Trabalho institucional identitário no campo organizacional do Turismo

Albuquerque, Mariene Cavalcante Borba de; Oliveira, Samir Adamoglu de

doi:10.7784/rbtur.v16.2554

Mariene Cavalcante Borba de Albuquerque E-mail: paramarienealbuquerque@gmail.com

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.

Mariene Cavalcante Borba de Albuquerque Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Mestre em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Bacharel em Turismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

https://orcid.org/0000-0001-6503-9991

Samir Adamoglu de Oliveira E-mail: profsamir.adm@gmail.com

Concepção da pesquisa

análise dos dados

discussão dos resultados

Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, PB, Brasil.

Samir Adamoglu de Oliveira Doutor em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Pesquisador Associado do Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas Sociais (IBEPES).

https://orcid.org/0000-0003-4978-0557

Mariene Cavalcante Borba de Albuquerque

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Mestre em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Bacharel em Turismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

E-mail: paramarienealbuquerque@gmail.com

Samir Adamoglu de Oliveira

Doutor em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Pesquisador Associado do Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas Sociais (IBEPES).

E-mail: profsamir.adm@gmail.com

Editor:

Glauber Eduardo de Oliveira Santos

Forma	Tipo	Definição
Trabalho Institucional Político (Pilar Regulativo) – Construção de regras, direitos e fronteiras definindo quem faz parte do acordo cooperativo	Advocacia(Defesa de um suporte social e legal)	Mobilizar atores em busca de defender um suporte social e legal (determinando quais normas são seguidas e quais podem ser violadas), fortalecendo atores marginais do campo para adquirirem legitimidade.
	Definição	Definir fronteiras, estruturas, padrões e a certificação dos atores, determinando uma hierarquia dentro do campo, enfatizando aquilo que é permitido.
	Aquisição	Criar a partir de microprocessos nos quais novos atores ou novas dinâmicas do campo alterem as regras vigentes em que o Estado e autoridades coercitivas ou reguladoras modifiquem regras, criando uma nova instituição.
Trabalho Institucional Técnico (Pilar Normativo) – Ações que reconfiguram os sistemas, em que práticas se tornam normativamente sancionadas	Construção de identidades	Definir a maneira como o ator se relaciona com o campo em relação à identidade dos atores e à forma como eles operam. A identidade se refere à ação de cada ator que pode ser modificada, promovendo mudanças e/ou criando novas instituições.
	Mudança de padrões	Reformular práticas e fundamentos morais existentes incorporando instituições paralelas ou complementares do campo que o apoiavam e complementavam, passando a incorporar uma nova compreensão à instituição.
	Construção de redes normativas	Construir uma nova instituição em conexão com uma rede normativa já existente, viabilizando a atores independentes emergirem e construírem uma nova rede normativa para cumprir, monitorar e avaliar, alterando a relação entre atores.
Trabalho Institucional Cultural (Pilar Cultural-Cognitivo) –Ênfase na nova formação a fim de disseminar sua identidade	Mimetismo (imitação)	Associar novas práticas a modelos antigos já aceitos (taken-for-granted) a fim de tornar a nova prática compreensível e acessível.
	Teorização	Especificar conceitos, modelos e categorias abstratas que possam se tornar parte do mapa cognitivo para apoiar novas instituições.
	Educação	Formar atores nas habilidades e conhecimentos necessários à nova instituição, desenvolvendo novas práticas ou conectando-se às existentes.

Grupo de atores do campo organizacional	Atores sociais	Agência dos atores (influência na construção da identidade turística)
Gestão Pública	Órgãos federais e estaduais do turismo; SEBRAE	Direciona políticas públicas, formações
Gestão Municipal	Secretarias Municipais de Turismo; Planejamento; e, Meio Ambiente	Implementa políticas públicas, desenvolve obras de infraestrutura e campanhas educativas locais
Associações	Associações de bairros (praias); Associação de naturistas; dos bugueiros; do trade turístico; e, dos comerciantes	Desenvolve ações em defesa de seus interesses como divulgação do trabalho dos membros (associações profissionais e comerciais) ou de defesa do patrimônio (associações de bairro)
Turismo receptivo	Guias de turismo, empresas de turismo receptivo e bugueiros	Cria roteiros de passeio
Meios de Hospedagem	Pousadas, Hotel e Campings	Desenvolve suas ações de divulgação quase sempre individualmente. Os empreendimentos maiores possuem restaurantes próprios, centralizando os serviços em seus estabelecimentos.
Meios de Alimentação	Restaurantes, Lanchonetes, Barracas de praia	Reclamam que os meios de hospedagem retêm os hóspedes e não divulgam seus serviços, tentam parcerias com os bugueiros
Empreendimentos turísticos rurais	Assentamentos rurais e Pousadas no meio rural	Desenvolvem atividades em suas propriedades. Divulgam principalmente a culinária regional
Iniciativa Privada	Comercio de artesanatos; Imobiliárias; Academias	Infraestrutura local também utilizada pelos turistas
Comunidades Tradicionais	Comunidades quilombolas e comunidades indígena	Desenvolvem atividades culturais independentemente do turismo e do apoio de políticas públicas
Comunidade Local	Grupos de dança; Moradores locais; Vendedores informais	Reconhecem a amplitude de atrativos locais e acreditam que poderia ser melhor aproveitado

Centralidade	Temporalidade	Distintividade
Valores	Tradições	Traços culturais
Aspectos que se destacam como a razão de existir da organização, um elemento essencialSe um aspecto desses for removido, a organização poderia não ser identificada.	Aspectos que passaram pelo crivo do tempo, dando a impressão de estabilidade. É considerado como algo "sacrossanto" na organização.	Aspectos utilizados pela organização que a distingue das demais. Algo considerado específico e essencial para identificar a organização.
Tranquilidade; Praias nativas e inexploradas; Naturismo.	Festas tradicionais quilombola; Atividades no meio rural.	Diversidade de atrativos (praia, festas culturais, vivência no campo, indígenas); Diversidade de praias com aspectos específicos e variados.

Tipos de trabalho institucional		Indicadores encontrados	Evidências empíricas
Trabalho institucional Político – Pilar Regulativo	Advocacia	- Criação da associação de Bugueiros; - Formação de associação de comerciantes para pintar a rua.	Eu disse: (...) nós vamos fazer, só sei que no prazo de quinze dias, nos mobilizamos alguns comerciantes (...) nós pedimos um bocado, nós mesmo comerciantes pintamos as ruas (E03) A gente vinha conversando antes "vamos se reunir, vamos trabalhar junto" (...) aí o secretário fez: "ei, vamos organizar vocês, eu quero todo mundo padrão, pra vocês ser a cara do Conde, vocês que tem o papel de mostrar o que a gente é"; porque muitas pessoas chega aqui no Conde e nem sabe que o Conde ele não é João Pessoa, pensa que aqui é o litoral Sul de João Pessoa (E08)
	Definição	- Delimitação de regras para os bugues circularem na orla; - Alvará de autorização para as barracas de praia.	Aqui a gente tem um perímetro que é da Arapuca até Tambaba até o final da praia de Coqueirinho, até o início de Tambaba, essa área a gente pode transitar com o bugue pela beira mar dependendo da estação do ano e da época de maré, e se tiver tendo alguma suspeita de desova a gente também não pode trafegar, a guarda municipal é quem tá trabalhando com a mobilidade urbana quem tá organizando o trânsito agora no município (E08) Na sinceridade, nunca teve imposto antes, na beira da praia ninguém pagava imposto era tudo banda voou (...) nenhum aqui barraqueiro, tinha alvará de nada, agora hoje como eu estou aqui, eu trabalho com todos os alvarás, até SUDEMA eu tenho (C13)
	Aquisição	- Cobrança de ônibus e vans para estacionamento na praia; - Bloqueio da Rua do Sol para passeio de pedestres.	Antes se estacionava em todo canto, agora tem as placas de proibido estacionar e a guarda municipal tem o direito de multar, mas antes não se reclamava porque se estacionava em todo canto (E14) Era assim, pintamos, nós mesmos fizemos aquelas plaquinhas, pintamos aquela parte ali, falamos com o pessoal daqui da frente (...) aí ela veio aqui e perguntou se nós queríamos que a rua fosse fechada e nós dissemos que sim, e isso era o propósito que nós temos, porque essa rua tem tudo a ver pra ser fechada (E03)

Tipos de trabalho institucional		Indicadores encontrados	Evidências empíricas
Trabalho institucional Técnico – Pilar Normativo	Construção de identidades	- Desenvolvimento de calendário de eventos locais; - Participação das tribos indígenas e comunidades quilombolas em feiras de turismo.	Há nove anos que a gente resolveu fazer a 'Festa do Coco' na comunidade, justamente pensando nessa questão de levar essa cultura para os mais jovens, pras crianças, pra os jovens, trazer os idosos pra dentro da roda né? Então há nove anos que a gente faz a festa, e que a comunidade tomou uma conotação grande, ficou sendo conhecida, muito visitada (E04) A gente fez um calendário de eventos, sem nenhum custo, mapeamos, catalogamos tudo "agora vamos dar uma identidade a isso aqui" (E38)
	Mudança dos padrões	- Modificação da festa de carnaval proibindo trios elétricos.	Muita gente reclamou da mudança do carnaval também, mas eu acho que se continuar desse jeito investindo num carnaval cultural eu acho que vai ser melhor pra todo mundo (E25) Mas essa mudança cultural de carnaval a gente já percebeu, as pousadas já teve uma diferença, já recebeu mais gente, agora o outro comércio da rua, aí ele sentiu (E20)
	Construção de redes normativas	- Incentivo à prática de turismo rural.	A gente é mais rural do que urbano e só se fala de praia, e o rural? (...) a maior região do município é a área rural, então se é a área rural por que não identificar algo direcionado (...) pretendo montar uma associação de turismo rural, que eu acho que é onde eu mais me enquadro, que é um planejamento que eu tou estudando, tem muita propriedade rural aqui e tem algumas direcionadas pra turismo, precisamos só se organizar (E30). A gente vê que o turismo rural na cidade do Conde é muito forte, só falta uma organização (...) vou dizer, de dois anos pra cá o que tem movimentado a cidade do Conde é o turismo rural (E12)

Tipos de trabalho institucional		Indicadores encontrados
Trabalho institucional Cultural – Pilar Cognitivo	Mimetismo	- Realização do 'Festival de Jazz' tal qual outros destinos como Pipa/RN e São Miguel do Gostoso/RN; - Comparação com praias como Pipa/RN e Porto de Galinhas /PE.	Quando a gente abre mais um pouco a cabeça, justamente a gente entende que um lugar não vive só do dia, as pessoas gostam de ir pra praia, aí você me pergunta: você acha que foi por conta disso que Pipa deu certo? Mas é lógico! É lógico! (...) Vocês entra numa ruazinha lá de Porto de Galinhas tá cheio de gente passeando na rua (E20) É bacana se acontecer realmente o que vai ter agora em São Miguel do Gostoso, o 'Festival de Jazz' lá, eu já vi as propagandas que tá rolando lá (...) lá é bem menor do que aqui. Pra você ter uma ideia, a mentalidade das pessoas querendo trabalhar, desenvolver o lugar que eles vivem (E33)
	Teorização	- Estímulo ao uso a expressão 'Costa de Conde' para desenvolver a identidade local; - Apresentações culturais relacionadas às comunidades tradicionais como danças de coco, ciranda em festas locais.	Tentaram fazer 'Costa de Conde' tinha uma associação de turismo, ainda tem ATCC, Associação de turismo, aí é a gente sempre falava em criar um nome, usar aquele nome nas comunicações com os hóspedes é, em todas as formas de e-mail ou ofícios, utilizar sempre Costa do Conde, pra tentar criar sabe, isso é uma coisa que demora, mas aí vem litoral Sul, aí então já traz confusão (E43) Por que ele vai escolher vir pro Conde e não pra Pipa, por que? Então o que é que eles fizeram, eles pegaram os índios tabajaras, mas não como forma de resgatar alguma coisa mas é uma forma de dar uma nomenclatura diferente (...) isso aí atrai muito, o turista gosta disso, são os diferenciais que o turista gosta disso (E21)
	Educação	- Cursos de 'Guia de Turismo' e 'Condutor Local' enfatizando as características de Conde	É muito importante esses grupos, porque a partir do momento que a pessoa faz um curso de guia de turismo com certificado do Ministério do Turismo automaticamente ele vai receber tanta informação que ele vai se valorizar e pensar de uma forma mais profissional, não só dele mas dos seus clientes (E16) Sempre que a gente vê uma foto, por exemplo 'Coqueirinho/João Pessoa' e aí a gente ia lá: "Não, não é João Pessoa, é Conde!", pra pertencimento. Isso ficou apagado durante muitos anos (...) e já tá assim né, criando uma coisa, quando se vê "Não é João Pessoa, é Conde", porque muita coisa lá fora é vendida como João Pessoa (E01)

[1] Mariene Cavalcante Borba de Albuquerque

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Mestre em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Bacharel em Turismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

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Trabalho institucional identitário no campo organizacional do Turismo

Institutional identity work in the organizational field of Tourism

Trabajo institucional identitario en el campo organizacional del Turismo

Resumo