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Relato integrado e gestão de stakeholders: agenda de pesquisas* * Trabalho apresentado na XIX USP International Conference in Accounting, São Paulo, SP, Brasil, julho de 2019. ,** ** As autoras agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pelo apoio financeiro na realização desta pesquisa.

Resumo

O objetivo deste artigo foi propor uma agenda para pesquisas futuras sobre a gestão de stakeholders no relato integrado. O Framework 1.0 do relato integrado trata da gestão de stakeholders como algo rotineiro no curso dos negócios, sem detalhamentos. A academia pode contribuir com isso. O relato integrado é um desenvolvimento recente alcançado após 30 anos (ou mais) de tentativas de ampliar a prestação de contas aos stakeholders de forma eficaz. O engajamento com stakeholders produz resultados prósperos a longo prazo, de forma que se constatou a necessidade de indicar o valor do relato integrado a eles. Como não há detalhamentos no Framework 1.0, cabe aos acadêmicos acompanhar seu desenvolvimento e implementação de forma ativa e cautelosa. O impacto deste artigo na área foi suscitar pesquisas a fim de aproximar a prática do relato integrado, bem como gerar discussões de forma a envolver os acadêmicos, o International Integrated Reporting Council, os conselhos nacionais e os elaboradores. Para tanto, discutiu-se o relato integrado considerando que seu framework deve ser atualizado (como fazer) de modo a impactar a prática (fazer). Utilizou-se uma metodologia bibliográfica e a análise de conteúdo. Foram mapeados 11 fatores, construídas 10 proposições qualitativas e 35 insights para estudos futuros. Os resultados indicam que a gestão de stakeholders pode ter alcançando seu potencial de forma cerimonial, mas carece de definições. Para a academia e para o International Integrated Reporting Council, o estudo contribui ao mapear fatores e sugerir a realização de orientações e debates com comissões locais no intuito de superar as deficiências apontadas por este estudo.

Palavras-chave:
relato integrado; gestão de stakeholders; pesquisa bibliográfica; agenda para pesquisas futuras

Abstract

The purpose of this article was to propose an agenda for future research on stakeholder management in integrated reporting. Framework 1.0 of integrated reporting addresses the management of stakeholders as a routine in the course of business, without further details. In turn, the academy can contribute in this regard. Integrated reporting is a recent development achieved after 30 years (or more) of attempts to effectively expand accountability to stakeholders. The engagement with stakeholders produces successful results in the long term, highlighting the need to indicate to them the value of using integrated reports. Due to the absence of details in Framework 1.0, it is up to academics to actively and cautiously monitor its development and implementation. This article’s contribution is to raise research to bring the practice of integrated reporting closer, as well as generate discussions to involve academics, the International Integrated Reporting Council, national councils, and report writers. Thus, the integrated report was discussed considering that its framework must be updated (how to do it) to impact the practice (the act of doing it). For this, we used a bibliographic methodology and content analysis. We also used the literature review methodology and content analysis. We mapped 11 factors, established 10 qualitative propositions, and 35 insights for future studies. The results indicate that the stakeholder management may have reached its potential in a ceremonial way, but it lacks definitions. For the academy and the International Integrated Reporting Council, the study contributes by mapping factors and suggesting the implementation of guidelines and debates with local commissions to overcome the deficiencies pointed out by this study.

Keywords:
integrated reporting; stakeholder management; literature review; agenda for future research

1. Introdução

A comunicação organizacional, quando não integrada às suas práticas econômicas e socioambientais, poderá resultar em mudanças insubstanciais e comportamentos insustentáveis (Gray, 2010Gray, R. (2010). Is accounting for sustainability actually accounting for sustainability… and how would we know? An exploration of narratives of organisations and the planet. Accounting, Organizations and Society, 35(1), 47-62.; Thomson, 2015Thomson, I. (2015). Critical Perspectives on Accounting “but does sustainability need capitalism or an integrated report“ a commentary on “The International Integrated Reporting Council: A story of failure“ by Flower, J. Critical Perspectives on Accounting, 27, 18-22.). Para La Torre, Dumay, Rea e Abhayawansa (2020La Torre, M., Dumay, J., Rea, M. A., & Abhayawansa, S. (2020). A journey towards a safe harbour: the rhetorical process of the International Integrated Reporting Council. The British Accounting Review, 52(2), 1-22.), o relato integrado (RI) e sua lógica de desenvolvimento para comunicação organizacional estão atraindo um interesse significativo, principalmente da pesquisa contábil. Seu objetivo é conduzir as organizações na busca pelo pensamento integrado, resultando em um reporte claro, conciso e consistente, com informações financeiras, socioambientais e de governança que demonstrem a geração de valor (Bernardi, 2020Bernardi, C. (2020). Implementing integrated reporting: lessons from the field. Cham: Springer.; Humphrey, O’Dwyer & Unerman, 2016Humphrey, C., O’Dwyer, B., & Unerman, J. (2016). Re-theorizing the configuration of organizational fields: the IIRC and the pursuit of “enlightened” corporate reporting. Accounting and Business Research, 47(1), 30-63.; Lodhia, 2015Lodhia, S. (2015). Exploring the transition to integrated reporting through a practice lens: an Australian customer owned bank perspective. Journal of Business Ethics, 129(3), 585-598.; Stubbs & Higgins, 2018Stubbs, W., & Higgins, C. (2018). Stakeholders’ perspectives on the role of regulatory reform in integrated reporting. Journal of Business Ethics, 147(3), 489-508.).

Na visão do International Integrated Reporting Council (IIRC, 2014International Integrated Reporting Council. (2014). International Integrated Reporting Framework. Recuperado de http://integratedreporting.org/resource/international-ir-framework
http://integratedreporting.org/resource/...
, p. 7), o RI visa comunicar aos stakeholders a capacidade da organização em gerar valor ao longo do tempo. Tal propósito pode estar influenciando o pensamento de líderes corporativos, reflexo da evolução da prática de reportes corporativos (Adams, 2017Adams, C. A. (2017). The sustainable development goals, integrated thinking and Summary report the integrated report. London: IIRC.; La Torre, Dumay, Rea & Abhayawansa, 2020La Torre, M., Dumay, J., Rea, M. A., & Abhayawansa, S. (2020). A journey towards a safe harbour: the rhetorical process of the International Integrated Reporting Council. The British Accounting Review, 52(2), 1-22.). Todavia, a diretriz do RI (Framework 1.0) está em constante discussão e as críticas auferidas são feitas em relação ao foco nos interesses dos provedores de capital (Adams, 2015Adams, C. A. (2015). The International Integrated Reporting Council: a call to action. Critical Perspectives on Accounting, 27(1), 23-28.; Dumay et al., 2016Dumay, J., Bernardi, C., Guthrie, J., & Demartini, P. (2016). Integrated reporting: a structured literature review. Accounting Forum, 40(3), 166-185.; La Torre et al., 2020La Torre, M., Dumay, J., Rea, M. A., & Abhayawansa, S. (2020). A journey towards a safe harbour: the rhetorical process of the International Integrated Reporting Council. The British Accounting Review, 52(2), 1-22.; Thomson, 2015Thomson, I. (2015). Critical Perspectives on Accounting “but does sustainability need capitalism or an integrated report“ a commentary on “The International Integrated Reporting Council: A story of failure“ by Flower, J. Critical Perspectives on Accounting, 27, 18-22.). Portanto, tais perspectivas demonstram a fragilidade da proposta do IIRC, ao distanciar-se da ideia de geração de valor aos stakeholders e não definir quais são os grupos de interesse.

Ocorre que, desde a apresentação do RI e, principalmente, após a publicação do Framework 1.0, os acadêmicos se dividiram principalmente em dois grupos, sendo o primeiro cético em relação ao framework e o outro dedicado a ele (Cortesi & Vena, 2019Cortesi, A., & Vena, L. (2019). Disclosure quality under integrated reporting: a value relevance approach. Journal of Cleaner Production , 220, 745-755.). Para Perego et al. (2016Perego, P., Kennedy, S., & Whiteman, G. (2016). A lot of icing but little cake? Taking integrated reporting forward. Journal of Cleaner Production, 136, 53-64.), as pesquisas sobre o RI estão voltadas para o “glacê” (reporte final), e não para o “bolo” (elaboração do reporte), o que pode ser contraditório tendo em vista que o pensamento integrado entre os envolvidos na elaboração é requisito para desenvolver o RI (Higgins, Stubbs & Love, 2014; Lodhia, 2015Lodhia, S. (2015). Exploring the transition to integrated reporting through a practice lens: an Australian customer owned bank perspective. Journal of Business Ethics, 129(3), 585-598.; Sanches, Favato, Slewinsk & Neumann, 2020Sanches, S., Favato, K., Slewinski, E., & Neumann, M. (2020). Sensemaking of financial institution actors in the adoption and elaboration of integrated reporting. Review of Business Management, 22(3), 628-646.). Sob essa perspectiva, compete à academia o papel de desenvolver pesquisas que promovam sua aproximação com profissionais do mercado (Mio, 2020Mio, C. (2020). Relatórios integrados: o estado da arte dos Relatórios Corporativos. Revista Contabilidade & Finanças, 31(83), 207-211.; Tucker & Lowe, 2014Tucker, B. P., & Lowe, A. D. (2014). Practitioners are from Mars; academics are from Venus? An investigation of the research-practice gap in management accounting. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 27(3), 394-425.).

Diante de tais críticas, promover a amplitude na comunicação organizacional inclui refletir sobre a gestão de inter-relações sociais (Schaltegger, 2012Schaltegger, S. (2012). Sustainability reporting in the light of business environments: linking business environment, strategy, communication and accounting. Lüneburg: Centre for Sustainability Management.), ou seja, sobre a gestão de stakeholders. Assim, indaga-se: quais fatores de gestão de stakeholders norteiam os estudos precedentes de relato integrado? Este estudo objetiva propor uma agenda para pesquisas futuras sobre gestão de stakeholders em relato integrado. Trata-se de uma abordagem que identifica os fatores de estudos precedentes por meio de uma pesquisa bibliográfica, tendo como base artigos que contenham o termo Integrated Reporting, ou RI, e stakeholders. Não houve delimitação temporal e as buscas foram atualizadas em novembro de 2019.

Justificamos abordar os stakeholders, pois, na visão de Sloan (2005Sloan, P. (2005). Stakeholders and the enterprise: scholarship at a crossroads. Cahier de Recherches, 5(16), 1-39.), o conceito de stakeholders é um processo instigante e desconcertante para os pesquisadores; inclusive, para Dumay et al. (2016Dumay, J., Bernardi, C., Guthrie, J., & Demartini, P. (2016). Integrated reporting: a structured literature review. Accounting Forum, 40(3), 166-185.) e Casonato, Farneti e Dumay (2019Farneti, F., Casonato, F., Montecalvo, M., & de Villiers, C. (2019). The influence of integrated reporting and stakeholder information needs on the disclosure of social information in a state-owned enterprise. Meditari Accountancy Research, 27(4), 556-679.), existe a necessidade de indicar o valor do RI aos stakeholders. Além disso, Freeman, Harrison, Wicks, Parmar e De Colle (2010Freeman, R. E., Harrison, J. S., Wicks, A. C., Parmar, B. L., & De Colle, S. (2010). Stakeholder theory: the state of the art. New York, NY: Cambridge University Press.) compreendem que o engajamento com stakeholders é a maneira de produzir resultados prósperos a longo prazo, congruente com a proposta do RI em gerar e comunicar valor ao longo do tempo.

Com base nas perspectivas de Dumay et al. (2016Dumay, J., Bernardi, C., Guthrie, J., & Demartini, P. (2016). Integrated reporting: a structured literature review. Accounting Forum, 40(3), 166-185.), Casonato et al. (2019Casonato, F., Farneti, F., & Dumay, J. (2019). Social capital and integrated reporting: losing legitimacy when reporting talk is not supported by actions. Journal of Intellectual Capital, 20(1), 144-164.) e Feng, Cummings e Tweedie (2017Feng, T., Cummings, L., & Tweedie, D. (2017). Exploring integrated thinking in integrated reporting: an exploratory study in Australia. Journal of Intellectual Capital, 18(2), 330-353.) cabe ao âmbito acadêmico acompanhar o desenvolvimento e implementação do RI em organizações. Para tanto, é necessária uma postura ativa e cautelosa em relação às movimentações do mercado no que se refere ao desenvolvimento sustentável e a respeito de premissas dadas como certas (Flower, 2015Flower, J. (2015). The International Integrated Reporting Council: a story of failure. Critical Perspectives on Accounting, 27(1), 1-17.; Perego et al., 2016Perego, P., Kennedy, S., & Whiteman, G. (2016). A lot of icing but little cake? Taking integrated reporting forward. Journal of Cleaner Production, 136, 53-64.; Thomson, 2015Thomson, I. (2015). Critical Perspectives on Accounting “but does sustainability need capitalism or an integrated report“ a commentary on “The International Integrated Reporting Council: A story of failure“ by Flower, J. Critical Perspectives on Accounting, 27, 18-22.).

Ressalta-se que o IIRC promove chamadas para consultas públicas com intuito de atualizar seu framework (IIRC, 2020International Integrated Reporting Council. (2020). 2020 Revision: <IR> Framework. Recuperado de https://integratedreporting.org/2020revision/
https://integratedreporting.org/2020revi...
), demonstrando respeito diante das opiniões dos usuários (La Torre et al., 2020La Torre, M., Dumay, J., Rea, M. A., & Abhayawansa, S. (2020). A journey towards a safe harbour: the rhetorical process of the International Integrated Reporting Council. The British Accounting Review, 52(2), 1-22.) e abrindo espaço para discussões (Mio, 2020Mio, C. (2020). Relatórios integrados: o estado da arte dos Relatórios Corporativos. Revista Contabilidade & Finanças, 31(83), 207-211.). Assim, a pesquisa se justifica ao contribuir com avanços nas discussões a respeito do RI, partindo do pressuposto de que as diretrizes do IIRC podem ser contestadas (Bernardi, 2020Bernardi, C. (2020). Implementing integrated reporting: lessons from the field. Cham: Springer.; Feng et al., 2017Feng, T., Cummings, L., & Tweedie, D. (2017). Exploring integrated thinking in integrated reporting: an exploratory study in Australia. Journal of Intellectual Capital, 18(2), 330-353.).

Os principais resultados alcançados neste estudo compreendem o mapeamento dos fatores relacionados a stakeholders (aspectos práticos experimentados pelas organizações que foram foco de estudos precedentes). Diante dos resultados, identificaram-se 11 fatores e, a partir disso, foram construídas 10 proposições qualitativas, acrescidas de uma agenda para pesquisas futuras contendo 35 sugestões para estudos da área, contribuindo com a academia ao identificar, mapear e propor novas lacunas de estudos relacionados a stakeholders no RI. Ademais, este artigo reúne informações voltadas a elaboradores de reportes, órgãos [em nível internacional, IIRC; em nível nacional, Comissão Brasileira de Acompanhamento do Relato Integrado (CBARI)], acadêmicos e demais interessados, de forma a terem conhecimento a respeito das críticas feitas ao RI. A partir disso, tais atores podem avançar com estudos e com a aplicação prática, contribuindo para a evolução teórica do Framework 1.0 do RI (como fazer) e da prática (fazer).

2. Fundamentação Teórica

2.1 Framework 1.0 para RI

O Framework 1.0 para RI (IIRC, 2014International Integrated Reporting Council. (2014). International Integrated Reporting Framework. Recuperado de http://integratedreporting.org/resource/international-ir-framework
http://integratedreporting.org/resource/...
) foi desenvolvido pelo IIRC em 2013 (Lodhia, 2015Lodhia, S. (2015). Exploring the transition to integrated reporting through a practice lens: an Australian customer owned bank perspective. Journal of Business Ethics, 129(3), 585-598.). Portanto, o RI é um desenvolvimento recente após 30 anos (ou mais) de tentativas de ampliar a prestação de contas, ao incluir o aspecto socioambiental nos negócios, visando à comunicação eficaz aos stakeholders (Stubbs & Higgins, 2018Stubbs, W., & Higgins, C. (2018). Stakeholders’ perspectives on the role of regulatory reform in integrated reporting. Journal of Business Ethics, 147(3), 489-508.).

O conceito do pensamento integrado, difundido pelo Framework 1.0 para RI, permite que os colaboradores identifiquem a capacidade da organização em criar e manter o valor ao longo do tempo (Bernardi, 2020Bernardi, C. (2020). Implementing integrated reporting: lessons from the field. Cham: Springer.). A partir disso, haverá melhora no processo de tomada de decisões interna, cujo resultado é o reporte (Bernardi, 2020). Por meio de reportes baseados nas diretrizes do IIRC, os stakeholders podem avaliar como a gestão organizacional lida com os seis capitais: financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social e de relacionamento e natural (Humphrey et al., 2016Humphrey, C., O’Dwyer, B., & Unerman, J. (2016). Re-theorizing the configuration of organizational fields: the IIRC and the pursuit of “enlightened” corporate reporting. Accounting and Business Research, 47(1), 30-63.; Thomson, 2015Thomson, I. (2015). Critical Perspectives on Accounting “but does sustainability need capitalism or an integrated report“ a commentary on “The International Integrated Reporting Council: A story of failure“ by Flower, J. Critical Perspectives on Accounting, 27, 18-22.). Assim, o RI abrange uma perspectiva de compreensão integrada com base nesses capitais (IIRC, 2014International Integrated Reporting Council. (2014). International Integrated Reporting Framework. Recuperado de http://integratedreporting.org/resource/international-ir-framework
http://integratedreporting.org/resource/...
).

O RI é baseado na suposição de que usuários podem monitorar, recompensar e disciplinar organizações diante de suas práticas (Thomson, 2015Thomson, I. (2015). Critical Perspectives on Accounting “but does sustainability need capitalism or an integrated report“ a commentary on “The International Integrated Reporting Council: A story of failure“ by Flower, J. Critical Perspectives on Accounting, 27, 18-22.). E, ao estabelecer um leque maior de stakeholders, o RI visa demonstrar que o empreendimento é assegurado e sobrevive por meio de sua rede de colaboração (Flower, 2015Flower, J. (2015). The International Integrated Reporting Council: a story of failure. Critical Perspectives on Accounting, 27(1), 1-17.). Dessa forma, o IIRC defende a mudança da visão financeira para uma visão holística de longo prazo (Frías-Aceituno, Rodríguez-Ariza & García-Sánchez, 2013Frías-Aceituno, J. V, Rodríguez-Ariza, L., & García-Sánchez, I. M. (2013). Is integrated reporting determined by a country’s legal system? An exploratory study. Journal of Cleaner Production, 44(1), 45-55.; Gray, 2010Gray, R. (2010). Is accounting for sustainability actually accounting for sustainability… and how would we know? An exploration of narratives of organisations and the planet. Accounting, Organizations and Society, 35(1), 47-62.; Stubbs & Higgins, 2018Stubbs, W., & Higgins, C. (2018). Stakeholders’ perspectives on the role of regulatory reform in integrated reporting. Journal of Business Ethics, 147(3), 489-508.; Thomson, 2015Thomson, I. (2015). Critical Perspectives on Accounting “but does sustainability need capitalism or an integrated report“ a commentary on “The International Integrated Reporting Council: A story of failure“ by Flower, J. Critical Perspectives on Accounting, 27, 18-22.).

No entanto, Thomson (2015Thomson, I. (2015). Critical Perspectives on Accounting “but does sustainability need capitalism or an integrated report“ a commentary on “The International Integrated Reporting Council: A story of failure“ by Flower, J. Critical Perspectives on Accounting, 27, 18-22.) defende que o RI pode acabar sendo uma ferramenta para silenciar elementos sustentáveis e mascarar práticas organizacionais insustentáveis, devido à falta de detalhamento das diretrizes expostas no Framework 1.0 para RI. Na visão de Feng, Cummings e Tweedie (2017Feng, T., Cummings, L., & Tweedie, D. (2017). Exploring integrated thinking in integrated reporting: an exploratory study in Australia. Journal of Intellectual Capital, 18(2), 330-353.), por causa da ausência de diretrizes claras do IIRC ou de um compromisso empírico maior, os pesquisadores não podem assumir que tais diretrizes sejam incontestáveis, afinal, o RI tem uma bagagem de mais de 30 anos de discussão sobre comunicação organizacional, ainda em constante evolução.

Uma particularidade notável da estrutura para reporte RI é o poderoso corpo de diretores do seu conselho (IIRC), representado pelo The International Accounting Standards Board (IASB), The Financial Accounting Standards Board (FASB), The International Federation of Accountants (IFAC) e pela The International Organization of Securities (IOSCO), as quatro maiores organizações de auditoria contábil (big four), além dos chefes dos principais órgãos de profissionais de contabilidade britânicos, principais multinacionais, entre outros (Flower, 2015Flower, J. (2015). The International Integrated Reporting Council: a story of failure. Critical Perspectives on Accounting, 27(1), 1-17., p. 2). Outro aspecto relevante se refere ao fato de que a metade desses membros são profissionais contábeis (Flower, 2015, p. 2).

Mesmo que o IIRC desenvolva e promova a estruturação do RI, tal comissão não possui poder regulatório para legitimá-lo (La Torre et al., 2020La Torre, M., Dumay, J., Rea, M. A., & Abhayawansa, S. (2020). A journey towards a safe harbour: the rhetorical process of the International Integrated Reporting Council. The British Accounting Review, 52(2), 1-22.). Sua adoção pelo mercado internacional tem diversas motivações, desde o efeito compulsório (África do Sul) até a busca do valor para o acionista (Anglo-saxões) (Frías-Aceituno et al., 2013Frías-Aceituno, J. V, Rodríguez-Ariza, L., & García-Sánchez, I. M. (2013). Is integrated reporting determined by a country’s legal system? An exploratory study. Journal of Cleaner Production, 44(1), 45-55.). No Brasil, para organizações estatais e mistas, a Lei nº 13.303 (2016Lei nº 13.303. (2016, 30 de junho). Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13303.htm.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_at...
) determina a obrigatoriedade da divulgação do RI ou do relatório de sustentabilidade. Para as Unidades Prestadoras de Contas (UPCs) pertencentes à administração pública federal, a Decisão Normativa 178, do Tribunal de Contas da União (2019Tribunal de Contas da União. (2019, 23 de outubro). Decisão Normativa n. 178. Recuperado de https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A81881E6E0366FF016E0421A9502AC0
https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/f...
), regulamenta prestações de contas com base nas diretrizes do Framework 1.0 para RI.

Até a data da elaboração desta pesquisa, o RI tem caráter voluntário para as demais empresas. Em nível nacional, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) está planejando a Orientação Técnica OCPC 09 - Relato Integrado, sem intenção de torná-lo obrigatório.

2.2 Gestão de Stakeholders no RI

A tecnologia da informação e a instantaneidade motivaram a necessidade de transparência e responsabilidade, surgindo então um crescente interesse em compreender como o sistema econômico, a ética e a sustentabilidade podem atender a todos os stakeholders das organizações, sejam eles primários (provedores de capital) ou não. Nesse ponto, propõe-se que o engajamento com os stakeholders é a melhor maneira de produzir resultados em longo prazo (Freeman & Evan, 1990Freeman, R. E., & Evan, W. M. (1990). Corporate governance: a stakeholder interpretation. The Journal of Behavioral Economics, 19(4), 337-359.; Freeman et al., 2010Freeman, R. E., Harrison, J. S., Wicks, A. C., Parmar, B. L., & De Colle, S. (2010). Stakeholder theory: the state of the art. New York, NY: Cambridge University Press.).

Essa relação envolve grupos com diferentes olhares e poderes, ou seja, os referidos safeguards exógenos, de maneira que a gestão organizacional mantém relações de forma multilateral (Freeman & Evan, 1990Freeman, R. E., & Evan, W. M. (1990). Corporate governance: a stakeholder interpretation. The Journal of Behavioral Economics, 19(4), 337-359.). De fato, a importância da visão da gestão dos stakeholders é crucial ao se considerar a assimetria informacional, haja vista que os stakeholders externos possuem meios limitados para monitorar o comportamento do agente (Richardson, 2000Richardson, V. J. (2000). Information asymmetry and earnings management: some evidence. Review of Quantitative Finance and Accounting, 15(4), 325-347.).

Para Schaltegger (2012Schaltegger, S. (2012). Sustainability reporting in the light of business environments: linking business environment, strategy, communication and accounting. Lüneburg: Centre for Sustainability Management.) a confiança dos stakeholders nas organizações não ocorre apenas por meio da emissão de demonstrações financeiras padronizadas, mas também diante de diversas atividades e interações. Meintjes e Grobler (2014Meintjes, C., & Grobler, A. F. (2014). Do public relations professionals understand corporate governance issues well enough to advise companies on stakeholder relationship management? Public Relations Review, 40(2), 161-170.) apresentam níveis para descrever a gestão de relacionamentos entre organizações e stakeholders, sendo eles: (i) o envolvimento de grupos no processo central dos negócios; (ii) as organizações devem governar seus relacionamentos, considerando que poder é o nível de influência dado a grupos com maior interesse; e (iii) a construção e a manutenção de relacionamentos em longo prazo são influenciadas pela confiança, satisfação e compromisso (Meintjes & Grobler, 2014Meintjes, C., & Grobler, A. F. (2014). Do public relations professionals understand corporate governance issues well enough to advise companies on stakeholder relationship management? Public Relations Review, 40(2), 161-170.).

Estabelecer relações de confiança e desenvolver a comunicação organizacional remetem à ideia do pensamento integrado (IIRC, 2014International Integrated Reporting Council. (2014). International Integrated Reporting Framework. Recuperado de http://integratedreporting.org/resource/international-ir-framework
http://integratedreporting.org/resource/...
), o que envolve os stakeholders em uma interação mutuamente benéfica. Logo, a relação institucional com stakeholders conduzirá o processo de incorporação da gestão de relacionamentos (Freeman et al., 2010Freeman, R. E., Harrison, J. S., Wicks, A. C., Parmar, B. L., & De Colle, S. (2010). Stakeholder theory: the state of the art. New York, NY: Cambridge University Press.; Schaltegger, 2012Schaltegger, S. (2012). Sustainability reporting in the light of business environments: linking business environment, strategy, communication and accounting. Lüneburg: Centre for Sustainability Management.). Para o IIRC (2014International Integrated Reporting Council. (2014). International Integrated Reporting Framework. Recuperado de http://integratedreporting.org/resource/international-ir-framework
http://integratedreporting.org/resource/...
, p. 18), a relação com os stakeholders acontece normalmente no curso rotineiro dos negócios; todavia, não há detalhamento por parte do IIRC (2014International Integrated Reporting Council. (2014). International Integrated Reporting Framework. Recuperado de http://integratedreporting.org/resource/international-ir-framework
http://integratedreporting.org/resource/...
) a respeito da gestão de stakeholders voltada para o RI.

Nesse sentido, a literatura (Adams, 2015Adams, C. A. (2015). The International Integrated Reporting Council: a call to action. Critical Perspectives on Accounting, 27(1), 23-28.; Bernardi, 2020Bernardi, C. (2020). Implementing integrated reporting: lessons from the field. Cham: Springer.; Dumay et al., 2016Dumay, J., Bernardi, C., Guthrie, J., & Demartini, P. (2016). Integrated reporting: a structured literature review. Accounting Forum, 40(3), 166-185.; Cheng et al., 2014Cheng, M., Green, W., Conradie, P., Konishi, N., & Romi, A. (2014). The international integrated reporting framework: key issues and future research opportunities. Journal of International Financial Management & Accounting, 25(1), 90-119.; de Villiers, Rinaldi, & Unerman, 2014Villiers, C. de, Rinaldi, L., & Unerman, J. (2014). Integrated reporting: insights, gaps and an agenda for future research. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 27(7), 1042-1067.) ressalta a necessidade de alteração do Framework 1.0 para RI, em razão de uma proposta simplista sobre a sustentabilidade, distante da ideia de geração de valor para a sociedade. Mio (2020Mio, C. (2020). Relatórios integrados: o estado da arte dos Relatórios Corporativos. Revista Contabilidade & Finanças, 31(83), 207-211.) argumenta que os stakeholders desconsideram as informações contidas em reportes de sustentabilidade. Dessa forma, salienta a necessidade da institucionalização do RI por meio de diretrizes claras. Consequentemente, o posicionamento dos pesquisadores deve se pautar na possibilidade de contestação das diretrizes do IIRC (Bernardi, 2020Bernardi, C. (2020). Implementing integrated reporting: lessons from the field. Cham: Springer.; Feng et al., 2017Feng, T., Cummings, L., & Tweedie, D. (2017). Exploring integrated thinking in integrated reporting: an exploratory study in Australia. Journal of Intellectual Capital, 18(2), 330-353.). Entretanto, as discussões acadêmicas devem se pautar em embasamentos empíricos, ou seja, na realidade organizacional (Tucker & Lowe, 2014Tucker, B. P., & Lowe, A. D. (2014). Practitioners are from Mars; academics are from Venus? An investigation of the research-practice gap in management accounting. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 27(3), 394-425.) e a gestão de stakeholders é o componente que interliga as organizações com interesse no pensamento integrado e seus stakeholders.

A próxima seção apresenta os procedimentos metodológicos do estudo.

3. Procedimentos Metodológicos

3.1 Coleta dos Dados

Para empregar os fundamentos da pesquisa bibliográfica, foram selecionados artigos que continham o termo “integrated reporting”, ou “relato integrado”, e stakeholders no título ou no assunto, sem delimitação temporal (Tabela 1).

Tabela 1
Coleta de dados

Para delimitação dos artigos, foram realizadas leituras flutuantes (Bardin, 2016Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.) de modo a identificar se eram direcionados para o RI e para a gestão de stakeholders. Entende-se que gestão de stakeholders, neste estudo, são temas que contemplem relacionamento, poder e estratégia com os stakeholders (Freeman et al., 2010Freeman, R. E., Harrison, J. S., Wicks, A. C., Parmar, B. L., & De Colle, S. (2010). Stakeholder theory: the state of the art. New York, NY: Cambridge University Press.; Meintjes & Grobler, 2014Meintjes, C., & Grobler, A. F. (2014). Do public relations professionals understand corporate governance issues well enough to advise companies on stakeholder relationship management? Public Relations Review, 40(2), 161-170.; Richardson, 2000Richardson, V. J. (2000). Information asymmetry and earnings management: some evidence. Review of Quantitative Finance and Accounting, 15(4), 325-347.). A Tabela 2 apresenta os artigos abrangidos pela pesquisa.

Tabela 2
Artigos abrangidos pela pesquisa

Vale destacar que a maior parte dos artigos analisados estão publicados em periódicos que possuem alto fator de impacto, o que demonstra que os artigos foram submetidos a critérios e revisões que garantem a cientificidade. A próxima subseção aborda sobre a análise dos dados.

3.2 Análise dos Dados

A análise dos dados foi realizada em duas etapas: (i) identificação dos principais resultados e características dos estudos e (ii) identificação de fatores. Para identificar os fatores de gestão de stakeholders dos estudos precedentes utilizou-se a análise de conteúdo da Bardin (2016Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.), dividida em três etapas (Tabela 3).

Tabela 3
Processo de identificação dos fatores

A categoria da análise de conteúdo deste estudo foi definida de acordo com o tema abordado, o que nesse caso foi intencional, com intuito de filtrar os fatores relacionados aos stakeholders. A unidade de análise (parágrafo) possibilitou a identificação de 17 códigos (Figura 1) considerando o contexto e os significados que os autores dos estudos precedentes atribuíram ao tema. Os resultados e a análise estão dispostos na seção 4.

4. Apresentação e Análise dos Resultados

As subseções 4.1 e 4.2 apresentam as características e os resultados das pesquisas anteriores e os fatores localizados, bem como uma discussão sobre tais resultados (subseção 4.3). A subseção 4.4 apresenta as proposições do estudo e a agenda de pesquisa, atendendo ao objetivo da pesquisa.

4.1 Principais Resultados de Estudos Precedentes

A disposição dos resultados está na Tabela 4.

Tabela 4
Pesquisas precedentes de gestão de stakeholders em relato integrado

Os resultados demonstram que as pesquisas 1, 2, 8, 10, 11, 13, 17 e 18 estudaram as motivações e o porquê de divulgar o RI. Tais estudos estão relacionados à divulgação do reporte em si. Os estudos 3, 4 e 15 buscaram analisar o conteúdo dos reportes sob as diretrizes do RI. Nos estudos 5, 6, 9, 12, 14 e 16, por sua vez, os pesquisadores buscaram investigar o processo de criar sentido internamente para o RI. Tais estudos demonstram a interferência do olhar do sujeito sobre o objeto diante de um fato ainda não conhecido ou pouco conhecido, que nesse caso é o processo de elaboração do reporte e do pensamento integrado.

Quanto ao estudo 7, a discussão teórica realizada por Flower (2015Flower, J. (2015). The International Integrated Reporting Council: a story of failure. Critical Perspectives on Accounting, 27(1), 1-17.) indica a preocupação do pesquisador em analisar criticamente o tema, que, nesse caso, é o IIRC. Dessa forma, elucida a visão do autor em diversos pontos, apesar do aporte teórico referenciado no estudo.

A Tabela 4 resultou na identificação de 17 códigos (Figura 1).

Figura 1
Códigos gerados na análise de conteúdo dastabelas 4, 5 e6

Os códigos da Figura 1 foram utilizados para estabelecer fatores relacionados à gestão de stakeholders e ao RI.

4.2 Resultados da Pesquisa Bibliográfica

Analisaram-se os 17 códigos gerados a partir da análise de conteúdo aplicada por este estudo. Diante deles, foram mapeados fatores (F) relacionados à gestão de stakeholders no RI (Tabela 5).

Tabela 5
Fatores relacionados à gestão de stakeholders no relato integrado

A próxima subseção (4.3) trata da discussão conjunta dos resultados das subseções 4.1 e 4.2.

4.3 Discussão sobre os Resultados da Pesquisa

Nota-se que os estudos, analisados na subseção 4.1, estão sob 3 perspectivas:

  1. 1. Explicar a razão de adotar o RI e qual a influência externa e na gestão da organização. Explorar a influência da conectividade diante das relações com os stakeholders e investigar o que está sendo evidenciado no reporte e para quem o conteúdo é direcionado.

  2. 2. São direcionados a uma visão interna da organização, tal como a transição da implementação do RI, a influência no sistema de gestão e na legitimidade da informação. As pesquisas apresentam dados sobre a construção de significados por parte dos stakeholders internos (imersão na prática organizacional) quanto à adoção e elaboração do reporte. Há, inclusive, a perspectiva de envolver um leque maior de informações, integrando-as à cultura organizacional. No entanto, de modo geral, os resultados indicam que a elaboração do RI não gerou uma mudança radical, mas sim incremental no processo de gerar e comunicar valor.

  3. 3. Os estudos documentais analisam os conceitos presentes no Framework 1.0 e discutem o papel do IIRC diante de sua proposta. Abordam críticas ao conselho ao afirmarem que multinacionais controlam a iniciativa do IIRC. Dessa forma, evidenciou-se que o lado financeiro é o fator principal, indicando que a adoção do RI é cerimonial.

Devido à ausência de diretrizes claras do IIRC ou de maior compromisso empírico, os pesquisadores devem partir do pressuposto de que as diretrizes do IIRC podem ser contestadas (Bernardi, 2020Bernardi, C. (2020). Implementing integrated reporting: lessons from the field. Cham: Springer.; Feng et al., 2017Feng, T., Cummings, L., & Tweedie, D. (2017). Exploring integrated thinking in integrated reporting: an exploratory study in Australia. Journal of Intellectual Capital, 18(2), 330-353.). Isso significa que devem ser discutidas propondo-se melhorias com base na realidade organizacional. As ideias de Tucker e Lowe (2014Tucker, B. P., & Lowe, A. D. (2014). Practitioners are from Mars; academics are from Venus? An investigation of the research-practice gap in management accounting. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 27(3), 394-425.) são indispensáveis ao se atentar para a aproximação da academia com o mercado, sejam os elaboradores de reporte ou quem utiliza o RI como informação para tomada de decisão. Em outras palavras, os pesquisadores devem ir a campo (Mio, 2020Mio, C. (2020). Relatórios integrados: o estado da arte dos Relatórios Corporativos. Revista Contabilidade & Finanças, 31(83), 207-211.) e, por isso, diante dos resultados dos estudos, apoia-se a afirmativa de Stubbs e Higgins (2018Stubbs, W., & Higgins, C. (2018). Stakeholders’ perspectives on the role of regulatory reform in integrated reporting. Journal of Business Ethics, 147(3), 489-508.) quanto ao fato de as vozes dos usuários de RI permanecerem silenciadas na literatura. Para tanto, uma possível justificativa é a falta de imersão do pesquisador na realidade organizacional (Tucker & Lowe, 2014Tucker, B. P., & Lowe, A. D. (2014). Practitioners are from Mars; academics are from Venus? An investigation of the research-practice gap in management accounting. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 27(3), 394-425.).

Voltando-se aos fatores identificados, a necessidade de superação do F1 é fundamental, considerando que é prejudicial no que se refere à produção de resultados a longo prazo, ao evitar a assimetria informacional (Freeman & Evan, 1990Freeman, R. E., & Evan, W. M. (1990). Corporate governance: a stakeholder interpretation. The Journal of Behavioral Economics, 19(4), 337-359.; Freeman et al., 2010Freeman, R. E., Harrison, J. S., Wicks, A. C., Parmar, B. L., & De Colle, S. (2010). Stakeholder theory: the state of the art. New York, NY: Cambridge University Press.; Richardson, 2000Richardson, V. J. (2000). Information asymmetry and earnings management: some evidence. Review of Quantitative Finance and Accounting, 15(4), 325-347.). Desse modo, o estabelecimento da gestão de stakeholders deve ser colocada em prática tanto para alcançar os objetivos do RI como para contribuir com o processo de sua asseguração independente. Tais resultados indicam que as organizações adotam o RI de forma cerimonial para alcançar a legitimização (F4) (Fasan & Mio, 2017Fasan, M., & Mio, C. (2017). Fostering stakeholder engagement: the role of materiality disclosure in integrated reporting. Business Strategy and the Environment, 26(1), 288-305.), haja vista que não cumprem um dos princípios básicos do RI: manter relações com os stakeholders (Gray, 2010Gray, R. (2010). Is accounting for sustainability actually accounting for sustainability… and how would we know? An exploration of narratives of organisations and the planet. Accounting, Organizations and Society, 35(1), 47-62.; IIRC, 2014International Integrated Reporting Council. (2014). International Integrated Reporting Framework. Recuperado de http://integratedreporting.org/resource/international-ir-framework
http://integratedreporting.org/resource/...
; Meintjes & Grobler, 2014Meintjes, C., & Grobler, A. F. (2014). Do public relations professionals understand corporate governance issues well enough to advise companies on stakeholder relationship management? Public Relations Review, 40(2), 161-170.; Thomson, 2015Thomson, I. (2015). Critical Perspectives on Accounting “but does sustainability need capitalism or an integrated report“ a commentary on “The International Integrated Reporting Council: A story of failure“ by Flower, J. Critical Perspectives on Accounting, 27, 18-22.).

Assim como Farneti et al. (2019Farneti, F., Casonato, F., Montecalvo, M., & de Villiers, C. (2019). The influence of integrated reporting and stakeholder information needs on the disclosure of social information in a state-owned enterprise. Meditari Accountancy Research, 27(4), 556-679.), compreende-se que cabe às organizações criar estratégias para estabelecer relacionamentos com seus stakeholders. Além disso, elas devem compreender como as informações serão direcionadas para cada grupo de stakeholders, considerando que determinados grupos possuem poder em detrimento de outros. Isso faz parte do processo de materialidade do RI (IIRC, 2014International Integrated Reporting Council. (2014). International Integrated Reporting Framework. Recuperado de http://integratedreporting.org/resource/international-ir-framework
http://integratedreporting.org/resource/...
; Meintjes & Grobler, 2014Meintjes, C., & Grobler, A. F. (2014). Do public relations professionals understand corporate governance issues well enough to advise companies on stakeholder relationship management? Public Relations Review, 40(2), 161-170.).

Nessa perspectiva, adotar o RI somente como estratégia de busca pela legitimidade ou competitividade (F4), desconsiderando a gestão de stakeholders, significa ignorar os pressupostos do RI. Ainda que a legitimidade seja crucial para a governança organizacional, o RI tem um papel de mudança interna diante de sua adoção. À vista disso, organizações tendem a elaborar reportes de cunho não financeiro com base no Global Reporting Iniciative (GRI) (F5) e no IIRC, simultaneamente, adotando o RI de forma superficial devido à ausência de informações concretas no Framework 1.0 para RI (F3).

O Fator F2 contrapõe o que é exposto pelo Framework 1.0 para o RI, que, por sua vez, determina desenvolver o RI tendo em vista diversos grupos de interesse (IIRC, 2014International Integrated Reporting Council. (2014). International Integrated Reporting Framework. Recuperado de http://integratedreporting.org/resource/international-ir-framework
http://integratedreporting.org/resource/...
). Como constatou-se, o RI é voltado, especificamente, aos provedores de capital financeiro, da mesma forma que Adams (2015Adams, C. A. (2015). The International Integrated Reporting Council: a call to action. Critical Perspectives on Accounting, 27(1), 23-28.), Bernardi (2020Bernardi, C. (2020). Implementing integrated reporting: lessons from the field. Cham: Springer.), Dumay et al. (2016Dumay, J., Bernardi, C., Guthrie, J., & Demartini, P. (2016). Integrated reporting: a structured literature review. Accounting Forum, 40(3), 166-185.) e de Villiers et al. (2014Villiers, C. de, Rinaldi, L., & Unerman, J. (2014). Integrated reporting: insights, gaps and an agenda for future research. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 27(7), 1042-1067.) concluíram. Tal perspectiva evidencia que o pessoal envolvido com o RI, nas organizações, elaboram o reporte com foco em acionistas e credores, assim como ocorre em reportes financeiros. Diante disso, foi constatada a necessidade de evolução de suas diretrizes (Framework 1.0 para RI) (F3), pois os envolvidos com o RI não entendem seus conceitos. A partir disso, indica-se que é necessário um processo de sensemaking (criar sentido), para depois iniciar sua institucionalização.

Considerando o F3 e o F6, decorrentes do fato de que o RI é uma recente tentativa de ampliar a prestação de contas corporativas (Stubbs & Higgins, 2018Stubbs, W., & Higgins, C. (2018). Stakeholders’ perspectives on the role of regulatory reform in integrated reporting. Journal of Business Ethics, 147(3), 489-508.), entende-se que o Framework 1.0 para RI deve evoluir, corroborando os argumentos já asseverados por Feng et al. (2017Feng, T., Cummings, L., & Tweedie, D. (2017). Exploring integrated thinking in integrated reporting: an exploratory study in Australia. Journal of Intellectual Capital, 18(2), 330-353.) e Thomson (2015Thomson, I. (2015). Critical Perspectives on Accounting “but does sustainability need capitalism or an integrated report“ a commentary on “The International Integrated Reporting Council: A story of failure“ by Flower, J. Critical Perspectives on Accounting, 27, 18-22.). Essa evolução vai no sentido de incluir explicações a respeito de conceitos de difícil aplicação prática, como o pensamento integrado e a geração de valor e sobre os capitais. O F6 justifica-se diante da necessidade de incorporar os pressupostos do RI nos processos corporativos internos (Humphrey et al., 2016Humphrey, C., O’Dwyer, B., & Unerman, J. (2016). Re-theorizing the configuration of organizational fields: the IIRC and the pursuit of “enlightened” corporate reporting. Accounting and Business Research, 47(1), 30-63.; Thomson, 2015Thomson, I. (2015). Critical Perspectives on Accounting “but does sustainability need capitalism or an integrated report“ a commentary on “The International Integrated Reporting Council: A story of failure“ by Flower, J. Critical Perspectives on Accounting, 27, 18-22.), não somente de forma superficial (cerimonial), pois o reporte, em si, é o resultado do processo de pensamento integrado (IIRC, 2014International Integrated Reporting Council. (2014). International Integrated Reporting Framework. Recuperado de http://integratedreporting.org/resource/international-ir-framework
http://integratedreporting.org/resource/...
). Isso indica, dentre outras coisas, a necessidade da efetiva implementação da gestão de stakeholders.

Adicionalmente, o F7 coloca uma dúvida: será que os gestores são motivados a realizar mudanças em práticas organizacionais internas? Mesmo que o Framework 1.0 do RI possua deficiências e necessite evoluir, por qual razão a gestão de stakeholders não é efetivamente colocada em prática? Uma possível justificativa é a falta de detalhamento em si sobre o assunto no Framework 1.0, haja vista que para o IIRC (2014International Integrated Reporting Council. (2014). International Integrated Reporting Framework. Recuperado de http://integratedreporting.org/resource/international-ir-framework
http://integratedreporting.org/resource/...
, p. 18) lidar com os stakeholders é um processo que ocorre normalmente no curso rotineiro dos negócios. Todavia, essa relação envolve grupos com diferentes olhares e poderes, considerando o tratamento de forma multilateral (Freeman & Evan, 1990Freeman, R. E., & Evan, W. M. (1990). Corporate governance: a stakeholder interpretation. The Journal of Behavioral Economics, 19(4), 337-359.). Ou seja, é um assunto complexo que carece de detalhamento.

De fato, existe a necessidade, para uma comunicação efetiva, de mapear quem são os stakeholders das organizações. Além disso, considerando que o RI é um recente desenvolvimento na tentativa de ampliar a prestação de contas das organizações (Stubbs & Higgins, 2018Stubbs, W., & Higgins, C. (2018). Stakeholders’ perspectives on the role of regulatory reform in integrated reporting. Journal of Business Ethics, 147(3), 489-508.), lidar com os stakeholders no âmbito do RI ocorre da mesma forma que no processo de elaboração de reportes financeiros padronizados? De acordo com o IIRC (2014International Integrated Reporting Council. (2014). International Integrated Reporting Framework. Recuperado de http://integratedreporting.org/resource/international-ir-framework
http://integratedreporting.org/resource/...
, p. 18), não há preocupações quanto a isso, posto que é um processo rotineiro dos negócios.

Tendo em vista que o profissional egresso de instituições de ensino superior insere-se no mercado de trabalho, este estudo defende que a contribuição da academia é relevante para a temática do RI (F9), de forma a contribuir por meio da disseminação e discussão de conhecimentos. Reinvertar-se, fugindo do mainstream de pesquisa da área, além de aprofundar a temática com os acadêmicos, caracterizam-se como alternativas para evitar a visão unilateral do aspecto financeiro nos negócios, uma vez que os reportes financeiros já proporcionam isso. Tais constatações, consequentemente, induzem à produção de reportes não financeiros de forma a legitimar as práticas empresariais (F4), sem riqueza de conteúdos que poderiam ser explorados (F1).

A próxima subseção (4.4) aborda as proposições e a agenda para pesquisas futuras.

4.4 Proposições do Estudo e Agenda para Pesquisas Futuras

Diante dos artigos analisados, nota-se que os fatores presentes na Tabela 5 possuem interligações entre si pois caracterizam proposições (Tabela 6). Cabe ressaltar que as proposições advêm da interpretação dos resultados obtidos diante da leitura das pesquisas analisadas.

Tabela 6
Proposições do estudo

Os estudos analisados concordam com a relevância da gestão de stakeholders para o desenvolvimento do RI em organizações, assim como o IIRC (2014International Integrated Reporting Council. (2014). International Integrated Reporting Framework. Recuperado de http://integratedreporting.org/resource/international-ir-framework
http://integratedreporting.org/resource/...
) defende. Entretanto, ao apresentar os resultados, os pesquisadores revelam fatores relacionados à temática, tanto positivos como negativos (como evidencia a Tabela 6). Assim, considera-se que a gestão de stakeholders não é uma prática efetiva nas organizações, diante da necessidade do amadurecimento de práticas organizacionais internas e de evolução do Framework 1.0 do RI.

As proposições da Tabela 6 fornecem uma fonte de dados a serem verificados em pesquisas futuras. Entretanto, esta pesquisa buscou ir além disso ao apresentar uma agenda de pesquisa, ou seja, ideias para estudos futuros com base na temática RI e stakeholders. Em vista disso, a Tabela 7 apresenta insights para incentivar pesquisas futuras tendo como base os resultados construídos na Tabela 6.

Tabela 7
Agenda para pesquisas futuras

Incentiva-se a aplicação dos insights em pesquisas no contexto brasileiro devido a particularidades locais que podem influenciar a gestão de stakeholders. Ao se observar, por exemplo, que países europeus e da América do Norte têm alta participação da sociedade, com investimentos em empresas listadas na bolsa de valores, percebe-se que no Brasil esse número é ínfimo quando comparado com sua população, ainda que nos últimos cinco anos tenha crescido.

Ademais, as empresas brasileiras têm a particularidade de serem familiares. Outra característica nacional é o segmento do mercado, em que grande parcela do Produto Interno Bruto (PIB) é representada por setores agrícolas e de extração natural, diferentemente de outros mercados voltados para a tecnologia. No Brasil, há a obrigatoriedade de órgãos estatais (TCU) elaborarem o RI para prestação de contas e o Conselho Federal de Contabilidade lançou a minuta da Orientação Técnica OCPC 09, promovendo o RI de forma voluntária. Portanto, indaga-se: para quem é direcionada a comunicação, considerando o contexto nacional?

Considera-se válido refletir se o direcionamento para acionistas, fator evidenciado pelas pesquisas analisadas e dado pelo Framework 1.0, é comportado pelo contexto nacional (Brasil). O intuito é verificar se o Framework 1.0, nesse contexto nacional, está conseguindo direcionar os elaboradores de reporte para disseminarem o pensamento integrado e relatarem o que ocorre na prática, reduzindo a assimetria de informação financeira e não financeira, e não apenas caracterizando-se como um discurso na busca pela legitimidade. Nesse sentido, acredita-se que pesquisas que promovam a imersão investigativa no contexto organizacional e o grupo de pesquisa acadêmico da CBARI poderão debater tais aspectos.

Para Major (2017Major, M. (2017). O positivismo e a pesquisa “alternativa” em contabilidade. Revista Contabilidade & Finanças, 28(74), 173-178.), os fenômenos de pesquisas requerem análise de diferentes ângulos utilizando diferentes lentes de pesquisa. Por isso, infere-se que os insights de pesquisa presentes na Tabela 7 têm o intuito de incentivar pesquisas com diferentes lentes. Ressalta-se que o intuito em apresentar a agenda de pesquisas futuras conforme as proposições é abordar um número maior de insights. Porém, recomenda-se também que seja investigado mais do que uma proposição em um mesmo estudo, a fim de promover a busca pelo enriquecimento das contribuições acadêmicas para a prática do RI.

5. Considerações Finais

O objetivo deste estudo foi apresentar uma agenda de estudos futuros de RI. Para isso, foi necessário analisar os resultados e mapear fatores de estudos precedentes sobre gestão de stakeholders em RI. Isso possibilitou o mapeamento de 11 fatores, construção de 10 proposições qualitativas e 35 insights para serem explorados em estudos futuros.

Diante dos resultados, defende-se que a gestão de stakeholders pode ter alcançando seu potencial de forma cerimonial, pois foram identificados tanto fatores com vieses positivos quanto fatores com vieses negativos relacionados à temática. Entretanto, as análises também reforçam a necessidade de que o IIRC defina com mais propriedade de que forma a gestão de stakeholders deve ser colocada em prática para evitar sua adoção cerimonial. Portanto, conclui-se que existe uma necessidade de evolução do Framework 1.0 e de estruturação interna das organizações, no sentido de efetivamente implementar a gestão de stakeholders.

Ressalta-se que os órgãos e pesquisadores que buscam contribuir com o RI devem partir do pressuposto de que o Framework 1.0 possui deficiências, como foi evidenciado pelos fatores elencados por esta pesquisa. Diante disso, os achados deste estudo contribuem para o IIRC, CBARI, academia e profissionais que elaboram o RI. Contribui para o IIRC (Conselho responsável internacionalmente pela disseminação do RI) ao mapear fatores que interferem na gestão de stakeholders e sugerir que o conselho, concomitantemente às comissões locais, como a CBARI (devido à proximidade junto das organizações locais que adotam o RI), realizem orientações e propiciem debates, contribuindo para a superação das deficiências apontadas por este estudo.

Sobre isso, é válido destacar que as chamadas públicas propostas pelo IIRC demonstram preocupação com essa evolução, de forma que podem, ainda, serem relevantes para levantar questões considerando o contexto de cada país. Por exemplo, o contexto brasileiro, no qual pode haver um empecilho em adotar o RI sem se observar como são realizados os negócios na cultura latino-americana. Sugerimos ao IIRC e à CBARI que desenvolvam maiores detalhamentos sobre o assunto, em vez de tratá-lo como um processo que ocorre normalmente no curso rotineiro dos negócios. A contribuição acadêmica deste estudo reconhece que ainda há muito a se evoluir. Nesse sentido, o estudo propõe uma agenda para pesquisas futuras (Tabela 7) focada em insights que podem contribuir com esse desafio.

Sobre os elaboradores de reporte, este estudo contribui ao concluir que organizações com interesse em comunicar valor, inicialmente, precisam compreender para quem estão direcionando o valor que geram e, a partir disso, entrar no processo de sensemaking (criar sentido) sobre o pensamento integrado internamente. Tal processo é essencial para que o RI evolua e não se torne mais um reporte direcionado para competitividade e legitimidade socioambiental das organizações, pois, tradicionalmente, os reportes corporativos já incluem a perspectiva financeira. Assim, a preocupação deve residir no aspecto socioambiental, com foco na sustentabilidade e em como integrar os capitais. Ainda sobre os envolvidos na elaboração do RI, infere-se que devem estar atentos aos fatores que este estudo apresenta como contribuição, na busca pelo aprimoramento de suas práticas. Além disso, sua participação nas consultas públicas propostas pelo IIRC é essencial para a evidenciação da realidade organizacional na tentativa de evitar a adoção cerimonial.

Embora defensável teorica e metodologicamente, uma limitação deste estudo é não conseguir generalizar seus resultados. Outra limitação refere-se à escassez de trabalhos que investiguem a gestão de stakeholders e o RI, ocasionando limitações aos resultados empíricos que constituíram os fatores e proposições deste estudo, além do fato de não ter abrangido o contexto nacional devido à ausência de publicações nacionais nas bases acessadas para a pesquisa.

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  • *
    Trabalho apresentado na XIX USP International Conference in Accounting, São Paulo, SP, Brasil, julho de 2019.
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    As autoras agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pelo apoio financeiro na realização desta pesquisa.

Editado por

Editor-Chefe: Fábio Frezatti Editor Associado: Eliseu Martins

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jun 2021
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2021

Histórico

  • Recebido
    09 Abr 2020
  • Revisado
    26 Abr 2020
  • Aceito
    15 Jan 2021
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