Acessibilidade / Reportar erro

Participação social e autonomia pessoal de indivíduos com lesão medular

RESUMO

Objetivo:

Investigar, a partir da literatura, evidências acerca da participação social e autonomia pessoal de indivíduos com lesão medular.

Método:

Revisão integrativa incluindo estudos publicados entre janeiro de 2006 e setembro de 2016 obtidos nas bases PubMed, CINAHL e LILACS. Definiu-se como questão norteadora: "Quais são as evidências disponibilizadas na literatura científica acerca da participação social e/ou da autonomia pessoal de indivíduos com lesão medular?". Os dados foram processados pelo IRaMuTeQ e analisados pela Classificação Hierárquica Descendente em conformidade com a expertise dos pesquisadores no tema.

Resultados:

Seis estudos selecionados discorreram sobre a participação social, um sobre a autonomia pessoal e dois sobre ambas. Foram retidos 107 segmentos de texto, resultando na formação de cinco classes.

Conclusão:

Há pouca especificidade em relação às características da participação social e da autonomia pessoal de indivíduos com lesão medular. A existência de barreiras obriga-os a adotar táticas para participar de forma autônoma.

Descritores:
Participação da Comunidade; Participação Social; Autonomia Pessoal; Traumatismos da Medula Espinhal; Reabilitação

ABSTRACT

Objective:

To investigate, based on scientific literature, evidence on social participation and personal autonomy of individuals with spinal cord injury.

Method:

Integrative review of the literature including studies published between January 2006 and September 2016, obtained in the databases PubMed, CINAHL and LILACS. The guiding question was: "What evidence is available in the scientific literature about the social participation and/or personal autonomy of individuals with spinal cord injury?" The data were processed by IRaMuTeQ and analyzed by the Hierarchical Descending Classification, according to the expertise of the researchers.

Results:

Six selected studies discussed social participation, one discussed personal autonomy and two discussed both. 107 text segments were retained and gave rise to five classes.

Conclusion:

There is little specificity regarding the characteristics of social participation and personal autonomy of individuals with spinal cord injury. The existence of barriers forces them to adopt strategies to participate autonomously.

Descriptors:
Community Participation; Social Participation; Personal Autonomy; Spinal Cord Injuries; Rehabilitation

RESUMEN

Objetivo:

Investigar, a partir de la literatura, evidencias sobre la participación social y la autonomía personal de individuos con lesión medular.

Método:

Se trata de una revisión integradora que incluye estudios publicados entre enero de 2006 y septiembre de 2016, obtenidos en las bases PubMed, CINAHL y LILACS. Se definió como pregunta directriz: "¿Cuáles son las evidencias disponibles en la literatura científica acerca de la participación social y/o de la autonomía personal de individuos con lesión medular?" Los datos se procesaron con el IRaMuTeQ y se analizaron mediante la Clasificación Jerárquica Descendiente de acuerdo con la experticia de los investigadores del tema.

Resultados:

Se seleccionaron seis estudios que discurrían sobre la participación social, uno que trataba sobre la autonomía personal y dos, sobre ambas. Se retuvieron 107 segmentos de textos, lo que derivó en la formación de cinco clases.

Conclusión

Es evidente la falta de datos específicos sobre las características de la participación social y de la autonomía personal de individuos con lesión medular. La existencia de estas barreras los obliga a adoptar tácticas para participar de forma autónoma.

Descriptores:
Participación de la Comunidad; Participación Social; Autonomía Personal; Traumatismos de la Médula Espinal; Rehabilitación

INTRODUÇÃO

A lesão medular (LM) consiste em agravo que causa impacto significativo ao indivíduo, à sua família e à sociedade. Compromete 25,5 milhões de indivíduos/ano em países em desenvolvimento, ocorrendo prioritariamente em indivíduos do sexo masculino (82,8%) com idade média de 32,4 anos(11 Rahimi-Movaghar V, Sayyah MK, Akbari H, Khorramirouz R, Rasouli MR, Moradi-Lakeh M, et al. Epidemiology of traumatic spinal cord injury in developing countries: a systematic review. Neuroepidemiology. 2013;41(2):65-85. doi: 10.1159/000350710.
https://doi.org/10.1159/000350710...
). No Brasil, LM decorrente de traumas acomete entre 16 e 26 casos por um milhão de habitantes ao ano, correspondendo 84% delas ao sexo masculino com idade média de 34,7 anos(22 Botelho RV, Albuquerque LDG, Batiamello R, Arantes AA. Epidemiology of traumatic spinal injuries in Brazil: systematic review. Arq Bras Neurocir. 2014;33(2):100-6. doi:10.1055/s-0038-1626255.
https://doi.org/10.1055/s-0038-1626255...
). Associa-se a complicações das funções motoras, sensoriais, autonômicas, além de danos emocionais e psicossociais, deficitária atividade profissional e financeira e participação comunitária do indivíduo(33 Sezer N, Akkus S, Ugurlu FG. Chronic complications of spinal cord injury. World J Orthop [Internet]. 2015;6(1):24-33. doi:10.5312/wjo.v6.i1.24.
https://doi.org/10.5312/wjo.v6.i1.24...
). Tais complicações conduzem o indivíduo a utilizar de estratégias que o possibilitem enfrentar a lesão(44 Babanouhamadi H, Negarandeh R, Dehghan-Nayeri N. Coping strategies used by people with spinal cord injury: a qualitative study. Spinal Cord. 2011;49(7):832-7. doi:10.1038/sc.2011.10.
https://doi.org/10.1038/sc.2011.10...
).

A participação, comumente afetada pela LM, consiste no envolvimento em uma situação da vida, conforme postulado pela Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS)(55 WHO. International Classification of Functioning, Disability and Health: children & youth version: ICF-CY. Geneva: World Heath Organization; 2007 [cited 2018 Oct 28]. 351 p. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43737/9789241547321_eng.pdf;jsessionid=BC717D989AE1D38BA9C9DD5712671DC2?sequence=1
http://apps.who.int/iris/bitstream/handl...
), sendo apresentada em uma lista de nove capítulos, distribuídos em aprendizagem e aplicação de conhecimentos, demandas e tarefas em geral, comunicação, mobilidade, autocuidado, vida doméstica, relacionamentos e interações interpessoais, áreas principais da vida, vida comunitária, social e cívica(55 WHO. International Classification of Functioning, Disability and Health: children & youth version: ICF-CY. Geneva: World Heath Organization; 2007 [cited 2018 Oct 28]. 351 p. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43737/9789241547321_eng.pdf;jsessionid=BC717D989AE1D38BA9C9DD5712671DC2?sequence=1
http://apps.who.int/iris/bitstream/handl...
-66 Chung P, Yun SJ, Khan F. A comparison of participation outcome measures and the International Classification of Functioning, Disability and Health core sets for traumatic brain injury. J Rehabil Med. 2014;46(2):108-16. doi: 10.2340/16501977-1257.
https://doi.org/10.2340/16501977-1257...
). Trata-se de um termo usualmente composto por advérbios que esclarecem um sentido exato e propiciam interpretações diferentes, como participação social, participação na sociedade e participação societária(77 Cardol M, Jong BA, Ward CD. On autonomy and participation in rehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2002 [cited 2018 Apr 10];24(18):970-4. Available from: https://doi.org/10.1080/09638280210151996
https://doi.org/10.1080/0963828021015199...
-88 Hästbacka E, Nygård, Nyqvist F. Barriers and facilitators to societal participation of people with disabilities: A scoping review of studies concerning European countries. Eur J Disability Res [Internet]. 2010 [cited 2018 Apr 10];10(3):201-20. Available from: https://dx.doi.org/10.1016/j.alter.2016.02.002
https://dx.doi.org/10.1016/j.alter.2016....
).

Obstáculos que dificultam ou impossibilitam o indivíduo a participar são pontuados pela literatura científica, tais como declínio funcional, comorbidades crônicas, abordagem paternalista e atitude negativista das pessoas, falta de clareza quanto aos objetivos a serem alcançados, e não ocorrência de desemprego, fato este que gera diminuição da autossuficiência econômica e consequente ônus social(99 Van de Ven L, Post M, Witte L, Van de Heuvel W. Strategies for autonomy used by people with cervical spinal cord injury: a qualitative study. Disabil Rehabil [Internet]. 2008[cited 2018 Apr 10]; 30(4):249-60. Available from: https://dx.doi.org/10.1080/09638280701265687
https://dx.doi.org/10.1080/0963828070126...

10 Mars G. Measuring personal autonomy and social participation in older adults with a chronic physical illness. Maastricht (NL): Universitaire Pers Maastricht; 2013 [cited 2018 Oct 28]. Available from: https://cris.maastrichtuniversity.nl/portal/files/1087476/guid-40e45ac6-3799-42b2-ae04-7f7a14b320b5-ASSET1.0
https://cris.maastrichtuniversity.nl/por...

11 Kubina LA, Dubouloz CJ, Davis CG, Kessler D, Egan MY. The process of re-engagement in personally valued activities during the two years following stroke. Disabil Rehabil [Internet]. 2013 [cited 2018 Apr 10]; 35(3):236-43. Available from: doi: 10.3109/09638288.2012.691936
https://doi.org/10.3109/09638288.2012.69...
-1212 Silva FCM, Sampaio, RF, Ferreira FR, Camargos VP, Neves JA. Influence of context in social participation of people with disabilities in Brazil. Rev Panam Salud Pública [Internet]. 2013 [cited 2018 Apr 10]; 34(4):250-6. Available from: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/2013.v34n4/250-256/en
http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/2013.v3...
).

A autonomia pode similarmente se mostrar comprometida no indivíduo acometido pela LM. Esse léxico se relaciona à liberdade, privacidade, escolha individual e vontade do indivíduo(1111 Kubina LA, Dubouloz CJ, Davis CG, Kessler D, Egan MY. The process of re-engagement in personally valued activities during the two years following stroke. Disabil Rehabil [Internet]. 2013 [cited 2018 Apr 10]; 35(3):236-43. Available from: doi: 10.3109/09638288.2012.691936
https://doi.org/10.3109/09638288.2012.69...
). Atuar de forma autônoma usualmente ocorre por meio da constante adaptação das intenções do indivíduo em relação às oportunidades e limitações encontradas em sua interação com o mundo(1010 Mars G. Measuring personal autonomy and social participation in older adults with a chronic physical illness. Maastricht (NL): Universitaire Pers Maastricht; 2013 [cited 2018 Oct 28]. Available from: https://cris.maastrichtuniversity.nl/portal/files/1087476/guid-40e45ac6-3799-42b2-ae04-7f7a14b320b5-ASSET1.0
https://cris.maastrichtuniversity.nl/por...
). O termo, comumente referido na literatura como independência(99 Van de Ven L, Post M, Witte L, Van de Heuvel W. Strategies for autonomy used by people with cervical spinal cord injury: a qualitative study. Disabil Rehabil [Internet]. 2008[cited 2018 Apr 10]; 30(4):249-60. Available from: https://dx.doi.org/10.1080/09638280701265687
https://dx.doi.org/10.1080/0963828070126...
,1313 Amsters D, Duncan J, Field V, Smales A, Zillmann L, Kendall M, et al. Determinants of participating in life after spinal cord injury - advice for health professionals arising from an examination of shared narratives. Disabil Rehabil [Internet]. 2017 [cited 2018 Apr 10]; 23:1-11. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638288.2017.1367425
http://dx.doi.org/10.1080/09638288.2017....
), atrela-se a ideias carregadas de valores que diferem entre pessoas, grupos sociais e culturas(77 Cardol M, Jong BA, Ward CD. On autonomy and participation in rehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2002 [cited 2018 Apr 10];24(18):970-4. Available from: https://doi.org/10.1080/09638280210151996
https://doi.org/10.1080/0963828021015199...
). Assim como ocorre na participação, a deficiência acarretada pela lesão pode vir a restringir a autonomia do indivíduo(77 Cardol M, Jong BA, Ward CD. On autonomy and participation in rehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2002 [cited 2018 Apr 10];24(18):970-4. Available from: https://doi.org/10.1080/09638280210151996
https://doi.org/10.1080/0963828021015199...
).

Observa-se uma relação entre participação e autonomia, uma vez que atuar de forma autônoma consiste em um pré-requisito para que o indivíduo participe, configurando em conexão que corresponde a um conceito-chave para a reabilitação centrada no indivíduo(77 Cardol M, Jong BA, Ward CD. On autonomy and participation in rehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2002 [cited 2018 Apr 10];24(18):970-4. Available from: https://doi.org/10.1080/09638280210151996
https://doi.org/10.1080/0963828021015199...
).

O resgate da participação social e autonomia pessoal é um item fundamental na reinserção do indivíduo com LM em seu meio social e, consequentemente, produtivo. Para tanto, torna-se necessário que o profissional de reabilitação domine tais termos, fato que lhe propiciará auxiliar o indivíduo com LM em sua plena reabilitação, considerando sua atual condição biopsicossocial.

OBJETIVO

Investigar, a partir da literatura, as evidências acerca da participação social e autonomia pessoal de indivíduos com lesão medular.

MÉTODO

Trata-se de uma revisão integrativa, método que permite reunir a literatura teórica e empírica, bem como pesquisas com diferentes abordagens metodológicas, a fim de sintetizar informações sobre determinado assunto de interesse(1414 Whittemore R, Knafl K. The integrative review: updated methodology. J Adv Nurs [Internet]. 2005 [cited 2018 Apr 10];52(5):546-53. Available from: https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2005.03621.x
https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2005...
). Para tal, foram seguidos seis estágios: identificação do tema e seleção da questão de pesquisa, estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos, definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados, avaliação dos estudos incluídos, interpretação dos resultados e, por fim, apresentação da revisão/síntese do conhecimento(1515 Mendes KS, Silveira RCCP, Galvão CM. Integrative literature review: a research method to incorporate evidence in health care and nursing. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2008 [cited 2018 Apr 10]; 17(4):758-64. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072008...
). A pergunta que norteou este estudo foi: "Quais são as evidências disponibilizadas na literatura científica acerca da participação social e/ou da autonomia pessoal de indivíduos com lesão medular?".

Foram incluídos estudos primários em inglês, espanhol e português, independentemente do desenho metodológico, publicados entre janeiro de 2006 e dezembro de 2016. Esse recorte temporal se deu visto que há poucos estudos que analisam como as pessoas com LM percebem o papel que a participação social e a autonomia pessoal, conforme preconizadas pela CIF, desempenham em suas vidas(1616 Piatt JA, Puymbroeck M, Zahl M, Rosenbluth JP, Wells MS. Examining how the perception of health can impact participation and autonomy among adults with spinal cord injury. Top Spinal Cord Inj Rehabil. 2016;22(3):165-72. doi:10.1310/sci2203-165
https://doi.org/10.1310/sci2203-165...
). A estratégia de busca foi aplicada nas bases de dados eletrônicas no dia 17 de setembro de 2016 e atualizada em 05 de junho de 2018.

As publicações foram obtidas a partir das bases de dados National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS). Utilizaram-se descritores controlados (Medical Subject Headings/MeSH, CINAHL/MeSH Headings e Descritores em Ciências da Saúde/DeCS) e não controlados (Entry Terms e Sinônimos Português). Os navegadores booleanos OR e AND foram adotados visando obter o maior número de estudos sobre a temática, conforme se segue:

  • PubMed: Social Participation OR Participation, Community OR Participation, Social OR Participation AND Personal Autonomy OR Autonomy, Personal OR Autonomy OR Self Determination OR Free Will AND Spinal Cord Injuries OR Spinal Cord Diseases OR Spinal Cord Injury.

  • CINAHL: Social Participation OR Participation AND Autonomy OR Personal Autonomy AND Spinal Cord Injury OR Spinal Cord Compression OR Spinal Cord Neoplasms OR Spinal Cord Diseases OR Central Cord Syndrome.

  • LILACS: Participação Social OR Participação AND Autonomia Pessoal OR Autonomia OR Independência OR Autoderminação OR Liberdade de Escolha OR Liberdade OR Liberdade Funcional AND Traumatismos da Medula Espinal OR Degenerações Espinocerebelares OR Doenças Vasculares da Medula Espinal OR Traumatismos da Medula Espinal OR Neoplasias da Medula Espinal OR Compressão da Medula Espinal OR Lesão da Medula Espinal OR Lesão Medular.

Considerando que os termos participação social e autonomia pessoal são amplamente conceituados pela literatura científica, os autores adotaram a definição da participação proposta pela OMS(55 WHO. International Classification of Functioning, Disability and Health: children & youth version: ICF-CY. Geneva: World Heath Organization; 2007 [cited 2018 Oct 28]. 351 p. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43737/9789241547321_eng.pdf;jsessionid=BC717D989AE1D38BA9C9DD5712671DC2?sequence=1
http://apps.who.int/iris/bitstream/handl...
) e da autonomia preconizada por Cardol, de Jong e Ward(77 Cardol M, Jong BA, Ward CD. On autonomy and participation in rehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2002 [cited 2018 Apr 10];24(18):970-4. Available from: https://doi.org/10.1080/09638280210151996
https://doi.org/10.1080/0963828021015199...
).

A seleção dos estudos foi realizada em concordância à metodologia Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyses (PRISMA). Estudos repetidos em mais de uma base de dados foram considerados apenas uma vez (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma do processo de seleção dos estudos primários adaptado de acordo com o PRISMA

Após obtenção das publicações, foi realizada leitura dos títulos e resumos das publicações elegíveis a fim de verificar aquelas que não constituíam estudos primários, isto é, revisões, estudos de caso, teses/dissertações/monografias, anais de eventos, respostas a cartas ao editor, citações e editoriais. Procedeu-se à leitura exaustiva dos estudos primários visando selecionar aqueles que respondiam à pergunta norteadora proposta, os quais compuseram a amostra deste estudo.

Todo o processo foi analisado por dois autores independentes. Para análise das publicações selecionadas, foram incluídos apenas os estudos primários em que houve 100% de concordância inicial na seleção ou na solução de discrepâncias. Os dados foram compilados em um roteiro estruturado pelos autores com base no instrumento elaborado e validado por Ursi(1717 Ursi ES, Galvão CM. [Perioperative prevention of skin injury: an integrative literature review]. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2006[cited 2018 Apr 10];14(1):124-31. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692006000100017. Portuguese.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692006...
). Os seguintes elementos foram considerados: local e população, objetivo(s) e resultado(s) do estudo.

O processamento dos dados textuais foi realizado por meio do software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRaMuTeQ), versão 0.7 alpha 2, amplamente empregado na literatura científica, que permite a análise estatística de corpus de texto(1818 Queiroz AAFLN, Sousa AFL. [PrEP Forum: an on-line debate on pre-exposure prophylaxis in Brazil]. Cad Saúde Pública [Internet]. 2017 [cited 2018 Jun 19];33(11):e00112516. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00112516. Portuguese.
http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00112...

19 Sousa AFL, Queiroz AAFLN, Oliveira LB, Valle ARMC, Moura MEB. Social representations of community-acquired infection by primary care professionals. Acta Paul Enferm [Internet]. 2015 [cited 2018 June 13]; 28(5): 454-59. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201500076
http://dx.doi.org/10.1590/1982-019420150...
-2020 Lowen IMV, Peres AM, Crozeta K, Bernardino E, Beck CLC. Managerial nursing competencies in the expansion of the Family Health Strategy. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2015 [cited 2018 June 13]; 49(6):967-73. Available from: doi:10.1590/S0080-623420150000600013
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201500...
).

Para formação do corpus textual, consideraram-se as contribuições originais dos estudos primários, retiradas das suas discussão e conclusão. Os achados do processamento foram cuidadosamente analisados pelos autores, subsidiados na classificação hierárquica descendente (CHD), segundo a qual os textos são classificados em função de seus respectivos vocábulos e o conjunto deles divide-se pela frequência das formas reduzidas(2121 Rodrigues PS, Sousa AFL, Magro MCS, Andrade D, Hermann PRS. Occupational accidents among nursing professionals working in critical units of an emergency service. Esc Anna Nery [Internet]. 2017 [cited 2018 June 24];21(2):e20170040. Available from: http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20170040
http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.2017...
).

Foram obtidas classes de segmentos de texto que apresentaram vocabulários semelhantes entre si e diferentes dos segmentos das outras classes. Por meio da CHD, assim, as palavras foram organizadas em um dendrograma, que representou a quantidade e composição léxica das classes a partir do agrupamento dos termos(2222 Camargo BV, Justo AM. IRAMUTEQ: a free software for analysis of textual data. Temas Psicol. 2013;21(2):513-8. doi:10.9788/TP2013.2-16
https://doi.org/10.9788/TP2013.2-16...
).

Para configuração das classes, os autores consideraram os léxicos com frequência maior que o dobro da média de ocorrências no corpus e cujo qui-quadrado (χ2) exibiu valor de significância p ≤ 0,01, que, conforme a Escala de Significância de Fisher, corresponde à evidência forte(2323 Fisher RA. Statistical methods for research workers. 14th ed. New York: Oliver & Boyd; 1970. 362 p.).

RESULTADOS

Foram inicialmente identificadas 155 publicações, sendo 35 repetidas em outras bases. Posteriormente à leitura de títulos e resumos, consideraram-se 102 estudos primários para leitura integral. Após análise daqueles que respondiam à pergunta inicialmente proposta, nove compreenderam a amostra deste estudo.

Dentre os estudos primários que compuseram esta revisão integrativa, oito encontraram-se disponíveis na PubMed e um na CINAHL. Seis deles discorreram apenas sobre a participação social do indivíduo com LM(2424 Ide-Okoche A, Yamazaki Y, Tadaka E, Fujimura K, Kusunaga T. Illness experience of adults with cervical spinal cord injury in Japan: a qualitative investigation. BMC Public Health [Internet]. 2013 [cited 2018 Apr 10];13(69):2-10. Available from: https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-69
https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-69...

25 Kuipers P, Kendall MB, Amster D, Pershouse K, Schuurs S. Descriptions of community by people with spinal cord injuries: concepts to inform community integration and community rehabilitation. Int J Rehabil Res [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 10];34(2):167-74. Available from: http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e3283460e39
http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e3283...

26 Van de Velde D, Bracke P, Hove G, Josephsson S, Vanderstraeten G. Perceived participation, experiences from persons with spinal cord injury in their transition period from hospital to home. Int J Rehabil Res [Internet]. 2010 [cited 2018 Apr 10];33(4):346-55. Available from: http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e32833cdf2a
http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e3283...

27 Chen Y, Anderson CJ, Vogel LC, Chlan KM, Betz RR, Craig MM. Change in life satisfaction of adults with pediatric-onset spinal cord injury. Arch Phys Med Rehabil [Internet]. 2008 [cited 2018 Apr 10];89(12):2285-92. Available from: https://doi.org/10.1016/j.apmr.2008.06.008
https://doi.org/10.1016/j.apmr.2008.06.0...

28 Isaksson G, Josephsson S, Lexell J, Skär L. To regain participation in occupations through human encounters - narratives from women with spinal cord injury. Disabil Rehabil [Internet]. 2007 [cited 2018 Apr 10];29(22):1679-88. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056061
http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056...
-2929 Kennedy P, Lude P, Taylor N. Quality of life, social participation, appraisals and coping post spinal cord injury: a review of four community samples. Spinal Cord. 2006;44(2):95-105. Available from: doi:10.1038/sj.sc.3101787
https://doi.org/10.1038/sj.sc.3101787...
), um teve como foco exclusivamente a autonomia pessoal(3030 Van de Velde D, Bracke P, Hove G, Josephsson S, Devisch I, Vanderstraeten G. The illusion and the paradox of being autonomous, experiences from persons with spinal cord injury in their transition period from hospital to home. Disability & Rehabilitation [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 10];34(6):491-502. Available from: http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011.608149
http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011....
) e dois abrangeram ambas(3131 Craig A, Nicholson PK, Guest R, Tran Y, Middleton J. Adjustment following chronic spinal cord injury: Determining factors that contribute to social participation. Br J Health Psychol [Internet]. 2015 [cited 2018 Apr 10];20(4):807-23. Available from: https://doi.org/10.1111/bjhp.12143
https://doi.org/10.1111/bjhp.12143...
-3232 Ripat JD, Woodgate RL. Self-perceived participation among adults with spinal cord injury: a grounded theory study. Spinal Cord. 2012;50(12):908-14. doi:10.1038/sc.2012.77
https://doi.org/10.1038/sc.2012.77...
) (Quadro 1).

Quadro 1
Caracterização dos estudos primários incluídos no estudo

Os resultados dos estudos primários apresentados no Quadro 1 foram formatados em um corpus textual e analisados pela CHD. O conteúdo do corpus reconhecido pelo IRaMuTeQ foi composto por textos que continham 940 palavras indicadoras de sentido que ocorreram 5079 vezes. Foram analisados 139 segmentos de texto, dos quais foram retidos 107, correspondendo um aproveitamento total de 76,98%.

Mediante o processamento, emergiram cinco classes, subdivididas e agrupadas segundo correlação entre elas, que se relacionaram a aspectos relativos à participação e à autonomia do indivíduo com LM (Figura 2).

Figura 2
Estrutura temática da participação social e autonomia pessoal do indivíduo com lesão medular conforme a Classificação Hierárquica Descendente

Nota: UCE: Unidades de Contexto Elementar; χ2**: Valores de qui-quadrado estatisticamente significativos (p ≤ 0,01).


Por meio da Figura 2, é possível observar a importância do profissional de reabilitação no processo da autonomia do indivíduo com LM, uma vez que o empodera a controlar seus ideais por si próprio. Apesar de haver um paradoxo entre os termos autonomia e independência, ser autônomo, conforme conceituado pelo indivíduo com LM, corresponde a escolher por si próprio ou delegar a terceiros o que fazer. Ao refletir sobre os vocábulos participação e autonomia, é remetida ao indivíduo com LM a ideia do retorno ao meio comunitário familiar, fato que o faz se sentir seguro para ser reincluído e, consequentemente, participar. Para participar de forma autônoma, o indivíduo com LM relata ser necessário adotar estratégias, uma vez que são observados facilitadores e barreiras para fazê-lo. Ao participar de forma autônoma, são utilizados léxicos que remetem à noção da necessidade de adotar estratégias e negociações.

DISCUSSÃO

A promoção da autonomia pela reabilitação do indivíduo com LM é observada nos estudos primários que assinalam como o profissional de reabilitação permite o indivíduo explorar seus próprios interesses da forma como deseja, coopera para que se desconecte do que considera ser o ideal de independência, como um pré-requisito de autonomia(77 Cardol M, Jong BA, Ward CD. On autonomy and participation in rehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2002 [cited 2018 Apr 10];24(18):970-4. Available from: https://doi.org/10.1080/09638280210151996
https://doi.org/10.1080/0963828021015199...
,3131 Craig A, Nicholson PK, Guest R, Tran Y, Middleton J. Adjustment following chronic spinal cord injury: Determining factors that contribute to social participation. Br J Health Psychol [Internet]. 2015 [cited 2018 Apr 10];20(4):807-23. Available from: https://doi.org/10.1111/bjhp.12143
https://doi.org/10.1111/bjhp.12143...
), além de auxiliá-lo a assumir o controle de seu meio ambiente e de encorajá-lo a desenvolver estratégias para superar possíveis obstáculos advindos da LM(77 Cardol M, Jong BA, Ward CD. On autonomy and participation in rehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2002 [cited 2018 Apr 10];24(18):970-4. Available from: https://doi.org/10.1080/09638280210151996
https://doi.org/10.1080/0963828021015199...
,2525 Kuipers P, Kendall MB, Amster D, Pershouse K, Schuurs S. Descriptions of community by people with spinal cord injuries: concepts to inform community integration and community rehabilitation. Int J Rehabil Res [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 10];34(2):167-74. Available from: http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e3283460e39
http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e3283...
,2828 Isaksson G, Josephsson S, Lexell J, Skär L. To regain participation in occupations through human encounters - narratives from women with spinal cord injury. Disabil Rehabil [Internet]. 2007 [cited 2018 Apr 10];29(22):1679-88. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056061
http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056...
).

Descobrimos ser o objetivo final da reabilitação a recuperação e a retenção do maior nível possível de autonomia do indivíduo a fim de maximizar sua participação. O papel e a eficiência da reabilitação na autonomia de indivíduos deficientes são destacados ao se pontuar que o profissional de reabilitação se atenha em manter a autonomia de tais indivíduos ao zelar pela participação em atividades por eles valorizadas, em velar pela satisfação de suas necessidades pessoais, sociais e relacionadas à saúde e em cooperar para a diminuição dos vários sinais limitadores das doenças nas atividades sociais(66 Chung P, Yun SJ, Khan F. A comparison of participation outcome measures and the International Classification of Functioning, Disability and Health core sets for traumatic brain injury. J Rehabil Med. 2014;46(2):108-16. doi: 10.2340/16501977-1257.
https://doi.org/10.2340/16501977-1257...
,1111 Kubina LA, Dubouloz CJ, Davis CG, Kessler D, Egan MY. The process of re-engagement in personally valued activities during the two years following stroke. Disabil Rehabil [Internet]. 2013 [cited 2018 Apr 10]; 35(3):236-43. Available from: doi: 10.3109/09638288.2012.691936
https://doi.org/10.3109/09638288.2012.69...
,1313 Amsters D, Duncan J, Field V, Smales A, Zillmann L, Kendall M, et al. Determinants of participating in life after spinal cord injury - advice for health professionals arising from an examination of shared narratives. Disabil Rehabil [Internet]. 2017 [cited 2018 Apr 10]; 23:1-11. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638288.2017.1367425
http://dx.doi.org/10.1080/09638288.2017....
).

Conforme pontuado pelos artigos, ao referirem-se à autonomia, indivíduos com LM utilizam termos como participação, independência, autodeterminação, identificação, liberdade do controle da restrição externa, oportunidade de escolher as atividades a serem realizadas e capacidade de realmente desempenhar a atividade por si próprio a partir da não existência de barreiras ambientais quando da aceitação de delegar o ato do fazer a outros indivíduos(99 Van de Ven L, Post M, Witte L, Van de Heuvel W. Strategies for autonomy used by people with cervical spinal cord injury: a qualitative study. Disabil Rehabil [Internet]. 2008[cited 2018 Apr 10]; 30(4):249-60. Available from: https://dx.doi.org/10.1080/09638280701265687
https://dx.doi.org/10.1080/0963828070126...
,3030 Van de Velde D, Bracke P, Hove G, Josephsson S, Devisch I, Vanderstraeten G. The illusion and the paradox of being autonomous, experiences from persons with spinal cord injury in their transition period from hospital to home. Disability & Rehabilitation [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 10];34(6):491-502. Available from: http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011.608149
http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011....
). Observamos, com isso, que a vastidão de vocábulos utilizados para definir a autonomia ilustra o não esclarecimento sobre tal termo não só pelo indivíduo com LM, como também pela comunidade e pelo profissional de reabilitação.

Dentre as terminologias adotas para definição da autonomia, o vocábulo "independência" é comumente utilizado não só por parte do indivíduo com LM, mas também pelos profissionais e pela comunidade em geral(1313 Amsters D, Duncan J, Field V, Smales A, Zillmann L, Kendall M, et al. Determinants of participating in life after spinal cord injury - advice for health professionals arising from an examination of shared narratives. Disabil Rehabil [Internet]. 2017 [cited 2018 Apr 10]; 23:1-11. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638288.2017.1367425
http://dx.doi.org/10.1080/09638288.2017....
,3030 Van de Velde D, Bracke P, Hove G, Josephsson S, Devisch I, Vanderstraeten G. The illusion and the paradox of being autonomous, experiences from persons with spinal cord injury in their transition period from hospital to home. Disability & Rehabilitation [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 10];34(6):491-502. Available from: http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011.608149
http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011....

31 Craig A, Nicholson PK, Guest R, Tran Y, Middleton J. Adjustment following chronic spinal cord injury: Determining factors that contribute to social participation. Br J Health Psychol [Internet]. 2015 [cited 2018 Apr 10];20(4):807-23. Available from: https://doi.org/10.1111/bjhp.12143
https://doi.org/10.1111/bjhp.12143...
-3232 Ripat JD, Woodgate RL. Self-perceived participation among adults with spinal cord injury: a grounded theory study. Spinal Cord. 2012;50(12):908-14. doi:10.1038/sc.2012.77
https://doi.org/10.1038/sc.2012.77...
). Ser independente implica literalmente em ser hábil para tratar de si próprio sem o auxílio de terceiros ou em ser livre do controle e das restrições externas(77 Cardol M, Jong BA, Ward CD. On autonomy and participation in rehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2002 [cited 2018 Apr 10];24(18):970-4. Available from: https://doi.org/10.1080/09638280210151996
https://doi.org/10.1080/0963828021015199...
,3030 Van de Velde D, Bracke P, Hove G, Josephsson S, Devisch I, Vanderstraeten G. The illusion and the paradox of being autonomous, experiences from persons with spinal cord injury in their transition period from hospital to home. Disability & Rehabilitation [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 10];34(6):491-502. Available from: http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011.608149
http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011....

31 Craig A, Nicholson PK, Guest R, Tran Y, Middleton J. Adjustment following chronic spinal cord injury: Determining factors that contribute to social participation. Br J Health Psychol [Internet]. 2015 [cited 2018 Apr 10];20(4):807-23. Available from: https://doi.org/10.1111/bjhp.12143
https://doi.org/10.1111/bjhp.12143...
-3232 Ripat JD, Woodgate RL. Self-perceived participation among adults with spinal cord injury: a grounded theory study. Spinal Cord. 2012;50(12):908-14. doi:10.1038/sc.2012.77
https://doi.org/10.1038/sc.2012.77...
).

De fato, é comum observar na literatura científica a utilização do termo independência ao fazer alusão ao vocábulo autonomia, o que conduz à ideia de relação entre ambas(99 Van de Ven L, Post M, Witte L, Van de Heuvel W. Strategies for autonomy used by people with cervical spinal cord injury: a qualitative study. Disabil Rehabil [Internet]. 2008[cited 2018 Apr 10]; 30(4):249-60. Available from: https://dx.doi.org/10.1080/09638280701265687
https://dx.doi.org/10.1080/0963828070126...
,3030 Van de Velde D, Bracke P, Hove G, Josephsson S, Devisch I, Vanderstraeten G. The illusion and the paradox of being autonomous, experiences from persons with spinal cord injury in their transition period from hospital to home. Disability & Rehabilitation [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 10];34(6):491-502. Available from: http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011.608149
http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011....
). A independência é algo almejado pelo paciente, bem como induzido pela sociedade, devido à existência do ideal internalizado de liberdade como objetivo(3030 Van de Velde D, Bracke P, Hove G, Josephsson S, Devisch I, Vanderstraeten G. The illusion and the paradox of being autonomous, experiences from persons with spinal cord injury in their transition period from hospital to home. Disability & Rehabilitation [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 10];34(6):491-502. Available from: http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011.608149
http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011....
), além do não reconhecimento da importância ou da necessidade de interdependência de outros(77 Cardol M, Jong BA, Ward CD. On autonomy and participation in rehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2002 [cited 2018 Apr 10];24(18):970-4. Available from: https://doi.org/10.1080/09638280210151996
https://doi.org/10.1080/0963828021015199...
).

Constatamos que o fato do indivíduo com LM referir-se à autonomia como independência pode conduzir à má interpretação do real conceito de ambos os termos, além de limitar a importância e a necessidade de terceiros na sua vida, ainda que parcialmente, para sucesso na execução das atividades de interesse.

Comumente referida como "participação social"(1212 Silva FCM, Sampaio, RF, Ferreira FR, Camargos VP, Neves JA. Influence of context in social participation of people with disabilities in Brazil. Rev Panam Salud Pública [Internet]. 2013 [cited 2018 Apr 10]; 34(4):250-6. Available from: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/2013.v34n4/250-256/en
http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/2013.v3...
) pela literatura científica, a participação consiste na ocupação que propicia aos indivíduos com LM a sensação de ser parte de seu contexto social(2525 Kuipers P, Kendall MB, Amster D, Pershouse K, Schuurs S. Descriptions of community by people with spinal cord injuries: concepts to inform community integration and community rehabilitation. Int J Rehabil Res [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 10];34(2):167-74. Available from: http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e3283460e39
http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e3283...
,2727 Chen Y, Anderson CJ, Vogel LC, Chlan KM, Betz RR, Craig MM. Change in life satisfaction of adults with pediatric-onset spinal cord injury. Arch Phys Med Rehabil [Internet]. 2008 [cited 2018 Apr 10];89(12):2285-92. Available from: https://doi.org/10.1016/j.apmr.2008.06.008
https://doi.org/10.1016/j.apmr.2008.06.0...

28 Isaksson G, Josephsson S, Lexell J, Skär L. To regain participation in occupations through human encounters - narratives from women with spinal cord injury. Disabil Rehabil [Internet]. 2007 [cited 2018 Apr 10];29(22):1679-88. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056061
http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056...
-2929 Kennedy P, Lude P, Taylor N. Quality of life, social participation, appraisals and coping post spinal cord injury: a review of four community samples. Spinal Cord. 2006;44(2):95-105. Available from: doi:10.1038/sj.sc.3101787
https://doi.org/10.1038/sj.sc.3101787...
,3131 Craig A, Nicholson PK, Guest R, Tran Y, Middleton J. Adjustment following chronic spinal cord injury: Determining factors that contribute to social participation. Br J Health Psychol [Internet]. 2015 [cited 2018 Apr 10];20(4):807-23. Available from: https://doi.org/10.1111/bjhp.12143
https://doi.org/10.1111/bjhp.12143...
). De fato, conforme pontuado pela OMS, participar corresponde a ações ou tarefas executadas no ambiente social e representa uma perspectiva social da funcionalidade(55 WHO. International Classification of Functioning, Disability and Health: children & youth version: ICF-CY. Geneva: World Heath Organization; 2007 [cited 2018 Oct 28]. 351 p. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43737/9789241547321_eng.pdf;jsessionid=BC717D989AE1D38BA9C9DD5712671DC2?sequence=1
http://apps.who.int/iris/bitstream/handl...
,77 Cardol M, Jong BA, Ward CD. On autonomy and participation in rehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2002 [cited 2018 Apr 10];24(18):970-4. Available from: https://doi.org/10.1080/09638280210151996
https://doi.org/10.1080/0963828021015199...
).

A partir da amplitude de tais termos, foi possível percebermos que não há conhecimento do significado concreto do participar por parte dos indivíduos com LM. Segundo estes, o termo participação relaciona-se a vocábulos variados, como autonomia, inclusão, realização, ocupação, reciprocidade, trabalho, autossuficiência financeira, vida familiar e comunidade familiar, vizinhança, contexto social, atividade sexual, autocuidado e lazer(2626 Van de Velde D, Bracke P, Hove G, Josephsson S, Vanderstraeten G. Perceived participation, experiences from persons with spinal cord injury in their transition period from hospital to home. Int J Rehabil Res [Internet]. 2010 [cited 2018 Apr 10];33(4):346-55. Available from: http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e32833cdf2a
http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e3283...
,2929 Kennedy P, Lude P, Taylor N. Quality of life, social participation, appraisals and coping post spinal cord injury: a review of four community samples. Spinal Cord. 2006;44(2):95-105. Available from: doi:10.1038/sj.sc.3101787
https://doi.org/10.1038/sj.sc.3101787...
,3232 Ripat JD, Woodgate RL. Self-perceived participation among adults with spinal cord injury: a grounded theory study. Spinal Cord. 2012;50(12):908-14. doi:10.1038/sc.2012.77
https://doi.org/10.1038/sc.2012.77...
).

Nossos achados apontam haver barreiras para a participação ideal, relacionadas à condição sociocultural e ao contexto do indivíduo com LM, bem como à LM propriamente dita e às suas sequelas. Atitudes observadas por parte do profissional de reabilitação ou de seu cuidador (como ao superproteger o paciente) e da sociedade (como ao julgar ou inferiorizar o indivíduo pela não capacidade de participar socialmente), bem como déficit de estruturas arquiteturais e consequente inacessibilidade aos serviços e auxílios gerais, dificultam ou mesmo impossibilitam que o indivíduo com LM possa vir a participar(2828 Isaksson G, Josephsson S, Lexell J, Skär L. To regain participation in occupations through human encounters - narratives from women with spinal cord injury. Disabil Rehabil [Internet]. 2007 [cited 2018 Apr 10];29(22):1679-88. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056061
http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056...
,3131 Craig A, Nicholson PK, Guest R, Tran Y, Middleton J. Adjustment following chronic spinal cord injury: Determining factors that contribute to social participation. Br J Health Psychol [Internet]. 2015 [cited 2018 Apr 10];20(4):807-23. Available from: https://doi.org/10.1111/bjhp.12143
https://doi.org/10.1111/bjhp.12143...
).

Similarmente, barreiras relacionadas à condição social do indivíduo com LM são constatadas. A inacessibilidade ao atendimento de saúde, à educação e às políticas trabalhistas, bem como a dificuldade de obtenção de trabalho remunerado, gerando consequente carência financeira, e o insuficiente envolvimento em atividades familiares e sociais são frequentemente observados. O não suporte social apropriado por parte da família, dos amigos e de cuidadores e mesmo o pouco ou nenhum envolvimento dos profissionais de saúde no processo da participação após alta hospitalar do paciente também são indicados pelos estudos como barreiras à participação do indivíduo com LM(99 Van de Ven L, Post M, Witte L, Van de Heuvel W. Strategies for autonomy used by people with cervical spinal cord injury: a qualitative study. Disabil Rehabil [Internet]. 2008[cited 2018 Apr 10]; 30(4):249-60. Available from: https://dx.doi.org/10.1080/09638280701265687
https://dx.doi.org/10.1080/0963828070126...
,1212 Silva FCM, Sampaio, RF, Ferreira FR, Camargos VP, Neves JA. Influence of context in social participation of people with disabilities in Brazil. Rev Panam Salud Pública [Internet]. 2013 [cited 2018 Apr 10]; 34(4):250-6. Available from: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/2013.v34n4/250-256/en
http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/2013.v3...
,2727 Chen Y, Anderson CJ, Vogel LC, Chlan KM, Betz RR, Craig MM. Change in life satisfaction of adults with pediatric-onset spinal cord injury. Arch Phys Med Rehabil [Internet]. 2008 [cited 2018 Apr 10];89(12):2285-92. Available from: https://doi.org/10.1016/j.apmr.2008.06.008
https://doi.org/10.1016/j.apmr.2008.06.0...
-2828 Isaksson G, Josephsson S, Lexell J, Skär L. To regain participation in occupations through human encounters - narratives from women with spinal cord injury. Disabil Rehabil [Internet]. 2007 [cited 2018 Apr 10];29(22):1679-88. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056061
http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056...
,3131 Craig A, Nicholson PK, Guest R, Tran Y, Middleton J. Adjustment following chronic spinal cord injury: Determining factors that contribute to social participation. Br J Health Psychol [Internet]. 2015 [cited 2018 Apr 10];20(4):807-23. Available from: https://doi.org/10.1111/bjhp.12143
https://doi.org/10.1111/bjhp.12143...
).

A despeito da existência de barreiras, os resultados demonstram que a participação pode ser facilitada pelas condições sociodemográficas do indivíduo com LM, tais como menor faixa etária no início da reabilitação, maior nível educacional, melhor acessibilidade ambiental e ao transporte público(2626 Van de Velde D, Bracke P, Hove G, Josephsson S, Vanderstraeten G. Perceived participation, experiences from persons with spinal cord injury in their transition period from hospital to home. Int J Rehabil Res [Internet]. 2010 [cited 2018 Apr 10];33(4):346-55. Available from: http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e32833cdf2a
http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e3283...
,2828 Isaksson G, Josephsson S, Lexell J, Skär L. To regain participation in occupations through human encounters - narratives from women with spinal cord injury. Disabil Rehabil [Internet]. 2007 [cited 2018 Apr 10];29(22):1679-88. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056061
http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056...
,3131 Craig A, Nicholson PK, Guest R, Tran Y, Middleton J. Adjustment following chronic spinal cord injury: Determining factors that contribute to social participation. Br J Health Psychol [Internet]. 2015 [cited 2018 Apr 10];20(4):807-23. Available from: https://doi.org/10.1111/bjhp.12143
https://doi.org/10.1111/bjhp.12143...
).

A boa condição clínica do indivíduo também pode favorecer a participação, como no caso de lesão incompleta da medula espinhal, maior capacidade cognitiva, baixa incidência de complicações secundárias ao agravo, melhor capacidade funcional, melhor autoeficácia e de humor depressivo, menor índice de fadiga e nível de dor(2828 Isaksson G, Josephsson S, Lexell J, Skär L. To regain participation in occupations through human encounters - narratives from women with spinal cord injury. Disabil Rehabil [Internet]. 2007 [cited 2018 Apr 10];29(22):1679-88. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056061
http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056...
,3232 Ripat JD, Woodgate RL. Self-perceived participation among adults with spinal cord injury: a grounded theory study. Spinal Cord. 2012;50(12):908-14. doi:10.1038/sc.2012.77
https://doi.org/10.1038/sc.2012.77...
).

Favoráveis condições social e pessoal são também consideradas fatores facilitadores à participação. É o caso do indivíduo com LM que possui cuidadores ou parceiros, apresenta suporte de amigos, colegas de trabalho e profissionais de saúde, possui laços íntimos com a família, tem à disposição equipamentos de autoajuda que possibilitem a interação com o público em geral, demonstra possibilidade de retorno ao trabalho ou se envolve em atividades esportivas(1212 Silva FCM, Sampaio, RF, Ferreira FR, Camargos VP, Neves JA. Influence of context in social participation of people with disabilities in Brazil. Rev Panam Salud Pública [Internet]. 2013 [cited 2018 Apr 10]; 34(4):250-6. Available from: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/2013.v34n4/250-256/en
http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/2013.v3...
-1313 Amsters D, Duncan J, Field V, Smales A, Zillmann L, Kendall M, et al. Determinants of participating in life after spinal cord injury - advice for health professionals arising from an examination of shared narratives. Disabil Rehabil [Internet]. 2017 [cited 2018 Apr 10]; 23:1-11. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638288.2017.1367425
http://dx.doi.org/10.1080/09638288.2017....
,2828 Isaksson G, Josephsson S, Lexell J, Skär L. To regain participation in occupations through human encounters - narratives from women with spinal cord injury. Disabil Rehabil [Internet]. 2007 [cited 2018 Apr 10];29(22):1679-88. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056061
http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056...
,3232 Ripat JD, Woodgate RL. Self-perceived participation among adults with spinal cord injury: a grounded theory study. Spinal Cord. 2012;50(12):908-14. doi:10.1038/sc.2012.77
https://doi.org/10.1038/sc.2012.77...
).

Verificamos que há fatores impeditivos e facilitadores da autonomia do indivíduo com LM. Itens como a deficiência em si, controle exercido por parte do profissional de reabilitação e/ou superproteção procedente do cuidador, dificuldade do indivíduo em delegar a terceiros o que não é capaz de executar por si próprio, confronto do indivíduo com fatores sociais ao não se enquadrar em atividades esperadas e restrições físicas advindas do agravo, dos ambientes físico e social, foram evidenciados como barreiras à autonomia(2424 Ide-Okoche A, Yamazaki Y, Tadaka E, Fujimura K, Kusunaga T. Illness experience of adults with cervical spinal cord injury in Japan: a qualitative investigation. BMC Public Health [Internet]. 2013 [cited 2018 Apr 10];13(69):2-10. Available from: https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-69
https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-69...
,3030 Van de Velde D, Bracke P, Hove G, Josephsson S, Devisch I, Vanderstraeten G. The illusion and the paradox of being autonomous, experiences from persons with spinal cord injury in their transition period from hospital to home. Disability & Rehabilitation [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 10];34(6):491-502. Available from: http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011.608149
http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011....
). Além de reiterar tais informações, a literatura científica acrescenta restrições impostas pelo profissional de reabilitação ao controlar as escolhas do paciente ou horários das atividades por ele exercidas(77 Cardol M, Jong BA, Ward CD. On autonomy and participation in rehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2002 [cited 2018 Apr 10];24(18):970-4. Available from: https://doi.org/10.1080/09638280210151996
https://doi.org/10.1080/0963828021015199...
).

Apesar dos fatores limitadores à participação e à autonomia, percebemos que o indivíduo com LM utiliza-se de mecanismos visando enfrentar obstáculos e criar oportunidades para participar de forma autônoma. A não conformação à atual condição, bem como a adequação à relação entre o corpo (físico, cognitivo e emocional) e o ambiente (físico, arquitetônico e social), é pontuada.

Similarmente, modificar atividades penosas, estabelecer objetivos correlacionados ao autocuidado, recuperar a independência e procurar por menor dependência social, realizar atividades com ou sem o auxílio de equipamentos de autoajuda, criar ambientes acessíveis, retornar à comunidade familiar, envolver-se em atividades familiares e de lazer, adquirir novos conhecimentos por parte de profissionais e de outros indivíduos com LM e ingressar no mercado de trabalhos são estratégias frequentemente assinaladas ao tentar se adaptar à nova condição de saúde(77 Cardol M, Jong BA, Ward CD. On autonomy and participation in rehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2002 [cited 2018 Apr 10];24(18):970-4. Available from: https://doi.org/10.1080/09638280210151996
https://doi.org/10.1080/0963828021015199...
,2929 Kennedy P, Lude P, Taylor N. Quality of life, social participation, appraisals and coping post spinal cord injury: a review of four community samples. Spinal Cord. 2006;44(2):95-105. Available from: doi:10.1038/sj.sc.3101787
https://doi.org/10.1038/sj.sc.3101787...
,3232 Ripat JD, Woodgate RL. Self-perceived participation among adults with spinal cord injury: a grounded theory study. Spinal Cord. 2012;50(12):908-14. doi:10.1038/sc.2012.77
https://doi.org/10.1038/sc.2012.77...
).

Tais achados são ratificados pela literatura, sendo ainda elucidados adoção do espírito de luta e de crenças religiosas, envolvimento em atividades variadas e no mercado de trabalho, realização de atividades voluntárias e de lazer e solicitação de auxílio(44 Babanouhamadi H, Negarandeh R, Dehghan-Nayeri N. Coping strategies used by people with spinal cord injury: a qualitative study. Spinal Cord. 2011;49(7):832-7. doi:10.1038/sc.2011.10.
https://doi.org/10.1038/sc.2011.10...
,99 Van de Ven L, Post M, Witte L, Van de Heuvel W. Strategies for autonomy used by people with cervical spinal cord injury: a qualitative study. Disabil Rehabil [Internet]. 2008[cited 2018 Apr 10]; 30(4):249-60. Available from: https://dx.doi.org/10.1080/09638280701265687
https://dx.doi.org/10.1080/0963828070126...
,1212 Silva FCM, Sampaio, RF, Ferreira FR, Camargos VP, Neves JA. Influence of context in social participation of people with disabilities in Brazil. Rev Panam Salud Pública [Internet]. 2013 [cited 2018 Apr 10]; 34(4):250-6. Available from: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/2013.v34n4/250-256/en
http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/2013.v3...
-1313 Amsters D, Duncan J, Field V, Smales A, Zillmann L, Kendall M, et al. Determinants of participating in life after spinal cord injury - advice for health professionals arising from an examination of shared narratives. Disabil Rehabil [Internet]. 2017 [cited 2018 Apr 10]; 23:1-11. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638288.2017.1367425
http://dx.doi.org/10.1080/09638288.2017....
).

Limitações do estudo

Este estudo apresentou como limitação a adoção de apenas três idiomas, embora os autores tenham constatado que a maioria das publicações disponíveis no período estudado se encontrasse em inglês. A fim de superar tal limitação, propõe-se a continuidade de pesquisas envolvendo a temática estudada, vislumbrando-se a inclusão de outros idiomas.

A despeito dessa limitação, acreditamos que este estudo tenha sido válido, uma vez que cooperou para trazer achados para a produção do conhecimento, gerando novas hipóteses para condução de futuros estudos.

Contribuições para a área da saúde ou política pública

A realização deste estudo forneceu dados atuais, apresentando, principalmente, as barreiras existentes e a complexidade na definição dos termos participação social e autonomia pessoal. As informações aqui disponibilizadas poderão ser utilizadas tanto no meio científico, visando o desenvolvimento e a condução de pesquisas associadas, quanto na área clínica pelos profissionais de reabilitação, ao promover a participação social e a autonomia pessoal dos indivíduos com LM, com foco no próprio indivíduo, na sua família, na comunidade e no ambiente profissional.

CONCLUSÃO

Nossos resultados evidenciaram pouca especificidade na literatura científica quanto aos termos participação e autonomia, cujas definições e características não são claramente compreendidas pelos indivíduos com lesão medular, por seus cuidadores e pelos profissionais de reabilitação. Fatores que impedem a participação e a autonomia por parte de indivíduos foram evidentes, obrigando-os a adotar táticas para participar de forma autônoma. Consideramos que estes achados remetem à necessidade de desenvolvimento de estudos científicos visando maior clareza da temática em questão.

REFERENCES

  • 1
    Rahimi-Movaghar V, Sayyah MK, Akbari H, Khorramirouz R, Rasouli MR, Moradi-Lakeh M, et al. Epidemiology of traumatic spinal cord injury in developing countries: a systematic review. Neuroepidemiology. 2013;41(2):65-85. doi: 10.1159/000350710.
    » https://doi.org/10.1159/000350710
  • 2
    Botelho RV, Albuquerque LDG, Batiamello R, Arantes AA. Epidemiology of traumatic spinal injuries in Brazil: systematic review. Arq Bras Neurocir. 2014;33(2):100-6. doi:10.1055/s-0038-1626255.
    » https://doi.org/10.1055/s-0038-1626255
  • 3
    Sezer N, Akkus S, Ugurlu FG. Chronic complications of spinal cord injury. World J Orthop [Internet]. 2015;6(1):24-33. doi:10.5312/wjo.v6.i1.24.
    » https://doi.org/10.5312/wjo.v6.i1.24
  • 4
    Babanouhamadi H, Negarandeh R, Dehghan-Nayeri N. Coping strategies used by people with spinal cord injury: a qualitative study. Spinal Cord. 2011;49(7):832-7. doi:10.1038/sc.2011.10.
    » https://doi.org/10.1038/sc.2011.10
  • 5
    WHO. International Classification of Functioning, Disability and Health: children & youth version: ICF-CY. Geneva: World Heath Organization; 2007 [cited 2018 Oct 28]. 351 p. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43737/9789241547321_eng.pdf;jsessionid=BC717D989AE1D38BA9C9DD5712671DC2?sequence=1
    » http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43737/9789241547321_eng.pdf;jsessionid=BC717D989AE1D38BA9C9DD5712671DC2?sequence=1
  • 6
    Chung P, Yun SJ, Khan F. A comparison of participation outcome measures and the International Classification of Functioning, Disability and Health core sets for traumatic brain injury. J Rehabil Med. 2014;46(2):108-16. doi: 10.2340/16501977-1257.
    » https://doi.org/10.2340/16501977-1257
  • 7
    Cardol M, Jong BA, Ward CD. On autonomy and participation in rehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2002 [cited 2018 Apr 10];24(18):970-4. Available from: https://doi.org/10.1080/09638280210151996
    » https://doi.org/10.1080/09638280210151996
  • 8
    Hästbacka E, Nygård, Nyqvist F. Barriers and facilitators to societal participation of people with disabilities: A scoping review of studies concerning European countries. Eur J Disability Res [Internet]. 2010 [cited 2018 Apr 10];10(3):201-20. Available from: https://dx.doi.org/10.1016/j.alter.2016.02.002
    » https://dx.doi.org/10.1016/j.alter.2016.02.002
  • 9
    Van de Ven L, Post M, Witte L, Van de Heuvel W. Strategies for autonomy used by people with cervical spinal cord injury: a qualitative study. Disabil Rehabil [Internet]. 2008[cited 2018 Apr 10]; 30(4):249-60. Available from: https://dx.doi.org/10.1080/09638280701265687
    » https://dx.doi.org/10.1080/09638280701265687
  • 10
    Mars G. Measuring personal autonomy and social participation in older adults with a chronic physical illness. Maastricht (NL): Universitaire Pers Maastricht; 2013 [cited 2018 Oct 28]. Available from: https://cris.maastrichtuniversity.nl/portal/files/1087476/guid-40e45ac6-3799-42b2-ae04-7f7a14b320b5-ASSET1.0
    » https://cris.maastrichtuniversity.nl/portal/files/1087476/guid-40e45ac6-3799-42b2-ae04-7f7a14b320b5-ASSET1.0
  • 11
    Kubina LA, Dubouloz CJ, Davis CG, Kessler D, Egan MY. The process of re-engagement in personally valued activities during the two years following stroke. Disabil Rehabil [Internet]. 2013 [cited 2018 Apr 10]; 35(3):236-43. Available from: doi: 10.3109/09638288.2012.691936
    » https://doi.org/10.3109/09638288.2012.691936
  • 12
    Silva FCM, Sampaio, RF, Ferreira FR, Camargos VP, Neves JA. Influence of context in social participation of people with disabilities in Brazil. Rev Panam Salud Pública [Internet]. 2013 [cited 2018 Apr 10]; 34(4):250-6. Available from: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/2013.v34n4/250-256/en
    » http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/2013.v34n4/250-256/en
  • 13
    Amsters D, Duncan J, Field V, Smales A, Zillmann L, Kendall M, et al. Determinants of participating in life after spinal cord injury - advice for health professionals arising from an examination of shared narratives. Disabil Rehabil [Internet]. 2017 [cited 2018 Apr 10]; 23:1-11. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638288.2017.1367425
    » http://dx.doi.org/10.1080/09638288.2017.1367425
  • 14
    Whittemore R, Knafl K. The integrative review: updated methodology. J Adv Nurs [Internet]. 2005 [cited 2018 Apr 10];52(5):546-53. Available from: https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2005.03621.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2005.03621.x
  • 15
    Mendes KS, Silveira RCCP, Galvão CM. Integrative literature review: a research method to incorporate evidence in health care and nursing. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2008 [cited 2018 Apr 10]; 17(4):758-64. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018
  • 16
    Piatt JA, Puymbroeck M, Zahl M, Rosenbluth JP, Wells MS. Examining how the perception of health can impact participation and autonomy among adults with spinal cord injury. Top Spinal Cord Inj Rehabil. 2016;22(3):165-72. doi:10.1310/sci2203-165
    » https://doi.org/10.1310/sci2203-165
  • 17
    Ursi ES, Galvão CM. [Perioperative prevention of skin injury: an integrative literature review]. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2006[cited 2018 Apr 10];14(1):124-31. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692006000100017 Portuguese.
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692006000100017
  • 18
    Queiroz AAFLN, Sousa AFL. [PrEP Forum: an on-line debate on pre-exposure prophylaxis in Brazil]. Cad Saúde Pública [Internet]. 2017 [cited 2018 Jun 19];33(11):e00112516. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00112516 Portuguese.
    » http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00112516
  • 19
    Sousa AFL, Queiroz AAFLN, Oliveira LB, Valle ARMC, Moura MEB. Social representations of community-acquired infection by primary care professionals. Acta Paul Enferm [Internet]. 2015 [cited 2018 June 13]; 28(5): 454-59. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201500076
    » http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201500076
  • 20
    Lowen IMV, Peres AM, Crozeta K, Bernardino E, Beck CLC. Managerial nursing competencies in the expansion of the Family Health Strategy. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2015 [cited 2018 June 13]; 49(6):967-73. Available from: doi:10.1590/S0080-623420150000600013
    » https://doi.org/10.1590/S0080-623420150000600013
  • 21
    Rodrigues PS, Sousa AFL, Magro MCS, Andrade D, Hermann PRS. Occupational accidents among nursing professionals working in critical units of an emergency service. Esc Anna Nery [Internet]. 2017 [cited 2018 June 24];21(2):e20170040. Available from: http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20170040
    » http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20170040
  • 22
    Camargo BV, Justo AM. IRAMUTEQ: a free software for analysis of textual data. Temas Psicol. 2013;21(2):513-8. doi:10.9788/TP2013.2-16
    » https://doi.org/10.9788/TP2013.2-16
  • 23
    Fisher RA. Statistical methods for research workers. 14th ed. New York: Oliver & Boyd; 1970. 362 p.
  • 24
    Ide-Okoche A, Yamazaki Y, Tadaka E, Fujimura K, Kusunaga T. Illness experience of adults with cervical spinal cord injury in Japan: a qualitative investigation. BMC Public Health [Internet]. 2013 [cited 2018 Apr 10];13(69):2-10. Available from: https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-69
    » https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-69
  • 25
    Kuipers P, Kendall MB, Amster D, Pershouse K, Schuurs S. Descriptions of community by people with spinal cord injuries: concepts to inform community integration and community rehabilitation. Int J Rehabil Res [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 10];34(2):167-74. Available from: http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e3283460e39
    » http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e3283460e39
  • 26
    Van de Velde D, Bracke P, Hove G, Josephsson S, Vanderstraeten G. Perceived participation, experiences from persons with spinal cord injury in their transition period from hospital to home. Int J Rehabil Res [Internet]. 2010 [cited 2018 Apr 10];33(4):346-55. Available from: http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e32833cdf2a
    » http://dx.doi.org/10.1097/MRR.0b013e32833cdf2a
  • 27
    Chen Y, Anderson CJ, Vogel LC, Chlan KM, Betz RR, Craig MM. Change in life satisfaction of adults with pediatric-onset spinal cord injury. Arch Phys Med Rehabil [Internet]. 2008 [cited 2018 Apr 10];89(12):2285-92. Available from: https://doi.org/10.1016/j.apmr.2008.06.008
    » https://doi.org/10.1016/j.apmr.2008.06.008
  • 28
    Isaksson G, Josephsson S, Lexell J, Skär L. To regain participation in occupations through human encounters - narratives from women with spinal cord injury. Disabil Rehabil [Internet]. 2007 [cited 2018 Apr 10];29(22):1679-88. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056061
    » http://dx.doi.org/10.1080/09638280601056061
  • 29
    Kennedy P, Lude P, Taylor N. Quality of life, social participation, appraisals and coping post spinal cord injury: a review of four community samples. Spinal Cord. 2006;44(2):95-105. Available from: doi:10.1038/sj.sc.3101787
    » https://doi.org/10.1038/sj.sc.3101787
  • 30
    Van de Velde D, Bracke P, Hove G, Josephsson S, Devisch I, Vanderstraeten G. The illusion and the paradox of being autonomous, experiences from persons with spinal cord injury in their transition period from hospital to home. Disability & Rehabilitation [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 10];34(6):491-502. Available from: http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011.608149
    » http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2011.608149
  • 31
    Craig A, Nicholson PK, Guest R, Tran Y, Middleton J. Adjustment following chronic spinal cord injury: Determining factors that contribute to social participation. Br J Health Psychol [Internet]. 2015 [cited 2018 Apr 10];20(4):807-23. Available from: https://doi.org/10.1111/bjhp.12143
    » https://doi.org/10.1111/bjhp.12143
  • 32
    Ripat JD, Woodgate RL. Self-perceived participation among adults with spinal cord injury: a grounded theory study. Spinal Cord. 2012;50(12):908-14. doi:10.1038/sc.2012.77
    » https://doi.org/10.1038/sc.2012.77

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Feb 2019

Histórico

  • Recebido
    05 Fev 2018
  • Aceito
    06 Jul 2018
Associação Brasileira de Enfermagem SGA Norte Quadra 603 Conj. "B" - Av. L2 Norte 70830-102 Brasília, DF, Brasil, Tel.: (55 61) 3226-0653, Fax: (55 61) 3225-4473 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: reben@abennacional.org.br