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Exposição ocupacional e câncer: uma revisão guarda-chuva

Resumo

Objetivo:

fornecer uma visão geral das associações entre exposição ocupacional e risco da ocorrência ou morte por câncer.

Métodos:

esta revisão guarda-chuva da literatura utilizou as bases Medline e Web of Science. A partir de protocolo de busca, foram incluídas metanálises para diversas circunstâncias ocupacionais e cânceres selecionados que possuíssem algum nível de evidência para associação com ocupação.

Resultados:

foram incluídas 37 metanálises, abrangendo 18 localizações de câncer. Considerando a avaliação da heterogeneidade dos estudos, da qualidade da evidência e da força de associação, obteve-se evidências altamente sugestivas de associações entre exposição a solvente e mieloma múltiplo; amianto e câncer de pulmão; hidrocarbonetos e câncer de trato aerodigestivo superior; e estresse ocupacional e câncer colorretal.

Conclusão:

há evidências robustas para associar exposições ocupacionais e tipos de câncer não previstos, inicialmente, nas orientações de vigilância do câncer relacionado ao trabalho no Brasil. Permanecem lacunas sobre exposições de grande relevância, que carecem de metanálises mais consistentes, por exemplo, exposição a poeiras inorgânicas e câncer de pulmão e mesotelioma; exposição a solventes e tumores hematológicos. Evidências de câncer em outras regiões anatômicas foram menos robustas, apresentando indícios de incerteza ou viés.

Palavras-Chave:
exposição ocupacional; câncer; câncer ocupacional, saúde do trabalhador

Abstract

Objective:

to provide an overview of the associations between occupational exposure and risk of occurrence or death from cancer.

Methods:

this umbrella review used the Medline and Web of Science databases. Based on the search protocol, meta-analysis was included for several occupational circumstances and selected cancers that had some level of evidence associated with the occupation.

Results:

37 meta-analysis were included, covering 18 cancer locations. By assessing the heterogeneity of studies, quality of evidence, and strength of association, results highly indicated associations between solvent exposure and multiple myeloma, asbestos and lung cancer, hydrocarbons and upper aerodigestive tract cancer, occupational stress and colorectal cancer.

Conclusion:

robust evidence shows an association between occupational exposures and types of cancer not initially foreseen in the guidelines for work-related cancer surveillance in Brazil. Gaps in relevant exposures require further research and more consistent meta-analysis, including: exposure to inorganic dust and lung cancer and mesothelioma; solvents and hematological tumors. Evidence of cancer in other anatomical regions was less robust, showing signs of uncertainty or bias.

Keywords:
occupational exposure; cancer; occupational cancer, occupational health

Introdução

No mundo, o câncer é a primeira ou a segunda principal causa de morte prematura (mortes entre 30 e 69 anos) em 73% dos países. Ao considerar apenas as mortes por doenças não transmissíveis, em 2016, 29,8% foram causadas por câncer11. Wild CP, Weiderpass E, Stewart BW, editors. World Cancer Report: Cancer research for cancer prevention. Lyon: IARC; 2020.. No Brasil, as estimativas de incidência desta doença para o triênio 2020-2022 apontam para o surgimento de mais de 625 mil novos casos anuais22. Instituto Nacional de Câncer (BR). Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2019..

Há atualmente suficientes evidências científicas para apoiar a associação entre o trabalho e alguns tipos de câncer33. Hashim D, Boffetta P. Occupational and environmental exposures and cancers in developing countries. Ann Glob Health. 2014;80(5):393-411.),(44. Boffetta P. Human cancer from environmental pollutants: the epidemiological evidence. Mutat. Res Genet Toxicol Environ Mutagen. 2006;608(2):157-62.),(55. Clapp RW, Howe GK, Jacobs MM. Environmental and occupational causes of cancer: a call to act on what we know. Biomed Pharmacother. 2007;61(10):631-9.. De fato, a Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 19% de todos os cânceres são atribuídos ao meio ambiente, inclusive em ambientes de trabalho66. World Health Organization. Prevention of occupational cancer. The Global Occupational Health Network (GOHNET) Newsletter. 2006;(11).. Sabe-se que a exposição ocupacional é a principal rota de exposição humana a cerca de metade dos produtos químicos e misturas classificadas pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (International Agency for Research on Cancer - IARC) como cancerígenas para os seres humanos77. Cogliano VJ, Baan R, Straif K, Grosse Y, Lauby-Secretan B, El Ghissassi F, Bouvard V, et al. Preventable exposures associated with human cancers. J Natl Cancer Inst. 2011;103(24):1827-39.), (88. Clapp RW, Jacobs MM, Loechler EL. Environmental and Occupational Causes of Cancer New Evidence, 2005-2007. Rev Environ Health. 2008;23(1):1-37..

No Brasil, os cânceres relacionados ao trabalho têm sido mal dimensionados, devido à escassez de evidências nacionais e registro insuficiente, tanto pelo subregistro de casos, quanto pela invisibilidade da localização de cânceres reconhecidos pelo sistema de vigilância brasileiro99. Instituto Nacional de Câncer (BR). Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Área de Vigilância do Câncer relacionado ao Trabalho e ao Ambiente. Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho; organizadora Fátima Sueli Neto Ribeiro. Rio de Janeiro: INCA; 2012.. Originalmente, a definição de câncer relacionado ao trabalho adotada pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação considera casos confirmados como eventos sentinelas, entre outros, aqueles que resultarem em leucemia por exposição ao benzeno; mesotelioma por amianto; e angiossarcoma hepático por exposição a cloreto de vinila1010. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e do Trabalhador. DRT - Câncer Relacionado ao Trabalho, instruções para preenchimento. Brasília, DF; 2005.. Mais recentemente, o Ministério da Saúde passou a adotar o critério de “todo caso de câncer que tem entre seus elementos causais a exposição a fatores, agentes e situações de risco presentes no ambiente e processo de trabalho, mesmo após a cessação da exposição” (p.2) (1111. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Saúde Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das Emergências em Saúde Pública. Nota Informativa Nº 94/2019-DSASTE/SVS/MS. Orientação sobre as novas definições dos agravos e doenças relacionados ao trabalho do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Brasília, DF; 2019..

Anualmente, inúmeros novos estudos epidemiológicos são conduzidos e publicados para examinar se a exposição ocupacional aumenta o risco de desenvolvimento para outros tipos de câncer. Recentemente, foi estimada a carga global de doença para os cânceres de rim, mama, nasofaringe, laringe, pulmão, mesotelioma, ovário e leucemia, considerando-os relacionados ao trabalho1212. Global Burden of Disease 2016 Occupational Carcinogens Collaborators. Occupational Carcinogens Collaborators. Global and regional burden of cancer in 2016 arising from occupational exposure to selected carcinogens: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. Occup Environ Med. 2020;77(3):151-9.. Entretanto, estudos prospectivos de coorte e metanálises revelam associação entre exposições ocupacionais e cânceres em outras localizações, como sistema nervoso central, próstata, cavidade nasal, esôfago, bexiga, fígado e vias biliares1313. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Atlas do Câncer Relacionado ao Trabalho no Brasil. Brasília, DF; 2018.. Assumindo que estas associações possam ser causais, uma carga substancial de câncer pode ser evitada, considerando o fato de que as exposições ocupacionais são, em grande parte, preveníveis1414. Purdue MP, Hutchings SJ, Rushton L, Silverman DT. The proportion of cancer attributable to occupational exposures. Ann Epidemiol. 2015;25(3):188-92..

A IARC vem, ao longo de mais de meio século, classificando agentes, combinações de agentes e circunstâncias de exposição de acordo com sua carcinogenicidade/ameaça para o ser humano, através das suas monografias. Entre os itens avaliados, classificados como “definitivamente”, “provavelmente” ou “possivelmente” carcinogênicos, muitos estão relacionados ao trabalho1515. International Agency for Research Cancer [homepage na internet]. IARC Monographs on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans [citado em 13 mai 2021]. Disponível em: https://monographs.iarc.who.int/.
https://monographs.iarc.who.int/...
.

Há, outrossim, um efeito, da evidência apontada pelo estado da arte, explicado por vieses na literatura. De fato, estudos mostrando resultados positivos e associações estatisticamente significativas têm mais probabilidade de serem publicados do que com achados negativos e sem significância estatística, orientando mal as decisões clínicas e de saúde pública1616. Dwan K, Gamble C, Williamson PR, Kirkham JJ. Systematic review of the empirical evidence of study publication bias and outcome reporting bias - an updated review. PLoS One. 2013;8(7):e66844.. Visando contribuir para a tomada de decisão baseada em evidência, este estudo tem por objetivo fornecer uma visão geral das associações entre a exposição ocupacional e o risco de desenvolver ou morrer de câncer.

Métodos

Para resumir e avaliar as evidências existentes e sua qualidade, realizou-se uma revisão guarda-chuva (umbrella review) de metanálises que investigaram a associação entre exposição ocupacional e risco de ocorrência ou morte por câncer1717. Fusar-Poli P, Radua J. Ten simple rules for conducting umbrella reviews. Evid Based Ment Health. 2018;21(3):95-100..

Questão de pesquisa

Foi utilizada a estratégia PECOS, considerando: os trabalhadores adultos com idade igual ou maior que 18 anos (P = população), avaliados quanto à exposição ocupacional a agentes cancerígenos (E= exposição) e comparados com trabalhadores não expostos (C = comparação de exposições ou controle), para que pudesse ser verificada a associação com o desenvolvimento de câncer relacionado ao trabalho (O = outcome ou desfecho), em revisões sistemáticas e metanálises (S= studies ou estudos), tendo sido construída a seguinte pergunta norteadora: “Que cânceres estão mais associados à exposição ocupacional?”.

Critérios de elegibilidade

Foram elegíveis metanálises que descrevessem a associação entre exposições ocupacionais e risco de câncer. Não houve restrições quanto ao tipo ou ano de publicação. Restringiu-se a publicações em inglês, espanhol, francês e português. Estudos realizados em grupos populacionais de não trabalhadores e com crianças foram excluídos.

Fontes de informação e estratégias de busca

Foram realizadas buscas nas fontes Medline e Web of Science por revisões sistemáticas e metanálises publicadas até março de 2020, com o objetivo de investigar a associação entre exposições ocupacionais e risco de câncer. Inicialmente, foi verificada a concordância entre as diferentes bases, ao verificar que foi superior a 90%, optou-se por fazer a busca a partir da base mais abrangente, o Medline, a busca foi realizada com os seguintes termos: (occupational OR work-related) AND (cancer OR neoplasm OR tumour) AND (risk factor OR attributable risk) AND (exposure) AND (systematic review OR meta-analysis).

Seleção das revisões e avaliação da qualidade metodológica

Os artigos inicialmente selecionados foram submetidos à checagem de duplicidades. Após exclusão dos duplicados, duas pesquisadoras (Ayres e Garbin), de forma independente, selecionaram as revisões sistemáticas e metanálises elegíveis a partir da leitura de títulos e resumo. Os dados de elegibilidade foram armazenados com dupla digitação. As discordâncias entre as avaliadoras em relação à elegibilidade foram resolvidas por uma terceira pesquisadora (Dutra).

Ao final desta etapa, os artigos selecionados foram lidos de forma completa para verificar se atendiam aos critérios do PECOS. Na fase seguinte, a qualidade dos artigos remanescentes foi verificada. A avaliação da qualidade metodológica das revisões sistemáticas e metanálises incluídas foi realizada através da ferramenta AMSTAR-2 (Assessment of Multiple Systematic Reviews) (1818. Shea BJ, Reeves BC, Wells G, Thuku M, Hamel C, Moran J, et al. AMSTAR 2: a critical appraisal tool for systematic reviews that include randomised or non-randomised studies of healthcare interventions, or both. BMJ. 2017;358:j4008., e foi desempenhada também de forma independente.

A concordância da avaliação pelas pesquisadoras foi mensurada por diferentes critérios: i) foi avaliada a concordância da classificação dos artigos, atribuída pelo AMSTAR-2 (qualidade crítica; baixa qualidade; qualidade moderada e alta qualidade) e medida através do kappa ponderado; ii) a concordância item a item foi avaliada através do kappa simples; iii) o AMSTAR-2 possui 16 itens para avaliação. Eles são ponderados de forma diferente, de acordo com o grau de relevância dos domínios avaliados (por exemplo, qualidade das medidas estatísticas, informação sobre viés de publicação, etc.). A fim de obter medida de concordância simples para os artigos, foi criado um escore geral, resultado do somatório simples dos itens. A concordância deste escore foi avaliada através da plotagem de Bland-Altman.

Extração dos dados

Foi elaborado um formulário de extração de dados. A primeira etapa incluiu dados do tipo de estudo, grupo de investigação, ano de publicação, periódico, tipo de câncer, tipo de exposição, medida epidemiológica (mortalidade, incidência, prevalência) e estratégia de busca (descritores).

Obteve-se as informações sobre tipos de estudos incluídos (transversal, caso-controle e coorte), número de estudos, variáveis do instrumento de avaliação da qualidade (AMSTAR-2), heterogeneidade (sim, não ou não aplicável), medida sumária de associação (com respectivo intervalo de confiança de 95%), medida sumária para efeitos aleatórios (com respectivo intervalo de confiança de 95%), valor de p para efeitos aleatórios, valor de p de Egger ou inspeção visual pelo gráfico de funil, I22. Instituto Nacional de Câncer (BR). Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2019., valor para credibilidade e excesso de significância (O/E e p valor) (1919. Higgins JP, Thompson SG, Deeks JJ, Altman DG. Measuring inconsistency in meta-analyses. BMJ. 2003;327(7414):557-60..

Resultados

Inicialmente, foram encontrados 296 artigos a partir da estratégia de busca. Um artigo foi excluído por duplicidade, restando 295, que foram avaliados por meio da leitura de títulos e resumo. O índice de concordância kappa entre as duas pesquisadoras, observado para a decisão nesta etapa (inclusão ou exclusão), foi igual a 0,86. Ao final desta fase, 144 artigos foram lidos de forma completa para verificar se atendiam aos critérios do PECOS. Após a leitura completa, 71 artigos foram excluídos. Na fase seguinte, a qualidade dos estudos foi verificada para os 73 artigos incluídos. Após esta etapa, obteve-se 36 artigos classificados como tendo qualidade crítica, que foram excluídos. Por fim, foram selecionados 37 artigos. (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma da seleção dos estudos

A concordância interobservador entre os artigos selecionados, com relação à verificação de qualidade, mostrou-se satisfatória. A concordância item a item para os quesitos do AMSTAR, obtida pelo kappa simples, foi de 0,83. Por sua vez, a classificação atribuída a cada artigo foi comparada através do kappa ponderado, que obteve classificação excelente (kw=0,92). Adicionalmente, o escore obtido para cada artigo, calculado a partir do somatório simples dos itens do AMSTAR-2, foi comparado pelo método Bland-Altman, apresentando ausência de viés de classificação, conforme pode ser observado na Figura 2.

Figura 2
Gráfico de Bland-Altman, utilizado para avaliação da concordância do escore de classificação da qualidade dos artigos incluídos na revisão umbrella (n=37)

Com relação à evidência encontrada, dos 37 artigos incluídos, 19 foram publicados a partir de 2012. A respeito do desenho de estudo, 10 estudos realizaram metanálises a partir de estudos de coorte; três utilizaram estudos de caso-controle e 24 ambos os desenhos, estimando medidas sumárias que o considerassem para o cálculo. A respeito das medidas epidemiológicas consideradas pelos artigos, seis deles utilizaram exclusivamene medidas de mortalidade; oito utilizaram exclusivamente medidas de incidência e 23 utilizaram ambas as medidas.

Com relação à sua qualidade, os estudos puderam ser classificados, a partir do AMSTAR-2 como tendo baixa qualidade (n=15), média qualidade (n=17) e alta qualidade (n=5).

A principal medida de efeitos aleatórios utilizada foi o risco relativo, presente em 23 estudos. A razão de chances foi utilizada em oito pesquisas, e os demais (n=6) utilizaram medidas padronizadas, como a Razão de Mortalidade Proporcional e razão de incidência proporcional. Além disso, 26 artigos não apresentaram o valor de p para as medidas de efeitos aleatórios. No entanto, para manter a qualidade da medida sumária, 20 artigos apresentaram análise de sensibilidade para a obtenção da medida. Nenhum estudo apresentou informação a respeito do excesso de significância.

Para verificar a magnitude da heterogeneidade nos estudos, 24 artigos apresentaram o valor do I22. Instituto Nacional de Câncer (BR). Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2019.. Destes, seis estudos tinham valores de I22. Instituto Nacional de Câncer (BR). Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2019. entre 50% e 75%, indicando heterogeneidade intermediária; e três apresentaram I22. Instituto Nacional de Câncer (BR). Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2019. acima de 75%, ou seja, heterogeneidade alta. Com relação à análise de viés de publicação, 14 estudos não fizeram análise através do teste de Egger. No entanto, nove estudos realizaram a inspeção visual através do gráfico de funil, e destes, apenas três apresentaram simetria, sugerindo viés de publicação2020. Santos E, Cunha M. Interpretação crítica dos resultados estatísticos de uma meta-análise: estratégias metodológicas. Millenium [Internet]. 2013 [citado em 17 jun 2021];44:85-98. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.19/2273.
http://hdl.handle.net/10400.19/2273...
. Entre aqueles que fizeram o teste de Egger (n=23) apenas dois encontraram tal evidência (p<0,05).

As principais exposições identificadas se referem à agricultura, em três artigos, a exposição a poeiras inorgânicas (n=5), construção civil (n=3), exposição a solventes (n=4) e serviços que utilizam pintura e tinta (n=4). Os cânceres mais frequentes na lista foram o câncer de pulmão e mesotelioma (n=15); câncer de bexiga (n=8), câncer de rim (21), câncer de estômago, mama e cólon, cada um presente em três estudos (8,10%).

A partir da avaliação da heterogeneidade dos estudos, da qualidade da evidência obtido pelo escore AMSTAR, da força de associação e tipo de medida de associação (ou seja, se foi obtida a partir de dados longitudinais), os resultados mais robustos e consistentes são para associações entre exposição a solvente e mieloma múltiplo; exposição ao amianto e câncer de pulmão; exposição a hidrocarbonetos e câncer de trato aerodigestivo superior; e exposição a estresse ocupacional e câncer colorretal. Um resumo das características dos estudos pode ser encontrado nos Quadros 1 e 2 na Tabela 1, respectivamente, contendo a descrição dos estudos selecionados, a tipologia dos estudos e a avaliação da qualidade e heterogeneidade.

Quadro 1
Descrição geral dos estudos selecionados (n=37)

Quadro 2
Descrição dos estudos selecionados por tipologia e medida de associação (n=37)

Tabela 1
Descrição dos estudos selecionados por avaliação de heterogeneidade e qualidade da evidência (n=37)

Discussão

O câncer é uma doença complexa e multicausal. Um conjunto importante de cânceres evitáveis possui como causa componente a exposição ocupacional. Diferente dos demais fatores de risco, os ocupacionais não são resultado da escolha individual, mas de atividades e/ou instituições que não protegem os trabalhadores dos efeitos nocivos presentes nos ambientes e processos produtivos5858. Guimarães RM, Rohlfs DB, Baêta KF, Santos RD. Estabelecimento de agentes e atividades ocupacionais carcinogênicas prioritárias para a vigilância em saúde no Brasil. Rev Bras Med Trab.2019;17(2):254-9..

O presente estudo, corroborando as evidências produzidas por estudos prévios, aponta que os cânceres de pulmão, bexiga, estômago e cólon possuem associação consistente com circunstâncias de exposição ocupacional a carcinógenos. Apontou-se ainda, que as atividades preferencialmente de serviços, ou que são compostas por grupos ocupacionais de baixa escolaridade, como trabalhadores da construção civil e motoristas, apresentam exposição potencialmente danosa.

É importante destacar que certas exposições bastante consolidadas na literatura9 não têm destaque dentre os artigos selecionados: poeiras inorgânicas e o mesotelioma de pleura; policloreto de vinila e o angiossarcoma hepático; e solventes e a leucemia. A esse respeito, convém mencionar que estas exposições, mais recentemente, têm sido abordadas a partir de novos modelos teóricos, conforme descrito neste estudo.

O mesotelioma, um tumor raro, está altamente correlacionado com a exposição ao amianto5959. Gilham C, Rake C, Hodgson J, Darnton A, Burdett G, Wild JP, et al. Past and current asbestos exposure and future mesothelioma risks in Britain: The Inhaled Particles Study (TIPS). Int J Epidemiol. 2018;47(6):1745-56.. A evidência para esta associação é robusta, portanto, a produção e o uso deste tipo de substância são proibidos há décadas nos países europeus e nos Estados Unidos6060. Lemen RA. Mesothelioma from asbestos exposures: Epidemiologic patterns and impact in the United States. J Toxicol Environ Health B Crit Rev. 2016;19(5-6):250-65.. Há uma expectativa de que estudos sobre este tipo de exposição sejam conduzidos em outros países, onde o banimento destas substâncias ainda não ocorreu6161. Plato N, Martinsen JI, Sparén P, Hillerdal G, Weiderpass E. Occupation and mesothelioma in Sweden: updated incidence in men and women in the 27 years after the asbestos ban. Epidemiol Health. 2016;38:e2016039..

A respeito do angiossarcoma hepático, os estudos mais recentes têm procurado estimar a associação ao tentar minimizar a ocorrência de viés. Isto porque, aparentemente, há um efeito de interação com o álcool e infecções virais que precisa ser considerado. Além disso, mais recentemente, justamente pelo estudo mais detalhado sobre essa interação, outros estudos têm investigado a associação com outras formas de câncer hepático, como o carcinoma hepatocelular6262. Fedeli U, Girardi P, Gardiman G, Zara D, Scoizzato L, Ballarin MN, et al. Mortality from liver angiosarcoma, hepatocellular carcinoma, and cirrhosis among vinyl chloride workers. Am J Ind Med. 2019;62(1):14-20.. O caminho mais recente neste aspecto tem sido o estudo in vitro da avaliação genotóxica do cloreto de vinila6363. Guido M, Sarcognato S, Pelletti G, Fassan M, Murer B, Snenghi R. Sequential development of hepatocellular carcinoma and liver angiosarcoma in a vinyl chloride-exposed worker. Hum Pathol. 2016;57:193-6.), (6464. Fedeli U, Girardi P, Mastrangelo G. Occupational exposure to vinyl chloride and liver diseases. World J Gastroenterol. 2019;25(33):4885-91..

Finalmente, com relação à leucemia, diversos estudos sugerem que seu risco pode estar associado a exposições ocupacionais ou industriais. Contudo, o que se percebe mais recentemente é que o risco pode variar de acordo com o tipo histológico da doença6565. Blair A, Zheng T, Linos A, Stewart PA, Zhang YW, Cantor KP. Occupation and leukemia: a population-based case-control study in Iowa and Minnesota. Am J Ind Med. 2001;40(1):3-14.. As avaliações de risco mais recentes têm procurado estabelecer o dano genético que envolva exposições ocupacionais parentais e intrauterinas 6666. Luijten M, Ball NS, Dearfield KL, B. Gollapudi B, Johnson GE, Madia F, et al. Utility of a next generation framework for assessment of genomic damage: A case study using the industrial chemical benzene. Environ Mol Mutagen. 2020;61(1):94-113.. Por fim, os modelos explicativos mais recentes têm procurado criar métodos mais arrojados que consigam isolar a exposição ocupacional da ambiental6767. Jephcote C, Brown D, Verbeek T, Mah A. A systematic review and meta-analysis of haematological malignancies in residents living near petrochemical facilities. Environ Health. 2020;19(1):53..

Desta forma, é importante o estudo de medidas de impacto que possibilitem uma interpretação adequada. Nesse contexto, a fração atribuível populacional (FAP) é a ferramenta utilizada para estimar a fração do câncer resultante das exposições ocupacionais6868. Bray F, Soerjomataram I. Population attributable fractions continue to unmask the power of prevention. Br J Cancer. 2018;118(8):1031-2..

As FAP são cada vez mais usadas para definir prioridades de prevenção ao câncer. Contudo, pouco se sabe sobre esta medida quando se considera a exposição ocupacional, mesmo que a maioria dos autores reconheça que este tipo de exposição se concentra em grupos de status socioeconômico mais baixo e em trabalhadores mais vulneráveis6969. Counil E, Henry E. Is it time to rethink the way we assess the burden of work-related cancer? Curr Epidemiol Rep. 2019;6:138-47.. Essa lacuna de conhecimento está ligada à escassez de dados que permitam conhecer o padrão ocupacional de exposições e a ocorrência de câncer e, por esta razão, considera-se relevante que se estabeleça quais circunstâncias ocupacionais e quais cânceres compõem este cenário, para que se possa mitigar o problema.

Pode-se dizer, portanto, que a determinação da fração atribuível é altamente dependente de fontes de dados válidas e robustas em termos de informações. Este aspecto se constitui em um dos maiores nós críticos no estudo do câncer ocupacional, visto que há carência de informações confiáveis sobre a exposição ocupacional a agentes cancerígenos. Desta forma, além da fração atribuível, é necessário determinar as estimativas de proporção de expostos através de busca na literatura e fontes de dados nacionais por meio do emprego de metodologias como como a CARcinogen EXposure (CAREX) (7070. van Tongeren M, Jimenez AS, Hutchings SJ, MacCalman L, Rushton L, Cherrie JW. Occupational cancer in Britain. Exposure assessment methodology. Br J Cancer. 2012;107(Suppl 1):S18-26..

Muitos são os desafios encontrados pelos epidemiologistas para a condução desses estudos, porém, em países de média e baixa renda, como o Brasil, existem ainda mais empecilhos para o estudo do câncer relacionado ao trabalho, pela escassez de fontes de dados e pela provável maior exposição ocupacional, devido à carência de políticas públicas7171. Iavicoli S, Driscoll TR, Hogan M, Iavicoli I, Rantanen JH, Straif K, et al. New avenues for prevention of occupational cancer: a global policy perspective. Occup Environ Med. 2019;76(6):360-2.. No entanto, antagonicamente, esses são os cenários em que a necessidade dessas pesquisas se faz mais presente.

No Brasil, diferente de outros fatores reconhecidamente carcinogênicos, como dieta e tabagismo, para os quais há vasta literatura, há uma quantidade incipiente de estudos para o câncer relacionado ao trabalho. Além disso, a literatura em nível nacional é restrita a poucas exposições ocupacionais que não refletem a exposição atual, e que fazem a estimativa da prevalência de exposição a fatores carcinogênicos de origem ocupacional. Esta restrição limita as formas de estimativa da fração de câncer atribuível à ocupação. Há tentativas em realizar esta estimativa7272. Azevedo e Silva G, Moura L, Curado MP, Gomes FS, Otero U, Rezende LFM, et al. The fraction of cancer attributable to ways of life, infections, occupation, and environmental agents in Brazil in 2020. PLoS One. 2016;11(2):e0148761. que, por sua vez, possuem críticas, devido principalmente ao fato da alta especificidade dos critérios de seleção dos agentes - haja vista que foram considerados apenas aqueles classificados como grupo 1 pela IARC1515. International Agency for Research Cancer [homepage na internet]. IARC Monographs on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans [citado em 13 mai 2021]. Disponível em: https://monographs.iarc.who.int/.
https://monographs.iarc.who.int/...
; e ainda pela classificação quanto à intensidade de exposição - por considerar apenas categorias ocupacionais e atividades econômicas definitivamente expostas7373. Otero UB, Mello MSC. Fração atribuível a fatores de risco ocupacionais para câncer no Brasil: evidências e limitações. Rev Bras Cancerol. 2016;62(1):43-5..

Ainda é importante reconhecer que a discussão a respeito do câncer se insere dentro de uma das estratégias do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis no Brasil, na qual são previstas as realizações de pesquisas sobre incidência, prevalência, morbimortalidade e fatores de risco e proteção para essas doenças7474. Malta DC, Silva AG, Teixeira RA, Machado IE, Coelho MRS, Hartz ZMA. Avaliação do alcance das metas do plano de enfrentamento das doenças crónicas não transmissíveis no Brasil, 2011-2022. Anais do IHMT. 2019;Suppl1:S9-16.. Neste sentido, uma possibilidade é a ação articulada com a Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, cuja agenda prioritária inclui a vigilância do câncer ocupacional1010. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e do Trabalhador. DRT - Câncer Relacionado ao Trabalho, instruções para preenchimento. Brasília, DF; 2005., nela, é necessário definir prioridades claras para prevenir os principais riscos para a saúde relacionados ao trabalho e identificar soluções7575. Takala J. Eliminating occupational cancer. Ind Health. 2015;53(4):307-9.. A exemplo do que vem ocorrendo historicamente com o banimento do amianto, medidas lentas e pouco agressivas não oferecem redução efetiva do risco7676. Takala J, Hämäläinen P, Saarela KL, Loke YY, Manickam K, Tan WJ, et al. Global Estimates of the Burden of Injury and Illness at Work in 2012. J Occup Environ Hyg. 2014;11(5):326-37.), (7777. Siemiatycki J, Rushton L. Occupation: the need for continuing vigilance. In: Wild CP, Weiderpass E, Stewart BW, editors. World cancer report: cancer research for cancer prevention. Lyon: IARC. 2020, p. 127-36.. Neste sentido, são necessárias metas mais ambiciosas para o futuro. Modelos que abordam fatores de risco ocupacionais e pessoais, e suas interações, podem, portanto, melhorar a compreensão dos riscos para a saúde e orientar pesquisas e intervenções.

Finalmente, é importante compreender os mecanismos de plausibilidade biológica para os principais achados. Um mecanismo pelo qual os solventes podem induzir o câncer danificando ou alterando o DNA por mutação, também pode afetar o sistema imunológico. A imunidade suprimida pode levar à suscetibilidade ao vírus, que pode causar transformações citogenéticas críticas, levando ao mieloma múltiplo7878. Gold LS, Stewart PA, Milliken K, Purdue M, Severson R, Seixas N, et al. The relationship between multiple myeloma and occupational exposure to six chlorinated solvents. Occup Environ Med. 2011;68(6):391-9.. Já os cânceres de trato aerodigestivo, se desenvolvem por progressão de lesões displásicas dentro do epitélio escamoso, e por mutação do gene p53. Ambos os mecanismos são induzidos pela ação dos hidrocarbonetos7979. Roshandel G, Semnani S, Malekzadeh R, Dawsey SM. Polycyclic aromatic hydrocarbons and esophageal squamous cell carcinoma. Arch Iran Med. 2012;15(11):713-22.. Já o estresse psicológico pode afetar diretamente o risco de câncer colorretal ao suprimir a função imunológica de forma direta; ou indiretamente, alterando os níveis de atividade física e hábitos alimentares, que são reconhecidos mecanismos para a ocorrência deste tipo de neoplasia8080. Nielsen NR, Kristensen TS, Strandberg-Larsen K, Zhang ZF, Schnohr P, Grønbaek M. Perceived stress and risk of colorectal cancer in men and women: a prospective cohort study. J Intern Med. 2008;263(2):192-202..

Estas observações são relevantes pois demonstram a complexidade dos mecanismos de carcinogênese para estas localizações, que não têm na exposição ocupacional uma causa suficiente, mas uma causa componente. Desta forma, é essencial a compreensão dos eventos celulares e moleculares provocados por exposições a carcinógenos químicos, reforçando o papel da epigenética. Ao mesmo tempo, os fatores que levam a esta exposição precisam ser analisados à luz do efeito de interação de outros fatores comportamentais.

A revisão possui limitações. Os estudos classificados como tendo qualidade crítica foram excluídos na seleção. É importante mencionar que esta classificação é realizada a partir da ponderação dos critérios de classificação, e alguns destes são melhor aplicados a ensaios clínicos, de forma que a ausência de certas características do AMSTAR-2 comprometem a classificação, o que não significa que os estudos em si apresentam má qualidade. Um exemplo disso é o critério “risco de viés”, uma característica que torna qualquer ensaio clínico crítico, pois a randomização pressupõe a sua ausência. Em estudos observacionais, como é o caso de todos os artigos selecionados, espera-se que haja viés, e que possam ser analisados por técnicas estatísticas. Outro exemplo é a ausência de informação sobre fontes de finaciamento, em busca de conflito de interesses, uma marcada característica de estudos de intervenção com fármacos, o que não se aplica a estudos como os selecionados.

Além disso, esta revisão abordou todo e qualquer câncer que apresentasse evidência de associação com exposição ocupacional, não sendo selecionada nenhuma localização a priori. Sempre que possível, deve-se utilizar o vocabulário controlado, que é o descritor de assunto no qual o artigo foi indexado na base de dados. Infelizmente, a inclusão dos descritores é “operador-dependente”, de forma que, em um estudo sobre as associações bastante consolidadas na literatura, como entre leucemia e benzeno, não constar o descritor “occupational cancer” ou “work-related cancer” pode ser considerado um viés. Considera-se, ainda que a inclusão dos cânceres de localização específica incluiria viés na busca e, por esta razão, alguns estudos de associação bem estabelecida na literatura podem ter se perdido no refinamento da busca.

Conclusão

Há evidências para associações entre exposições ocupacionais e tipos de câncer não previstos, inicialmente, nas orientações para vigilância do câncer relacionado ao trabalho no Brasil. De fato, várias revisões sistemáticas e metanálises apoiam a associação entre o trabalho e o câncer, mas existe heterogeneidade substancial entre elas. As associações relatadas podem ser causais, mas também podem ter falhas, uma vez que os vieses inerentes ao estudo, como confusão residual e relatórios seletivos de resultados positivos, foram subdimensionados ou sequer avaliados.

Portanto, permanecem lacunas sobre exposições de grande relevância no Brasil, que carecem de metanálises mais consistentes, como exposição a poeiras inorgânicas e câncer de pulmão e mesotelioma; e exposição a solventes e tumores hematológicos. Evidências de câncer em outras regiões anatômicas foram menos robustas, apresentando indícios de incerteza ou viés.

Desta forma, reconhece-se a necessidade de investimento na epidemiologia ocupacional, para a identificação de novas associações de exposição e doença através da vigilância da saúde do trabalhador, enfatizando o uso de achados epidemiológicos de ocupação na regulamentação e na elaboração de políticas. Para isso, é necessário realizar, futuramente, metanálises específicas que reflitam melhor a demanda por evidências no contexto brasileiro, como a exposição ao amianto e mesotelioma, exposição a solventes e tumores hematológicos específicos (como leucemias linfocíticas, linfomas não Hodgkin e mieloma múltiplo). Por fim, é importante que as Diretrizes para a Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho99. Instituto Nacional de Câncer (BR). Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Área de Vigilância do Câncer relacionado ao Trabalho e ao Ambiente. Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho; organizadora Fátima Sueli Neto Ribeiro. Rio de Janeiro: INCA; 2012. possam ser revisitadas, de forma a abranger um maior escopo de ações de vigilância.

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    Os autores informam que o trabalho não foi apresentado em evento científico.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jul 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    05 Nov 2020
  • Revisado
    20 Fev 2021
  • Aceito
    02 Mar 2021
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