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Aspectos estético e cicatricial pós-operatórios da postectomia por três diferentes técnicas cirúrgicas: análise randomizada, prospectiva e interdisciplinar

Foi com extremo interesse que lemos o artigo “Aspectos estético e cicatricial pós-operatórios da postectomia por três diferentes técnicas cirúrgicas: análise randomizada, prospectiva e interdisciplinar”, publicado na Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões11 Falcão BP, Stegani MM, Tenório SB, Matias JEF. Aspectos estético e cicatricial pós-operatórios da postectomia por três diferentes técnicas cirúrgicas: análise randomizada, prospectiva e interdisciplinar. Rev Col Bras Cir. 2020;47(1):1-13. https://doi.org/10.1590/0100-6991e-20202626.
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. Os resultados cicatriciais e estéticos são divergentes em decorrência, principalmente, da grande quantidade de especialidades médicas aptas à realização deste procedimento, porém os estudos clínicos mostraram a técnica Plastibell® (PB) como sendo a melhor no quesito cicatrização e a técnica subcuticular (SC) no quesito estético, baseado nas notas dadas por especialistas de três áreas médicas diferentes (pediatria, dermatologia e cirurgia plástica).

Fica claro com a leitura, que o estudo poderia ser revisitado a partir de métodos mais descritivos no modo em que ocorre a avaliação dos critérios estéticos e cicatriciais, porém é inegável a contribuição feita, a partir do ponto em que demonstra como diferentes áreas da Medicina se posicionam em relação a critérios estéticos e cicatriciais de um procedimento cirúrgico. Como visto, a área da cirurgia plástica se mostrou a mais rigorosa, com grande número de notas inferiores a 3, mostrando como é a visão de médico que lida diariamente com o conceito de “beleza” e com o julgamento de seus pacientes que estão ali justamente em busca de “perfeição”. Já a pediatria se mostra como especialidade não tão rigorosa quanto à evolução estética e cicatricial pós-operatória tendo a maior porcentagem de notas acima de 4 e 5 (90%)11 Falcão BP, Stegani MM, Tenório SB, Matias JEF. Aspectos estético e cicatricial pós-operatórios da postectomia por três diferentes técnicas cirúrgicas: análise randomizada, prospectiva e interdisciplinar. Rev Col Bras Cir. 2020;47(1):1-13. https://doi.org/10.1590/0100-6991e-20202626.
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Em termos de complicações, a parafimose ocasionada pelo deslocamento do anel plastico é a que tem a maior frequência (41,8%), seguida de hemorragia (32,9%) e estenose prepucial (22,8%)22 Talini C, Antunes LA, Carvalho BCN, Schultz KL, Valle MHCPD, Aranha Junior AA, Cosenza WRT, et al. Postectomia: complicações pós-operatórias necessitando reintervenção cirúrgica. einstein (São Paulo). 2018;16(3):eAO4241. https://doi.org/10.1590/S1679-45082018AO4241.
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. Hemorragias e parafimose são mais comuns em postectomias feitas com o dispositivo Plastibell® e a estenose prepucial ocorre com mais frequência em circuncisões por técnica convencional. Porém, segundo estudo de Talini et al.22 Talini C, Antunes LA, Carvalho BCN, Schultz KL, Valle MHCPD, Aranha Junior AA, Cosenza WRT, et al. Postectomia: complicações pós-operatórias necessitando reintervenção cirúrgica. einstein (São Paulo). 2018;16(3):eAO4241. https://doi.org/10.1590/S1679-45082018AO4241.
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, não houve diferença estatisticamente significativa quando comparadas às complicações entre as diferentes técnicas cirúrgicas utilizadas neste serviço. Sendo assim, não existem contraindicações para o uso do dispositivo Plastibell® baseadas em complicações, se mostrando a técnica cirúrgica com melhores resultados em cicatrização11 Falcão BP, Stegani MM, Tenório SB, Matias JEF. Aspectos estético e cicatricial pós-operatórios da postectomia por três diferentes técnicas cirúrgicas: análise randomizada, prospectiva e interdisciplinar. Rev Col Bras Cir. 2020;47(1):1-13. https://doi.org/10.1590/0100-6991e-20202626.
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, ficando para trás apenas no quesito estética para o método com a sutura subcuticular.

Ademais, o estudo de Falcão et al.¹ abre margem a novos ensaios que evidenciem a importância do processo cicatricial e estético ao longo da vida dos pacientes. Ademais, deve-se contemplar o impacto que pode ser causado por quaisquer danos estéticos e consequentemente, a avaliação de possíveis prejuízos à autoestima do paciente de acordo com a técnica operatória empregada, além de levar em conta a frequência de cada complicação de acordo com a técnica utilizada. O estudo descritivo de Costa Jr.³, traz para reflexão o gerenciamento do planejamento cirúrgico e os indicadores de tempo operatório demandados no centro cirúrgico de acordo com as especialidades envolvidas, de modo a tornar-se ideal a revisão geral da gestão do tempo. Isso permite, inclusive, mudanças que busquem aprimorar aplicabilidade por efetividade do método cirúrgico e a gestão geral do hospital.

Não obstante, há, portanto, falta de revisões literárias que em suma confiram maior especificação dos critérios avaliados por meio de métodos mais descritivos. Importante também qualificar a questão estética e o impacto na vida dos pacientes, e como isso pode afetar a autoestima. No entanto, é mister reconhecer a importância das médias atingidas pelo método convencional com sutura subcuticular, além da importância deste estudo em si, em abrir precedente a novas reflexões que levem a avanços em diversas áreas do manejo médico¹. Essas contemplam desde a compreensão do conceito estético para as diversas especialidades, técnica mais adequada para cada caso e novas maneiras de se aplicar o gerenciamento de tempo, na postectomia de forma a otimizar a gestão do centro cirúrgico³.

REFERENCES

  • 1
    Falcão BP, Stegani MM, Tenório SB, Matias JEF. Aspectos estético e cicatricial pós-operatórios da postectomia por três diferentes técnicas cirúrgicas: análise randomizada, prospectiva e interdisciplinar. Rev Col Bras Cir. 2020;47(1):1-13. https://doi.org/10.1590/0100-6991e-20202626
    » https://doi.org/10.1590/0100-6991e-20202626
  • 2
    Talini C, Antunes LA, Carvalho BCN, Schultz KL, Valle MHCPD, Aranha Junior AA, Cosenza WRT, et al. Postectomia: complicações pós-operatórias necessitando reintervenção cirúrgica. einstein (São Paulo). 2018;16(3):eAO4241. https://doi.org/10.1590/S1679-45082018AO4241
    » https://doi.org/10.1590/S1679-45082018AO4241
  • 3
    Costa Jr AS. Avaliação dos tempos operatórios das múltiplas especialidades cirúrgicas de um hospital universitário público. einstein (São Paulo). 2017;15(2):200-5. https://doi.org/10.1590/S1679-45082017GS3902
    » https://doi.org/10.1590/S1679-45082017GS3902
  • Fonte de financiamento:

    nenhuma.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Set 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    21 Abr 2021
  • Aceito
    26 Abr 2021
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