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Adaptação e validação da versão em português do Brasil da escala Leader Empowering Behaviour

RESUMO

Objetivos:

adaptar e validar para o português do Brasil a escala Leader Empowering Behaviour em uma amostra de enfermeiros brasileiros.

Métodos:

estudo transversal, por meio de tradução, retrotradução, avaliação por especialistas, aplicação e análise de conteúdo, critério e constructo da escala.

Resultados:

o título da versão final foi Comportamento Empoderador do Líder. A avaliação das equivalências apresentou Índice de Validade de Conteúdo de 89% entre os 27 itens da escala original e foi aplicada a 272 enfermeiros. Para a validação do constructo, foram feitas análises psicométricas, os cálculos da medida de adequação da amostra excluíram seis itens do instrumento traduzido e na análise fatorial, quatro fatores foram retidos. O alfa de Cronbach foi calculado para os quatro domínios e variou de 0,82 a 0,87, demonstrando a confiabilidade da escala.

Conclusões:

a versão adaptada apresentou critérios de validade e confiabilidade para uso no Brasil. Sua utilização possibilitará conhecer o comportamento do líder para empoderar sua equipe.

Descritores:
Estudos de Validação; Liderança; Gerenciamento da Prática Profissional; Poder; Pesquisa em Administração de Enfermagem

ABSTRACT

Objectives:

to adapt and validate the Leader Empowering Behavior scale for Brazilian Portuguese in a sample of Brazilian nurses.

Methods:

cross-sectional study through translation, back-translation, expert evaluation, application and analysis of content, criteria and construct of the scale.

Results:

the title of the final version was Comportamento Empoderador do Líder. The equivalence evaluation presented Content Validity Index of 89% among the 27 items of the original scale and was applied to 272 nurses. For the construct validation, psychometric analyzes were performed; through calculations of the measure of sampling adequacy, were excluded six items from the translated instrument; and in the factor analysis, four factors were retained. The Cronbach’s alpha was calculated for the four domains and ranged from 0.82 to 0.87, demonstrating the scale reliability.

Conclusions:

the adapted version presented validity and reliability criteria for use in Brazil. Its use will make it possible to know the behavior of leaders to empower their team.

Descriptors:
Validation Studies; Leadership; Professional Practice Management; Power; Nursing Administration Research

RESUMEN

Objetivos:

adaptar y validar la escala Leader Empowering Behavior para el portugués brasileño en una muestra de enfermeros brasileños.

Métodos:

estudio transversal a través de la traducción, retrotraducción, evaluación experta, aplicación y análisis de contenido, criterios y del constructo de la escala.

Resultados:

el título de la versión final fue Comportamento Empoderador do Líder. La evaluación de equivalencia presentó un índice de validez de contenido del 89% entre los 27 ítems de la escala original y se aplicó a 272 enfermeros. Para validar el constructo, se realizaron análisis psicométricos; los cálculos de medida de la adecuación muestral excluyeron seis ítems del instrumento traducido; y en el análisis factorial, se retuvieron cuatro factores. El alfa de Cronbach se calculó para los cuatro dominios y osciló entre 0,82 y 0,87, lo que demuestra la confiabilidad de la escala.

Conclusiones:

la versión adaptada presentó criterios de validez y confiabilidad para su uso en Brasil. Su uso permitirá conocer el comportamiento del líder para empoderar a su equipo.

Descriptores:
Estudios de Validación; Liderazgo; Gestión de la Práctica Profesional; Poder; Investigación en Administración de Enfermería

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o interesse pelo conceito de liderança inovadora vem crescendo em áreas de prática gerencial, assim como o conceito de empoderamento relacionado a essa prática entre profissionais e gerentes de diversas áreas.

O referencial do constructo emergente de empoderamento explicita as razões para elaborar um instrumento que analise a prática de empoderar os subordinados como componente principal do gerenciamento e eficácia de organizações. O constructo evidencia o crescimento da produção e eficiência com o compartilhamento de poder entre supervisores e subordinados. Além disso, as experiências de formação de equipes dentro das organizações sugerem que as técnicas de empoderamento desempenham um papel crucial no desenvolvimento do grupo(11 Conger JA, Kanungo RN. The empowerment process: integrating theory and practice. Acad Manag Rev [Internet]. 1988 [cited 2018 Mar 29] 13(3):471-82. Available from: https://www.jstor.org/tc/accept?origin=/stable/pdf/258093.pdf
https://www.jstor.org/tc/accept?origin=/...
).

Em 1994, como requisito de obtenção de doutorado em gestão na Universidade de Indiana (EUA), Chin Hui construiu e validou uma escala na língua inglesa denominada Leader Empowering Behaviour (LEB) para avaliar comportamentos empoderadores(22 Hui C. Effects of leadership empowerment behaviors and followers personal control, voice, and self-efficacy on n-role performance: an extension and empirical test of Conger and Kanungo´s empowerment process model. 1994. Bloomington, IN: Indiana University; 1994.).

Essa escala tem sido amplamente utilizada em pesquisas da área de enfermagem, demonstrando, por exemplo: maior sucesso das inovações no campo gerencial e nos cuidados ao paciente em uma equipe empoderada(33 Greco P, Laschinger HK, Wong C. Leader empowering behaviours, staff nurse empowerment and work engagement/burnout. Nurs Leadership. 2006;19(4):41-56. doi: 10.12927/cjnl.2006.18599.
https://doi.org/10.12927/cjnl.2006.18599...
); a associação positiva entre o comportamento empoderador do líder e a eficiência das equipes de enfermagem(44 Laschinger HK, Wong C, McMahon L, Kaufmann C. Leader behavior impact on staff nurse empowerment, job tension, and work effectiveness. J Nurs Adm. 1999;29(5):28-39. doi: 10.1097/00005110-199905000-00005
https://doi.org/10.1097/00005110-1999050...
); a promoção de satisfação no trabalho(55 Wong C, Laschinger HKS. Authentic leadership, performance and job satisfaction: the mediating role of empowerment. J Adv Nurs. 2013;69(4):947-59. doi: 10.1111/j.1365-2648.2012.06089.x
https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2012...
-66 Wagner JI, Warren S, Cummings G, Smith DL, Olson JK. Resonant leadership, workplace empowerment, and "spirit at work": impact on registered nurses job satisfaction and organizational commitment. Can J Nurs Res. 2013;45(4):108-28. doi: 10.1177/084456211304500409
https://doi.org/10.1177/0844562113045004...
); e aumento do compromisso profissional de toda a equipe(77 Asiri SA, Rohrer WW, Al-Surimi K, Da’ar OO, Ahmed A. The association of leadership styles and empowerment with nurses’ organizational commitment in an acute health care setting: a cross-sectional study. BMC Nurs. 2016;15:38. doi: 10.1186/s12912-016-0161-7
https://doi.org/10.1186/s12912-016-0161-...
-88 Yong-Sook E, Young-Hae K, Nae-Young L. Path analysis of empowerment and work effectiveness among staff nurses. Asian Nurs Res. 2014;8:42-48. doi: 10.1016/j.anr.2014.02.001
https://doi.org/10.1016/j.anr.2014.02.00...
).

Ainda nessa perspectiva, um estudo relacionou o empoderamento com o aumento da criatividade dos funcionários e enfermeiros, evidenciando que comportamentos empoderadores do líder estão associados a resultados importantes de eficiência dos funcionários(99 Dahinten VS, Lee SE, MacPhee M. Disentangling the relationships between staff nurses’ workplace empowerment and job satisfaction. J Nurs Manag. 2016 Nov; 24:1060-70. doi: 10.1111/jonm.12407
https://doi.org/10.1111/jonm.12407...
). O comportamento do líder possibilita um ambiente de trabalho favorável, aumenta o nível de qualidade, a segurança do paciente, o desempenho para o alcance dos objetivos e a satisfação no trabalho(77 Asiri SA, Rohrer WW, Al-Surimi K, Da’ar OO, Ahmed A. The association of leadership styles and empowerment with nurses’ organizational commitment in an acute health care setting: a cross-sectional study. BMC Nurs. 2016;15:38. doi: 10.1186/s12912-016-0161-7
https://doi.org/10.1186/s12912-016-0161-...
,1010 Havaei F, MacPhee M, Dahinten VS. Psychological Competence: the key to leader empowering behaviors. J Nurs Adm. 2014;44(5):276-283.doi: 10.1097/NNA.0000000000000067.
https://doi.org/10.1097/NNA.000000000000...
).

Na literatura internacional, têm sido realizados estudos por considerarem o assunto relevante e propício ao desenvolvimento do processo gerencial de enfermagem(99 Dahinten VS, Lee SE, MacPhee M. Disentangling the relationships between staff nurses’ workplace empowerment and job satisfaction. J Nurs Manag. 2016 Nov; 24:1060-70. doi: 10.1111/jonm.12407
https://doi.org/10.1111/jonm.12407...

10 Havaei F, MacPhee M, Dahinten VS. Psychological Competence: the key to leader empowering behaviors. J Nurs Adm. 2014;44(5):276-283.doi: 10.1097/NNA.0000000000000067.
https://doi.org/10.1097/NNA.000000000000...
-1111 Regan S, Laschinger HKS, Wong CLA. The influence of empowerment, authentic leadership, and professional practice environments on nurses’ perceived interprofessional collaboration. J Nurs Manage, 2016;24(1):E54-61. doi: 10.1111/jonm.12288
https://doi.org/10.1111/jonm.12288...
).

Pesquisadores da área de gerenciamento em enfermagem de uma universidade canadense desenvolveram um projeto de capacitação em liderança com enfermeiros gerentes de unidade (first-line nurse leaders)(1212 MacPhee M, Bouthillette F. Developing leadership in nurse managers: the british columbia nursing leadership institute. Nurs Leadersh. 2008;21(3):64-75. doi: 10.12927/cjnl.2008.20061
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). A escala LEB foi utilizada para resgatar desses gerentes a autoavaliação sobre o comportamento no empoderamento e seu reflexo nas equipes.

Considerando a relevância do empoderamento para o processo gerencial do enfermeiro e o uso da escala LEB para a prática de enfermagem no contexto internacional, tem-se como pergunta: a escala LEB é passível de ser utilizada por profissionais de enfermagem no Brasil?

Dada a lacuna desse conhecimento no Brasil, a finalidade desse estudo é disponibilizar um instrumento preciso e confiável que proporcione conhecimento sobre o comportamento do líder para empoderar a sua equipe.

OBJETIVOS

Adaptar e validar para o português do Brasil a escala Leader Empowering Behaviour em uma amostra de enfermeiros brasileiros.

MÉTODOS

Aspectos éticos

O estudo foi desenvolvido após autorização do autor da escala original e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista. Os dados foram fornecidos de forma voluntária pelos participantes ao concordar com o estudo por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Desenho, local e período do estudo

Trata-se de estudo transversal, de adaptação cultural de um instrumento em inglês para a língua portuguesa do Brasil para alcançar a validade de conteúdo, critério e constructo. Nesse tipo de estudo, o pesquisador tem como meta a elaboração de um instrumento confiável, preciso e utilizável, que possa ser empregado por outros pesquisadores(1313 Polit DF, Beck CT. Nursing Research: generating and assessing evidence for nursing practice. 8.ed. Philadelphia: Wolters Kluwer Healt; 2010.).

Foi adotado o referencial que envolve as etapas de tradução, retrotradução, análise por um comitê de juízes, aplicação, análises psicométricas e nova autorização do autor para utilização da versão adaptada(1414 Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91. doi: 10.1097/00007632-200012150-00014
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-1515 Beaton D, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Recommendations for the cross-cultural adaptation of the DASH & QuickDASH outcome mesures contributors to this document [Internet]. Toronto: Institute for Work & Health; 2007 [cited 2018 Apr 20]. Available from: http://www.dash.iwh.on.ca/sites/dash/files/downloads/cross_cultural_adaptation_2007.pdf
http://www.dash.iwh.on.ca/sites/dash/fil...
).

Os dados coletados compreenderam o período de novembro de 2015 a novembro de 2017, entre enfermeiros atuantes em unidades de saúde da Rede de Atenção à Saúde (RAS) 9, que abrange 68 municípios do Estado de São Paulo, Brasil.

Participantes, critérios de inclusão e exclusão

O estudo contemplou três tipos de participantes: tradutores, juízes e enfermeiros.

Os tradutores foram selecionados convenientemente segundo o referencial de adaptação cultural de instrumentos(1414 Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91. doi: 10.1097/00007632-200012150-00014
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-1515 Beaton D, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Recommendations for the cross-cultural adaptation of the DASH & QuickDASH outcome mesures contributors to this document [Internet]. Toronto: Institute for Work & Health; 2007 [cited 2018 Apr 20]. Available from: http://www.dash.iwh.on.ca/sites/dash/files/downloads/cross_cultural_adaptation_2007.pdf
http://www.dash.iwh.on.ca/sites/dash/fil...
).

O comitê de juízes foi composto por uma amostra de conveniência de três pessoas, das quais dois enfermeiros professores e especialistas na área de gestão em saúde e um professor especialista na metodologia do estudo, todos com fluência em inglês.

A versão adaptada foi aplicada no pré-teste e validada (validação de face) por 54 enfermeiros, que a consideraram de fácil compreensão e aplicável à realidade brasileira. Não houve necessidade de alterações após a aplicação do pré-teste, permitindo a inclusão desses enfermeiros como participantes do estudo.

O cálculo amostral considerou a referência de dez participantes para cada item do instrumento(1616 Hair Jr JF, Black WC, Babin BJ, Anderson RE, Tatham RL. Multivariate data analysis. 7 ed. New York: Prentice Hall; 2009.), estimando o número de 270. A amostra não probabilística foi composta por 272 enfermeiros.

Os critérios de inclusão dos enfermeiros participantes foram possuir período de experiência igual ou superior a um ano e pertencer à RAS 9.

Procedimentos de coleta e análise dos dados

A escala LEB contém originalmente 27 itens divididos em cinco domínios. A escala de respostas é do tipo Likert, variando entre um e sete pontos, com as opções: concordo fortemente (sete pontos); concordo parcialmente (seis pontos); concordo (cinco pontos), não concordo, nem discordo (quatro pontos), discordo (três pontos), discordo parcialmente (dois pontos) e discordo fortemente (um ponto). Quanto maior a pontuação, maior a presença de atributos favoráveis à prática de empoderamento(22 Hui C. Effects of leadership empowerment behaviors and followers personal control, voice, and self-efficacy on n-role performance: an extension and empirical test of Conger and Kanungo´s empowerment process model. 1994. Bloomington, IN: Indiana University; 1994.).

Os passos metodológicos para a adaptação transcultural consistiram na tradução da escala LEB para a língua-alvo (português) por dois tradutores (T1 e T2) com fluência na língua inglesa, que tinham a língua portuguesa do Brasil como materna. Apenas um deles foi informado sobre conceitos e objetivos do estudo.

As duas versões foram analisadas, comparadas pelas pesquisadoras, as dúvidas solucionadas em conjunto com os tradutores e dessa forma, foi obtida a síntese das duas versões (T1,2). Posteriormente, a versão síntese em português foi traduzida de volta para o inglês (retrotradução) por dois tradutores americanos (R1 e R2) que tinham o inglês como língua materna, atualmente residindo no Brasil e que não foram informados sobre o propósito do instrumento.

O comitê de juízes avaliou a versão traduzida em relação às equivalências semântica, idiomática, cultural e conceitual após receber todas as versões e a planilha com as orientações para o preenchimento quanto às equivalências de cada item separadamente.

Para a análise dos juízes, foi considerado o Índice de Validade de Conteúdo (IVC), que mede a proporção ou porcentagem de juízes em concordância sobre determinados aspectos do instrumento e de seus itens(1717 Pasquali L. Instrumentação psicológica: fundamentos e prática. Porto Alegre: Artme;, 2010.). A fim de estipular a taxa de concordância aceitável entre os juízes, foram estabelecidos os valores recomendados de no mínimo 0,80 entre eles como critério de decisão sobre a pertinência e/ou aceitação do item(1717 Pasquali L. Instrumentação psicológica: fundamentos e prática. Porto Alegre: Artme;, 2010.-1818 Alexandre NMC, Coluci MZO. Content validity in the development and adaptation processes of measurement instruments. Ciênc Saúde Coletiva. 2011;16(7):3061-8. doi: 10.1590/S1413-81232011000800006
https://doi.org/10.1590/S1413-8123201100...
).

Assim, a versão do instrumento em português (T3) com 27 itens foi consolidada e digitalizada para o software Survey Monkey®, que é um site para criação do instrumento e envio automático por correio eletrônico. A versão foi aplicada aos enfermeiros participantes do estudo.

Após aplicação do instrumento, foi realizada a análise psicométrica adotando a Análise de Componentes Principais (ACP) para extração de fatores. Foram considerados apenas os fatores com autovalores (eigenvalues) superiores a 1 e a matriz de correlação anti-imagem, que é uma forma de obter indícios da necessidade de eliminar determinada variável do modelo. Para o cálculo, foi utilizada a medida de adequação da amostra, ou Measure of Sampling Adequacy (MSA), para cada variável. Na Análise Fatorial Exploratória (AFE), foram utilizados o Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), que é o índice de adequação da amostra, e o Teste de Esfericidade de Bartlett, que avalia a significância geral de todas as correlações em uma matriz de dados(1919 Tabachnick B, Fidell L. Using multivariate analysis. [Internet]. Los angeles: Harper Collins Publishers, 2007. [cited Nov 10 2017]. Available from: http://baunne.unne.edu.ar/documentos/EstadisticaMultivariable.pdf
http://baunne.unne.edu.ar/documentos/Est...
-2020 Figueiredo DB. Uses of exploratory factorial analysis in psychology. Aval Psicol [Internet]. 2012 [cited Mar 29 2018] 11(2):213-228. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v11n2/v11n2a07.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v11n2/...
).

A confiabilidade foi analisada por meio da consistência interna, mensurada pelo coeficiente alfa de Cronbach, que varia entre 0 e 1. Valores acima de 0,70 foram considerados satisfatórios e valores iguais ou superiores a 0,80 foram excelentes(2121 Cronbach JL. Coefficient alpha and the internal structure of tests. Psychometrika [Internet]. 1951 [cited Nov 10 2017] 16(3):297-334. Available from: https://pdfs.semanticscholar.org/e985/ac2e151903000cac310ffbc5b2cb4fbb9dd5.pdf
https://pdfs.semanticscholar.org/e985/ac...
).

O Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 22.0 foi utilizado nas análises.

RESULTADOS

A síntese das versões para o português do Brasil foi analisada pelos juízes, com média de concordância de 86,8%. Não foi necessária a segunda rodada de análise integral ou novo processo de tradução dos itens do instrumento.

A equivalência idiomática apresentou o maior índice de concordância com 89,7%, seguida da conceitual com 88,6%, cultural com 87,4% e a semântica com 81,8%. As similaridades entre as sugestões dos juízes foram consideradas como definitivas para a versão traduzida para o pré-teste (T3).

A versão síntese após análise dos juízes foi denominada escala CEL* - Comportamento Empoderador do Líder, conforme Figura 1.

Figura 1
Versão da escala traduzida e adaptada após avaliação dos juízes quanto às equivalências semântica, idiomática, cultural e conceitual, Botucatu, São Paulo, Brasil, 2017

Nota: *CEL - Comportamento Empoderador do Líder.


A escala foi aplicada para uma amostra de 272 enfermeiros. A caracterização dos participantes evidenciou faixa etária entre 31 e 40 anos (43,7%); 57% dos participantes ocupavam cargos de liderança (chefe, encarregado, responsável técnico, supervisor); 57% possuíam pós-graduação lato sensu e 26% stricto sensu na modalidade de mestrado; 46% trabalhavam 40 horas semanais e 22% tinham dois vínculos empregatícios.

A Tabela 1 apresenta a média e desvio padrão (dp) dos domínios da escala CEL.

Tabela 1
Média dos domínios da escala CEL, Botucatu, São Paulo, Brasil, 2017

Nas análises psicométricas, a Análise de Componentes Principais (ACP) permitiu identificar as informações básicas relativas à coerência entre as respostas dadas aos itens. Quatro dos cinco fatores (Domínios) se ajustaram bem à amostra utilizada. O Domínio 5 (Autonomia em relação à burocracia) não obteve bons resultados, pois seus valores não atingiram uma boa adequação para essa amostra, a partir da análise da anti-imagem da matriz de correlação, e ele foi retirado das análises posteriores.

O coeficiente KMO de adequação (KMO=.893) e teste de Bartlett (Bartlett=1544,590, df: 210, p<.000) para os itens da escala CEL foram significativos, aceitando a possibilidade da fatoração da matriz de dados.

A análise fatorial demonstrou que a escala continha 21 itens incluídos nos quatro fatores a saber: trabalho significativo, tomada de decisão participativa, confiança dos funcionários e facilitando o alcance das metas.

Assim, a partir das análises fatoriais, considerando os 21 itens da escala, foram calculados os valores de alfa de Cronbach para os quatro domínios, conforme a Tabela 2.

Tabela 2
Resultados da confiabilidade interna, segundo o novo arranjo de itens por domínio da escala CEL, Botucatu, São Paulo, Brasil, 2017

Após análises psicométricas da amostra de enfermeiros da RAS 9 participantes dessa pesquisa, a CEL ficou validada com quatro domínios e 21 itens, conforme demonstra a Tabela 3.

Tabela 3
Resultados do número de itens e novo arranjo por domínios, Botucatu, São Paulo, Brasil, 2017

DISCUSSÃO

A adaptação transcultural traduziu-se em um desafio em virtude das pesquisas ainda incipientes sobre a temática no Brasil. No entanto, em outros países, especialmente no Canadá, há anos os estudiosos relacionam a escala LEB a outros comportamentos ou escalas para avaliar o desempenho das equipes(33 Greco P, Laschinger HK, Wong C. Leader empowering behaviours, staff nurse empowerment and work engagement/burnout. Nurs Leadership. 2006;19(4):41-56. doi: 10.12927/cjnl.2006.18599.
https://doi.org/10.12927/cjnl.2006.18599...
-44 Laschinger HK, Wong C, McMahon L, Kaufmann C. Leader behavior impact on staff nurse empowerment, job tension, and work effectiveness. J Nurs Adm. 1999;29(5):28-39. doi: 10.1097/00005110-199905000-00005
https://doi.org/10.1097/00005110-1999050...
,99 Dahinten VS, Lee SE, MacPhee M. Disentangling the relationships between staff nurses’ workplace empowerment and job satisfaction. J Nurs Manag. 2016 Nov; 24:1060-70. doi: 10.1111/jonm.12407
https://doi.org/10.1111/jonm.12407...
-1010 Havaei F, MacPhee M, Dahinten VS. Psychological Competence: the key to leader empowering behaviors. J Nurs Adm. 2014;44(5):276-283.doi: 10.1097/NNA.0000000000000067.
https://doi.org/10.1097/NNA.000000000000...
,2222 Bukhari N, Afzal M, Azhar M, Gilani SA. The Role of Nursing Leader Empowering Behavior on Work Engagement and Intent to Stay in Hospital. J Health Med Nurs [Internet]. 2018 [cited 2019 Feb 21]:54:40-3. Available from: https://iiste.org/Journals/index.php/JHMN/article/view/44311
https://iiste.org/Journals/index.php/JHM...
-2323 Mudallal RH, Othman W, Hassan NFA. Nurses’ burnout: the influence of leader empowering behaviours, work conditions, and demographic traits. J Health Care Org, Provision, Fin. 2017 54:1-10. doi: 10.1177/0046958017724944
https://doi.org/10.1177/0046958017724944...
).

Na construção da LEB(22 Hui C. Effects of leadership empowerment behaviors and followers personal control, voice, and self-efficacy on n-role performance: an extension and empirical test of Conger and Kanungo´s empowerment process model. 1994. Bloomington, IN: Indiana University; 1994.), foram realizadas análises psicométricas semelhantes às do presente estudo e no escore geral da escala, foi encontrado um alpha de Cronbach de 0,71. Em estudos realizados no Canadá(33 Greco P, Laschinger HK, Wong C. Leader empowering behaviours, staff nurse empowerment and work engagement/burnout. Nurs Leadership. 2006;19(4):41-56. doi: 10.12927/cjnl.2006.18599.
https://doi.org/10.12927/cjnl.2006.18599...
-44 Laschinger HK, Wong C, McMahon L, Kaufmann C. Leader behavior impact on staff nurse empowerment, job tension, and work effectiveness. J Nurs Adm. 1999;29(5):28-39. doi: 10.1097/00005110-199905000-00005
https://doi.org/10.1097/00005110-1999050...
,99 Dahinten VS, Lee SE, MacPhee M. Disentangling the relationships between staff nurses’ workplace empowerment and job satisfaction. J Nurs Manag. 2016 Nov; 24:1060-70. doi: 10.1111/jonm.12407
https://doi.org/10.1111/jonm.12407...
-1010 Havaei F, MacPhee M, Dahinten VS. Psychological Competence: the key to leader empowering behaviors. J Nurs Adm. 2014;44(5):276-283.doi: 10.1097/NNA.0000000000000067.
https://doi.org/10.1097/NNA.000000000000...
), não foram realizadas a versão ou adaptação cultural do LEB, mas a confiabilidade medida por meio do alpha de Cronbach apresentou os seguintes resultados: 0,97(33 Greco P, Laschinger HK, Wong C. Leader empowering behaviours, staff nurse empowerment and work engagement/burnout. Nurs Leadership. 2006;19(4):41-56. doi: 10.12927/cjnl.2006.18599.
https://doi.org/10.12927/cjnl.2006.18599...
), 0,63-0.96(44 Laschinger HK, Wong C, McMahon L, Kaufmann C. Leader behavior impact on staff nurse empowerment, job tension, and work effectiveness. J Nurs Adm. 1999;29(5):28-39. doi: 10.1097/00005110-199905000-00005
https://doi.org/10.1097/00005110-1999050...
), 0,96(99 Dahinten VS, Lee SE, MacPhee M. Disentangling the relationships between staff nurses’ workplace empowerment and job satisfaction. J Nurs Manag. 2016 Nov; 24:1060-70. doi: 10.1111/jonm.12407
https://doi.org/10.1111/jonm.12407...
) e 0,84(99 Dahinten VS, Lee SE, MacPhee M. Disentangling the relationships between staff nurses’ workplace empowerment and job satisfaction. J Nurs Manag. 2016 Nov; 24:1060-70. doi: 10.1111/jonm.12407
https://doi.org/10.1111/jonm.12407...
), demonstrando a consistência interna dessa escala.

A escala LEB foi utilizada em estudos realizados em países onde o inglês não é a língua materna, como o Paquistão(2222 Bukhari N, Afzal M, Azhar M, Gilani SA. The Role of Nursing Leader Empowering Behavior on Work Engagement and Intent to Stay in Hospital. J Health Med Nurs [Internet]. 2018 [cited 2019 Feb 21]:54:40-3. Available from: https://iiste.org/Journals/index.php/JHMN/article/view/44311
https://iiste.org/Journals/index.php/JHM...
) e a Jordânia(2323 Mudallal RH, Othman W, Hassan NFA. Nurses’ burnout: the influence of leader empowering behaviours, work conditions, and demographic traits. J Health Care Org, Provision, Fin. 2017 54:1-10. doi: 10.1177/0046958017724944
https://doi.org/10.1177/0046958017724944...
). No entanto, o estudo no Paquistão não explicitou se foi realizada a versão e adaptação da escala, e somente fez referência a um instrumento que possibilitava conhecer o comportamento do líder para o empoderamento de sua equipe(2323 Mudallal RH, Othman W, Hassan NFA. Nurses’ burnout: the influence of leader empowering behaviours, work conditions, and demographic traits. J Health Care Org, Provision, Fin. 2017 54:1-10. doi: 10.1177/0046958017724944
https://doi.org/10.1177/0046958017724944...
).

A pesquisa na Jordânia não realizou versão e ou adaptação da escala. Os autores informaram que os enfermeiros que responderam o instrumento tinham habilidade para ler e entender inglês e que essa língua é oficial na educação em enfermagem nesse país. A confiabilidade da LEB medida pelo alpha de Cronbach apresentou valores entre 0,89 e 0,95(2323 Mudallal RH, Othman W, Hassan NFA. Nurses’ burnout: the influence of leader empowering behaviours, work conditions, and demographic traits. J Health Care Org, Provision, Fin. 2017 54:1-10. doi: 10.1177/0046958017724944
https://doi.org/10.1177/0046958017724944...
).

No presente estudo, o processo de escolha do instrumento, originalmente em inglês, desencadeou o processo de tradução e adaptação cultural. As diferenças culturais e de linguagem não permitem a realização de uma simples tradução e os aspectos técnicos, linguísticos e semânticos devem ser ponderados(1515 Beaton D, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Recommendations for the cross-cultural adaptation of the DASH & QuickDASH outcome mesures contributors to this document [Internet]. Toronto: Institute for Work & Health; 2007 [cited 2018 Apr 20]. Available from: http://www.dash.iwh.on.ca/sites/dash/files/downloads/cross_cultural_adaptation_2007.pdf
http://www.dash.iwh.on.ca/sites/dash/fil...
).

A análise dos juízes, por meio do cálculo de IVC, permitiu uma análise qualitativa do processo de tradução e consequentemente, a aplicação da escala entre os participantes para a validação do constructo. Ao realizar a equivalência de um instrumento, é recomendado escolher um comitê multidisciplinar para obter a validade semântica, idiomática, cultural e conceitual dos itens entre a versão original e adaptada(1414 Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25(24):3186-91. doi: 10.1097/00007632-200012150-00014
https://doi.org/10.1097/00007632-2000121...
). O presente estudo corrobora a literatura, que indica a composição do comitê por pelo menos um especialista na metodologia do estudo, um profissional de saúde e um profissional com domínio no idioma de origem do instrumento(1515 Beaton D, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Recommendations for the cross-cultural adaptation of the DASH & QuickDASH outcome mesures contributors to this document [Internet]. Toronto: Institute for Work & Health; 2007 [cited 2018 Apr 20]. Available from: http://www.dash.iwh.on.ca/sites/dash/files/downloads/cross_cultural_adaptation_2007.pdf
http://www.dash.iwh.on.ca/sites/dash/fil...
).

A versão produzida pelo consenso de especialistas foi aplicada no pré-teste. Esta é uma fase importante na adaptação transcultural, que visa avaliar a compreensão dos itens do instrumento traduzido e sua aceitabilidade(2424 Aires M, Dal Pizzol FLF, Mocellin D, Rosset I, Morais EP, Paskulin LMG. Cross-cultural adaptation of the Filial Responsibility protocol for use in Brazil. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1268-76. doi: 10.1590/0034-7167-2016-0479
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0...
).

A aplicação da escala na amostra de 272 participantes considerou o preconizado na literatura de dez participantes para cada item do instrumento(1616 Hair Jr JF, Black WC, Babin BJ, Anderson RE, Tatham RL. Multivariate data analysis. 7 ed. New York: Prentice Hall; 2009.).

As características dos participantes do estudo destacaram a faixa etária predominante de enfermeiros de 31 e 40 anos, ocupando cargos de liderança, com pós-graduação lato sensu e stricto sensu (mestrado), trabalhando 40 horas semanais. Essas características são corroboradas por outros estudos com perfil semelhante(2525 Viana RAPP, Vargas MAO, Carmagnani MIS, Tanaka LH, Luz KR, Schmitt PH. Profile of an intensive care nurse in different regions of Brazil. Texto Contexto Enferm. 2014;23(1):151-59. doi: 10.1590/S0104-07072014000100018
https://doi.org/10.1590/S0104-0707201400...
-2626 Silva VLS, Camelo SHH, Soares MI, Resck ZMR, Chaves LDP, Santos FC, et al. Leadership Practices in Hospital Nursing: a self of manager nurses. Rev Esc Enferm USP. 2017;51:e03206. doi: 10.1590/s1980-220x2016099503206
https://doi.org/10.1590/s1980-220x201609...
).

Na análise estatística, considerando respostas do tipo Likert de 1 (discordo fortemente) a 7 (concordo fortemente), a média total das respostas da escala CEL foi de 5.91 e o desvio padrão foi 0.69, constatando um comportamento empoderador, pois quanto mais próximo do 7, mais atributos favoráveis à prática de empoderamento(22 Hui C. Effects of leadership empowerment behaviors and followers personal control, voice, and self-efficacy on n-role performance: an extension and empirical test of Conger and Kanungo´s empowerment process model. 1994. Bloomington, IN: Indiana University; 1994.).

Em dois estudos realizados na região de Ontário, Canadá, o comportamento dos enfermeiros considerados líderes apresentou o LEB com valor médio de 3,69(33 Greco P, Laschinger HK, Wong C. Leader empowering behaviours, staff nurse empowerment and work engagement/burnout. Nurs Leadership. 2006;19(4):41-56. doi: 10.12927/cjnl.2006.18599.
https://doi.org/10.12927/cjnl.2006.18599...
) e 3,79(44 Laschinger HK, Wong C, McMahon L, Kaufmann C. Leader behavior impact on staff nurse empowerment, job tension, and work effectiveness. J Nurs Adm. 1999;29(5):28-39. doi: 10.1097/00005110-199905000-00005
https://doi.org/10.1097/00005110-1999050...
), considerados como empoderamento moderado.

Outro estudo no Canadá, também realizado com enfermeiros, demonstrou que a escala LEB aplicada teve valor médio de 4,84 e possibilitou conhecer o comportamento desenvolvido pelos líderes e associá-lo com empoderamento estrutural, psicológico e satisfação no trabalho. A conclusão foi que o comportamento empoderador do líder influenciou o relacionamento líder-liderados como um aspecto primordial do processo de empoderamento da equipe, com consequente satisfação no ambiente de trabalho(99 Dahinten VS, Lee SE, MacPhee M. Disentangling the relationships between staff nurses’ workplace empowerment and job satisfaction. J Nurs Manag. 2016 Nov; 24:1060-70. doi: 10.1111/jonm.12407
https://doi.org/10.1111/jonm.12407...
).

Na província da Colúmbia Britânica, também no Canadá, a escala LEB foi aplicada e o valor variou conforme as subescalas. A subescala de autonomia em relação à burocracia mostrou o mais baixo escore (3,61) quando comparada com outras subescalas que variaram de 5,50 a 5,95, ou seja, esses escores possibilitaram inferir um adequado comportamento empoderador(1010 Havaei F, MacPhee M, Dahinten VS. Psychological Competence: the key to leader empowering behaviors. J Nurs Adm. 2014;44(5):276-283.doi: 10.1097/NNA.0000000000000067.
https://doi.org/10.1097/NNA.000000000000...
).

No estudo realizado na Jordânia(2323 Mudallal RH, Othman W, Hassan NFA. Nurses’ burnout: the influence of leader empowering behaviours, work conditions, and demographic traits. J Health Care Org, Provision, Fin. 2017 54:1-10. doi: 10.1177/0046958017724944
https://doi.org/10.1177/0046958017724944...
), a escala LEB foi associada com burnout e demonstrou que os enfermeiros nesse país sofrem altos níveis de burnout, refletido nas associações entre exaustão emocional e despersonalização. A conclusão foi que enfermeiros empoderados reduzem seus sentimentos de burnout, demonstrando a importância do papel do líder no ambiente de trabalho da enfermagem.

A significância da escala LEB merece destaque ao relacionar o engajamento dos enfermeiros no trabalho com sua intenção em permanecer nesse trabalho. Fica evidente que o comportamento empoderador possibilita a adaptação dos enfermeiros às rápidas mudanças que ocorrem no complexo ambiente de cuidado em saúde. Em conclusão, os líderes têm papel primordial no empoderamento da equipe e na influência positiva que exercem sobre o engajamento e permanência no trabalho desta equipe, assegurando melhores resultados para a organização e os pacientes(2222 Bukhari N, Afzal M, Azhar M, Gilani SA. The Role of Nursing Leader Empowering Behavior on Work Engagement and Intent to Stay in Hospital. J Health Med Nurs [Internet]. 2018 [cited 2019 Feb 21]:54:40-3. Available from: https://iiste.org/Journals/index.php/JHMN/article/view/44311
https://iiste.org/Journals/index.php/JHM...
).

A análise psicométrica possibilitou o rearranjo dos domínios da escala. Conforme estabelecido na literatura, a medida psicométrica tem o pressuposto da validação para oferecer confiabilidade(2727 Pasquali L. Psychometrics. Rev Esc Enferm USP. 2009;43(Esp.):992-999. doi: 10.1590/S0080-62342009000500002
https://doi.org/10.1590/S0080-6234200900...
). Portanto, validar um instrumento constitui estudar duas características fundamentais: confiabilidade e validade(2828 DeVellis RF. Scale development theory and applications. 4ed. Los Angeles: Sage, 2017.).

A utilização da MSA possibilitou um consenso a respeito dos itens que deveriam compor a matriz de análise. Foi constatado que os fatores não se agruparam de forma idêntica ao original. Em seguida, veio a AFE, confirmando a existência de quatro fatores/domínios, ao invés de cinco, como a estrutura original da escala LEB em inglês.

Através da análise fatorial, foi possível explicar a correlação ou covariância entre as variáveis e reduzir uma grande quantidade de variáveis observadas em um número menor de fatores. O percentual de variância explicada de 62% demonstrou um bom ajuste na análise de dados. Quanto maior o percentual de variância que um modelo proposto consegue explicar, mais válido o modelo parece ser(2020 Figueiredo DB. Uses of exploratory factorial analysis in psychology. Aval Psicol [Internet]. 2012 [cited Mar 29 2018] 11(2):213-228. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v11n2/v11n2a07.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v11n2/...
).

A confiabilidade calculada a partir do coeficiente alfa de Cronbach para os quatro domínios do instrumento composto por 21 itens variou de 0,82 a 0,87, o que indica uma boa consistência interna(2121 Cronbach JL. Coefficient alpha and the internal structure of tests. Psychometrika [Internet]. 1951 [cited Nov 10 2017] 16(3):297-334. Available from: https://pdfs.semanticscholar.org/e985/ac2e151903000cac310ffbc5b2cb4fbb9dd5.pdf
https://pdfs.semanticscholar.org/e985/ac...
).

A escala aplicada permitiu a autoavaliação de enfermeiros assistenciais e gerentes, já que todos desenvolvem papéis de liderança nas diversas composições das equipes de saúde. Uma equipe de saúde composta por profissionais com comportamento empoderador pode convergir para o cuidado com qualidade, aumento da satisfação(66 Wagner JI, Warren S, Cummings G, Smith DL, Olson JK. Resonant leadership, workplace empowerment, and "spirit at work": impact on registered nurses job satisfaction and organizational commitment. Can J Nurs Res. 2013;45(4):108-28. doi: 10.1177/084456211304500409
https://doi.org/10.1177/0844562113045004...
-77 Asiri SA, Rohrer WW, Al-Surimi K, Da’ar OO, Ahmed A. The association of leadership styles and empowerment with nurses’ organizational commitment in an acute health care setting: a cross-sectional study. BMC Nurs. 2016;15:38. doi: 10.1186/s12912-016-0161-7
https://doi.org/10.1186/s12912-016-0161-...
) e compromisso profissional(88 Yong-Sook E, Young-Hae K, Nae-Young L. Path analysis of empowerment and work effectiveness among staff nurses. Asian Nurs Res. 2014;8:42-48. doi: 10.1016/j.anr.2014.02.001
https://doi.org/10.1016/j.anr.2014.02.00...
-99 Dahinten VS, Lee SE, MacPhee M. Disentangling the relationships between staff nurses’ workplace empowerment and job satisfaction. J Nurs Manag. 2016 Nov; 24:1060-70. doi: 10.1111/jonm.12407
https://doi.org/10.1111/jonm.12407...
).

Limitação do estudo

Embora o estudo tenha sido realizado em uma amostra que contemplou o referencial de dez participantes para cada item do instrumento, uma amostra maior possibilitaria análises estatísticas mais robustas.

Contribuições para a área de Enfermagem e saúde

O estudo fornece subsídios para conhecer o comportamento do líder em empoderar sua equipe por meio de um instrumento autoaplicável, que permite a reflexão de líderes e liderados sobre os atributos necessários para o desempenho das atividades profissionais.

Além disso, a escala CEL pode ser utilizada não apenas na área de enfermagem, mas também no contexto da prática interprofissional em saúde.

Nos estudos internacionais, a escala é amplamente utilizada em correlações com outros fatores no ambiente de trabalho, e no contexto brasileiro, ela pode ser usada de maneira similar.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos na adaptação e validação da escala CEL ofereceram evidências da validade de sua utilização como ferramenta, ao considerar o comportamento empoderador um modelo de estratégia inovador de gestão em saúde.

Os participantes do estudo apresentaram comportamento empoderador, pois a média geral da escala CEL foi de 5,56, próximo aos sete pontos da escala que constata esse comportamento.

A escala LEB, desenvolvida originalmente na língua inglesa, foi culturalmente adaptada em uma amostra de enfermeiros e seguiu as etapas preconizadas no referencial metodológico adotado. A validade de conteúdo foi mantida, de acordo com avaliação do comitê de especialistas, o valor de alfa de Cronbach foi adequado, e por meio de ajustes na AFE, houve mudanças na estrutura inicialmente adotada, passando a ter quatro domínios e 21 itens.

O processo de tradução e validação tornou disponível um instrumento para avaliar comportamentos empoderadores dos líderes. Ao considerar o cenário e amostra em que foi empregado, a avaliação do seu uso na prática depende da condução de novos estudos em diferentes contextos e realidades com a finalidade de consolidar o processo de validação da referida escala.

FOMENTO/AGRADECIMENTO

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq - Processo: 304169/2018-8.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Hugo Fernandes

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Jul 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    04 Mar 2019
  • Aceito
    02 Dez 2019
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