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Métodos de distração para o alívio da dor em crianças com câncer submetidas a procedimentos dolorosos: revisão sistemática* Recebido da Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Enfermagem, Brasília, DF, Brasil.

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

A dor assume papel de destaque dentre os mais persistentes sintomas do câncer. As terapias não farmacológicas são fontes potenciais para a assistência das crianças com câncer e devem ser consideradas como alternativas para o manuseio de sinais e sintomas oncológicos. O objetivo deste estudo foi identificar intervenções efetivas de distração para o alívio e controle da dor em criança com câncer quando submetida a um procedimento invasivo.

CONTEÚDO:

Trata-se de revisão sistemática, cuja busca dos estudos primários foi realizada nas bases de dados eletrônicas LILACS, CINAHL, Biblioteca Cochrane CENTRAL e Pubmed, utilizando-se a combinação dos descritores controlados e não controlados: child, pain, cancer, e distraction. Foram identificados 10 estudos, que abordavam a distração como intervenção para punções venosas, musculares, subcutâneas e procedimentos relacionados à aspiração de medula óssea e punção lombar.

CONCLUSÃO:

Dentre as intervenções identificadas está o uso da realidade virtual, práticas como soprar bolhas de sabão, uso da almofada aquecida, soprador de festa, brinquedo eletrônico, dentre outras intervenções autosselecionadas (música, jogos, livros). As intervenções são, em sua maioria, de fácil programação considerando seu baixo custo e úteis aos profissionais de saúde que buscam aprimorar a assistência ao paciente pediátrico no que se refere ao manuseio da dor.

Descritores:
Criança; Cuidado da criança; Dor; Neoplasias.; Pediatria

ABSTRACT

BACKGROUND AND OBJECTIVES:

Pain is one of the most persistent cancer symptoms. Non-pharmacological therapies are potential sources for cancer children care and should be considered alternatives for handling cancer signs and symptoms. This study aimed at identifying effective distraction interventions for pain relief and control of cancer children submitted to invasive procedures.

CONTENTS:

This is a systematic review carried out in electronic databases LILACS, CINAHL, CENTRAL Cochrane Library and Pubmed, using the combination of controlled and uncontrolled keywords: child, pain, cancer and distraction. Ten studies were identified addressing distraction as intervention for venous, muscle and subcutaneous punctures, and procedures related to bone marrow aspiration and lumbar puncture.

CONCLUSION:

Among identified interventions, there are virtual reality, practices such as blowing soap bubbles, use of warm pillows, party blower, electronic toys, among other selfselected interventions (music, games, books). Most interventions are easy to implement considering their low cost and are useful for health professionals looking at enhancing pediatric patients’ assistance with regard to pain management.

Keywords:
Child; Children care; Pain; Pediatrics; Tumors

INTRODUÇÃO

A dor se destaca como um dos principais sintomas do câncer1Monteiro AC, Rodrigues BM, Pacheco ST. O enfermeiro e o cuidar da criança com câncer sem possibilidade de cura total. Esc Anna Nery. 2012;16(4):741-6., sendo experimentada por todas as crianças com câncer, em que mais de 70% delas as apresentam em sua forma mais grave. Desse modo, evidencia-se a necessidade do reconhecimento dessa dor, ainda que seja entendida de forma subjetiva, evitando, assim, ser tratada de maneira inadequada2Menossi MJ, Lima RA, Correa AK. [Pain and the challenge of interdisciplinarity in child care]. Rev Lat Am Enfermagem. 2008;16(3):489-94. English, Portuguese, Spanish..

Comum durante o diagnóstico e tratamento, a dor pode resultar de procedimentos dolorosos, progressão da doença ou compressão dos nervos, entre outros fatores3. Importante ressaltar que a realização de procedimentos invasivos, comuns em diferentes momentos das terapêuticas impostas ao paciente com câncer, acarreta as mais angustiantes e difíceis experiências dolorosas para as crianças e seus pais, justificando um foco maior no manuseio da dor relacionada a tais procedimentos4Landier W, Tse AM. Use of complementary and alternative medical interventions for the management of procedure-related pain, anxiety, and distress in pediatric oncology: an integrative review. J Pediatr Nurs. 2010;25(6):566-79..

Atualmente, o adequado manuseio da dor é tema cada vez mais relevante, uma vez que é considerado indicador tanto da qualidade de vida (QV) como da própria assistência5Kurita GP, Pimenta CA, de Oliveira Júnior JO, Caponeiro R. [Alterations in attention and cancer pain treatment]. Rev Esc Enferm USP. 2008;42(1):143-51. Portuguese., sendo que esse manuseio deve levar em consideração aspectos físicos, psicossociais e espirituais do indivíduo e de sua família6Abreu MA, Reis PE, Gomes IP, Rocha PR. Non pharmacologic pain management on oncologic patients: systematic review. Online Braz J Nurs. 2009;8(1):[8 telas].. Portanto, deve-se entender a necessidade do suporte psicológico e do uso de métodos não farmacológicos, bem como estratégias de ensino, que tenham como objetivo o manuseio da dor, reduzindo os impactos comportamentais gerados durante o procedimento invasivo7Benchaya I, Ferreira EA, Brasiliense IC. Efeitos de instrução e de treino parental em cuidadores de crianças com câncer. Psicol Teor Pesq. 2014;30(1):13-23..

As terapias não farmacológicas para o controle da dor são fontes potenciais para a assistência das crianças com câncer e devem ser vistas como alternativa para o manuseio de sinais e sintomas oncológicos. Ademais, é fundamental que se priorize a investigação das suas mais diversas formas de aplicação e seus resultados para o manuseio de outros sinais e sintomas além da dor, tais como náuseas, vômitos e ansiedade8Rheingans JI. A systematic review of nonpharmacologic adjunctive therapies for symptom management in children with cancer. J Pediatr Oncol Nurs. 2007;24(2):81-94.. O conhecimento proveniente das evidências disponíveis é uma importante ferramenta para a identificação das diferentes formas de tratamento não farmacológico para impedir ou reduzir a dor relacionada ao procedimento invasivo4Landier W, Tse AM. Use of complementary and alternative medical interventions for the management of procedure-related pain, anxiety, and distress in pediatric oncology: an integrative review. J Pediatr Nurs. 2010;25(6):566-79..

Assim, este estudo teve como objetivo identificar, na literatura científica, intervenções efetivas de distração para o alívio e o controle da dor em criança com câncer quando submetida a um procedimento invasivo, realizando uma síntese dos resultados identificados, para que profissionais de saúde possam usufruir de tais informações em prol de melhor qualidade na assistência ao paciente pediátrico no que se refere ao manuseio da dor. Espera-se que a síntese do conhecimento existente em relação a essa temática possa contribuir para o aprimoramento das competências necessárias ao profissional de saúde que lida com tais pacientes.

CONTEÚDO

Trata-se de revisão sistemática da literatura, a qual preconiza reunir todas as evidências científicas que atendam aos critérios de elegibilidade pré-estabelecidos, a fim de responder a uma pergunta de pesquisa específica. Assim, são características essenciais da revisão: objetivo claro com critérios de seleção pré-estabelecidos; reprodutibilidade metodológica explícita; busca sistemática para identificar todos os estudos que poderiam atender aos critérios de elegibilidade; avaliação da validade dos resultados dos estudos primários incluídos bem como síntese de suas características e resultados9Higgins JP, Green S. (Editors). Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions Version 5.1.0 [updated March 2011]. The Cochrane Collaboration, 2011. Available from www.cochrane-handbook.org. Acesso em 30 de junho de 2014.
www.cochrane-handbook.org...
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A questão norteadora da pesquisa - “Quais intervenções efetivas de distração são utilizadas para o alívio e o controle da dor em crianças com câncer submetidas a procedimentos invasivos”? - foi construída utilizando a estratégia PICO – do acrônimo: Paciente, Intervenção, Comparação e Outcomes (desfecho). O uso da estratégia PICO tem se mostrado eficiente na recuperação efetiva de evidências, pois foca no objetivo da pesquisa e evita a realização de buscas desnecessárias1010 Santos CMC, Pimenta CAM, Nobre MRC. The PICO strategy for the research question construction and evidence search. Rev Lat Am Enfermagem 2007;15(3):508-11..

A busca ocorreu até junho de 2014 nas seguintes bases de dados: LILACS, CINAHL, Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) e Pubmed. Para estratégia de busca foram utilizados os descritores: child, pain, cancer, e distraction. Para o cruzamento, foi utilizado o operador booleano “AND” entre os descritores citados, estabelecendo um único cruzamento como estratégia de busca, a saber: child AND pain AND cancer AND distraction.

Foram adotados como critérios de inclusão estudos nos idiomas português, inglês e espanhol, cujo delineamento fosse ensaio clínico que abordasse alguma intervenção de distração para o alívio e o controle da dor em crianças com câncer submetidas a procedimentos invasivos. Não foram adotados limites referentes ao período de publicação.

Foram identificados 79 artigos, dos quais se realizou a leitura dos títulos e respectivos resumos, o que a priori permitiu uma pré-seleção de 15 estudos. Como nem todos os estudos apresentavam em seu resumo o delineamento metodológico utilizado ou não apontavam com precisão a idade dos participantes da pesquisa e, se tratavam ou não de estudos envolvendo crianças com câncer, o tipo de desfecho e a intervenção que estava sendo utilizada, foi necessário examinar inicialmente, na íntegra, os estudos pré-selecionados. Assim, desses estudos identificados, cinco não atenderam aos critérios de inclusão, sendo, portanto, eleitos 10 artigos, conforme se observa na figura 1.

Figura 1
Critérios de seleção dos estudos. Brasília-DF, Brasil, 2014

É importante também ressaltar que os estudos repetidos em uma ou mais bases de dados foram considerados apenas uma vez.

A extração bem como a avaliação dos dados dos artigos foi feita por pares, de forma independente, sendo que as divergências foram discutidas entre si para que se chegasse a um consenso.

Os artigos selecionados foram analisados criticamente por meio de leitura na íntegra e preenchimento de instrumento de coleta de dados construído pelas autoras. Posteriormente, os artigos foram categorizados segundo a qualidade metodológica do ensaio, considerando a Escala de Jadad1111 Jadad AR, Moore RA, Carroll D, Jenkinson C, Reynolds DJ, Gavaghan DJ, et al. Assessing the quality of reports of randomized clinical trials: is blinding necessary? Control Clin Trials. 1996;17(1):1-12. (Tabela 1).

Tabela 1
Distribuição dos artigos segundo ano, validade interna segundo a escala de JADAD, faixa etária da amostra, procedimento invasivo, intervenção aplicada, escalas de avaliação e objetivos. Brasília-DF, Brasil, 2014

Foram identificados 10 artigos que abordavam a distração como forma de intervenção com o objetivo de tirar o foco da criança do procedimento invasivo ao qual era submetida. Com relação ao idioma, todos os artigos foram publicados em língua inglesa. Os anos de publicação variaram entre 1988 e 2009 e a faixa etária que compôs a amostra dos estudos variou entre idade mínima de 2 anos e idade máxima de 19 anos (Tabela 1).

Todos os artigos selecionados utilizaram alguma forma de intervenção não farmacológica pautada no critério da distração como intervenção cognitiva comportamental para punções venosas, musculares, subcutâneas, procedimentos relacionados à aspiração de medula óssea e punção lombar (Tabela 1).

Segundo os artigos, de forma geral as intervenções estudadas foram úteis para o alívio da dor, ou ainda demonstraram redução no nível de ansiedade, angústia, aflição ou medo presentes durante o procedimento invasivo (Tabela 2).

Tabela 2
Distribuição dos artigos segundo resultados e conclusões. Brasília-DF, Brasil, 2014

Quanto à qualidade metodológica dos estudos selecionados, foi aplicada a Escala de Jadad, que avalia critérios relacionados à randomização, mascaramento e razões para perda ou exclusão dos sujeitos da pesquisa. A partir desses critérios, nenhum estudo foi considerado de alta qualidade, como pode ser visto na tabela 1, na qual se encontra a pontuação acompanhada de justificativa. Nenhum dos estudos avaliados foi caracterizado como duplamente encoberto o que implicou as baixas pontuações.

DISCUSSÃO

As intervenções não farmacológicas utilizadas nos artigos encontrados diferem entre os estudos quanto aos tipos de estratégia empregada. É predominante o uso de intervenções comportamentais que utilizam a distração como recurso para controle e manuseio da dor em crianças com câncer submetidas a procedimentos invasivos bem como para a avaliação de fatores comportamentais, tais como angústia, aflição, medo e ansiedade.

Dentre as técnicas de distração encontradas na literatura está o uso do brinquedo eletrônico, relaxamento, imaginação, bolhas de sabão, travesseiro aquecido, distrações autosselecionadas, soprador de festa (língua de sogra) e uso da realidade virtual, sendo os dois últimos métodos os mais empregados dentre os artigos selecionados.

Quanto ao uso da realidade virtual, estudos apontaram que tal intervenção pode ser eficaz para crianças submetidas a procedimentos dolorosos e angustiantes1414 Wolitzky K, Fivush R, Zimand E, Hodges L, Rothbaum BO. Effectiveness of virtual reality distraction during a painful medical procedure in pediatric oncology patients. Psychol Health. 2005;20(6):817-24.,1515 Gershon J, Zimand E, Pickering M, Rothbaum BO, Hodges L. A pilot and feasibility study of virtual reality as a distraction for children with cancer. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2004;43(10):1243-9.. É importante considerar em quais procedimentos tal intervenção pode ser empregada e em quais condições, já que foram levantados problemas quanto ao baixo estímulo doloroso relacionado ao procedimento invasivo avaliado, a saber, punção ao cateter venoso central totalmente implantado, e ao uso do anestésico tópico local prévio ao procedimento1515 Gershon J, Zimand E, Pickering M, Rothbaum BO, Hodges L. A pilot and feasibility study of virtual reality as a distraction for children with cancer. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2004;43(10):1243-9.. Importante considerar que alguns estudos referiram que seria utilizado anestésico tópico no local de punção, o que pode interferir nos resultados1212 Hedén L, Von Essen L, Ljungman G. Randomized interventions for needle procedures in children with cancer. Eur J Cancer Care. 2009;18(4):358-63.,1313 Windich-Biermeier A, Sjoberg I, Dale JC, Eshelman D, Guzzetta CE. Effects of distraction on pain, fear, and distress during venous port access and venipuncture in children and adolescents with cancer. J Pediatr Oncol Nurs. 2007;24(1):8-19.,1515 Gershon J, Zimand E, Pickering M, Rothbaum BO, Hodges L. A pilot and feasibility study of virtual reality as a distraction for children with cancer. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2004;43(10):1243-9..

Ainda acerca da realidade virtual, infere-se da literatura a necessidade de novos estudos quanto à aplicação dessa tecnologia levando em consideração seu custo-efetividade1515 Gershon J, Zimand E, Pickering M, Rothbaum BO, Hodges L. A pilot and feasibility study of virtual reality as a distraction for children with cancer. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2004;43(10):1243-9.. Ainda nesse contexto, pesquisas futuras devem comparar a eficácia da realidade virtual com outros métodos de distração1414 Wolitzky K, Fivush R, Zimand E, Hodges L, Rothbaum BO. Effectiveness of virtual reality distraction during a painful medical procedure in pediatric oncology patients. Psychol Health. 2005;20(6):817-24., considerando o alto custo de alguns equipamentos utilizados na realidade virtual em comparação com outras técnicas de distração ou recreação, como uso de bolhas de sabão ou travesseiro aquecido, intervenções simples, de baixo custo e que não exigem aumento na carga de trabalho dos profissionais, sendo essa muitas vezes considerada uma barreira para a adoção desses métodos não convencionais de tratamento1212 Hedén L, Von Essen L, Ljungman G. Randomized interventions for needle procedures in children with cancer. Eur J Cancer Care. 2009;18(4):358-63..

A análise plural do comportamento infantil frente ao procedimento invasivo, incluindo o estímulo doloroso, é realizada por meio da utilização de diferentes escalas de avaliação. Tais escalas são aplicadas antes, durante ou após o uso das intervenções não farmacológicas. Tem destaque a utilização da escala analógica visual (EAV) e avaliação fisiológica levando em consideração parâmetros como frequência cardíaca (Tabela 1). As medidas de avaliação fisiológica são valorizadas nos artigos como método de análise considerando que trouxeram resultados significativos aos estudos1414 Wolitzky K, Fivush R, Zimand E, Hodges L, Rothbaum BO. Effectiveness of virtual reality distraction during a painful medical procedure in pediatric oncology patients. Psychol Health. 2005;20(6):817-24.,1515 Gershon J, Zimand E, Pickering M, Rothbaum BO, Hodges L. A pilot and feasibility study of virtual reality as a distraction for children with cancer. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2004;43(10):1243-9.,2020 Smith KE, Ackerson JD, Blotcky AD. Reducing distress during invasive medical procedures: relating behavioral interventions to preferred coping style in pediatric cancer patients. J Pediatr Psychol. 1989;14(3):405-19., sendo inclusive consideradas como ferramentas que devem ser incluídas na avaliação em estudos futuros daqueles que ainda não as utilizaram1919 Manne SL, Redd WH, Jacobsen PB, Gorfinkle K, Schorr O. Behavioral intervention to reduce child and parent distress during venipuncture. J Consult Clin Psychol. 1990;58(5):565-72..

Envolver a família durante o processo do cuidar é fundamental. Os estudos mostram que os pais são capazes de assumir um papel ativo no apoio e treinamento dos seus filhos durante o procedimento1313 Windich-Biermeier A, Sjoberg I, Dale JC, Eshelman D, Guzzetta CE. Effects of distraction on pain, fear, and distress during venous port access and venipuncture in children and adolescents with cancer. J Pediatr Oncol Nurs. 2007;24(1):8-19.. O que é corroborado por outros estudos que também contaram com o papel dos pais durante a intervenção e/ou durante a avaliação1212 Hedén L, Von Essen L, Ljungman G. Randomized interventions for needle procedures in children with cancer. Eur J Cancer Care. 2009;18(4):358-63.,1414 Wolitzky K, Fivush R, Zimand E, Hodges L, Rothbaum BO. Effectiveness of virtual reality distraction during a painful medical procedure in pediatric oncology patients. Psychol Health. 2005;20(6):817-24.

15 Gershon J, Zimand E, Pickering M, Rothbaum BO, Hodges L. A pilot and feasibility study of virtual reality as a distraction for children with cancer. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2004;43(10):1243-9.

16 Dahlquist LM, Pendley JS, Landthrip DS, Jones CL, Steuber CP. Distraction intervention for preschoolers undergoing intramuscular injections and subcutaneous port access. Health Psychol. 2002;21(1):94-9.

17 Broome ME, Rehwaldt M, Fogg L. Relationships between cognitive behavioral techniques, temperament, observed distress, and pain reports in children and adolescents during lumbar puncture. J Pediatr Nurs. 1998;13(1):48-54.

18 Manne SL, Bakeman R, Jacobsen PB, Gorfinkle K, Redd WH. An analysis of a behavioral intervention for children undergoing venipuncture. Health Psychol. 1994;13(6):556-66.
-1919 Manne SL, Redd WH, Jacobsen PB, Gorfinkle K, Schorr O. Behavioral intervention to reduce child and parent distress during venipuncture. J Consult Clin Psychol. 1990;58(5):565-72.,2121 Kuttner L, Bowman M, Teasdale M. Psychological treatment of distress, pain, and anxiety for young children with cancer. J Dev Behav Pediatr. 1988;9(6):374-81..

O estudo que trabalhou com soprador de festa (língua de sogra)1818 Manne SL, Bakeman R, Jacobsen PB, Gorfinkle K, Redd WH. An analysis of a behavioral intervention for children undergoing venipuncture. Health Psychol. 1994;13(6):556-66.,1919 Manne SL, Redd WH, Jacobsen PB, Gorfinkle K, Schorr O. Behavioral intervention to reduce child and parent distress during venipuncture. J Consult Clin Psychol. 1990;58(5):565-72., também incorporou os pais de forma efetiva no processo de intervenção, avaliando, inclusive, a angústia deles durante o procedimento1919 Manne SL, Redd WH, Jacobsen PB, Gorfinkle K, Schorr O. Behavioral intervention to reduce child and parent distress during venipuncture. J Consult Clin Psychol. 1990;58(5):565-72.. A relação existente entre os pais e a criança favorece o enfrentamento e a aceitação da intervenção de distração durante a realização de procedimentos sabidamente dolorosos. Manne et al.1818 Manne SL, Bakeman R, Jacobsen PB, Gorfinkle K, Redd WH. An analysis of a behavioral intervention for children undergoing venipuncture. Health Psychol. 1994;13(6):556-66. sugeren que o vínculo entre os pais e o filho é de extrema relevância na eficácia da intervenção quando esta depende do treinamento que os pais oferecem à criança.

Percebe-se, por meio dos estudos selecionados, que as diversas formas de distração podem ser consideradas estratégias eficazes no alívio e controle da dor, bem como da angústia, aflição, medo e ansiedade, porém a literatura apresenta a necessidade de ampliação e análise no que se refere às amostras dos estudos. Grande parte dos estudos aponta que a amostra foi pequena1212 Hedén L, Von Essen L, Ljungman G. Randomized interventions for needle procedures in children with cancer. Eur J Cancer Care. 2009;18(4):358-63.

13 Windich-Biermeier A, Sjoberg I, Dale JC, Eshelman D, Guzzetta CE. Effects of distraction on pain, fear, and distress during venous port access and venipuncture in children and adolescents with cancer. J Pediatr Oncol Nurs. 2007;24(1):8-19.

14 Wolitzky K, Fivush R, Zimand E, Hodges L, Rothbaum BO. Effectiveness of virtual reality distraction during a painful medical procedure in pediatric oncology patients. Psychol Health. 2005;20(6):817-24.

15 Gershon J, Zimand E, Pickering M, Rothbaum BO, Hodges L. A pilot and feasibility study of virtual reality as a distraction for children with cancer. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2004;43(10):1243-9.

16 Dahlquist LM, Pendley JS, Landthrip DS, Jones CL, Steuber CP. Distraction intervention for preschoolers undergoing intramuscular injections and subcutaneous port access. Health Psychol. 2002;21(1):94-9.

17 Broome ME, Rehwaldt M, Fogg L. Relationships between cognitive behavioral techniques, temperament, observed distress, and pain reports in children and adolescents during lumbar puncture. J Pediatr Nurs. 1998;13(1):48-54.
-1818 Manne SL, Bakeman R, Jacobsen PB, Gorfinkle K, Redd WH. An analysis of a behavioral intervention for children undergoing venipuncture. Health Psychol. 1994;13(6):556-66.,2020 Smith KE, Ackerson JD, Blotcky AD. Reducing distress during invasive medical procedures: relating behavioral interventions to preferred coping style in pediatric cancer patients. J Pediatr Psychol. 1989;14(3):405-19. indicando em suas análises a necessidade de experimentos em amostras maiores1313 Windich-Biermeier A, Sjoberg I, Dale JC, Eshelman D, Guzzetta CE. Effects of distraction on pain, fear, and distress during venous port access and venipuncture in children and adolescents with cancer. J Pediatr Oncol Nurs. 2007;24(1):8-19.

14 Wolitzky K, Fivush R, Zimand E, Hodges L, Rothbaum BO. Effectiveness of virtual reality distraction during a painful medical procedure in pediatric oncology patients. Psychol Health. 2005;20(6):817-24.
-1515 Gershon J, Zimand E, Pickering M, Rothbaum BO, Hodges L. A pilot and feasibility study of virtual reality as a distraction for children with cancer. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2004;43(10):1243-9.,1818 Manne SL, Bakeman R, Jacobsen PB, Gorfinkle K, Redd WH. An analysis of a behavioral intervention for children undergoing venipuncture. Health Psychol. 1994;13(6):556-66.,2020 Smith KE, Ackerson JD, Blotcky AD. Reducing distress during invasive medical procedures: relating behavioral interventions to preferred coping style in pediatric cancer patients. J Pediatr Psychol. 1989;14(3):405-19.. A grande variedade nas faixas etárias (menor idade=2 anos e maior idade=19 anos) ocasiona grandes divergências, já que abrange concomitantemente diferentes etapas do desenvolvimento e capacidades cognitivas, sendo importante considerar inclusive o uso e avaliação de dispositivos apropriados para crianças mais novas1414 Wolitzky K, Fivush R, Zimand E, Hodges L, Rothbaum BO. Effectiveness of virtual reality distraction during a painful medical procedure in pediatric oncology patients. Psychol Health. 2005;20(6):817-24.,1515 Gershon J, Zimand E, Pickering M, Rothbaum BO, Hodges L. A pilot and feasibility study of virtual reality as a distraction for children with cancer. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2004;43(10):1243-9.. Em contrapartida Manne et al.1818 Manne SL, Bakeman R, Jacobsen PB, Gorfinkle K, Redd WH. An analysis of a behavioral intervention for children undergoing venipuncture. Health Psychol. 1994;13(6):556-66. pontuam que segundo os dados obtidos em seu estudo, crianças mais velhas tendem a cooperar e a apresentar resultados mais positivos às intervenções de distração quando comparadas às crianças mais novas, por rejeitarem menos a distração.

Cabe ressaltar que os estudos identificam como fragilidade o fato de o estudo não seguir critérios quanto ao mascaramento dos avaliadores1414 Wolitzky K, Fivush R, Zimand E, Hodges L, Rothbaum BO. Effectiveness of virtual reality distraction during a painful medical procedure in pediatric oncology patients. Psychol Health. 2005;20(6):817-24.,1515 Gershon J, Zimand E, Pickering M, Rothbaum BO, Hodges L. A pilot and feasibility study of virtual reality as a distraction for children with cancer. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2004;43(10):1243-9.,1919 Manne SL, Redd WH, Jacobsen PB, Gorfinkle K, Schorr O. Behavioral intervention to reduce child and parent distress during venipuncture. J Consult Clin Psychol. 1990;58(5):565-72.. Com o objetivo de evitar ou reduzir possíveis vieses nas análises e interpretações dos resultados, sugere-se o desenvolvimento de estudos seguintes nos quais ocorra o mascaramento do avaliador1414 Wolitzky K, Fivush R, Zimand E, Hodges L, Rothbaum BO. Effectiveness of virtual reality distraction during a painful medical procedure in pediatric oncology patients. Psychol Health. 2005;20(6):817-24..

CONCLUSÃO

O estudo permitiu que fossem identificadas as evidências disponíveis na literatura científica relacionadas ao alívio e ao controle da dor em crianças com câncer no que concerne ao uso de práticas distrativas. Dentre elas está o uso da realidade virtual, práticas como soprar bolhas de sabão, uso da almofada aquecida, do soprador de festa, brinquedo eletrônico, dentre outras intervenções autosselecionadas (música, jogos, livros). As intervenções são, em sua maioria, de fácil programação, considerando seu baixo custo e úteis aos profissionais de saúde que buscam aprimorar a assistência ao paciente pediátrico no que se refere ao manuseio da dor.

Dentre as principais limitações do estudo estão: número reduzido de participantes nas amostras tanto do grupo experimental quanto controle, o que não corrobora para conclusões mais robustas. As estratégias de distração empregadas foram variadas e não descritas em maior profundidade, tendo em vista a questão norteadora ampla, o que dificulta eleger qual foi o tipo de intervenção de distração mais efetiva e para qual procedimento invasivo. Além disso, os estudos deveriam ter trabalhado em faixas etárias mais específicas, visto que as competências do desenvolvimento de cada criança são bem diversas e as estratégias de interação e de resposta ao estresse são idade-dependentes.

  • Fontes de fomento: não há.
  • Recebido da Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Enfermagem, Brasília, DF, Brasil.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2015

Histórico

  • Recebido
    03 Jul 2014
  • Aceito
    24 Abr 2015
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