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Caracterização da leitura e escrita

Resumos

OBJETIVO: caracterizar o desempenho escolar da leitura e escrita em escolares matriculados no terceiro ano do Ensino Fundamental MÉTODO: participaram deste estudo 160 crianças com idades entre 8 e 9 anos (média 8 anos e 7 meses). Para coleta dos dados foi utilizado o instrumento de medida: Manual de Desempenho Escolar - Análise da Leitura e Escrita em Séries Iniciais do Ensino Fundamental - MDE (ROSA NETO, SANTOS, TORO, 2010). Para análise e interpretação dos dados foram utilizados os programas Excel e SPSS for Windows 17.0. RESULTADOS: verificou-se que os escolares obtiveram uma média de 75,88% de acertos no desempenho geral do MDE, e entre as médias da pontuação nas categorias do manual, a escrita apresentou a porcentagem mais baixa, 72,10% de acertos. CONCLUSÃO: constatou-se que 40% (n= 64) da amostra estão plenamente alfabetizadas, ou seja, capazes de ler com fluência e compreender globalmente o sentido do texto, localizar informações, fazer inferências e formular hipóteses sobre o conteúdo do texto. Na escrita, são capazes de escrever de forma legível e compreensível um pequeno texto. No entanto, 50% (n=80) dos alunos avaliados se encontram ainda no processo de aprendizado da leitura e escrita e 10% (n=16) das crianças mostrou desempenho abaixo do esperado para o nível de escolaridade em que se encontravam, ou seja, no estágio inicial da alfabetização.

Leitura; Escrita Manual; Estudantes


PURPOSE: to characterize the performance of school reading and writing to students enrolled in the third grade of elementary school. METHOD: the study included 160 children aged between 8 and 9 years old (average of 8 years and 7 months). The data collection instrument was used to measure: Performance Handbook School - Analysis of Reading and Writing in the early grades of elementary schools - MDE (Rosa Neto, Santos, TORO, 2010). For analysis and interpretation of data it was used the Excel and SPSS for Windows 17.0 programs. RESULTS: it was found that the students had an average of 75.88% accuracy on the general performance of the EAW, and among the average score between the categories of the manual, the writing had the lowest percentage, 72.10% accuracy. CONCLUSION: it was verified that 40% (n=64) in the sample are fully literate, ie able to read fluently and understand the general meaning of the text, to locate information, to make inferences and formulate hypotheses about the text content. In writing, they are able to write legibly and understand a short text, according to the standards required by our culture. However, 50% (n=80) of the students assessed is still in the learning process of reading and writing and 10% (n=16) of children showed poor performance to the level they were in school, or in the early stages of literacy.

Reading; Handwriting; Students


Caracterização da leitura e escrita

Characterization of reading and writing

Francisco Rosa NetoI; Regina Ferrazoli Camargo XavierII; Ana Paula Marília dos SantosIII

ILicenciado em Educação Física; Professor do programa de Mestrado e Doutorado em Ciência do Movimento Humano da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC; Professor do Curso de Medicina (Sistema Materno Infantil) da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, Florianópolis, SC; Doutor em Medicina do Esporte pela Universidade de Zaragoza (Espanha); Mestre em Deficiência Mental e Transtornos de Aprendizagem pela Universidade de Sevilha, Espanha; Coordenador do Laboratório de Desenvolvimento Humano

IIPsicopedagoga; Mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, Florianópolis, SC

IIILicenciada em Educação Física; Mestranda em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, Florianópolis, SC

Endereço para correspondência Endereço para Correspondência: Regina Ferrazoli Camargo Xavier Rua Fritz Plaumann, 71 – ap. 303 Florianópolis – SC CEP: 88037-630 E-mail: reginafxavier@hotmail.com

RESUMO

OBJETIVO: caracterizar o desempenho escolar da leitura e escrita em escolares matriculados no terceiro ano do Ensino Fundamental

MÉTODO: participaram deste estudo 160 crianças com idades entre 8 e 9 anos (média 8 anos e 7 meses). Para coleta dos dados foi utilizado o instrumento de medida: Manual de Desempenho Escolar – Análise da Leitura e Escrita em Séries Iniciais do Ensino Fundamental – MDE (ROSA NETO, SANTOS, TORO, 2010). Para análise e interpretação dos dados foram utilizados os programas Excel e SPSS for Windows 17.0.

RESULTADOS: verificou-se que os escolares obtiveram uma média de 75,88% de acertos no desempenho geral do MDE, e entre as médias da pontuação nas categorias do manual, a escrita apresentou a porcentagem mais baixa, 72,10% de acertos.

CONCLUSÃO: constatou-se que 40% (n= 64) da amostra estão plenamente alfabetizadas, ou seja, capazes de ler com fluência e compreender globalmente o sentido do texto, localizar informações, fazer inferências e formular hipóteses sobre o conteúdo do texto. Na escrita, são capazes de escrever de forma legível e compreensível um pequeno texto. No entanto, 50% (n=80) dos alunos avaliados se encontram ainda no processo de aprendizado da leitura e escrita e 10% (n=16) das crianças mostrou desempenho abaixo do esperado para o nível de escolaridade em que se encontravam, ou seja, no estágio inicial da alfabetização.

Descritores: Leitura; Escrita Manual; Estudantes

ABSTRACT

PURPOSE: to characterize the performance of school reading and writing to students enrolled in the third grade of elementary school.

METHOD: the study included 160 children aged between 8 and 9 years old (average of 8 years and 7 months). The data collection instrument was used to measure: Performance Handbook School – Analysis of Reading and Writing in the early grades of elementary schools – MDE (Rosa Neto, Santos, TORO, 2010). For analysis and interpretation of data it was used the Excel and SPSS for Windows 17.0 programs.

RESULTS: it was found that the students had an average of 75.88% accuracy on the general performance of the EAW, and among the average score between the categories of the manual, the writing had the lowest percentage, 72.10% accuracy.

CONCLUSION: it was verified that 40% (n=64) in the sample are fully literate, ie able to read fluently and understand the general meaning of the text, to locate information, to make inferences and formulate hypotheses about the text content. In writing, they are able to write legibly and understand a short text, according to the standards required by our culture. However, 50% (n=80) of the students assessed is still in the learning process of reading and writing and 10% (n=16) of children showed poor performance to the level they were in school, or in the early stages of literacy.

Keywords: Reading; Handwriting; Students

INTRODUÇÃO

Atualmente a educação formal tem enorme valor sociocultural e o bom desempenho escolar é indicativo de futuro sucesso social. Sendo assim, todos os profissionais envolvidos na educação e na saúde infantil devem ter conhecimento das etapas de desenvolvimento da criança e suas particularidades1.

Nesse sentido, a aprendizagem da leitura e escrita em crianças vem sendo amplamente estudada por pesquisadores de diversas áreas do conhecimento como a medicina, psicologia, sociologia, linguística, pedagogia e a fonoaudiologia2,3.

Ler e escrever são habilidades compostas por múltiplos processos interdependentes, geralmente representados por meio de modelos de processamento da informação (memória, atenção, percepção, inferência e dedução) e podem ser estudadas sob vários aspectos4.

Mas o ensino-aprendizagem na alfabetização5 é muito complexo e difícil para as crianças em fase inicial de alfabetização, pois envolve habilidades cognitivas e motoras que exigem dos alunos o uso dos componentes sensório-motores e perceptivos, ou seja, a capacidade de decodificação das palavras e a ação motora adequada no ato de escrever. Inclusive, esse processo sofre a influencia de diversos fatores: biológicos, neuropsicológicos, psicossociais (do contexto familiar e escolar), pedagógico, o repertório psicomotor, entre outros6.

Sendo assim, é muito importante conhecer as estratégias das habilidades de ler e escrever utilizadas pelas crianças dos anos iniciais do ensino fundamental, pois é um requisito essencial para a prevenção, identificação e tratamento das dificuldades de leitura e escrita6.

Pratica-se que o ato de avaliar tem como função investigar a qualidade do desempenho dos estudantes, tendo em vista proceder a uma intervenção para a melhoria dos resultados. Por esse motivo a avaliação da aprendizagem escolar está ganhando espaço enquanto objeto de pesquisas e estudos, principalmente por ser considerada elemento indispensável ao diagnóstico e, consequentemente, à orientação mais efetiva para diminuir os problemas que caracterizam o sistema educacional brasileiro7.

Esse estudo teve como principal objetivo caracterizar o desempenho escolar da leitura e escrita em escolares matriculados no terceiro ano do Ensino Fundamental.

MÉTODO

Esta pesquisa foi realizada em cinco escolas da Rede Pública Municipal de Florianópolis/SC, situadas em bairros de padrão sociocultural similar, escolhidas de forma intencional e não-probabilistica. Os dados foram coletados no periodo entre agosto a dezembro de 2009.

Fizeram parte da amostra 160 escolares inseridos e frequentes no terceiro ano do ensino fundamental com idade entre 8 e 9 anos, idade média de 8 anos e 7 meses, sendo 45,0% (72) meninos e 55,0% (88) meninas (Tabela 1). Os critérios para participar do estudo foram: a) de inclusão: assinatura dos pais ou responsável do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, apresentar idade cronológica referente ao terceiro ano do ensino fundamental; b) de exclusão: alunos repetentes e apresentando alterações importantes no desenvolvimento (mental, sensorial, neurológico). Este grupo de alunos foi a primeira turma que ingressou, no inicio do ano letivo de 2007, com 6 anos de idade, no primeiro ano do Ensino Fundamental de 9 anos.

Para a avaliação da leitura e escrita dos escolares, foi utilizado o Manual de Desempenho Escolar – Análise da Leitura e Escrita em Séries Iniciais do Ensino Fundamental – MDE6 com o propósito de analisar o processo de aprendizagem da leitura e escrita das crianças. Usado sob a forma psicométrica, passa por várias etapas: aplicação, correção consistente, avaliação, análise e interpretação. Desse modo, a avaliação passa a ter característica diagnóstica investigativa, por meio do qual se obtêm resultados qualitativos e quantitativos capazes de sinalizar a proficiência e os pontos deficitários da criança.

O manual oferece aos profissionais da Saúde e Educação uma ferramenta para ajudar a identificar os problemas de aprendizagem escolar, dificuldades na leitura, escrita, linguagem compreensiva e expressiva, déficits de atenção e concentração, lentidão no processo de alfabetização, disfunções relacionadas ao processo de leitura e escrita (dislexia, dislalia, disgrafia, dispraxia, disfemia, outros).

Foi desenvolvido para atender os quatro níveis de idades correspondentes aos níveis das séries iniciais do Ensino Fundamental de 9 anos, faixa etária entre 7 a 10 anos, iniciando a partir do 2º ano: Nível I = 2º ano; Nível II = 3ª ano; Nível III = 4ª ano; Nível IV = 5ª ano. Constitui-se de duas (2) partes, sendo a primeira, direcionada à leitura (de letras, sílabas, palavras, texto e compreensão do texto); e a segunda, direcionada à escrita (ditado, cópia e escrita espontânea). O teste possui um aumento gradativo no nível de complexidade das tarefas e o resultado é calculado em função da média dos escores das provas de leitura e escrita. Está estruturado em seis categorias: CATEGORIA I – Leitura de letras, sílabas e palavras (linguagem expressiva); CATEGORIA II – Leitura de textos (linguagem expressiva); CATEGORIA III – Interpretação de textos (linguagem compreensiva); CATEGORIA IV – Cópia; CATEGORIA V – Ditado; CATEGORIA VI – Escrita Espontânea.

Os materiais utilizados na aplicação dos testes são: folhas com 26 letras maiúsculas, 26 letras minúsculas, 26 sílabas, 26 palavras, textos e 10 questões relacionadas ao texto para a compreensão da leitura; folhas com os textos para os ditados, a cópia e a escrita espontânea. Além do Manual, o examinador deve ter em mãos: as folhas de respostas da escrita e da leitura; lápis, caneta e borracha, para seu uso, e cronômetro para anotar o tempo de execução das atividades. À disposição da criança deve haver em mãos um lápis e uma borracha.

Todos os quesitos dos testes do manual possuem pontuação de 1 a 10. Para se obter a pontuação geral na leitura, é necessário realizar a somatória das 3 pontuações das categorias e dividir por três, para se chegar ao desempenho do aluno na leitura. O mesmo procedimento para se chegar ao desempenho do escolar na escrita.

Pontuação Leitura: PL = (CI + CII + CIII)/3

Pontuação Escrita: PE = (CIV + CV + CVI)/3

Para se obter a pontuação geral no MDE, é necessário realizar a somatória de todas as 6 categorias e dividir por seis, para se chegar ao desempenho geral do aluno na leitura e escrita. Pontuação Geral: PG = (CI + CII + CIII + CIV + CV + CVI)/6

Para que o avaliador utilize o manual de forma diagnóstica preventiva, sugere-se que a pontuação seja acompanhada de indicativos das falhas cometidas pelas crianças durante a realização das atividades6.

Após autorização do projeto e explicação de sua metodologia à Secretaria Municipal de Educação, às diretoras e corpo docente das instituições escolares, foram enviados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido aos pais ou responsável dos alunos e solicitação de assinatura autorizando, ou não, a pesquisa.

Os alunos foram avaliados individualmente somente pela pesquisadora, na própria escola, em local previamente reservado e apropriado para tal, com boa luminosidade e sem interferência externa nos turnos matutinos e vespertinos, e retornando à sala de aula logo após os procedimentos. A aplicação dos testes foi realizada em apenas uma sessão de aproximadamente 45 minutos, variando entre as crianças devido às diferenças individuais. Procurou-se manter sempre um ambiente de cordialidade com a direção e as professoras das escolas. Durante a aplicação do MDE foi respeitado o ritmo de cada criança, e principalmente, houve uma grande preocupação quanto à imparcialidade por parte da pesquisadora, ou seja, buscou-se conter a ansiedade de querer auxiliar a criança, pois não se tratava de uma avaliação interventiva.

A aplicação do manual foi iniciada pelos testes de leitura (linguagem expressiva); da compreensão da leitura do texto (linguagem compreensiva); em seguida pelos testes da escrita da cópia, do ditado e da escrita espontânea. Com o intuito de verificar o desempenho das crianças na aprendizagem da leitura e escrita desta pesquisa, foram utilizados os textos do Nível II do MDE, direcionado ao terceiro ano do ensino fundamental de nove anos. Todos os resultados foram anotados na folha de respostas e transferidos para a planilha do Excel.

Para a realização desta pesquisa, o projeto foi encaminhado para o Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos – CEP / UDESC sob referência de numero 103/2009.

Na análise e interpretação dos dados foram utilizados os programas SPSS for Windows 17.0. A análise descritiva dos dados foi realizada mediante média, variância, desvio-padrão, valor mínimo e valor máximo, frequências simples e percentuais.

RESULTADOS

Procurou-se por meio do instrumento, realizar uma análise criteriosa para averiguar se os alunos do terceiro ano do ensino fundamental, que representa o final do bloco inicial de alfabetização, encontram-se alfabetizados, ou seja, lendo, escrevendo e produzindo textos com desenvoltura e autonomia.

Os resultados da análise descritiva da avaliação do desempenho em leitura e escrita são apresentados em termos de médias de porcentagem de questões respondidas corretamente.

A linguagem expressiva do aluno foi observada nos diferentes níveis de desenvolvimento e aquisição oral. A grande maioria realizou os testes da Categoria I – leitura das letras, sílabas e palavras com sucesso, obtendo uma média de 96,93% de acertos (Tabela 2). Além da análise da precisão na leitura das letras, as respostas incorretas também foram observadas e classificadas. Verificou-se que houve alguns erros relacionados à dificuldade de distinguir o som de alguns fonemas que são chamados de "substituições fonêmicas", caracterizadas por confusões sonoras: /p/ x /b/, /t/ x /d, /f/ x /v e /s/ x /z/.

No quesito leitura de sílabas, algumas crianças apresentaram dificuldades ou não realizaram a leitura, demonstrando "vacilações", "repetições", "retificações" e "substituições", talvez por serem pseudo-sílabas, ou seja, silabas isentas de significado. Outras apresentaram dificuldades no grau de complexidade fonético, com destaque na articulação e pronuncia de sílabas que envolvem as combinações contendo "L" ou "R" por entre as letras e aquelas terminadas com consoantes.

A leitura das palavras com estrutura silábica simples – CV (consoante-vogal) foi de fácil leitura, enquanto que as palavras mais complexas com estrutura – CCV (consoante-consoante-vogal) e CVC (consoante-vogal-consoante) ocorreram "omissões", "adições", "substituições" de letras e até "não leitura", tais como: /taxi/, /flora/, /mangueira/ e /cachorro/. É interessante salientar que as crianças que apresentaram inúmeras dificuldades no subteste de leitura das silabas, conseguiram ler as palavras com menos dificuldades.

Na Categoria II – linguagem expressiva de texto, os escolares foram solicitados a ler oralmente o texto "As aventuras de Kat" – Recreio, São Paulo, ano 1, n.13, jun/2000, com aproximadamente 119 palavras de extensão e nível apropriado ao terceiro ano do ensino fundamental. A pontuação média alcançada pelos alunos foi de 66,15% de acertos nesta categoria (Tabela 2). Observou-se que poucos escolares realizaram a leitura de forma fluente e com ritmo, a maioria desempenhou a leitura de "forma lenta", "silabada", "sem respeitar a pontuação" e "sem entonação ou expressão".

Quanto a Categoria III – linguagem compreensiva de texto, após a leitura atenta do texto, foi solicitada aos alunos que respondessem a 10 perguntas sobre o mesmo. Algumas questões propostas eram relacionadas à memória para eventos e caracteres descritos na própria história e outras avaliavam a compreensão inferencial. O examinador leu oralmente para as crianças as questões e transcrevia fielmente as respostas na folha de resposta do manual. Percebeu-se que a amostra, de forma geral, apresentou desempenho bom, respondendo corretamente 76,03% das questões propostas (Tabela 2), no entanto, um total de 11,87% (19) alunos acertaram apenas < a 50% das dez questões de compreensão do texto lido.

Analisando o desempenho das crianças nos 3 subtestes de leitura, verificou-se uma média de 79,68% de acertos nas tarefas de leitura (Tabela 2).

A linguagem escrita da criança foi analisada nos seus diferentes níveis de desenvolvimento e aquisição.

Quanto à escolha do tipo de letra, "cursiva" ou "imprensa", do total da amostra, 73,75% (118) optaram em escrever com letra cursiva, que é a letra utilizada em sala de aula para a aprendizagem da leitura e escrita, o restante utilizou letra de imprensa ou mista.

Vários aspectos foram observados durante a realização da Categoria IV – escrita de cópia, contudo, os alunos se mostraram excelentes copiadores, buscando fazer cópias fiéis das palavras e da frase exposta, obtendo uma média de 95,62% de acertos nas tarefas (Tabela 3). Talvez porque na cópia o modelo é gráfico, visual e se encontra permanentemente presente diante da criança. No entanto, alguns alunos apresentaram dificuldades na realização desta tarefa e foram observadas ocorrências de "substituições", "omissões" e "adições" de letras nas palavras, "rotações" das letras /d/, /b/, /p/ e /q/ e "inversões" de letras ou silabas das palavras. Alem disso, durante a cópia da frase, algumas crianças copiaram deixando de colocar espaço entre as palavras – "junções de palavras" e/ou dividindo a palavra em duas – "fragmentações de palavras".

Na Categoria V – escrita do ditado, os escolares foram solicitados a escrever um texto de Nível II, com aproximadamente 18 palavras e nível apropriado ao terceiro ano do ensino fundamental. Em seguida, foram instruídos a ouvir atentamente o enunciado de pequenas frases e somente depois iniciar a escrita. A pontuação média alcançada pelos escolares nesta categoria foi de 60,87% de acertos (Tabela 3), e ao contrário do bom desempenho nos exercícios de cópia, os alunos apresentaram dificuldades relevantes no ditado. Nessa categoria, as palavras devem ser discriminadas e diferenciadas auditivamente com relação ao grafema – fonema, nas associações aos significados e respeito à orientação espaço-temporal-sequencial. As maiores dificuldades apresentadas pelos alunos na escrita do ditado, são referentes a erros ortográficos, tais como: "substituições", "omissões", "adições" e "inversões" de letras e/ou palavras, "falta de pontuação", "junções" e "fragmentações" de palavras.

A última prova, produção textual espontânea – Categoria VI, mostrou ser a etapa de maior complexidade do manual. É uma habilidade que pode ser considerada a arte final da escrita. Portanto, foi solicitado aos alunos escrever um pequeno texto a partir de gravuras apresentadas a eles, ou incentivos e sugestões por parte da avaliadora, tais como: relatar uma viagem, um final de semana, um passeio, um sonho etc. A produção de um texto escrito envolve problemas específicos de estruturação: do discurso, de coesão, argumentação, organização de idéias, escolha de palavras, do objetivo e do destinatário do texto. Na escrita espontânea as crianças organizam seu discurso interior e recorrem à escolha de palavras que dominam para escrever, o que normalmente são as mais conhecidas por elas. O resultado da escrita espontânea dos alunos dessa amostra foi semelhante ao da escrita do ditado, mostrando uma pontuação média de 59,81% de acertos (Tabela 3), no entanto, assim como no ditado, a escrita espontânea também foi realizada com algumas dificuldades e geralmente referentes a erros ortográficos semelhantes aos do ditado. Observou-se também, um grande número de alunos, 68,75% (110) que produziram apenas textos curtos de aproximadamente 3 orações.

Quanto ao grafismo dos escolares, 38,75% (62) realizou a escrita apresentando "traços irregulares" com "oscilações e linhas anormais no espaçamento", dificuldades no "manuseio circular de letras", "pouca velocidade", dificuldade no "tamanho das letras", ou seja, a presença de "grafismo irregular".

Um dado relevante que ocorreu durante as avaliações, é que algumas crianças falam enquanto escrevem, procurando encontrar a letra ou a sílaba correspondente ao som. O resultado, como é observado na Tabela 3, mostra uma média de 72,10% de acertos no desempenho dos escolares na realização das e tarefas de escrita.

Em relação ao desempenho dos alunos nos 6 subtestes de leitura e escrita, verificou-se que os escolares obtiveram uma média de 75,88% de acertos no desempenho geral no MDE (Tabela 4). Observou-se também, que entre as médias da pontuação nas categorias do manual, a escrita apresentou a porcentagem mais baixa, 72,10% de acertos.

O tempo levado para execução das tarefas de leitura e escrita se modifica de acordo com a habilidade e experiência do leitor/escritor. Sendo assim, de acordo com os resultados apresentados na Tabela 4, as crianças levaram, em média, 6 minutos e 26 segundos na execução das tarefas de leitura, uma média de 9 minutos e 76 segundos nos exercícios de escrita e 16 minutos e 22 segundos na realização de todas as categorias do MDE.

Assim, a distribuição dos participantes da amostra de acordo com a porcentagem de acertos no desempenho da leitura, escrita e desempenho geral do manual, bem como sua pontuação média nas categorias, pode ser vista na Figura 1 e Tabela 5. Verificou-se, de forma geral, que menos da metade dos escolares, 40% (64) obtiveram desempenho entre 100% a 81% de acertos nas tarefas do MDE (pontuação média de 88,83%), a maioria 50% (80) apresentou desempenho na faixa entre 80,9% a 61% de acerto (pontuação média de 70,44%) e um total de 10% (16) obteve desempenho < que 60,9% de respostas corretas nos testes (pontuação média de 49,99%).


Analisando-se o desempenho das crianças nos referidos subtestes em função do gênero, verificou-se que as meninas tiveram desempenho melhor que os meninos, pois, observa-se que dos 90% (144) dos alunos que ficaram dentro da faixa entre 100% e 61% de acertos nos testes, 81 eram meninas e 63 eram meninos. E dos 10% (16) escolares que acertaram menos que 60,9% nas provas, 9 eram meninos e 7 eram meninas (Tabela 5).

Quanto às escolas, notou-se que a escola "D" obteve, proporcionalmente, o maior número de alunos 43,7% dentro da faixa de 100% a 81% de acertos, ou seja, escolares que apresentaram desempenho adequado e/ou em processo de aprendizado da leitura e da escrita. No entanto, a escola que apresentou maior número de crianças com desempenho abaixo de 60,9% de acertos, ou seja, abaixo do esperado para o nível de escolaridade em que se encontravam, foi a escola "A", com 28,6% de alunos.

DISCUSSÃO

Diante da reorganização do ensino fundamental de nove anos, é apresentado neste estudo o resultado da avaliação do desempenho escolar da leitura e escrita em escolares que frequentavam o terceiro ano do bloco inicial de alfabetização. Teve como finalidade investigar o desempenho dos alunos que ingressaram aos seis anos no ensino fundamental, no tocante ao processo de alfabetização, ou seja, ler e compreender a leitura, escrever e produzir textos com desenvoltura.

A escolha por alunos do terceiro ano do ensino fundamental se deu pelo fato de que, nessa etapa de ensino, a expectativa é de que os alunos estejam plenamente alfabetizados. O que significa que eles já devem dominar relações entre grafemas e fonemas; ler e compreender sílabas e palavras; compreender globalmente o sentido do texto, localizar informações, fazer inferências e formular hipóteses sobre o conteúdo do texto e ler com fluência. São capazes de escrever palavras sob ditado e redigir textos curtos de forma legível e compreensível8-10.

Assim como, das 28 diretrizes estabelecidas no Termo de Adesão ao compromisso "Todos pela Educação", o compromisso II merece atenção especial, pois ele lança como meta aos municípios que aderirem ao acordo: "alfabetizar as crianças até, no máximo, os oito anos de idade, aferindo os resultados por exame periódico especifico"11.

Nesta faixa etária as áreas corticais já estão bem desenvolvidas e integradas, possibilitando assim a adequada função motora, sensitiva, acústica e visual, que são fundamentais para a produção escrita dentro dos padrões esperados10.

Os resultados deste estudo demonstraram que poucos alunos desta amostra estavam plenamente alfabetizados no final do terceiro ano do Ensino Fundamental. Esperava-se, portanto, que os escolares tivessem um melhor desempenho nessa avaliação, já que foram abordadas capacidades iniciais do processo de alfabetização.

Quanto à primeira categoria deste protocolo, leitura de letras, sílabas e palavras, os achados deste estudo corroboram com outra pesquisa realizada com escolares que cursavam o 1º e 2º ano do Ensino Fundamental12. As autoras verificaram o desempenho de 19 alunos na leitura de letras, sílabas (simples e complexas) e palavras e observaram que o número de acertos foi aumentando ao longo do ano letivo, demonstrando que o conhecimento e reconhecimento das letras e de seu posicionamento na palavra melhoram com o aumento de uso de tarefas de leitura e escrita no contexto de sala de aula. As habilidades de reconhecimento das letras envolvem processamento cognitivo semelhante ao da leitura, o que facilita o desenvolvimento da leitura em séries iniciais de alfabetização12.

Outra pesquisa realizada com 74 crianças de 2ª, 3ª e 4ª séries do Ensino Fundamental de escola pública, sem queixas de alterações no desenvolvimento e sem dificuldades escolares observou que, quanto à prova de leitura das palavras, as palavras regulares foram lidas mais rapidamente do que as irregulares, e este comportamento foi demonstrado pelas crianças de todas as séries13. O mesmo foi observado no atual estudo com escolares do 3º ano.

Em um sistema de escrita com base alfabética, a habilidade de decodificação é de grande importância no estágio inicial do leitor, pois proporciona a base para a automaticidade no reconhecimento da palavra e posterior compreensão do material lido14.

O resultado descrito nesta pesquisa mostra que os alunos que apresentaram melhor desempenho na leitura de letras, sílabas e palavras, também demonstraram melhor pontuação na leitura do texto. Contudo, a compreensão da leitura depende de relevantes conhecimentos que estão relacionados com o desenvolvimento do vocabulário, da linguagem oral, habilidades linguísticas, habilidades de memória, capacidade de realizar inferências e da experiência de mundo de cada indivíduo12.

Um estudo com 76 alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental, de classe socioeconômica média alta, matriculados em uma escola particular de Porto Alegre/RS15 avaliou a compreensão da leitura na tarefa de responder as questões sobre o texto lido. As autoras perceberam que os alunos apresentaram desempenho elevado, pois responderam corretamente 81,71% das questões propostas. Esse resultado pode ser devido ao aumento das habilidades linguísticas ou metalinguísticas e de processos cognitivos, como memória e atenção, pois, no decorrer da escolarização, a criança é exposta a textos cada vez mais longos, influenciando diretamente a compreensão leitora. Na amostra aqui estudada, com crianças inseridas na Rede Publica Municipal, foi observado que pouco mais da metade (61,4%) dos alunos responderam uma média de 75,24% das 10 questões sobre o texto lido.

A compreensão de um texto não se resume à capacidade de memória, mas também à capacidade de inferir fatos que não são apresentados explicitamente no texto. Nesse sentido, segundo as autoras, o questionário sobre a história parece ser a melhor forma de se avaliar as habilidades compreensivas dos alunos, pois a tarefa de responder a perguntas é pontual, focaliza apenas determinadas informações e partes do texto15.

De acordo com estudo que analisou a relação entre aspectos relativos aos padrões de leitura e compreensão da mesma em 45 crianças do 2º ano do ensino fundamental, observou-se que o padrão pausado não prejudica a compreensão de textos, no entanto, o padrão silabado mostrou-se pouco eficiente para a compreensão básica de textos narrativos16. O estudo revelou ainda que a fluência interfere diretamente na compreensão de leitura nos primeiros anos de escolaridade, apesar de não ser suficiente para garanti-la.

Nesse sentido, Leo Blomert, da Faculdade de Psicologia e Neurociências da Universidade de Maastrich (Holanda), realizou o primeiro projeto de investigação européia (PROREAD)17 sobre o desenvolvimento da leitura de 3000 crianças originárias de seis Estados-Membros da União: Holanda, França, Finlândia, Alemanha, Hungria e Portugal. Recolheu-se ainda informação adicional sobre 6500 professores (do ensino especial), com o objetivo de avaliar a eficácia do sistema de apoio a crianças com problemas de leitura. Os resultados obtidos têm um impacto imediato tanto no ponto de vista teórico como também nas políticas educativas. O estudo mostrou que as capacidades cognitivas mais importantes para aprender a ler são as mesmas em qualquer dos países estudados. Apontou também que intervenções eficazes com crianças que apresentam problemas de leitura podem ser úteis aos vários países, independentemente da barreira da língua. Sugere inclusive, que um sistema de apoio deve ser orientado tanto para estudantes como para professores, uma vez que um enfoque exclusivo em apenas uma das partes não é eficaz. Outra característica de um sistema eficaz é a existência de uma rede de comunicação funcional entre professores e professores do ensino especial, assim como entre professores do ensino especial e os profissionais que fazem os diagnósticos.

Nesse contexto, em um estudo longitudinal foram avaliadas 41 crianças identificadas como em risco de dificuldades de leitura a partir da educação infantil até o terceiro ano do ensino fundamental18. Todos os alunos foram avaliados no segundo semestre de cada ano letivo, para averiguar a necessidade de intervenção, e um pequeno grupo de alunos que apresentavam baixo desempenho recebeu intervenção suplementar. Os resultados indicaram que, de acordo com os achados, a maioria das crianças identificadas como em risco no inicio do jardim de infância, responderam cedo e de forma positiva a intervenção. Apenas o desempenho de leitura oral fluente não melhorou para a maioria dos alunos.

O processo de aprendizagem não é semelhante para todas as crianças e o fracasso ou sucesso relaciona-se com fatores individuais os quais, por sua vez, dependem das influências ambientais ou socioeconômicas e culturais. Além disso, a criança também está submetida a condições sociais e educacionais que podem, se não forem favoráveis e apropriadas, torná-la analfabeta ou oferecer-lhe um domínio muito precário da língua escrita19.

No entanto, deve-se considerar que a apropriação do sistema de escrita é um processo evolutivo no qual o aprendiz elabora hipóteses ou idéias a respeito do que é a escrita, as quais revelam diferentes graus de conhecimento que estão sendo constituídos. Desta forma, as crianças cometem "erros" durante a aprendizagem até que, progressivamente, elas dominem o sistema ortográfico20.

Nas tarefas que envolviam a escrita de palavras conhecidas ou com grafia desconhecida, foi notado que, mesmo os alunos que tiveram um melhor desempenho na avaliação apresentaram palavras grafadas com omissões, acréscimos ou substituições de sílabas ou de letras9. O mesmo aconteceu na escrita de frase de pequena extensão, na qual se verificou ausência de segmentação correta entre as palavras e total desconhecimento do uso de inicial maiúscula em parágrafos e de pontuação no final de frase. Tais achados são compatíveis com os resultados do presente estudo.

A pouca frequência de erros do tipo inversão de letras e confusões entre letras parecidas sugere que os aspectos visuo-espaciais da escrita são elementos mais facilmente dominados e compreendidos por quem aprende a escrever. No entanto, nesse estudo, apesar de as crianças já estarem cursando o terceiro ano do ensino fundamental, foram observadas ocorrências de inversões de letras e/ou sílabas nas palavras em 12,65% (21) dos escolares e 3% (5) de rotações de letras na execução dos testes de escrita. Apesar da grande atenção que vem sendo dada aos erros por inversão, pelo fato de eles poderem ser considerados como um marca da dislexia, pouca investigação tem sido feita a respeito20,21.

Quanto ao desempenho na prova de escrita22, as autoras observaram em muitas crianças a produção oral concomitante à produção escrita das palavras, sugerindo uma influência da primeira sobre a segunda. No presente estudo, este tipo de comportamento foi observado em 3% dos escolares.

De forma geral, quanto ao desempenho escolar na leitura e escrita, num estudo9 com 153 crianças do terceiro ano do ensino fundamental de duas escolas municipais, os autores tomaram como principal referência o material do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita CEALE – Avaliação Diagnóstica da Alfabetização8. A pesquisa teve como objetivo diagnosticar a aquisição de capacidades fundamentais para a alfabetização e foi verificado que 52% dos alunos demonstraram ser capazes de ler e escrever frase com sintaxe simples e texto de curta extensão, embora com dificuldades e um total de 48%, ou seja, quase metade dos escolares apresentou atraso na apropriação das capacidades essenciais da aprendizagem da leitura e escrita.

O mesmo ocorreu em outra pesquisa sobre o desempenho escolar de 164 crianças dos anos iniciais do ensino fundamental da rede pública de ensino2. As autoras verificaram que 60% dos alunos apresentaram baixo rendimento em leitura, escrita e cálculo. Observaram, também, que os participantes com bom desempenho na leitura também apresentaram bom desempenho na escrita. De acordo com as autoras, o processo de alfabetização requer uma série de habilidades e competências que se constituem pré-requisitos para as aprendizagens que se processarão, e é muito comum que crianças enfrentem problemas de ordens diversas nos primeiros anos de escolarização. Vale lembrar que as capacidades linguísticas e comunicativas se desenvolvem ao longo de todo o processo de escolarização, e, portanto, a ocorrência de alguns erros ortográficos é normal no inicio da alfabetização.

Quanto ao desempenho acadêmico dos meninos e das meninas, verificou-se que os sexos se diferenciaram entre si no resultado geral do MDE, onde as meninas saíram-se significantemente melhor. Resultados como esses concordam com outras pesquisas que também mostram uma maior prevalência de baixo desempenho escolar no sexo masculino, ou seja, apontam que os meninos são mais afetados com dificuldades de aprendizagem10,22,23.

Segundo a PNAD – 2009 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgado pelo IBGE (2010) (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre as crianças de 6 a 14 anos, a taxa de escolarização era de 97,6% em 2009. No entanto, os resultados do PISA (indicador internacional que compara a qualidade e melhoria da educação de cada país cujos resultados servem para subsidiar políticas de melhoria nesta área) divulgados no final de 2010, dos 65 países participantes, os brasileiros figuram nas piores colocações tanto em ciências e leitura como em matemática. Isso mostra que alguns alunos brasileiros chegam ao final do ensino fundamental com dificuldades graves.

Portanto, de acordo com a média nacional do Ideb em 2009, o índice obtido pelos alunos brasileiros foi de 4,6. Contudo, 6 é o índice que os estudantes deveriam alcançar para se igualarem aos alunos dos países desenvolvidos. No município de Florianópolis, os índices obtidos pelos escolares no ano letivo de 2009, referentes à: taxa de aprovação foi de 99%, nota da Prova Brasil foi 5,24 e o índice do Ideb, nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º, 2º e 3º anos) foi de 5,224..

Das cinco escolas que participaram deste estudo, percebeu-se que as crianças que obtiveram melhores desempenhos na leitura e na escrita de acordo com o MDE, pertenciam às instituições com melhores estruturas físicas (biblioteca, sala de informática, ginásio esportivo, etc.), organização (apoio pedagógico direção, proximidade com as famílias) e estímulos externos (projetos extra curriculares).

CONCLUSÃO

Tendo em vista a análise dos resultados, verificou-se que 40% (n= 64) da amostra estão plenamente alfabetizadas, ou seja, capazes de ler com fluência e compreender globalmente o sentido do texto, localizar informações, fazer inferências e formular hipóteses sobre o conteúdo do texto. Na escrita, são capazes de escrever com letra cursiva e de forma legível e compreensível um pequeno texto, segundo o padrão esperado em linguagem escrita para escolares do terceiro ano do ensino fundamental.

No entanto, 50%, (n=80) dos alunos avaliados no terceiro ano escolar se encontram ainda no processo de aprendizado da leitura e escrita. E (10% (n=16) de crianças mostrou desempenho abaixo do esperado para o nível de escolaridade em que se encontravam, ou seja, no estágio inicial da alfabetização. Esses alunos apresentavam atraso na apropriação e consolidação das capacidades essenciais da aprendizagem da leitura e da escrita.

Sendo assim, de um modo geral, com base nos critérios adotados para identificação do desempenho escolar, algumas crianças avaliadas possuíam algum tipo de dificuldade e o tipo mais frequente foi apresentado nos testes da escrita. Os resultados desse estudo mostram a necessidade de retomar algumas capacidades que precisam ser consolidadas pelos alunos, e a introdução de outras com o objetivo de que estes alunos se alfabetizem.

Diante do que foi apresentado sobre a alfabetização no Ensino Fundamental, torna-se evidente tanto a importância do papel do professor como facilitador no processo de aprendizagem da criança como a avaliação diagnóstica periódica do desempenho dos alunos, ressaltando-se ainda a necessidade de mais pesquisas relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem da leitura e escrita em escolares dos anos iniciais do ensino fundamental.

Recebido em: 11/11/2011

Aceito em: 15/04/2012

Conflito de interesses: inexistente

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Mar 2013
    • Data do Fascículo
      Dez 2013

    Histórico

    • Recebido
      11 Nov 2011
    • Aceito
      15 Abr 2012
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