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Conservação on farm da agrobiodiversidade de sítios familiares em Jequié, Bahia, Brasil

On farm conservation of agrobiodiversity in family farms in Jequié, Bahia State, Brazil

Resumos

No Brasil, a Caatinga é área prioritária para conservação da biodiversidade, na qual muitas comunidades de agricultores mantêm práticas agrícolas fundamentais para a conservação on farm. O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento sobre o perfil socioeconômico e cultural de feirantes, identificando espécies e manejos em suas roças, que favoreçam a conservação on farm da diversidade de espécies cultivadas. Foi analisada a influência da área das roças sobre a riqueza e abundância de plantas. A pesquisa foi realizada por meio de visitas em feiras livres e unidades familiares de agricultores, localizadas no município de Jequié - BA, nordeste do Brasil. Foram citadas 28 espécies para fins alimentares, pertencentes a 17 famílias botânicas e totalizando 75 etnovariedades. A influência da área das roças sobre a riqueza teve baixa correlação (r = 0,29, p < 0,01), enquanto a abundância de plantas, forte correlação (r = 0,69, p < 0,01). A maioria dos agricultores tem pouca instrução, baixa renda e, nas roças estudadas, foi verificada a ocorrência de conservação on farm.

Agrossistema; germoplasma e preservação


The Caatinga is a priority area for biodiversity conservation in Brazil. In these areas there are many communities of farmers that maintain traditional agricultural practices which are vital for on farm conservation. The aim of this study was a survey on the socioeconomic and cultural profile of stallholders, identifying species and managements in their farms that favor on farm conservation of the diversity of cultivated species. The influence of the area of cultivated land on the richness and abundance of plants was analyzed. The survey was carried out through visits to street markets and family farmer units located in the municipality of Jequié - BA, Northeastern Brazil. Twenty-eight species were cited for food utilization, belonging to 17 families, totalling 75 etnovarieties. The influence of the area of cultivated land on the species richness showed low correlation (r = 0.29, p < 0.01), but showed a strong correlation (r = 0.69, p <0.01) on species abundance. Most farmers have little formal schooling and low income. The occurrence of on farm conservation was detected in the studied areas.

Agrosystem; germplasm and preservation


PRODUÇÃO VEGETAL

Conservação on farm da agrobiodiversidade de sítios familiares em Jequié, Bahia, Brasil

On farm conservation of agrobiodiversity in family farms in Jequié, Bahia State, Brazil

Danilo Hottis LyraI; Luana Santos SampaioII; Douglas de Almeida PereiraIII; Cláudio Lúcio Fernandes AmaralIV

IGraduando do Curso de Ciências Biológicas com ênfase em Genética da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Av. José Moreira Sobrinho, s/n, 45.206-510, Jequié, BA, Brasil, E-mail: dnalyra@gmail.com

IIGraduanda do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Av. José Moreira Sobrinho, s/n, 45.206-510, Jequié, BA, Brasil, E-mail: luassampaio@gmail.com

IIIBiólogo, Rede Estadual de Ensino da Bahia, BR 116, Km 03, s/n, 45.200-000, Jequié, BA, Brasil, E-mail: douglasbiologo@ig.com.br

IVBiólogo, Doutor. Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Av. José Moreira Sobrinho, s/n, 45.206-510, Jequié, BA, Brasil, E-mail: recurgen@gmail.com

RESUMO

No Brasil, a Caatinga é área prioritária para conservação da biodiversidade, na qual muitas comunidades de agricultores mantêm práticas agrícolas fundamentais para a conservação on farm. O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento sobre o perfil socioeconômico e cultural de feirantes, identificando espécies e manejos em suas roças, que favoreçam a conservação on farm da diversidade de espécies cultivadas. Foi analisada a influência da área das roças sobre a riqueza e abundância de plantas. A pesquisa foi realizada por meio de visitas em feiras livres e unidades familiares de agricultores, localizadas no município de Jequié - BA, nordeste do Brasil. Foram citadas 28 espécies para fins alimentares, pertencentes a 17 famílias botânicas e totalizando 75 etnovariedades. A influência da área das roças sobre a riqueza teve baixa correlação (r = 0,29, p < 0,01), enquanto a abundância de plantas, forte correlação (r = 0,69, p < 0,01). A maioria dos agricultores tem pouca instrução, baixa renda e, nas roças estudadas, foi verificada a ocorrência de conservação on farm.

Palavras-chave: Agrossistema, germoplasma e preservação.

ABSTRACT

The Caatinga is a priority area for biodiversity conservation in Brazil. In these areas there are many communities of farmers that maintain traditional agricultural practices which are vital for on farm conservation. The aim of this study was a survey on the socioeconomic and cultural profile of stallholders, identifying species and managements in their farms that favor on farm conservation of the diversity of cultivated species. The influence of the area of cultivated land on the richness and abundance of plants was analyzed. The survey was carried out through visits to street markets and family farmer units located in the municipality of Jequié - BA, Northeastern Brazil. Twenty-eight species were cited for food utilization, belonging to 17 families, totalling 75 etnovarieties. The influence of the area of cultivated land on the species richness showed low correlation (r = 0.29, p < 0.01), but showed a strong correlation (r = 0.69, p <0.01) on species abundance. Most farmers have little formal schooling and low income. The occurrence of on farm conservation was detected in the studied areas.

Key words: Agrosystem, germplasm and preservation.

INTRODUÇÃO

No Brasil, a tradição das famílias rurais em cultivar suas plantas, multiplicá-las via sementes, armazenando-as em suas propriedades e intercambiando-as com os vizinhos, tem-se consolidado ao longo das décadas. Este hábito enfatiza as práticas de conservação da diversidade agrícola, tais como coleta, caracterização e adaptação de germoplasma das variedades locais (Almeida & Cordeiro, 2002).

A conservação dos recursos genéticos vegetais é prioridade global, na qual, variedades locais são mantidas em sistema on farm (Jarvis et al., 2008). No semiárido nordestino brasileiro, onde a produção está voltada tanto para o abastecimento alimentar do grupo, quanto para geração de excedentes para comercialização (Silva et al., 2003), o manejo desta biodiversidade é o principal pilar da sustentabilidade da agricultura familiar. Essa organização técnica conduz, necessariamente, à diversificação de espécies manejadas, resultando em diferentes arranjos e tipos de cultivo, dentro da mesma unidade.

De acordo com Rana et al. (2008), conservação on farm é o processo pelo qual uma vasta gama de diversidade genética coevoluiu, ao longo do tempo, com recursos naturais e intervenção humana. Sendo assim, Frankham et al. (2008) determinam que o sistema de agricultura tradicional permite a continuidade de processos evolutivos, contribuindo para a redução do processo de erosão genética a que vêm sendo submetidas às espécies cultivadas, o que é fundamental para o melhoramento participativo.

O melhoramento genético participativo é um componente do manejo da diversidade genética e apresenta, fundamentalmente, a inclusão sistemática dos conhecimentos, habilidades, experiências, práticas e preferências dos agricultores nos programas de melhoramento institucionais (Machado et al., 2002). Esta modalidade de manipulação das frequências gênicas baseia-se no saber popular, associado aos conhecimentos da genética, bioquímica e fisiologia, combinados com os da antropologia, sociologia e economia (Soleri & Smith, 2002). As feiras livres compreendem modalidade periódica tradicional de comércio varejista, desempenhando importante papel na consolidação do agronegócio popular, especialmente, da agricultura familiar, representando, também, um espaço público, socioeconômico e cultural extremamente dinâmico e diversificado (Godoy & Anjos, 2007).

Os objetivos do melhoramento genético participativo são múltiplos, destacando-se a promoção do aumento e manutenção da variabilidade genética, a obtenção de germoplasma com adaptação local, a seleção inter e intrapopulacional, o ganho em produtividade, a resistência a doenças e pragas, o desenvolvimento de novas variedades, a diversificação do sistema produtivo e a produção de sementes (Sperling et al., 2001; Machado et al., 2002). A conservação da biodiversidade ainda existente nas comunidades rurais necessita da participação dos agricultores nos programas de melhoramento genético (Almekinders & Ellings, 2001).

O objetivo deste trabalho foi realizar levantamento sobre o perfil socioeconômico e cultural de feirantes, identificando espécies e manejos em suas roças que favoreçam a conservação on farm da diversidade de espécies cultivadas.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada por meio de visitas aos pontos de comercialização das três feiras livres (Bairros do Jequiezinho, Joaquim Romão e Centro), existentes no município de Jequié-BA (latitude 13º51'27''S, longitude 40º05'01''W), localizado no nordeste do Brasil. Foram aplicados questionários semiestruturados, que versavam sobre questões do aspecto socioeconômico e cultural, escolaridade, produção, renda, satisfação e organização, em amostragem aleatória de 40 feirantes. As barracas nas feiras caracterizam os estabelecimentos comerciais.

Foram selecionados e, posteriormente entrevistados, 12 feirantes, que são agricultores e proprietários de seus sítios, os quais localizam-se no Distrito Fazenda Velha / Curral Novo, Jequié-BA, constituindo as unidades familiares. Nas visitas, durante o período de fevereiro a maio de 2009 (Figura1), foi realizado outro questionário semiestruturado, que versava sobre questões de suas práticas agroecológicas, identificando espécies e manejos em suas roças que favoreçam a conservação on farm e o melhoramento participativo.


Em visitas às áreas estudadas, foram elaboradas listas de espécies, baseadas nas informações das entrevistas, as quais foram coletadas e identificadas no Herbário da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (HUESB). Este levantamento possibilitou caracterizar cada unidade familiar em termos da diversidade manejada e usada. A primeira refere-se às espécies que passaram por algum processo de manipulação relacionado com o cultivo, enquanto, a segunda, às espécies colhidas na mata, nos quintais e caminhos e que não passaram por qualquer processo de cultivo.

Foi avaliada a distribuição e a dinâmica da diversidade biológica das etnovariedades cultivadas em roça por meio da relação entre riqueza e abundância de plantas e a área das roças. A análise estatística foi realizada por meio de modelos lineares generalizados. Para essa análise, foi utilizado o programa Statistica for Windows versão 6.0. Foram realizadas, também, mensurações de riqueza (número de diferentes espécies, independentemente das suas frequências) e abundância (número de indivíduos da etnovariedade que foram encontrados nas roças).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A maioria dos feirantes (80%) não completou o ensino fundamental, nem o ensino médio (15%) e 5% são analfabetos. A renda familiar é baixa, variando entre 1 e 2 salários mínimos (Ano Base de Referência Salarial 2009). A idade dos agricultores varia de 40 a 60 anos, sendo que todos eles trabalham exclusivamente no campo, levando seus produtos para venda, nos fins de semana, às feiras livres.

Alguns dos produtores (40%) têm desenvolvido estratégias para aumentar a sua renda, entre as quais constam a diversificação de atividades em suas propriedades, como a criação de animais para comercialização (bovinos, suínos, caprinos e ovinos). Há, também, a agregação de valor aos produtos, por meio de beneficiamento, simples, como descascar a mandioca (60%) e ensacar o feijão de corda (40%).

Conforme os relatos dos feirantes (80%), tem ocorrido uma diminuição no volume do público e das vendas nas feiras livres, por diversos fatores, como por exemplo, estrutura precária e a procura de supermercados, mercearias e quitandas. Quando questionados sobre qual o motivo por que os consumidores preferem comprar em outros locais, em detrimento das feiras livres, eles ressaltaram que além de pagamento facilitado, os ambientes são mais limpos e seguros. Conforme Wuerges & Simon (2007), tudo indica que, sem o apoio de uma política governamental, essa forma de comercialização tende a desaparecer, ou, pelo menos, permanecer como um nicho de mercado restrito e elitizado.

Foram visitadas 12 unidades familiares, no distrito da Fazenda Velha - Curral Novo, onde estão distribuídos 26 lotes, com área variando entre dois e quatro hectares. Participaram das entrevistas 14 pessoas, pertencentes a 12 famílias, sendo 12 homens e 2 mulheres. O tempo de residência no local varia entre 5 e 15 anos. Nas 12 roças, foram verificados sistemas de plantio em policultivo, que possuem várias culturas, formando um mosaico de diversidade, com inúmeras variedades de cada espécie, sendo as principais culturas a mandioca, o milho e o feijão.

De acordo com os entrevistados, a maioria dos produtos (80%) é destinada ao comércio em feiras livres, principalmente, as espécies olerícolas, enquanto as frutíferas, como banana, mamão e caju são vendidas para atacadistas ou intermediários.

A utilização de agrotóxicos foi admitida por todos os agricultores, e, quando questionados sobre a conversão do sistema convencional em agroecológico, 80% responderam que não o fazem devido à ausência de incentivos; 10%, por falta de área para cultivar e, o restante, por pouca ou nenhuma informação técnica para o manejo das culturas conduzidas no sistema orgânico e por falta de mercado.

A maioria dos agricultores questionados pratica a agricultura tradicional, usando instrumentos manuais para o preparo da terra e a capina, cultivando geralmente sementes locais e,ou, compradas em lojas de agropecuária. Duas famílias conservam suas sementes em garrafas "pets", como por exemplo, feijão, milho e quiabo, armazenando parte delas para a próxima safra, geração após geração, sendo a outra parte para venda e, ou, troca com outros agricultores da região, mostrando a provável influência dos agricultores na dispersão da variabilidade genética. De acordo com Sthapit et al. (2008), essa prática tem influência direta no fluxo informal do material genético, contribuindo para a conservação on farm, por meio das redes sociais dos agricultores, possibilitando ao geneticista aplicar o melhoramento participativo.

A necessidade de conservar as espécies cultivadas, adaptadas aos variados sistemas de cultivo e ambientes, tem estimulado o desenvolvimento de pesquisas relacionadas com as análises dos recursos fitogenéticos, com a finalidade de descrever, usar, melhorar e conservar a variabilidade genética (Andrade et al., 2007).

Foi constatado que o cultivo de variedades locais, como banana, cana- de -açúcar e mandioca, se faz presente entre oito unidades familiares, na forma de uso imediato do germoplasma. Em torno de 25% das famílias, informaram que mantêm um intercâmbio de sementes, rizomas e tubérculos, caracterizando, de acordo com Frankhan et al. (2008), uma possível ocorrência de fluxo gênico na lavoura, o que resultaria em variabilidade genética, permitindo a seleção, por parte dos agricultores, das melhores plantas, com base no vigor e em aspectos sanitários (Figura 2).


O número de espécies citadas para fins alimentares foi elevado, constituindo 28 espécies de 17 famílias botânicas, com 75 etnovariedades conhecidas, divididas em categorias de uso intensivo ou sazonal (espécies alimentícias, cultivadas em roça e quintais) (Tabela 1). O número médio de espécies por propriedade é de 13,58±3,36 e o de etnovariedades é de 18,75±4,47.

Segundo os agricultores, as espécies cultivadas em roças e quintais para fins alimentícios são aquelas cujo cultivo é intenso. Conforme Florentino et al. (2007), estes quintais são sistemas agroflorestais, que suportam e garantem diversidade à produção agrícola familiar, sendo considerados reservas atuais e potenciais de recursos genéticos vegetais.

As espécies cultivadas em roça estão listadas na Tabela 2 e 3. As espécies que mais apresentaram etnovariedades foram o tomate (14), a mandioca (10) e a banana (7). Algumas espécies, com alta diversidade intraespecífica, são propagadas vegetativamente, como banana, cana-de-açúcar, mandioca e batata doce. Outras espécies são propagadas via plantio de sementes e, preponderantemente, de autofecundação, como feijão, ou, de fecundação cruzada, como o milho.

Conforme Peroni & Martins (2000), características relacionadas com o sistema reprodutivo podem nos auxiliar a entender o número de etnovariedades dessas espécies locais, pois, quanto maior a taxa de cruzamentos entre as populações de uma espécie, maior será a variabilidade genética entre elas, podem ser natural ou artificialmente selecionadas, possibilitando a ocorrência de novos materiais, podendo resultar em aumento das variedades dos agricultores.

Uma parte das etnovariedades é cultivada nas roças e outra é mantida armazenada na forma de sementes, como no caso do feijão, milho, pepino e quiabo. A família que apresentou maior número de espécies reconhecidas foi a Solanaceae (3 spp.) com os seguintes representantes: tomate, jiló e pimentão.

As decisões, quanto ao número e tipo de etnovariedades a serem mantidas no local, foram influenciadas pela tolerância dessas à seca (exemplo, mandioca), a sua rápida maturidade (exemplo, tomate) e maior demanda no mercado (exemplo quiabo), parâmetros, esses, também, estudados no experimento de Tamiru et al. (2008). O melhoramento, via conservação on farm, das etnovariedades, fornece meios essenciais para sua adaptação às rápidas mudanças climáticas, assim como, o aumento da produção vegetal sobre os novos estresses bióticos (Chiffoleau & Desclaux, 2006).

Muitas etnovariedades foram citadas como de origem local e, outras, de origem externa, mais recente, obtidas por trocas ou adquiridas de parentes e vizinhos. De acordo com Cleveland et al. (1994), o valor potencial de etnovariedades para o desenvolvimento da agricultura sustentável não estaria apenas contido no material genético, mas no fato de existir todo um conhecimento sobre sua seleção, propagação, coleta e armazenamento de sementes, crescimento e valores culturais.

Dentre as frutíferas citadas, as mais frequentes foram: caju, coco, banana, goiaba, mamão, manga, cacau e graviola (Tabela 4), as quais assumem uma função agroecológica relevante na manutenção da diversidade interespecífica da composição florística local, pelos agricultores, em suas roças, o que pode ser justificado, de acordo com Albuquerque et al. (2005), pelo papel que exercem na vida dos moradores. Entre as mais abundantes merecem destaque o caju, o mamão e a graviola.

A riqueza de espécies frutíferas e olerícolas variou entre 7 e 19, a abundância entre 345 e 600 e, a área de cultivo, entre 1,72 e 4 ha. Foi constatado que o aumento de área apresentou correlação positiva com a variável abundância (r = 0,69, p < 0,01) e negativa com a riqueza (r = 0,29, p > 0,01) (Figuras 3 e 4). Este fato pode ter ocorrido, provavelmente, em virtude de os agricultores não privilegiarem a diversificação, por causa da pouca disponibilidade de área. Duque-Brasil et al. (2007) e Florentino et al. (2007), trabalhando no semiárido nordestino, encontraram expressivas relações do tamanho das roças para a riqueza e abundância.



CONCLUSÕES

A maioria dos agricultores tem pouco estudo e parcos recursos financeiros, sendo que as feiras livres representam a única fonte de renda para eles.

Nos sítios estudados, foi verificada a ocorrência de conservação on farm da diversidade genética vegetal de espécies cultivadas, como meio de sobrevivência dos feirantes.

O aumento da área cultivada está negativamente associado à riqueza e, positivamente, à abundância das plantas.

AGRADECIMENTOS

Ao Grupo de Pesquisa em Biotecnologia Agrícola, Genética Vegetal e Melhoramento de Plantas (PLANTGEN / UESB) e ao Distrito de Irrigação da Fazenda Velha DIRFAV.

Recebido para publicação em setembro de 2009 e aprovado em dezembro de 2010

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Nov 2011
  • Data do Fascículo
    Fev 2011

Histórico

  • Aceito
    Dez 2010
  • Recebido
    Set 2009
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