Comparamos os efeitos da degradação ambiental sobre a ecologia alimentar de duas populações de Tropidurus torquatus (Wied, 1820) em áreas de restinga da Ilha da Marambaia, sudeste do Brasil. Ambas as populações apresentaram dieta relativamente diversa e deferiram em número (D Max = 0,22; DF = 2; p = 0,00) e volume de presas consumidas (D Max = 0,82; DF = 2; p = 0,00). Formigas foram os itens mais freqüentes e numerosos em ambas as áreas, e material vegetal e coleópteros os mais importantes em volume. A população da área perturbada apresentou maior largura de nicho alimentar para número de presas consumidas (Bi num = 3,06) e volume (Bi vol = 2,98), quando comparada à outra população (Bj num = 2,44; Bj vol = 1,52). A sobreposição de nicho foi mais marcante para o número de itens consumidos entre as populações (Oij num = 0,82) e menos marcante para volume (Oij vol = 0,05). Nossos dados sugerem diferenças nas dietas entre as duas populações de lagartos, e estas diferenças parecem estar associadas à degradação ambiental. Nossa principal hipótese para explicar as diferenças nas dietas embasa-se na Teoria do Forrageamento Ótimo. Entretanto, o comportamento alimentar, e conseqüentemente a dieta dos lagartos, mostrarem-se limitadas filogeneticamente, com um padrão que pode ter evoluído no ancestral de todos os iguanídeos.
Dieta; lagartos; Teoria do Forrageamento Ótimo