Complicações no pós-operatório tardio em pacientes cirúrgicos: revisão integrativa

Sousa, Álvaro Francisco Lopes de; Bim, Lucas Lazarini; Hermann, Paula Regina de Souza; Fronteira, Inês; Andrade, Denise de

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Revista Brasileira de Enfermagem

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Sumário

REVISÃO • Rev. Bras. Enferm. 73 (5) • 2020 • https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0290 copiar

Complicações no pós-operatório tardio em pacientes cirúrgicos: revisão integrativa

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Objetivo:

identificar as principais complicações ocorridas no pós-operatório tardio de pacientes cirúrgicos.

Método:

revisão integrativa a partir das bases CINAHL, LILACS, Science Direct, Web of Science, SCOPUS, Europe PMC e MEDLINE. Combinaram-se descritores e palavras-chave, sem restrição de idioma ou tempo.

Resultados:

dez estudos primários foram incluídos. As complicações infecciosas foram as mais comuns, com destaque para infecção do sitio cirúrgico, pneumonia e infecção urinária. A presença de complicações esteve ligada ao aumento na mortalidade, necessidade de reoperações e pior sobrevida. Poucos estudos relatam a frequência de monitoramento, tempo de seguimento e/ou quando as complicações começaram a serem observadas.

Conclusão:

as complicações infecciosas foram as mais prevalentes no pós-operatório. A escassez de diretrizes que guiem a vigilância das complicações no que concerne a frequência de monitoramento, tempo de seguimento e classificação dificulta estabelecer um panorama das mesmas e consequentemente propor estratégias de intervenção.

Descritores:
Procedimentos Cirúrgicos Operatórios; Complicações; Complicações Pós-Operatórias; Vigilância Epidemiológica; Infecções

Motivo para exclusão	Quantitativo excluído (n= 1847)
Estudos duplicados	372
Não aborda paciente cirúrgico	379
Realizado exclusivamente com paciente com 18 anos ou menos	15
Realizado exclusivamente com paciente com mais de 80 anos	08
Aborda complicações ao paciente relacionados ao pré e/ou intra-operatório	423
Aborda complicações ao paciente apenas no pós-operatório imediato	371
Não aborda complicações	175
Estudos de revisão	47
Estudos de opinião	53
Protocolos	04

Título do estudo	Ano/País	Delineamento/Participantes	Desfechos/Conclusões
The AFC Score: Validation of a 4-Item Predicting Score of Postoperative Mortality After Colorectal Resection for Cancer or Diverticulitis: Results of a Prospective Multicenter Study in 1049 Patient^s(¹⁹19 Alves A, Panis Y, Mantion G, Slim K, Kwiatkowski F, Vicaut E. The AFC Score: Validation of a 4-Item Predicting Score of Postoperative Mortality After Colorectal Resection for Cancer or Diverticulitis: Results of a Prospective Multicenter Study in 1049 Patients. Ann Surg [Internet]. 2007;246(1):91-6. doi: 10.1097/SLA. 0b013e3180602ff5 https://doi.org/10.1097/SLA. 0b013e31806... )	2007 França	Estudo multicêntrico para avaliar mortalidade e morbidade após cirurgia colorretal. N= 1049 pacientes	As principais complicações foram: deiscência e infecção da ferida operatória (8%), hemorragia pós-operatória (3%) e complicações relacionadas ao trato cardiorrespiratório (7%). Morbidade pós-operatória foi observada em parcela significativa (23%) dos pacientes. Reoperaçãopós -alta devido ao aparecimento de complicações foi necessária em 42 pacientes (4%).
Complications after pancreaticoduodenectomy are associated with higher amounts of intra- and postoperative fluid therapy: A single center retrospective cohort stud ^y( ²⁰20 Kulemann B, Fritz M, Glatz T, Marjanovic G, Sick O, Hopt UT, et al. Complications after pancreaticoduodenectomy are associated with higher amounts of intra-and postoperative fluid therapy: a single center retrospective cohort study. Ann Med Surg. 2017;16:23-9. doi: 10.1016/j.amsu.2017.02.042 https://doi.org/10.1016/j.amsu.2017.02.0... ⁾	2017 Alemanha	Estudo descritivo, documental e retrospectivo com pacientes submetidos a duodenopancreatectomia. N: 553 pacientes	Infecção, fístula, esvaziamento gástrico retardado e sangramento foram as principais complicações. A incidência de complicações foi elevada (44,7%), com morbidade de 59,5%. A mortalidade a longo prazo (30 dias pós-alta) foi de 1,1%. Foi necessária intervenção pós-operatória para tratamento das complicações em 28,3% dos pacientes, dos quais 12,1% eram reoperações.
Systematic Classification of Morbidity and Mortality After Thoracic Surgery ⁽ ²¹21 Seely AJ, Ivanovic J, Threader J, Al-Hussaini A, Al-Shehab D, Ramsay T. Systematic classification of morbidity and mortality after thoracic surgery. Ann Thorac Surg. 2010;90(3):936-42. doi: 10.1016/j.athoracsur.2010.05.014 https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.201... ⁾	2010 Canadá	Estudo retrospectivo de avaliação de complicações pós-operatórias em cirurgias torácicas. N: 953 pacientes	As taxas de complicações foram de 29,3%. As principais foram infecção da ferida cirúrgica (30,8%), escape aéreo prolongado (18,8%), fibrilação atrial (18,2%) e pneumonia (9,7%).
Morbidity after Total Gastrectomy: Analysis of 238 Patients ⁽ ²²22 Selby LV, Vertosick EA, Sjoberg DD, Schattner MA, Janjigian YY, Brennan MF. Morbidity after total gastrectomy: analysis of 238 patients. J Am Coll Surg. 2015;220(5):863-71.e2. doi: 10.1016/j.jamcollsurg.2015.01.058 https://doi.org/10.1016/j.jamcollsurg.20... ⁾	2015 Estados Unidos	Coorte prospectiva de seguimento de 90 dias N: 238 egressos	A incidência de complicações foi de 30%. As principais foram: infecção da ferida operatória (18.5%), vazamento anastomótico esôfagico (14.7%), complicações do sistema respiratório (14,3%), arritmia cardíaca (9.7%), infecção órgão-cavidade (4.2%) e hemorragia (3,4%). A taxa de readmissão foi elevada (20%). A presença de uma ou mais complicação aumentou o tempo de hospitalização dos sujeitos.
Post-Discharge Complications are an Important Predictor of Post-operative Readmissions ⁽ ²³23 Tevis SE, Kohlnhofer BM, Weber SM, Kennedy GD. Post-discharge complications are an important predictor of postoperative readmissions. Am J Surg. 2014;208(4):505-10. doi: 10.1016/j.amjsurg.2014.05.013 https://doi.org/10.1016/j.amjsurg.2014.0... ⁾	2014 Estados Unidos	Estudo retrospectivo com paciente submetidos à cirurgia geral. N: 3556 pacientes	A incidência de complicações foi de 31%, sendo as mais comuns: complicacões gastrointestinais (29,5%), infecção do sítio cirúrgico (órgão-cavidade, superficial, profunda e deiscência) (26,3%), sepse (3.8%) e infecção do trato urinário (2.9%). O tempo médio entre a alta e a complicação pós-alta foi de 10 dias.
Value of General Surgical Risk Models for Predicting Postoperative Liver Failure and Mortality Following Liver Surgery ⁽ ²⁴24 Haga Y, Ikejiri K, Takeuchi H, Ikenaga M, Wada Y. Value of general surgical risk models for predicting postoperative liver failure and mortality following liver surgery. J Surg Oncol. 2012;106(7):898-904. doi: 10.1002/jso.23160 https://doi.org/10.1002/jso.23160... ⁾	2012 Japão	Estudo prospectivo de acompanhamento de curso pós-operatório de hepatectomia. N: 960 pacientes	A incidência de complicações pós-alta foi de 16,6%, sendo as mais frequentes: infecção da ferida operatória (2,5%), derrame pleural (2,9%), abscesso (2,5%), pneumonia (1,2%) e hemorragia ( 0,7%).
The Percutaneous Nephrolithotomy Global Study: Classification of Complications ⁽ ²⁵25 Labate G, Modi P, Timoney A, Cormio L, Zhang X, Louie M, et al. The percutaneous nephrolithotomy global study: classification of complications. J Endourol. 2011;25(8):1275-80. doi: 10.1089/end.2011.0067 https://doi.org/10.1089/end.2011.0067... ⁾	2011 PubMed	Estudo multicêntrico com pacientes submetidos à nefrolitotomia percutânea. N: 5724 pacientes	A incidência de complicações foi de 20,5%. As principais foram: febre (13,7%), hemorragia (12,5%), vazamento urinário (3,4%) e infecções (4,6%).
The Impact of Postoperative Complications on Survivals After Esophagectomy for Esophageal Cancer ⁽ ²⁶26 Booka E, Takeuchi H, Nishi T, Matsuda S, Kaburagi T, Fukuda K. The impact of postoperative complications on survivals after esophagectomy for esophageal cancer. Medicine. 2015;94(33):e1369. doi: 10.1097/MD. 0000000000001369 https://doi.org/10.1097/MD. 000000000000... ⁾	2015 Japão	Coorte retrospectiva com egressos cirúrgicos de esofagectomia N: 402 pacientes	Houve alta incidência de complicações cirúrgicas (40,1%), sendo as principais: pneumonia (22,5%); infecção da ferida operatória (11.3%), anastomose (15,8%) e paralisia do nervo laríngeo (19,4%).
Effect of comorbidities and postoperative complications on mortality after hip fracture in elderly people: prospective observational cohort study ⁽ ²⁷27 Roche JJ, Wenn RT, Sahota O, Moran CG. Effect of comorbidities and postoperative complications on mortality after hip fracture in elderly people: prospective observational cohort study. BMJ Open. 2005;331:1374. doi: 10.1136/bmj.38643.663843.55 https://doi.org/10.1136/bmj.38643.663843... ⁾	2005 Inglaterra	Coorte observacional prospectivo com idosos submetidos à cirurgia para fratura de quadril. N: 2448 pacientes	498 pacientes tiveram ao menos uma complicação pós-cirúrgica (20%). As mais comuns foram infecção torácica (9%), insuficiência cardíaca (5%) e outras infecções (órgão-cavidade, ITU) (5%). A mortalidade foi de 9,6% 30 dias após a internação. Nos pacientes que evoluíram com infecção torácica pós-operatória, a mortalidade aos 30 dias foi de 43%.
Association of Postoperative Complications with Hospital Costs and Length of Stay in a Tertiary Care Center ⁽ ²⁸28 Khan NA, Quan H, Bugar JM, Lemaire JB, Brant R, Ghali WA. Association of postoperative complications with hospital costs and lengthof stay in a tertiary care center. J Gen Intern Med. 2006;21(2):177-80. doi: 10.1111/j.1525-1497.2006.00319.x https://doi.org/10.1111/j.1525-1497.2006... ⁾	2005 Canadá	Estudo descritivo retrospectivo em pacientes submetidos à cirurgia não-cardíaca. N: 7457 pacientes	Cerca de 6,9% dos pacientes sofreram ao menos uma complicação pós-alta. Pneumonia (3%), hemorragia (1,8%), sepse (1,3%) e complicações cardíacas (1,3%) foram prevalentes.

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[1] Autor correspondente: Álvaro Francisco Lopes de Sousa. E-mail: alvarosousa@usp.br