Constructos da segurança do profissional no contexto da Atenção Primária à Saúde

Gontijo, Mariana Delfino; Viegas, Selma Maria da Fonseca; Freitas, Amanda Tainara Souza; Maia, Amanda Ferreira de Faria; Silveira, Edilene Aparecida Araújo da; Quites, Humberto Ferreira de Oliveira

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Revista Brasileira de Enfermagem

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Sumário

REVISÃO • Rev. Bras. Enferm. 73 (suppl 6) • 2020 • https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0529 copiar

Constructos da segurança do profissional no contexto da Atenção Primária à Saúde

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Objetivos:

identificar a produção científica sobre os aspectos/características relacionadas à segurança na atuação dos profissionais da Atenção Primária à Saúde para constructos da temática Segurança do Profissional.

Métodos:

revisão integrativa da literatura nas bases de dados BDENF, IBECS, LILACS, MEDLINE.

Resultados:

o corpus desta revisão refere-se a 16 artigos que destacaram a sobrecarga de trabalho, processo de trabalho, recursos humanos insuficientes, condições precárias do ambiente de trabalho, falta de Educação Permanente, inter-relação em equipe e com usuários, evidenciando que são fatores que possivelmente comprometem a assistência à saúde e a Segurança do Profissional para boas práticas.

Considerações Finais:

conhecer os fatores que impactam no âmbito da Segurança dos Profissionais permite subsidiar intervenções que garantam as boas práticas. Este estudo contribui originalmente para formulação dos constructos da Segurança do Profissional da Atenção Primária à Saúde.

Descritores:
Atenção Primária à Saúde; Pessoal de Saúde; Gestão da Segurança; Condições de Trabalho; Segurança do Paciente

Nº	Título Ano/ País	Delineamento/ Número de Pacientes/ Nível de Evidência	Objetivo do estudo	Resultados
1	Satisfação e insatisfação no trabalho de profissionais de saúde da atenção básica⁽¹⁶16 Lima L, Pires DEP, Forte ECN, Medeiros F. Job satisfaction and dissatisfaction of primary health care professionals. Esc Anna Nery. 2014;18(1):17-24. doi: 10.5935/1414-8145.20140003 https://doi.org/10.5935/1414-8145.201400... ⁾ 2014/ Brasil	Estudo qualitativo/ 22 participantes/ Nível V	Identificar os motivos de satisfação e insatisfação dos profissionais de saúde na Estratégia Saúde da Família e na Atenção Básica Tradicional.	Motivos de satisfação: afinidade com a profissão; satisfação dos usuários com a assistência; trabalho em equipe; vínculo entre profissionais e usuários. Motivos de insatisfação: problemas nas relações com usuários/famílias; salário insuficiente; dificuldades no trabalho em equipe; déficit de instrumentos e de infraestrutura, carga horária excessiva; e falta de compreensão da população sobre os pressupostos da Estratégia Saúde da Família.
2	Trabalho na Estratégia Saúde da Família: Implicações nas cargas de trabalho de seus profissionais⁽¹⁰10 Trindade LL, Pires DEP, Amestoy SC, Forte ECN, Machado FL, Bordignon M. Working in the Family health strategy: implications in professional workloads. Cogitare Enferm. [Internet]. 2014 [2018 Apr 10];19(3):528-35. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/35492/23237 https://revistas.ufpr.br/cogitare/articl... ⁾ 2014/ Brasil	Estudo qualitativo/ 11 participantes Nível V	Identificar os aspectos do trabalho na Estratégia Saúde da Família que contribuem para aumentar e/ou reduzir as cargas de trabalho.	Os aspectos que interferem na devida implantação da Estratégia Saúde da Família aumentam a carga de trabalho. A afinidade com o trabalho, a autonomia da equipe e a garantia do emprego reduzem a carga de trabalho.
3	Practice Transformation in the Safety Net Medical Home Initiative: A Qualitative Look⁽¹⁷17 Wagner EH, Gupta R, Coleman K. Practice transformation in the safety net medical home initiative: a qualitative look. Medical Care. 2014;52:18-22. doi: 10.1097/MLR.0000000000000196 https://doi.org/10.1097/MLR.000000000000... ⁾ 2014/ EUA	Estudo de caso qualitativo/ 07 participantes Nível VI	Estudar três práticas bem sucedidas para identificar características e abordagens comuns.	Foram motivadores de práticas bem sucedidas: o desejo de melhorar a qualidade do atendimento e a experiência do paciente ou do profissional. Os incentivos financeiros desempenharam um papel menor.
4	Work context, job satisfaction and suffering in primary health care⁽⁸8 Maissiat GS, Lautert L, Dal Pal D, Tavares JP. Work context, job satisfaction and suffering in primary health care. Rev Gaúcha Enferm. 2015;36(2):42. doi: 10.1590/1983-1447.2015.02.51128 https://doi.org/10.1590/1983-1447.2015.0... ⁾ 2015/ Brasil	Estudo Transversal/ 242 participantes Nível IV	Avaliar o contexto de trabalho e os indicadores de prazer e sofrimento na perspectiva dos trabalhadores.	A organização e as condições de trabalho obtiveram as piores avaliações. Os indicadores de prazer no trabalho estiveram relacionados à realização proﬁssional, liberdade de expressão e reconhecimento.
5	Dimensions of Safety Climate among Iranian Nurses⁽⁷7 Kongin NZ, Shokoohi Y, Zarei F, Rahimzadeh M, Sarsangi V. Dimensions of Safety Climate among Iranian Nurses. Int J Occup Environ Med. 2015;6(4):223-31. doi: 10.15171/ijoem.2015.550 https://doi.org/10.15171/ijoem.2015.550... ⁾ 2015/ Irã	Revisão bibliográfica/ Não quantificada e nem classificada em relação ao Nível de Evidência	Desenvolver e validar uma escala psicométrica para medir o clima de segurança do enfermeiro.	Foi elaborada uma escala de 40 itens com 6 dimensões: 1- o envolvimento dos funcionários no suporte de segurança e gerenciamento; 2- o cumprimento das regras de segurança; 3- o treinamento e a acessibilidade aos equipamentos de proteção individual; 4- os obstáculos ao trabalho seguro; 5- a comunicação de segurança e pressão de trabalho; 6- e a percepção de risco individual.
6	Ser enfermeiro da Estratégia Saúde da Família: desafio e possibilidades⁽⁹9 Caçador BS, Brito MJM, Moreira DA, Rezende LC, Vilela CS. Being a nurse in the family health strategy programme: challenges and possibilities. Rev Min Enferm. 2015;19(3):612-61. doi: 10.5935/1415-2762.20150047 https://doi.org/10.5935/1415-2762.201500... ⁾ 2015/ Brasil	Estudo qualitativo/ 07 participantes Nível V	Analisar os desafios e possibilidades do trabalho do enfermeiro na Estratégia Saúde da Família, em um distrito sanitário de Belo Horizonte.	O cotidiano do enfermeiro na Estratégia Saúde da Família é marcado por sobrecarga de trabalho, que prejudica a realização das ações.
7	Safety climate in English general practices; workload pressures may compromise safety⁽⁴4 Bell BG, Reeves D, Marsden K, Avery A. Safety climate in English general practices: workload pressures may compromise safety. J Eval Clin Pract. 2016;22(1):71-6. doi: 10.1111/jep.12437 https://doi.org/10.1111/jep.12437... ⁾ 2015/ Inglaterra	Estudo Transversal/ 335 participantes Nível IV	Construir um instrumento para as práticas gerais inglesas de segurança do paciente. Relatar como estas práticas afetam o clima de segurança e os altos níveis de carga de trabalho.	Os gerentes deram às suas práticas pontuações de segurança significativamente mais altas do que os participantes não gerentes. Os entrevistados com mais anos de experiência tiveram uma percepção mais negativa do nível de carga de trabalho. Práticas com pacientes residentes em áreas de maior privação proporcionaram pontuações menores em relação ao clima de segurança.
8	Dealing with workplace violence in emergency primary health care: a focus group study⁽¹⁸18 Morken T, Johansen I, Alsaker K. Dealing with workplace violence in emergency primary health care: a focus group study. BMC Fam Pract. 2015;16:51. doi: 10.1186/s12875-015-0276-z https://doi.org/10.1186/s12875-015-0276-... ⁾ 2015/ Noruega	Estudo qualitativo/ 37 participantes Nível V	Explorar como o profissional da Atenção Primária à Saúde lidou com as ameaças e violência de visitantes ou pacientes.	As situações ameaçadoras e que geraram insegurança foram relacionadas aos familiares, sendo em menor número as agressões físicas. Fatores que influenciam as ameaças ou a violência: minimizar o risco de trabalhar sozinho; estar preparado; resolver o descompasso entre as expectativas do paciente e o serviço oferecido; e o apoio da gerência.
9	Iranian nurses perspectives on assessment of safe care: an exploratory study⁽³3 Rashvand F, Salsali M, Ebadi A, Vaismoradi M, Jordan S, Griffiths P. Iranian nurses perspectives on assessment of safe care: an exploratory study. J Nurs Manag. 2016;24(3):417-26. doi: 10.1111/jonm.12338 https://doi.org/10.1111/jonm.12338... ⁾ 2016/ Irã	Estudo qualitativo/ 16 participantes Nível V	Explorar as perspectivas e experiências de enfermeiros sobre a avaliação da assistência de enfermagem segura e sua prática clínica.	Identificaram-se quatro componentes para o cuidado seguro e segurança do paciente: avaliação holística da assistência de enfermagem; trabalho em equipe e avaliação do cuidado de enfermagem; problemas éticos; e desafios da avaliação segura de cuidados de enfermagem.
10	Condiciones de trabajo de los profesionales de enfermería en Chile⁽¹²12 Vergara CM, Suazo VS, Klijn T. Condiciones de trabajo de los profesionales de enfermería en Chile; Enfermería Universitaria. 2016;13(3):178-86. doi: 10.1016/j.reu.2016.05.004 https://doi.org/10.1016/j.reu.2016.05.00... ⁾ 2016/ Chile	Revisão sistematizada de carácter descritivo e retrospectivo/ 9 artigos Nível V	Identificar as condições de trabalho e as razões pelas quais os profissionais de enfermagem adoecem.	Os profissionais de enfermagem trabalham em condições marcadas pela falta de materiais, sobrecarga de trabalho e limitação de recursos.
11	Segurança do paciente na Atenção Primária à Saúde: revisão integrativa⁽⁶6 Mesquita KO, Silva LCC, Lira RCM, Freitas CASL, Lira GV. Patient safety in primary health care: an integrative review. Cogitare Enferm [Internet]. 2016 [2018 Apr 05];21(2):1-8. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/45665/28527 https://revistas.ufpr.br/cogitare/articl... ⁾ 2016/ Brasil	Revisão integrativa/ 10 artigos/ Não classificado em relação ao Nível de Evidência.	Analisar as produções científicas sobre a segurança do paciente.	A produção científica relacionada à temática de segurança do paciente tem sido crescente nos últimos anos, acompanhando as discussões e intencionalidades da Organização Mundial da Saúde.
12	Cuidados de enfermagem no pré-natal e segurança do paciente: revisão integrativa⁽⁵5 Costa DKP, Arruda LP, Magalhães AHR, Abreu LDP, Ponte KMA, Freitas CHA. Nursing care in prenatal and patient safety: integrative review. Rev Enferm UFPE. 2016;10(6):4909-4919. doi: 10.5205/1981-8953-v10i6a11272p4909-4919-2016 https://doi.org/10.5205/1981-8953-v10i6a... ⁾ 2016/ Brasil	Revisão integrativa/ 280 artigos/ Não Classificado em relação ao Nível de Evidência	Analisar as publicações sobre Segurança do Paciente, durante o cuidado de enfermagem no pré-natal da Atenção Primária à Saúde.	A ampliação da cobertura da ESF e a capacitação profissional podem ser estratégias para qualificar a atenção à saúde para um atendimento seguro e de qualidade às mulheres no pré-natal.
13	Aumento das cargas de trabalho em técnicos de enfermagem na Atenção Primária à Saúde no Brasil⁽¹¹11 Scherer MDA, Oliveira NA, Pires DEP, Trindade LL, Gonçalves ASR, Vieira M. Aumento das cargas de trabalho em técnicos de enfermagem na Atenção Primária à Saúde no Brasil. Trab Educ Saúde. 2016;14(1):89-104. doi: 10.1590/1981-7746-sol00030 https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol000... ⁾ 2016/ Brasil	Estudo multicêntrico/ 24 profissionais/ Nível V	Analisar os aspectos que contribuem para aumentar as cargas de trabalho de técnicos de enfermagem.	Aspectos que contribuem para aumentar a carga de trabalho: baixa remuneração, falta de recursos materiais, desgaste e adoecimento, relação com o usuário e escassez de recursos humanos. Prevalecendo sobrecargas relacionadas às condições psíquicas e fisiológicas.
14	Qualitative evaluation of the Safety and Improvement in Primary Care ⁽SIPC⁾ pilot collaborative in Scotland: perceptions and experiences of participating care teams⁽¹⁹19 Bowie P, Halley L, Blamey A, Gillies J, Houston NH. Qualitative evaluation of the Safety and Improvement in Primary Care (SIPC) pilot collaborative in Scotland: perceptions and experiences of participating care teams. BMJ Open. 2016;6(1):1-10. doi: 10.1136/bmjopen-2015-009526 https://doi.org/10.1136/bmjopen-2015-009... ⁾ 2016/ Escócia	Estudo qualitativo/ 27 participantes/ Nível V	Explorar as percepções e experiências dos participantes sobre segurança. Identificar os facilitadores e as barreiras para melhoria na segurança.	Os resultados indicaram os benefícios da utilização do programa; as melhorias nos sistemas de atendimento ao paciente; a utilidade de intervenções do programa.
15	Prevalência da capacidade para o trabalho inadequada entre trabalhadores de enfermagem da atenção básica à saúde⁽²⁰20 Cordeiro TMSC, Araújo TM. Prevalência da capacidade para o trabalho inadequada entre trabalhadores de enfermagem da atenção básica à saúde. Rev Bras Med Trab. 2017;15(2):150-7. doi: 10.5327/Z1679443520177004 https://doi.org/10.5327/Z167944352017700... ⁾ 2017/ Brasil	Estudo Transversal/ 490 participantes/ Nível IV	Descrever a prevalência e as características da capacidade inadequada para o trabalho entre os trabalhadores de enfermagem no estado da Bahia.	A prevalência de capacidade para o trabalho inadequada foi de 17,9%, sendo maior entre os enfermeiros (18,2%), quando comparados aos técnicos e auxiliares de enfermagem (17,7%). Faz-se necessário modificações tanto no ambiente de trabalho quanto na vida do trabalhador.
16	Validation of a moral distress instrument in nurses of primary health care⁽²¹21 Bart PO, Ramos FRS, Barlem ELD, Dalmolin GL, Schneider DG. Validation of a moral distress instrument in nurses of primary health care. Rev Latino-Am Enfermagem. 2018;26:e3010. doi: 10.1590/1518-8345.2227.3010 https://doi.org/10.1590/1518-8345.2227.3... ⁾ 2018/ Brasil	Estudo Metodológico/ 391 participantes/ Nível VI	Validar um instrumento para identificar as situações que desencadeiaram o sofrimento moral nos enfermeiros.	Foram validadas 46 questões, divididas em seis constructos: políticas de saúde, condições de trabalho, autonomia da enfermeira, competência ética profissional, desrespeito à autonomia do usuário e sobrecarga de trabalho.

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[1] Autor Correspondente: Selma Maria da Fonseca Viegas. E-mail: selmaviegas@ufsj.edu.br