Resumos
A avaliação do uso de farelo de gérmen de milho desengordurado (FGMD) na alimentação de suínos foi realizada por meio de dois experimentos. O primeiro experimento foi representado por um teste de digestibilidade, utilizando-se dois tratamentos e quatro repetições. Foram utilizados oito animais, alojados em gaiolas de estudos metabólicos por 12 dias e submetidos ao método de coleta total de fezes e urina. No segundo experimento, objetivou-se avaliar o desempenho nas fases de crescimento I (20-50 kg de peso vivo), crescimento II (50-80 kg de peso vivo) e terminação (80-100 kg de peso vivo). Foram utilizados 48 animais, 24 machos castrados e 24 fêmeas, mestiços, com 61±2,2 dias. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com quatro tratamentos e seis repetições (dois animais/repetição). Os tratamentos caracterizaram-se pela inclusão de 0, 10, 20 e 30% de FGMD nas rações. Ao abate, as carcaças foram tipificadas e a espessura de toucinho, a profundidade do músculo dorsal, o rendimento de carcaça, quilograma de carne magra na carcaça e a porcentagem de carne magra na carcaça, avaliados. Foi realizada também análise econômica dos tratamentos empregados. Os valores de energia digestível e de energia metabolizável do FGMD foram de 2.097 e 2.078 kcal/kg, respectivamente. A inclusão do FGDM resultou em redução linear do consumo diário de ração (Y=2,80335-0,01709X) e da conversão alimentar (Y=2,788-0,0132383X), na fase de crescimento II, e do consumo diário de ração (Y=3,02077-0,0193317X), na fase de terminação. Não se observou diferença em relação ao ganho diário de peso e as características de carcaça. Os índices econômicos não foram influenciados pelos níveis de inclusão de FGMD. O FGMD pode ser incluído em rações de suínos em crescimento e terminação até 30%.
desempenho; farelo de gérmen de milho desengordurado; milho; suínos
The use of defatted corn germ meal (DCGM) for swine feeds was evaluated by two experiments. The first experiment was represented by a digestibility test with two treatments and four replicates, where eight pigs were allocated in metabolic cages during 12 days and submitted a total feces and urine collect. The second experiment aimed to evaluate the performance on growing I (20 to 50 Kg live weight), growing II (50 to 80 kg live weight) and finishing (80 to 100 Kg live weight) phases towards different inclusion of DCGM in feeding. Forty eight crossbred pigs were used, 24 barrows and 24 females, with 61± 2.2 days placed stalls. The experimental design was based in random block with 4 treatments and 6 repetitions. Each repetition was represented for two pigs. The treatments were represented by inclusion of 0, 10, 20 and 30% of DGCM in feeding, in growing and finishing phases. All animals were slaughtered and submitted to an electronic carcass evaluation at the end of the experiment. Backfat depth, muscle depth, carcass yield, lean meat percentage and kilogram of lean meat were evaluated. An economic analysis by different treatments was realized. The digestible and metabolizable energy values of DCGM were 2.097 and 2.078 Kcal/Kg, respectively. There was a linear effect with the DCGM inclusion related to the daily feed intake (Y=2.80335-0.01709X) and daily weight gain (Y=2.788-0.0132383X) in phases of growing II and about daily feed intake (Y=3.02077-0.0193317X) in the finishing phase. Daily weight gain was not affected by DCGM levels. There were no effects to carcass characteristics. The economical parameters were not influenced by DCGM inclusion. The DCGM can be included in growing and finishing feeds for swine up to 30%.
defatted corn germ meal; corn; performance; swine
MONOGÁSTRICOS
Farelo de gérmen de milho desengordurado na alimentação de suínos em crescimento e terminação1
Defatted corn germen meal to swine in the growing and finishing phases
Lincoln Luiz Pedrini SoaresI; Caio Abércio da SilvaII; João Waine PinheiroII; Nilva Aparecida Nicolao FonsecaII; Lizete CabreraII; Edgard Hideaki HoshiIII; Marcos Augusto Alves da SilvaIII; Regis Civoney CanteriIII
IMédico Veterinário, Aluno do curso de Mestrado em Ciência Animal da Universidade Estadual de Londrina
IIProfs. Drs. Universidade Estadual de Londrina. Departamento de Zootecnia. CEP: 86020-990, Londrina - PR. E.mail: casilva@uel.br
IIIAcadêmicos do curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Londrina
RESUMO
A avaliação do uso de farelo de gérmen de milho desengordurado (FGMD) na alimentação de suínos foi realizada por meio de dois experimentos. O primeiro experimento foi representado por um teste de digestibilidade, utilizando-se dois tratamentos e quatro repetições. Foram utilizados oito animais, alojados em gaiolas de estudos metabólicos por 12 dias e submetidos ao método de coleta total de fezes e urina. No segundo experimento, objetivou-se avaliar o desempenho nas fases de crescimento I (20-50 kg de peso vivo), crescimento II (50-80 kg de peso vivo) e terminação (80-100 kg de peso vivo). Foram utilizados 48 animais, 24 machos castrados e 24 fêmeas, mestiços, com 61±2,2 dias. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com quatro tratamentos e seis repetições (dois animais/repetição). Os tratamentos caracterizaram-se pela inclusão de 0, 10, 20 e 30% de FGMD nas rações. Ao abate, as carcaças foram tipificadas e a espessura de toucinho, a profundidade do músculo dorsal, o rendimento de carcaça, quilograma de carne magra na carcaça e a porcentagem de carne magra na carcaça, avaliados. Foi realizada também análise econômica dos tratamentos empregados. Os valores de energia digestível e de energia metabolizável do FGMD foram de 2.097 e 2.078 kcal/kg, respectivamente. A inclusão do FGDM resultou em redução linear do consumo diário de ração (Y=2,80335-0,01709X) e da conversão alimentar (Y=2,788-0,0132383X), na fase de crescimento II, e do consumo diário de ração (Y=3,02077-0,0193317X), na fase de terminação. Não se observou diferença em relação ao ganho diário de peso e as características de carcaça. Os índices econômicos não foram influenciados pelos níveis de inclusão de FGMD. O FGMD pode ser incluído em rações de suínos em crescimento e terminação até 30%.
Palavras-chave: desempenho, farelo de gérmen de milho desengordurado, milho, suínos
ABSTRACT
The use of defatted corn germ meal (DCGM) for swine feeds was evaluated by two experiments. The first experiment was represented by a digestibility test with two treatments and four replicates, where eight pigs were allocated in metabolic cages during 12 days and submitted a total feces and urine collect. The second experiment aimed to evaluate the performance on growing I (20 to 50 Kg live weight), growing II (50 to 80 kg live weight) and finishing (80 to 100 Kg live weight) phases towards different inclusion of DCGM in feeding. Forty eight crossbred pigs were used, 24 barrows and 24 females, with 61± 2.2 days placed stalls. The experimental design was based in random block with 4 treatments and 6 repetitions. Each repetition was represented for two pigs. The treatments were represented by inclusion of 0, 10, 20 and 30% of DGCM in feeding, in growing and finishing phases. All animals were slaughtered and submitted to an electronic carcass evaluation at the end of the experiment. Backfat depth, muscle depth, carcass yield, lean meat percentage and kilogram of lean meat were evaluated. An economic analysis by different treatments was realized. The digestible and metabolizable energy values of DCGM were 2.097 and 2.078 Kcal/Kg, respectively. There was a linear effect with the DCGM inclusion related to the daily feed intake (Y=2.80335-0.01709X) and daily weight gain (Y=2.788-0.0132383X) in phases of growing II and about daily feed intake (Y=3.02077-0.0193317X) in the finishing phase. Daily weight gain was not affected by DCGM levels. There were no effects to carcass characteristics. The economical parameters were not influenced by DCGM inclusion. The DCGM can be included in growing and finishing feeds for swine up to 30%.
Key words: defatted corn germ meal, corn, performance, swine
Introdução
A suinocultura brasileira tem no binômio milho-farelo de soja a base de sua alimentação. Segundo Moreira et al. (1994), o milho é considerado o mais importante componente energético das rações de suínos, e as variações em seu preço refletem diretamente nos resultados econômicos da atividade (Trindade Neto et al., 1995). Nesse sentido, tem sido constante a pesquisa de produtos alternativos que, de forma eficiente e econômica, possam substituir o milho, mesmo que parcialmente.
O farelo de gérmen de milho desengordurado é produzido no processo de industrialização do milho, sendo considerado um potencial produto para uso na alimentação de suínos. O subproduto é resultante da retirada do amido por via úmida seguida da extração do óleo por meio de solventes (Freitas, 2001), estando disponível principalmente na região Centro-Sul do Brasil, com produção constante durante todo o ano. Apesar das potencialidades apresentadas pelo farelo de gérmen de milho desengordurado, os estudos são escassos e, basicamente, desenvolvidos com aves e bovinos, sendo limitadas as informações com suínos.
Butolo et al. (2000) determinaram o valor da energia metabolizável do farelo de gérmen de milho desengordurado para frangos de corte, assim como sua composição bromatológica e composição percentual de aminoácidos. Os autores encontraram valores de energia metabolizável aparente de 2.368 kcal/kg para o farelo de gérmen de milho desengordurado com 40% de inclusão e de 2.416 kcal/kg para a inclusão de 20% com base na matéria natural. Na análise química, os valores obtidos foram de matéria seca, 88,46%; proteína bruta, 10,75%; fibra bruta, 3,49%; extrato etéreo, 1,23%; matéria mineral, 3,32%; cálcio, 0,26% e fósforo total, 0,52%. Rodrigues et al. (2001) determinaram a composição química do farelo de gérmen de milho desengordurado e de outros subprodutos do milho para o uso na alimentação de frangos de corte. Foram encontrados valores de matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, matéria mineral, fibra bruta e energia bruta, 90,16%; 10,85%; 1,29%; 6,59%; 2,78%; e 3.543 kcal/kg, respectivamente. Segundo os autores, o farelo de gérmen de milho desengordurado também apresentou maiores teores de proteína (21,09 e 11,51%) que o gérmen comum e o gérmen fino, respectivamente. A variação observada nestes valores, comparados aos dados de tabelas brasileiras e estrangeiras, se deve, possivelmente, às diferentes condições de solo, clima e cultivares, além das várias formas de processamento, que podem afetar a composição dos alimentos.
De acordo com a EMBRAPA (1991), os níveis nutricionais do milho em grão são de 8,68% de proteína bruta; 2,17% de fibra bruta; 3,84% de extrato etéreo; 1,18% de matéria mineral; 0,26% de fósforo total; 3.950 kcal/kg de energia bruta; e 3.293 kcal/kg de energia metabolizável para suínos. Estes valores divergem parcialmente dos níveis relatados pelo NRC (1998), sugerindo que variações na composição deste grão são possíveis (Rodrigues et al., 2001), justificando, conseqüentemente, as diferenças nutricionais encontradas no gérmen de milho.
Moreira et al. (2002), avaliando diferentes níveis de inclusão (10, 15, 30 e 45%) de farelo de gérmen de milho desengordurado nas rações de suínos, durante as fases de crescimento e de terminação, verificaram piora da conversão alimentar e do ganho diário de peso em todos os níveis de inclusão e nenhum efeito sobre as características de carcaça. Foi constatada viabilidade na inclusão de 15% de farelo de gérmen de milho desengordurado em ambas as fases, quando o preço deste subproduto representava 70 a 80% do preço do milho.
Existe carência de trabalhos sobre o uso do farelo de gérmen de milho desengordurado para suínos, uma vez que sua utilização apresenta caráter regionalizado, onde a proximidade das granjas às indústrias de milho representa um fator determinante para sua viabilidade. A região norte do Paraná tem esta característica, contudo, o farelo de gérmen de milho desengordurado vem sendo utilizado nas rações de suínos com base em informações que, normalmente, não consideram os resultados de testes de digestibilidade e desempenho.
Diante deste quadro e das qualidades do farelo de gérmen de milho desengordurado como ingrediente para a substituição do milho, objetivou-se, com este trabalho, identificar as características nutricionais do subproduto e a indicação dos melhores níveis de sua inclusão para as rações de suínos em crescimento e terminação.
Material e Métodos
No presente trabalho, foram realizados dois experimentos; o primeiro composto por um teste de digestibilidade do farelo de gérmen de milho desengordurado (FGMD) e o segundo, por um teste de desempenho e avaliação das características de carcaça de suínos alimentados com rações com diferentes níveis de FGMD.
A digestibilidade do FGMD para suínos foi realizada no setor de suinocultura da Fazenda Escola da Universidade Estadual de Londrina. O FGMD foi fornecido pela Caramuru Óleos Vegetais Ltda, sediada no município de Apucarana, Paraná.
Foram utilizados oito leitões mestiços (Landrace x Large White), machos castrados, com peso médio inicial de 23,2 ± 2,87 kg e idade média de 63 ± 3,62 dias, alojados em gaiolas de estudos metabólicos, por 12 dias, em que os sete primeiros foram destinados para adaptação dos animais às gaiolas e às rações. No oitavo dia, foram pesados para cálculo do peso metabólico e ajuste da quantidade de ração a ser consumida. Nos cinco dias subseqüentes, procedeu-se à coleta total de fezes e urina. Para determinar o início e o final do período de coleta, adicionaram-se às rações 2% de óxido férrico (Fe2O3), como marcador fecal.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com dois tratamentos e quatro repetições. Cada repetição foi representada por um animal. Para a formação dos blocos, considerou-se o peso vivo dos animais.
Os tratamentos experimentais foram ração-referência e ração-teste esta foi composta pela ração-referência (70%) e 30% de FGMD. A ração-referência foi formulada visando atender às exigências dos animais nessa fase (NRC, 1998). Os ingredientes utilizados, a composição percentual e os valores calculados da ração-referência encontram-se na Tabela 1.
No manejo alimentar, as rações foram oferecidas duas vezes ao dia, às 8 e 17 h. A quantidade fornecida para cada animal foi estabelecida durante o período de adaptação. O fornecimento de água foi definido tomando-se como base a relação de 3 mL de água/g de alimento consumido.
Para a coleta das fezes e urina, foi utilizada a metodologia de coleta total. As coletas foram realizadas duas vezes ao dia, às 6h30 e 19h.
Após o período de coleta, as fezes foram secas em estufa de ventilação forçada a 60ºC e trituradas e a urina foi armazenada em refrigerador. Os dois materiais foram submetidos à análise laboratorial. A partir das fezes e das dietas, obtiveram-se os respectivos valores de matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, matéria mineral, fibra bruta e energia bruta (AOAC, 1975). Na urina, foi analisado o teor de energia bruta.
Para os cálculos dos coeficientes de digestibilidade, foi empregada a fórmula de Matterson et al. (1965).
Para avaliação do desempenho de suínos alimentados com diferentes níveis de FGMD na ração, foi realizado um experimento em baias do setor de suinocultura da Fazenda Escola da Universidade Estadual de Londrina. Foram utilizados 48 animais, no período de 14 de agosto a 12 de novembro de 2001, sendo 24 machos castrados e 24 fêmeas, mestiços, com peso médio inicial de 19,68 ± 2,5 kg e idade média de 61± 2,2 dias.
O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com quatro tratamentos e seis repetições. Cada repetição foi representada por dois animais, pesados no início e final de cada etapa do experimento. Os animais foram alojados (dois do mesmo sexo) em baias de alvenaria, com piso compacto e área de 3 m2, e receberam água e ração à vontade, durante todo o período experimental.
Os animais foram distribuídos aleatoriamente, formando quatro grupos que receberam os seguintes tratamentos:
T1 tratamento com 0% de FGMD na ração;
T2 tratamento com 10% de FGMD na ração;
T3 tratamento com 20% de FGMD na ração;
T4 tratamento com 30% de FGMD na ração.
As rações (Tabela 2) foram formuladas para atender às exigências estabelecidas pelo NRC (1998), subdividindo as necessidades nutricionais dos animais para as três categorias de peso: entre 20 e 50 kg de peso vivo (crescimento I), entre 50 e 80 kg de peso vivo (crescimento II) e entre 80 e 100 kg de peso vivo (terminação).
As rações fornecidas aos tratamentos foram isoenergéticas, isoprotéicas, isolisínicas e com semelhantes níveis de cálcio e fósforo total (Tabela 3).
Na formulação das rações, foram utilizados os valores da energia metabolizável, obtidos no ensaio de digestibilidade do FGMD, e os valores do perfil de aminoácidos do FGMD (Tabela 4), obtidos após a hidrólise ácida e a injeção em um analisador automático de aminoácidos do Laboratório Labtec, localizado em Campinas, São Paulo.
Ao final do experimento de desempenho, aos 100,62 ± 8,4 kg de peso, os animais foram abatidos em frigorífico. As carcaças foram individualmente avaliadas com o auxílio de uma pistola tipificadora Stork-SFK (modelo S87), utilizando o sistema informatizado "FAT-O-MEATER". A pistola foi introduzida na altura da 3ª vértebra dorsal, transpassando o toucinho e o músculo Longissimus dorsi.
Os itens analisados foram espessura de toucinho, profundidade do músculo Longissimus dorsi, peso da carcaça quente, rendimento da carcaça, porcentagem de carne magra na carcaça e quilograma de carne magra na carcaça.
O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com quatro tratamentos e 12 repetições por tratamento (sendo seis machos castrados e seis fêmeas). Cada repetição foi representada por um animal.
Para verificação da viabilidade econômica do FGMD nas rações de crescimento e terminação, foi determinado o custo médio em ração por quilograma de peso vivo durante o período experimental, conforme Bellaver et al. (1985).
Na seqüência, calcularam-se o índice de eficiência econômica e o índice de custo médio, propostos por Barbosa et al. (1992).
Os valores (preço/kg) dos ingredientes utilizados na elaboração dos custos foram: calcário (R$0,050), DL-metionina (R$ 7,40), farelo de soja (R$ 0,40), farelo de gérmen de milho desengordurado (R$ 0,08), fosfato bicálcico (R$ 0,80), L-lisina (R$ 5,50), milho (R$ 0,15), óleo de soja (R$ 0,80), sal comum (R$ 0,25), suplemento vitamínico e mineral de crescimento (R$ 9,00), promotor de crescimento (R$ 5,00), suplemento vitamínico e mineral de terminação (R$ 8,00).
Os dados relativos às variáveis de desempenho e de carcaça e os índices econômicos foram submetidos à análise de variância e à regressão polinomial, utilizando-se o programa SAEG (Universidade Federal de Viçosa, 1997), sendo adotado o seguinte modelo matemático:
Yijkl = m + Ti + Bj + Sk + (TS)ik + eijkl
em que Yijkl = variáveis observadas; m = média geral; Ti = efeito dos níveis de inclusão do FGMD i (i = 0, 10, 20, 30%); Bj = efeito do bloco j (j = 1, 2 e 3); Sk = efeito do sexo k (k = 1 e 2); (TS)ik = efeito da interação níveis de inclusão i com o sexo k; e eijkl = erro aleatório associado a cada observação.
Resultados e Discussão
Os valores da matéria seca, proteína bruta, fibra bruta, extrato etéreo, matéria mineral, cálcio e fósforo total do FGMD são apresentados na Tabela 5. Os resultados divergiram dos encontrados por Butolo et al. (2000), principalmente quanto aos valores de extrato etéreo, cálcio e fibra bruta. Variações neste tipo de subproduto são esperadas, uma vez que, segundo Rodrigues et al. (2001), mudanças nas condições de solo, clima e cultivares, além de diferentes condições de processamento, podem influenciar a composição dos alimentos como o milho e seus subprodutos.
Os valores da matéria seca, proteína digestível, energia bruta, digestível e metabolizável do FGMD, assim como seus respectivos coeficientes de digestibilidade e metabolizibilidade encontram-se na Tabela 6.
O FGMD utilizado neste trabalho apresentou valor de energia bruta próximo ao obtido por Rodrigues et al. (2001), que descreveram 3.543 kcal/kg para uma amostra de FGMD. O NRC (1998) cita o valor de energia bruta do milho de 3.950 kcal/kg, da energia digestível de 3.460 kcal/kg e da energia metabolizável de 3.293 kcal/kg. Ao comparar estes valores de energia do milho com os de energia do FGMD encontrados, conclui-se que o FGMD é um alimento menos energético que o milho.
Os resultados de ganho diário de peso, consumo diário de ração e conversão alimentar, em função dos diferentes níveis de inclusão de FGMD, nas diferentes fases de arraçoamento, são apresentados nas Tabelas 7, 8, 9 e 10. Em nenhuma das fases estudadas, ocorreu diferença para esse parâmetro entre os níveis de inclusão ou a interação entre o nível de inclusão do FGMD e o sexo.
Na fase de crescimento I (Tabela 7), não houve resposta à análise de regressão em relação aos parâmetros avaliados. Porém, na fase de crescimento II (Tabela 8), observou-se redução linear do consumo diário de ração (Y=2,80335-0,01709X) e da conversão alimentar (Y=2,788-0,0132383X).
Na fase de terminação (Tabela 9), o consumo diário de ração diminuiu linearmente (Y=3,02077-0,0193317X) com a inclusão do FGMD.
Na avaliação conjunta das fases de crescimento e terminação (Tabela 10), constatou-se redução linear do consumo diário de ração (Y= 2,53203-0,01358X) e da conversão alimentar (Y= 2,72612-0,00938834X) com o aumento do FGMD na ração. Este resultado pode ser explicado pela maior adição de óleo de soja nas rações com níveis progressivamente maiores de FGMD. Lacy et al. (1986), trabalhando com aves, propuseram que este comportamento pode ser atribuído ao fígado, que é capaz de ser sensibilizado pelos lipídeos administrados na ração, resultando em menor ingestão alimentar.
Os resultados de desempenho deste experimento diferiram dos valores encontrados por Moreira et al. (2002), que constataram piora em todos os parâmetros analisados, à medida que se incluiu FGMD. Os autores, contudo, alegaram sobre a possibilidade de os valores da energia digestível do trabalho terem sido superestimados, o que pode ter comprometido a condição isoenergética das rações experimentais.
Avaliando o efeito de diferentes níveis de inclusão do FGMD sobre as características de carcaça dos suínos (Tabela 11), não foi constatada diferença (P>0,05) nos parâmetros avaliados, bem como a interação entre o nível de inclusão e o sexo. Estes resultados estão de acordo com os obtidos por Moreira et al. (2002), que observaram que, independentemente dos níveis de inclusão do FGMD, as características de carcaça não foram afetadas pelos tratamentos.
Os resultados das características de carcaça são importantes atualmente, uma vez que os critérios de remuneração do suinocultor têm considerado a quantidade de carne magra na carcaça. Portanto, os resultados obtidos com a inclusão do FGMD nos níveis de 10, 20 e 30%, nas rações de crescimento e terminação, indicaram que, diante destes critérios de comercialização, o produtor pode utilizar qualquer nível de inclusão de FGMD estudado.
Os resultados das avaliações econômicas são apresentados nas Tabelas 12, 13, 14 e 15. Nenhuma das variáveis econômicas estudadas foi influenciada (P>0,05) pela inclusão de níveis crescentes de FGMD. Estes resultados indicam que, em termos econômicos, o FGMD pode ser incluído até o nível de 30% em rações de suínos em crescimento e terminação.
Conclusões
O FGMD apresenta 2.097 kcal/kg de energia digestível e 2.078 kcal/kg de energia metabolizável aparente. O FGMD pode ser incluído em até 30% em rações de suínos em crescimento e terminação.
Literatura Citada
Recebido em: 06/03/03
Aceito em: 27/04/04
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
20 Set 2010 -
Data do Fascículo
Dez 2004
Histórico
-
Recebido
06 Mar 2003 -
Aceito
27 Abr 2004