primeiro bloco do questionário, que incluiu questões relacionadas ao ambiente, à organização do trabalho e a fatores individuais, foi utilizado em estudos prévios11. Para a avaliação dos fatores físicos relacionados ao trabalho, utilizaram-se também questionários utilizados em estudos prévios e instrumentos validados19, 20acerca da demanda física do trabalho21-23 e da sintomatologia de DME. Foi empregada a versão brasileira ampliada, traduzida e validada do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO)20.

Variáveis

As variáveis relacionadas aos fatores individuais foram: idade (em anos) dicotomizada a partir da mediana (< 37, ≥ 37); escolaridade (até ensino fundamental completo, ensino médio completo ou incompleto)13; estado civil (casado ou solteiro)12; filhos com idades menores ou iguais a dois anos (presença ou ausência); comorbidades autorrelatadas (diabetes, hipertensão arterial, artrite reumatoide, hipotireoidismo e dor de cabeça – presença ou ausência de pelo menos uma)24; tabagismo (fumante atual e não fumante atual)25; etilismo (frequência de consumo de bebida alcoólica maior ou igual a uma vez por semana, menor do que uma vez por semana)26; e índice de massa corporal – IMC ( obesidade/sobrepeso , peso normal , baixo peso)27.

As variáveis relacionadas ao ambiente e à organização do trabalho foram: realização de atividades relacionadas à pesca (sim, não) 13; horas semanais dedicadas à PA ( > = 20 horas , < 20 ); e realização de pausa durante a atividade de trabalho (sim, não).

Para definição do caso de DME, ficou estabelecido o relato de dor ou desconforto nos últimos 12 meses, com duração de mais de uma semana ou frequência mínima mensal, não causada por lesão aguda e apresentando gravidade ≥ 3, numa escala ordinal de 0 a 5, com qualificadores verbais explicativos nas extremidades: 0 = nenhuma dor, 5 = dor insuportável, ou determinando busca de atenção médica, ou ausência oficial ou não ao trabalho ou mudança de trabalho, motivadas por pelo menos dor ou desconforto em uma das seguintes regiões: pescoço, ombro, cotovelo, antebraço, punho/mão, parte alta das costas, região lombar, coxa, joelho, perna, tornozelo e pé2. O DME generalizado foi caracterizado como a presença de casos em que o número de regiões afetadas foi maior ou igual a 1, similar ao critério utilizado em outros estudos com pescadores artesanais14.

Para a caracterização da demanda física dos trabalhadores da pesca, analisaram-se os seguintes itens: postura, força muscular, manuseio de carga e pressão física. Tais variáveis foram mensuradas numa escala de 6 pontos (0 a 5), quanto à frequência, à intensidade e à duração, sendo arbitrariamente estabelecido o ponto de corte para valores menores que 3 (inexistente) e valores iguais ou maiores que 3 (insuportável).

Análise dos dados

As análises foram efetuadas com auxílio do pacote estatístico R versão 3.6.3 e utilizou-se a análise de correspondência múltipla (ACM). No primeiro momento, todas as variáveis elencadas foram incluídas no mapa de correspondência e, após análise das correlações bivariáveis, com ponto de corte com valores acima de 0,23 (metade do maior valor das correlações) e suas contribuições, foram retiradas as variáveis potencialmente colineares.

Após a etapa da ACM, empregou- se de regressão de Poisson para analisar associação entre a presença de DME e características individuais e ocupacionais. Foram calculadas razões de prevalência (RP) brutas e ajustadas, foram estimados intervalos de confiança e foram calculados valores de p a partir do erro padrão robusto, obtido pela matriz de covariância heterocedasticidade consistente dos coeficientes modelares. A Bondade de Ajustamento do modelo foi avaliada através do Critério de Informação de Akaike (AIC) e da análise de resíduos. Para a avaliação do pressuposto de não superdispersão, calculou-se a razão dos resíduos da Deviance pelos graus de liberdade correspondentes. Mesmo não havendo violação desse pressuposto, optou-se pela estimativa robusta dos erros padrão de todo o modelo.

Por fim, realizou-se novamente a ACM, a partir dos indivíduos com DME, para descrição dos perfis associados à ocupação. A partir deste procedimento, foi possível a criação de três zonas (perfis) no mapa, a saber: perfil de variáveis da ocupação marisqueiras; perfil de variáveis da ocupação pescadores; e perfil comum. Para tanto, estabeleceu-se arbitrariamente o valor mínimo de 1,5 cm para distância entre os pontos correspondentes aos níveis das variáveis como estratégia para definir a relevância do achado nesta análise.

Considerações éticas

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Bahia, Universidade Federal da Bahia, Parecer 1.711.010, em 3 de setembro de 2016. Todos os participantes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido.

Resultados

Caracterização da amostra

Os pescadores artesanais de Santiago do Iguape, investigados neste estudo, compreenderam um quantitativo de 248 indivíduos, dentre os quais 170 eram marisqueiras e 78 eram pescadores. Acerca das características sociodemográficas, destacam-se a média de idade de 36,7 anos (DP = 10,5 anos) para as marisqueiras e 43,3 anos (DP = 11,8 anos) para os pescadores. A média de horas trabalhadas por dia, respectivamente, foi de 8,8 horas (DP = 1,9) para elas e 9,1 horas (DP = 3,0) para eles. Em ambas as ocupações, o início da atividade laboral foi iniciado com média aproximada de 11 anos. A renda semanal média variou de R$ 57,00 (DP = 35,7) até R$ 94,60 (DP = 55,9). Ressalta-se ainda a predominância da raça/etnia autodeclarada negra/parda (96,4% e 94,9%) em ambas as ocupações e estado civil categorizado como solteiro/separado ou viúvo. No quesito escolaridade, ambos os grupos apresentaram ensino fundamental incompleto, aproximadamente em 30% da amostra estudada. Mais detalhes da caracterização da amostra podem ser encontrados em estudo prévio28.

Realizou-se a ACM conforme a representação gráfica no mapa da Figura 1, demonstrado em um plano de duas dimensões a avaliação conjunta entre as variáveis elencadas neste estudo. Desta forma, não apresentaram associação de DME com a ocupação, ou seja, as ocupações de mariscagem e de pescador em pequenas embarcações localizaram-se no mapa com proximidades semelhantes ao centróide presença de DME o qual, por sua vez, possui coordenada no mapa com valores quase zero para a primeira e segunda dimensões (-0,026 e 0,003), denotando não ser a presença de DME discriminatória em favor de qualquer variável, inclusive a ocupação. Porém, o centroide ausência de DME encontra-se excessivamente fora da nuvem de pontos do mapa (par coordenado igual a 0,423 e -0,056, para a primeira e segunda dimensões, respectivamente) indicando tratar-se de exceção (outlier).

Figura 1
Análise de correspondência múltipla dos distúrbios musculoesqueléticos por ocupação, com inclusão de todas as variáveis não colineares elencadas neste estudo, entre pescadores de Santiago do Iguape, Bahia, 2017

Ainda conforme demonstrado na Figura 1, é evidente a proximidade de todos os pontos das variáveis incluídas com a presença de DME generalizado (DME_1), desta forma, considerando a variável DME generalizado como o centroide desta ACM. A ausência de DME (DME_0) neste contexto apresenta-se como outlier evidenciado pelo distanciamento na representação gráfica.

Outra análise importante se refere à projeção espacial das ocupações pesqueiras em quadrantes opostos, sendo assim demonstradas as diferenças dos perfis dos pescadores artesanais de Santiago do Iguape. Complementarmente, realizou-se a modelagem com o uso da técnica de regressão de Poisson acerca da associação entre ocupação e DME, ajustada para as todas as variáveis do mapa da Figura 1.

Já a Tabela 1 demonstra todas as RP, intervalo de confiança e o p-valor de todas as covariáveis do estudo para o modelo ajustado. A RP bruta entre ocupação e DME encontrada foi de 1,06, próxima à RP ajustada de 1,04, coincidindo com a ausência da associação entre ocupação e DME reportada pela ACM e indicando objetivamente a ausência de contribuição das covariáveis para a associação principal.

Tabela 1
Modelo completo de regressão de Poisson da associação entre ocupação e distúrbios musculoesqueléticos dos pescadores de Santiago do Iguape, Bahia, 2017

As covariáveis estado civil, postura com o tronco inclinado para frente e horas semanais de trabalho apresentaram RP menores que 1 e uma probabilidade menor do que 5% de que tais associações negativas tenham sido resultado apenas do sorteio efetuado no estudo. Observa-se também um bom ajuste do modelo de Poisson estimado, com AIC pequeno e desvio residual próximo a zero.

A prevalência de DME no contingente de trabalhadores da pesca alcançou o valor expressivo de 93,5%, com a presença de DME em pelo menos uma região corporal. Logo, quase a totalidade dos pescadores estudados apresentaram DME generalizado e, dessa forma, foi possível traçar o perfil para cada ocupação e aspectos comuns dos pescadores acometidos por DME, conforme ilustrado na Figura 2.

Figura 2
Análise de correspondência múltipla dos distúrbios musculoesqueléticos caracterizados por ocupação, segundo covariáveis do estudo, entre pescadores de Santiago do Iguape, Bahia, 2017

Ainda na Figura 2, é possível verificar a localização dos pares cartesianos correspondentes às ocupações, ocupando os quadrantes ímpares em oposição espacial, estando o par cartesiano das marisqueiras situado no 3o quadrante e o dos pescadores no 1o quadrante, explicitando perfis não semelhantes.

Realizou-se também a avaliação das maiores distâncias dos pontos dos níveis de cada variável, a partir da reta da ocupação (Figura 2). Salienta-se que algumas distâncias foram muito próximas, ratificando a não variabilidade desses achados, logo não pertencente a nenhum perfil.

Na observação das variáveis associadas ao perfil da marisqueira artesanal que apresentaram DME generalizado, associaram-se os fatores individuais: mulheres jovens com idade inferior a 37 anos de idade, com filhos menores de dois anos, ensino médio incompleto, praticantes de atividade física, fumantes, com ausência de dor de cabeça e, apesar do relato de dor musculoesquelética, o não uso de remédio para o controle da dor e ainda autorrelato de comorbidades como diabetes; nos fatores físicos relacionados ao trabalho da pesca, associaram-se: realização de outra atividade de trabalho concomitante à mariscagem, manuseio de carga com o ato de empurrar o pescado durante toda a atividade de trabalho, com postura agachada também durante toda a atividade de trabalho, bem como andando o tempo todo e jamais usando a postura sentada durante a atividade de trabalho.

No grupo de pescadores artesanais, constituído de homens, que apresentaram DME generalizado, associaram-se os seguintes fatores individuais: pescadores mais velhos com idade igual ou superior a 37 anos, sem filhos com idade de dois anos, com ensino médio completo, não praticantes de atividade física, não fumantes, com presença de dor de cabeça e uso de remédio para o controle da dor e ainda sem comorbidades da diabetes. Nos fatores físicos, associaram-se: não realização de outra atividade de trabalho junto com a pesca, o ato de jamais manusear a carga do pescado empurrando durante a atividade de trabalho, bem como na postura agachada, jamais andar durante o trabalho e a permanência na postura sentada o tempo todo durante a atividade de trabalho.

Para ambas as ocupações, foram semelhantes os fatores individuais referentes ao IMC e comorbidades autorrelatadas, hipertensão e artrite reumatoide. Acerca do ambiente de trabalho, apresentaram-se como fatores em comum as horas dedicadas ao trabalho da pesca e as demandas físicas relacionadas: realização de atividade de trabalho com a postura em pé, postura com o tronco inclinado para frente e com os braços acima da altura dos ombros. Ainda foram semelhantes a força muscular de braços e/ou mãos, bem como a pressão do tempo e o ritmo de trabalho.

Discussão

O achado fundamental deste artigo é a exacerbada prevalência de DME em pescadores na comunidade-alvo, sem distinção entre homens (pescadores artesanais) e mulheres (marisqueiras). Observou-se ainda que a ocorrência do DME e de dor musculoesquelética é frequente em mais de uma região corporal.

A localidade estudada é um exemplo típico das comunidades pesqueiras do Recôncavo baiano. Nela, a PA é uma das estratégias de sobrevivência de famílias de baixa renda, em um sistema econômico excludente e sujeito a crises29, potencializando a pobreza e a ocorrência de doenças ocupacionais pela ausência e/ou pouquíssimas condutas terapêuticas e preventivas, primariamente pela falta de identificação do agravo pelo sistema de informação de saúde brasileiro e também pela invisibilidade das principais demandas em vigilância em saúde especificamente para os pescadores artesanais30.

Os resultados encontrados sugerem, em caráter inédito, a ausência de diferença quanto à ocorrência DME entre as categorias ocupacionais de marisqueira e pescador de pequenas embarcações. Tal resultado é divergente de estudos prévios, em que as mulheres foram mais acometidas por DME comparativamente aos homens31,32. Isto se deveu à elevada ocorrência do fenômeno do agravo que acometeu quase a totalidade de pescadores neste estudo.

É, portanto, muito provável que todos os pescadores desta comunidade tradicional apresentem de maneira similar DME em todas as regiões corporais, de modo que este achado demonstra a gravidade do problema, capaz de culminar em situações de incapacidade funcional permanente.

Outro aspecto a se considerar é que a ocorrência de DME em trabalhadores artesanais não pode ser mensurada em apenas um sítio anatômico, pois existem evidências de que trabalhadores submetidos a elevados níveis de exigência física, incluindo a movimentação manual de materiais e a adoção de posturas extenuantes, estão suscetíveis à ocorrência de DME e dor em várias regiões anatômicas, de forma concomitante32. Ademais, a tipologia da atividade de trabalho requer a manutenção da saúde para própria sobrevivência, sendo este um fator que diferencia essa categoria profissional, porém trata-se de um conhecimento esparso e desprovido da devida atenção aos trabalhadores informais, em especial no Brasil.

Acerca dos fatores associados com a ocupação exclusivamente de marisqueiras da Baía de Todos-os-Santos, estudo anterior13 evidenciou a presença de DME em região lombar, associada ao tempo de trabalho na pesca superior a 26 anos, à postura sentada com flexão de tronco durante o trabalho e à movimentação manual e força muscular com os braços; e DME em pescoço/ombro e membros superiores distais, associadas ao tempo de trabalho diário maior que 11 horas e realização de outra atividade de trabalho concomitante à PA33.

Entretanto, resultados de uma revisão sistemática16 apontaram serem pouquíssimas as evidências atuais acerca dos fatores associados ao início do DME nos trabalhadores da pesca, no caso de pescadores industriais, sendo a única evidência consistente encontrada trabalhar meio período do dia com a atividade pesqueira.

No Brasil, o perfil dos indivíduos acometidos por DME4 infelizmente não contempla os trabalhadores informais, mas destaca que a atividade econômica e a ocupação podem ser variáveis determinantes para o desenvolvimento desse distúrbio1; dessa forma, ressalta-se que o contingente de pescadores está entre as ocupações laborais mais pobres da população mundial7.

No cenário de diversos estudos científicos, revelam-se inúmeros fatores associados ao início e ao agravamento do DME e seus principais sítios anatômicos de ocorrência, sendo a demanda física do trabalho uma evidência constante em estudos epidemiológicos, nas mais diversas categorias profissionais1,23,34-36. Logo, o perfil dos pescadores artesanais com DME deste estudo possibilitou uma análise desses fatores, visto a lacuna e a fragilidade do conhecimento a respeito dessa categoria profissional. Ressalta-se ainda que a análise da demanda física do trabalho é reconhecida no contexto de estudo com populações de trabalhadores, em especial nos estudos sobre DME e seus fatores preditores23. Segundo Fernandes22, a descrição da demanda física do trabalho e suas particularidades demonstra, de maneira efetiva, a informação individual, a experiência de trabalho e suas exigências variáveis, sendo especialmente relevante nas ocupações mais dinâmicas.

Os resultados revelaram o seguinte perfil das marisqueiras acometidas por DME: mulheres mais jovens, com filhos pequenos, com ensino médio incompleto, que realizam outra atividade de trabalho concomitante à da pesca, postura de trabalho agachada, com longas jornadas deambulando, bem como o manuseio de carga com o ato de empurrar o pescado. Destaca-se, a partir dessas informações, a variedade de fatores que podem interferir na ocorrência e agravamento dos DME.

As associações entre a demanda física do trabalho e a sintomatologia do DME são estudadas desde a década de 20001,37. Na análise exclusiva das demandas físicas do trabalho, relacionadas à ocupação de marisqueira, é válido destacar que, além dos fatores individuais, foram encontradas associações nos fatores físicos oriundos das três dimensões do instrumento aplicado, tais como: postura geral (andando), postura segmentar (agachada) e manuseio de carga (empurrar). Estas dimensões são assemelhadas com os achados em estudo realizado junto às marisqueiras de Ilha de Maré-BA11, que também apresentaram posturas anômalas e longas jornadas de caminhada durante a atividade pesqueira.

Acerca do perfil dos pescadores com DME, foram encontradas diferentes características, tais como: pescadores mais velhos, sem filhos com idade menor de dois anos, com ensino médio completo, não praticantes de atividade física, não fumantes, com presença de dor de cabeça e uso de remédio para o controle da dor. No item fatores físicos, somente houve uma associação encontrada, sendo a permanência na postura sentada o tempo todo durante a atividade de trabalho, logo a demanda física do trabalho associou-se apenas a uma dimensão, a postura segmentar.

Os perfis das marisqueiras e dos pescadores artesanais com DME demonstraram diferenças tanto nos aspectos individuais quanto naqueles relacionados à demanda física do trabalho. O estudo de Maneschy e colaboradores37 relata dentre as principais diferenças entre os gêneros na atividade pesqueira: a subordinação, a invisibilidade das mulheres na atividade e a mudança histórica que vem ocorrendo desde a década de 1980, com a necessidade da inserção das pescadoras em políticas de empoderamento e garantia de direitos sociais.

Uma das hipóteses para esses achados reflete historicamente o papel da mulher nessas comunidades tradicionais, que costumam combinar em seu cotidiano diferentes tipos de atividades, com dupla/tripla jornada de trabalho, e destinam o produto obtido da pesca parte para o consumo familiar e parte para revenda e geração de rendimentos para a família. Sendo assim, é compreensível que haja uma maior carga musculoesquelética sobre essas trabalhadoras e uma dificuldade de mudança de realidade, visto que a responsabilidade materna, do lar e de geração de renda são quase indissociáveis nessas comunidades, que dispõem de pouquíssima infraestrutura e falta de gestão voltada para saúde e educação.

O perfil dos pescadores de embarcações compreendeu pessoas do gênero masculino, com maior faixa etária (> de 37 anos) e sem filhos pequenos, sugerindo assim uma manutenção dos costumes pesqueiros entre os mais velhos ou devido à falta de oportunidades em outras atividades laborais. Nas demandas físicas do trabalho, o resultado encontrado reforça a diferença dos pescadores com DME e as mulheres, visto que a atividade de trabalho nessa comunidade está relacionada com o uso de pequenas e rústicas embarcações (camboas), prevalecendo a postura sentada na maior parte do tempo. No estudo com trabalhadores da indústria38, por exemplo, a exposição ocupacional foi insuficiente para explicar a ocorrência maior de DME em mulheres do que em homens.

Considerando-se o perfil comum nas duas ocupações, destacam-se os fatores físicos associados à atividade de trabalho com as posturas em pé, tronco inclinado para frente e braços acima da altura dos ombros, bem como à força muscular exacerbada em braços e/ou mãos e à pressão do tempo e ao ritmo de trabalho sempre acelerado. Salienta-se que a postura com tronco inclinado para frente está associada a disfunções lombares e existe uma relação entre o aumento da amplitude de flexão e o nível de desconforto, assim como movimentos de rotação, fatores que podem se tornar um risco biomecânico para essa região38.

Dessa forma, os fatores individuais, as posturas inadequadas e as altas intensidades de força, como as identificadas neste estudo, podem causar sobrecarga física e metabólica nos tecidos e exceder os limites de estresse, provocando macrolesões teciduais39 e favorecendo a ocorrência e o agravamento do DME, visto seu caráter multicausal. É válido ressaltar ainda que a exposição aos fatores preditores individuais e do trabalho na PA iniciam na infância e na adolescência, fases em que o trabalho tem uma função cultural e social.

Por fim, ressalta-se a importância de demonstrar a gravidade da ocorrência de DME generalizado em ambas as ocupações, bem como a caracterização do perfil desses trabalhadores. Portanto, é notória a necessidade de aprofundamento de estudos em todos os aspectos do ambiente de trabalho e suas condições, para assim fortalecer a necessidade urgente do reconhecimento do DME, melhorar a notificação e o entendimento dos fatores preditores, com observância da atenção à saúde e de um trabalho digno para esse importante contingente de trabalhadores brasileiros.

Conclusão

O estudo revelou elevada prevalência de DME entre trabalhadoras e trabalhadores da PA, sem diferenças entre as categorias de marisqueiras e pescadores em pequenas embarcações. Ademais, possibilitou a caracterização dos perfis dos pescadores artesanais com DME na localidade em foco. Ficou demonstrada a diferença dos perfis desses trabalhadores. As marisqueiras são: mais jovens, com filhos pequenos, ensino médio incompleto, realizam outra atividade de trabalho concomitante à pesca, com postura de trabalho agachada e longas jornadas deambulando, bem como manuseando carga com o ato de empurrar o pescado. Quanto aos pescadores: mais velhos, sem filhos pequenos, com ensino médio completo, não praticantes de atividade física, não fumantes, com presença de dor de cabeça e uso de remédio para o controle da dor e com permanência na postura sentada o tempo todo durante a atividade de trabalho.

Os resultados indicaram uma elevada prevalência de DME generalizado entre os pescadores artesanais, independentemente do gênero. Isto pode ser explicado pela alta exposição de ambos os grupos a fatores ocupacionais adversos e pelo perfil sociodemográfico da comunidade estudada.

O estudo apresenta algumas limitações, como: a natureza transversal da pesquisa, que impede a determinação da relação de temporalidade entre as variáveis independentes e os desfechos analisados; a coleta de dados baseada em autorrelatos dos participantes, o que pode estar sujeito a viés de informação; e, por fim, a restrição da amostra a uma comunidade específica, limitando a generalização dos resultados para outras regiões e contextos de PA.

Sugere-se a realização de estudos longitudinais que permitam compreender melhor a evolução dos DME ao longo do tempo e sua relação com as condições de trabalho na PA, assim como pesquisas que envolvam a análise de estratégias preventivas e de intervenções para minimizar o impacto dos DME nos pescadores artesanais. Por fim, destaca-se a necessidade de políticas públicas voltadas à saúde ocupacional dos trabalhadores da PA, visando melhorias nas condições de trabalho e na qualidade de vida desse grupo profissional historicamente negligenciado.

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  • Informações sobre trabalho acadêmico:
    Trabalho baseado na tese de doutorado de Juliana dos Santos Muller intitulada “Prevalência de distúrbios musculoesqueléticos e fatores associados e perfil dos pescadores artesanais de comunidade tradicional da Baía de Todos-os-Santos, Bahia, Brasil”, apresentada em 2021 no Programa de Pós-Graduação em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas da Universidade Federal da Bahia.
  • Disponibilidade de dados:
    Os dados que dão suporte ao estudo não podem ser disponibilizados publicamente por razões éticas e legais.
  • Apresentação do estudo em evento científico:
    Os autores informam que o estudo não foi apresentado em evento científico.
  • f
    Neste estudo, adotou-se o termo padronizado da CBO “pescadores polivalentes” (Código 6310 na CBO 2002), que contempla o catador de mariscos (Código 6310-10), chamado de mariscador ou marisqueiro, e pescador de peixes e camarões (Código 6310-20). Nas publicações nacionais, os pescadores polivalentes são reconhecidos como pescadores artesanais.
  • Financiamento:
    Os autores declaram que o estudo foi subvencionado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Chamada CNPQ/ICMBIO/FAPS nº 18/2017.

Editado por

  • Editor-Chefe:
    Eduardo Algranti

Disponibilidade de dados

Os dados que dão suporte ao estudo não podem ser disponibilizados publicamente por razões éticas e legais.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Out 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    20 Maio 2024
  • Revisado
    26 Mar 2025
  • Aceito
    25 Abr 2025
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