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Cooperação internacional do navio-hospital SS HOPE em Natal (1972): assistência e educação em saúde

RESUMO

Objetivo:

analisar as atividades desenvolvidas pelo navio-hospital SS HOPE em Natal.

Método:

estudo qualitativo, sócio-histórico, elaborado a partir de fontes documentais e da realização de 16 entrevistas com profissionais de saúde. Utilizou-se a História Oral Temática para o tratamento e a análise dos dados.

Resultados:

o material empírico identificou uma vasta programação de cursos e palestras, assim como possibilitou a elaboração das seguintes categorias: Educação em saúde no navio-hospital SS HOPE; Legado da cooperação internacional do navio-hospital SS HOPE; Enunciados sobre a temporada do navio-hospital SS HOPE.

Considerações finais:

a vinda e permanência desse navio-hospital, por dez meses, é fruto da negociação entre a Universidade, o Governo do estado e a People to People Foundation. Durante sua estadia, foram realizadas ações de educação e assistência à saúde, com a participação conjunta de profissionais de saúde, potiguares e estadunidenses.

Descritores:
Cooperação Internacional; Assistência à Saúde; Educação em Saúde; Recursos Humanos para a Saúde; Ajuda Humanitária

ABSTRACT

Objective:

to analyze the activities developed by hospital ship SS HOPE in Natal.

Method:

this is a qualitative, socio-historical study, elaborated from documentary sources and 16 interviews with health professionals. Thematic Oral History was used for data treatment and analysis.

Results:

the empirical material identified a wide schedule of courses and lectures as well as made it possible to elaborate the following categories: Health education on hospital ship SS HOPE; Legacy of international cooperation of hospital ship SS HOPE; Statements about the season of hospital ship SS HOPE.

Final considerations:

the arrival and stay of this hospital ship, for ten months, is the result of negotiations between the University, the State Government and the People to People Foundation. During their stay, education and health care actions were carried out, with the joint participation of health professionals, Potiguares and Americans.

Descriptors:
International Cooperation; Delivery of Health Care; Health Education; Health Workforce; Relief Work

RESUMEN

Objetivo:

analizar las actividades desarrolladas por el buque hospital SS HOPE en Natal.

Método:

estudio cualitativo, sociohistórico, basado en fuentes documentales y 16 entrevistas a profesionales de la salud. Se utilizó la Historia Oral Temática para el tratamiento y análisis de los datos.

Resultados:

el material empírico identificó un amplio programa de cursos y conferencias, además de posibilitar el desarrollo de las siguientes categorías: Educación para la salud en el buque hospital SS HOPE; Legado de la cooperación internacional del buque hospital SS HOPE; Declaraciones sobre la temporada del buque hospital SS HOPE.

Consideraciones finales:

la llegada y permanencia de este buque hospital, por diez meses, es el resultado de negociaciones entre la Universidad, el Gobierno del Estado y el People to People Foundation. Durante su estadía se realizaron acciones de educación y salud, con la participación conjunta de profesionales de la salud, potiguares y estadounidenses.

Descriptores:
Cooperación Internacional; Asistencia a Salud; Educación en Salud; Recursos Humanos para la Salud; Ayuda Humanitaria

INTRODUÇÃO

O navio-hospital SS HOPE (Health Opportunity for People Everywhere), popularmente conhecido como Navio Esperança, funcionou em caráter de cessão do governo estadunidense à People to People Foundation( 11 HOPE chega a Natal na quarta-feira de cinzas. Diário Oficial do Rio Grande do Norte. 8 de fevereiro de 1972. Ano 77(4).p488: A1.), realizando cruzeiros (1960-1973) no contexto da Guerra Fria enquanto desdobramento da II Guerra Mundial, na qual as super potências - Estado Unidos e União Soviética - disputavam a hegemonia global. Tinha como missão a cooperação internacional com países em desenvolvimento, levando ajuda humanitária e desenvolvendo ações centradas na educação e na assistência à saúde.

Corresponde a uma iniciativa da política externa estadunidense, na qual o governo arcava com as despesas com a manutenção do navio-hospital, cabendo ao médico cardiologista William B. Walsh, como fundador (1958) e presidente da Fundação, o levantamento de recursos financeiros, insumos e a composição de uma equipe de profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, odontólogos, técnicos, etc) voluntária(22 Barnes RW. The hospital ship Hope. Med Arts Sci. 1969;23(3):41-3.). Essa equipe tinha por responsabilidade desenvolver ações de assistência e educação em saúde através do trabalho conjunto entre homólogos no sistema conhecido por contrapartes(11 HOPE chega a Natal na quarta-feira de cinzas. Diário Oficial do Rio Grande do Norte. 8 de fevereiro de 1972. Ano 77(4).p488: A1.).

Nessa condição, sua história registra as seguintes viagens: Indonésia e Vietnã do Sul (1960), Peru (1962-63), Equador (1963-64), Guiné (1964-65), Nicarágua (1966), Colômbia (1967), Ceilão (1968-69), Tunísia (1969-70), Índias Ocidentais (1971), todos com duração de 10 meses e, de forma inédita, no Brasil onde esteve por duas ocasiões, em Natal (1972) e Maceió (1973). Esse fato, aparentemente inusitado, talvez se relacione com as seguintes circunstâncias: interesses geopolíticos; Guerra Fria; instabilidade política na América Latina; precarização dos serviços de saúde; carência de recursos humanos em saúde; vivências, anteriores, de programas de ajuda humanitária no Norte e no Nordeste; utilização de bases militares durante a II Guerra Mundial(33 Lima Jr MCF, Santos RM, Costa LMC, Mota FRL, Lima AFS. Circunstâncias que trouxeram o Project HOPE ao estado de Alagoas/Brasil. Hist Enferm Rev Eletron [Internet]. 2018 [cited 2021 Jan 29];9(2):108-21. Available from: http://here.abennacional.org.br/here/v9/n2/a2.pdf
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-44 Carlos DJD, Padilha MICS. Brazilian and North-American nursing in the HOPE Project (1972): approximations and gaps. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2454-60. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0195
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).

Assim, sua vinda e permanência a Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte (RN), localizado na Região Nordeste do Brasil, no ano de 1972, por dez meses (fevereiro a dezembro), resultou, primeiro, do convênio firmado entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o Governo do Estado, nas pessoas de Genário Alves da Fonseca e José Cortez Pereira de Araújo, reitor e governador, respectivamente(55 Convênio entre si celebram, a Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral, a Secretaria de Estado da Saúde Pública e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte para a criação das condições necessárias ao desenvolvimento do Projeto HOPE. Diário Oficial do Rio Grande do Norte. 9 de Outubro de 1971: Ano 76(1).p2369: A2.). Assinado em 5 de outubro de 1971, mobilizou as Secretarias Estaduais de Planejamento e de Saúde, representadas, nessa ordem, por Marcos Formiga Ramos e Genibaldo Barros, assegurando recursos financeiros na importância de Cr$ 40.000,00 (quarenta mil cruzeiros, correspondente a 177 salários mínimos vigentes), competindo às partes (UFRN e Estado) o subsídio em iguais quantias. Além disso, à Universidade coube o recebimento, a execução e a movimentação dos recursos, e, ao Governo do Estado, atuar como órgão fiscal. Posterior a isso, foram estabelecidas as negociações junto à People to People Foundation.

É possível conjecturar que a materialização dessa cooperação internacional foi assumindo contornos à medida em que as providências(66 Desobstrução do porto vai começar para esperar o HOPE. Tribuna do Norte. 25 de setembro de 1971: Ano XXII(33). A3.) e negociações(77 Pessoal começa a chegar para tratar sobre o HOPE. Tribuna do Norte. 6 de janeiro de 1972: Ano XXII(227): A1.) foram evoluindo. Desse modo, a realização deste expressivo estudo se deve à lacuna de registros sobre esse importante episódio da história da saúde, no RN e na Universidade. Para tal, o recorte temporal de 1972 - 16 de fevereiro(11 HOPE chega a Natal na quarta-feira de cinzas. Diário Oficial do Rio Grande do Norte. 8 de fevereiro de 1972. Ano 77(4).p488: A1.) )a 6 de dezembro(88 Adeus ao HOPE. A República. 7 de dezembro de 1972: Ano LXXXIV(912): A1.) - corresponde ao período no qual o navio-hospital SS HOPE esteve aportado em Natal e desenvolvendo suas atividades, objeto deste estudo.

OBJETIVO

Analisar as atividades desenvolvidas pelo navio-hospital SS HOPE em Natal.

MÉTODOS

Aspectos éticos

O estudo atendeu às recomendações das Resoluções nº 466/12(99 Ministério da Saúde (BR). Resolução nº 466/12, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre pesquisa envolvendo seres humanos [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2012 [cited 2021 Jun 29]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html
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) e nº 510/16(1010 Ministério da Saúde (BR). Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais cujos procedimentos metodológicos envolvam a utilização de dados diretamente obtidos com os participantes ou de informações identificáveis ou que possam acarretar riscos maiores do que os existentes na vida cotidiana [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde ; 2016 [cited 2021 Jan 29]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2016/res0510_07_04_2016.html
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) do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, que regulamentam pesquisas envolvendo seres humanos, contando com a aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina.

Tipo do estudo

Estudo qualitativo, descritivo, de abordagem sócio-histórica, fundamentado nos preceitos da História Oral(1111 Meihy JCS, Ribeiro SLS. Guia prático de história oral: para empresas, universidades, comunidades, famílias. São Paulo: Contexto; 2011. 198 p.), com especial atenção à compreensão do contexto social e seus determinantes através do resgate das memórias e narrativas de personagens. Tais recursos quando balizados com as fontes documentais asseguram a confiabilidade à reconstrução dos acontecimentos históricos. Convém informar que o material foi apreciado em consonância aos critérios da Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research (COREQ)(1212 Tong A, Sainsbury P, Craig J. Consolidated criteria for reporting qualitative research (COREQ): a 32-item checklist for interviews and focus groups. Int J Qual Health Care. 2007;19(6):349-57. https://doi.org/10.1093/intqhc/mzm042
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), de modo a garantir maior credibilidade aos dados e alcançar os aspectos importantes da pesquisa e suas interpretações.

Cenário do estudo

Pesquisa desenvolvida em Natal, capital do RN, referente à passagem do navio-hospital SS HOPE no ano de 1972, auge do regime militar instituído desde 1964. Naquele tempo, o estado enfrentava dificuldades quanto à assistência à saúde e a UFRN se apresentava como a única instituição formadora de profissionais de nível superior, ainda assim com limitada oferta de cursos na área da saúde. Essa cooperação internacional contemplou profissionais dos hospitais universitários e das instituições públicas de saúde, da capital e do interior do estado.

Coleta e organização dos dados

A coleta de dados ocorreu em dois momentos: primeiro, com a realização do levantamento das fontes documentais no Arquivo Geral do Estado, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte na Biblioteca Central Zila Mamede/UFRN e no jornal Tribuna do Norte e, depois, ao proceder a identificação das fontes orais.

As participações aconteceram, voluntariamente, com colaboradores de comprovadas vivências em atividades do navio-hospital SS HOPE. Foram, assim, realizadas 16 entrevistas com: três Secretários de Estado (Educação, Saúde e Planejamento); cinco enfermeiras professoras do Curso de Enfermagem/UFRN; dois médicos professores do Curso de Medicina/UFRN; duas técnicas em enfermagem do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN); uma enfermeira do HUOL/UFRN; três ex-alunas da Escola de Enfermeiras de Mossoró/RN. Todas elas ocorreram mediante a apresentação, leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), individualizadas, gravadas, transcritas; posteriormente, as entrevistas foram validadas(1111 Meihy JCS, Ribeiro SLS. Guia prático de história oral: para empresas, universidades, comunidades, famílias. São Paulo: Contexto; 2011. 198 p.) )pelos participantes. Estando de acordo, procedeu-se a assinatura do Termo de Cessão da Entrevista e a permissão da identificação dos entrevistados pelos seus sobrenomes seguidos da profissão como possibilidade à compreensão das distintas perspectivas.

Análise dos dados

Utilizou-se, então, a História Oral Temática(1313 Padilha MI, Bellaguarda MLR, Nelson S, Maia ARC, Costa R. The use of sources in historical research. Texto Contexto Enferm. 2017;26(4):e2760017. https://doi.org/10.1590/0104-07072017002760017
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), por versar sobre temas específicos e por buscar a compreensão dos acontecimentos presentes nas narrativas e seus nexos com as fontes documentais. Para o seu alcance, cumpriram-se as fases de pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação(1414 Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14 ed. São Paulo: HUCITEC; 2014. 407 p.). Ao final desse processo, emergiram as seguintes categorias: Educação em saúde no navio-hospital SS HOPE; Legado da cooperação internacional do navio-hospital SS HOPE; Enunciados sobre a temporada do navio-hospital SS HOPE.

RESULTADOS

Para esta pesquisa, o levantamento das fontes documentais proporcionou a constatação que a vinda e permanência do navio-hospital SS HOPE, em Natal, no ano de 1972, resultou em uma volumosa produção jornalística e que os eventos educativos - cursos e palestras - receberam especial atenção por parte da imprensa local.

No que diz respeito aos cursos, as fontes possibilitaram localizar a realização de nove cursos entre março e novembro de 1972. Para a visualização e melhor compreensão dos dados, a programação será apresentada no Quadro 1.

Quadro 1
Programação dos cursos realizados em parceira com o navio-hospital SS HOPE, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2020

Essa organização contribuiu para a quantificação dos cursos e permitiu a visualização da programação, os participantes e os responsáveis pela divulgação. Chama atenção a heterogeneidade dos temas e a diversificação do público - profissionais e estudantes da saúde locais e de estados circunvizinhos. Alguns cursos parecem atender a interesses da UFRN, visto a publicação de resoluções do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEP). Apesar disso, as fontes documentais foram imprecisas quanto à duração, carga horária e emissão de certificados.

Sobre as palestras, dadas suas semelhanças às aulas expositivas dialogadas e por consistirem em processos de ensino-aprendizagem com menor aparato didático-pedagógico, talvez se justifique a programação mais intensa. Em número de 19, foram realizadas entre maio e novembro de 1972, como expõe o Quadro 2.

Quadro 2
Programação das palestras realizadas em parceria com o navio-hospital SS HOPE, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2020

Todo esse material disposto nos Quadros 1 e 2, quando correlacionado às fontes orais, viabilizou a sistematização das seguintes categorias: Educação em saúde no navio-hospital SS HOPE; Legado da cooperação internacional do navio-hospital SS HOPE; Enunciados sobre a temporada do navio-hospital SS HOPE, apresentadas a seguir.

Educação em saúde no navio-hospital SS HOPE

Além dos cursos e palestras, a troca de saberes e experiências foi assegurada pelo sistema de trabalho denominado de contrapartes, no qual os profissionais estadunidenses trabalharam com seus homólogos brasileiros. Sobre isso, assim informaram algumas entrevistadas:

Nós cumprimos a escala de estágios no interior do navio e assistíamos aulas, frequentemente [...] na verdade, nós recebíamos aulas o tempo todo [...] sempre tinha uma enfermeira, ao nosso lado, ensinando e orientando. (Carvalho, aluna da Escola de Enfermeiras de Mossoró)

No navio-hospital, havia uma enfermeira brasileira que trabalhava com educação em saúde, há anos, nos Estados Unidos [...] ela foi minha contraparte por 2-3 semanas [...] eu a acompanhei durante os treinamentos e recomendações àqueles que iam iniciar o estágio [...] era regra, todos recebiam as orientações, primeiro, para depois atuarem. (Coelho, enfermeira professora)

Assistíamos, quase que diariamente, palestras e boas conferências, às vezes, com médicos, estadunidenses e potiguares, simultaneamente, abordando o mesmo tema sob diferentes aspectos [...] os conhecimentos de enfermagem eram agregados, tanto do ponto de vista das técnicas, como do ponto de vista das patologias. (Germano, enfermeira professora)

A educação em saúde era, pois, uma ação sistemática e continuada, ocorrendo também na própria unidade de internação, nesse caso, nas dependências do navio-hospital. As narrativas conferem ações deliberadas à qualificação de recursos humanos em saúde. Dessa oportunidade de conhecer um centro mais avançado, por assim dizer, advieram contatos com inovações, na sequência relatadas:

Os descartáveis foram uma grande inovação [...] eles demonstravam cálculos dos gastos com o reprocessamento de materiais, energia, riscos de acidentes e de contaminação [...] essa consciência, já naquele tempo [...] apesar dos pontos favoráveis, nossa realidade e condições de trabalho eram outras. (Moura, aluna da Escola de Enfermeiras de Mossoró)

Tinham por rotina executar testes para comprovar a realização dos ciclos das autoclaves e estufas e,periodicamente, realizavam testes biológicos [...] como instrumentadora, participei do primeiro transplante de córneas feito no estado [...] lembro das roupas descartáveis do centro cirúrgico e dos campos cirúrgicos aderidos à pele. (Araújo Silva, técnica em enfermagem)

Naquele tempo, os estadunidenses já usavam jelco para as venopunções, polifix para infusão de soluções e cateter para veias subclávias [...] as luvas descartáveis eram fartas e de boa qualidade [...] quase todo material era descartável. (Costa, técnica em enfermagem)

Foram realizadas as primeiras cirurgias de catarata e transplante de córneas do Rio Grande do Norte [...] em situações de novas técnicas cirúrgicas, primeiro eles demonstravam e depois nós executávamos também [...] inédito também a utilização do grampeador cirúrgico [surgical stapler] [...] os materiais descartáveis eram uma maravilha. (Silva Júnior, médico professor)

À vista disso, essa cooperação internacional possibilitou o acesso às inovações, com especial destaque, à época, aos insumos descartáveis - luvas, jelcos, polifix, cateter para punção da veia subclávia, campos cirúrgicos -, por sua abundância e qualidade. Do ponto de vista da assistência à saúde segura, destacam-se os testes biológicos para a checagem do processo de esterilização de estufas e autoclaves.

Legado da cooperação internacional do navio-hospital SS HOPE

Sua permanência favoreceu a aproximação entre povos e culturas diferentes. Nas explanações dos entrevistados potiguares, ficaram como legado o aprendizado e a doação de equipamentos e materiais. Quanto a isso, alguns se expressaram assim:

Experiência válida para a Medicina, Enfermagem e Odontologia do estado [...] realizaram cirurgias de lábio leporino, fenda palatina e de contraturas causadas por hanseníase, no sistema de contrapartes, com o Dr. Chisholm, no Hospital Infantil Varela Santiago e com o Dr. Edward Falces, no Hospital Colônia São Francisco de Assis. (Soares, médico professor)

A UFRN, detentora de uma elite intelectual, foi a instituição que mais se beneficiou com o Projeto HOPE, através das palestras, cursos e do convívio com técnicos mais experientes e com conhecimentos mais avançados [...] a Secretaria Estadual de Saúde também se favoreceu com projetos de educação sanitária e de vacinação infantil. (Barros, médico secretário)

A experiência do navio-hospital HOPE e seu intercâmbio impulsionou a UFRN e alguns serviços públicos de saúde locais [...] foi um despertar para o estado e para o Nordeste, pode-se dizer [...] apresentou uma nova mentalidade de assistência à saúde, mostrando a realidade de um país desenvolvido. (Leite, enfermeira professora)

Segundo os relatos, a experiência foi exitosa e está, diretamente, associada ao trabalho entre homólogos. Houve desdobramentos institucionais com a revisão e implantação de novos protocolos assistenciais. Explicitaram que as ações dessa cooperação internacional extrapolaram as dependências do navio-hospital, beneficiando os hospitais da UFRN, profissionais de outras instituições de saúde e a própria Secretaria de Saúde; desse modo:

Vieram para cá os profissionais de saúde de estados vizinhos [...] a participação foi fácil, aberta e voluntária [...] esse intercâmbio foi extremamente significativo para todos nós [...] de Alagoas, a vinda do Dr. Úlpio Paulo Miranda resultou na ida do Projeto HOPE, para Maceió, no ano seguinte à passagem por Natal. (Soares, médico professor)

Fiquei alojada com um pessoal de Recife [...] lembro de uma freira baiana [...] no navio havia enfermeiras de outros estados do Nordeste, nós, da Escola de Enfermeiras de Mossoró, e alunos da Escola de Auxiliares de Enfermagem de Natal. (Pinto, aluna da Escola de Enfermeiras de Mossoró)

Dada a ênfase na qualificação de recursos humanos em saúde, convém esclarecer que as fontes documentais corroboram as entrevistas e asseguram a mobilização de profissionais e estudantes de boa parte da Região Nordeste, como Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba e Pernambuco.

Sobre as doações, as fontes orais recordam que instituições públicas de saúde e a UFRN se beneficiaram com consultórios odontológicos, monitores cardíacos, respiradores do tipo Bird Mark 7, vídeos educativos, instrumentais cirúrgicos, aventais, campos cirúrgicos, tesouras, pulseiras de identificação, entre outros insumos.

Enunciados sobre a temporada do navio-hospital SS HOPE

Sua permanência, em Natal, por dez meses (fevereiro a dezembro/1972), possibilitou o intercâmbio entre profissionais e estudantes de saúde, locais e de estados circunvizinhos. A seguir, estão algumas declarações apoiadas nas particularidades de cada vivência:

No tempo do navio-hospital HOPE, seus profissionais tiveram uma participação muito grande junto à universidade [...] treinamentos de professores e estágios para estudantes de medicina, odontologia e de enfermagem [...] obviamente novas técnicas foram desenvolvidas e aprendidas. (Andrade, professor secretário)

Houve muita integração entre estadunidenses e potiguares [...] permitiu uma qualificação melhor do pessoal da saúde através da aplicação tecnologias e realização de procedimentos desconhecidos à área de saúde [...] sua vinda trouxe enormes benefícios para o estado. (Ramos, economista secretário)

A passagem no navio-hospital foi um acontecimento muito bom para o estado [...] tratou de gente que não tinha condições de sair de Natal para outros centros [...] trouxe novos ensinamentos e favoreceu muitas mudanças no Hospital Universitário. (Costa, técnica em enfermagem)

Na peculiaridade da enfermagem, assim se pronunciaram algumas entrevistadas:

Um gesto bonito, a ação humanitária do HOPE [...] oportunidade de conhecer uma enfermagem mais qualificada [...] trouxe novas tecnologias, novos conhecimentos e novas práticas, mas também adquiriu nossos conhecimentos [...] não fui recebida nem orientada por nenhuma enfermeira [...] comecei observando e, aos poucos, fui me envolvendo com o serviço [...] elas não faziam nenhuma distinção entre nós, brasileiras, tanto fazia ser professora da Escola de Auxiliares de Enfermagem, enfermeira do Hospital Universitário, auxiliar ou atendente de enfermagem [...] não sei se não entendiam os nossos diferentes níveis ou se não quiseram considerar. (Germano, enfermeira professora)

Afora, os recursos abundantes, não vi nada de diferente do que praticávamos no Hospital Universitário [...] não me apresentaram nada de novo, uma nova técnica, muito menos fui apresentada à chefe das enfermeiras [...] eu pensava que ia ao navio-hospital realizar um aperfeiçoamento [...] não conheci nenhuma ação privativa de enfermeiras, tipo: supervisão da assistência, rotinas, protocolos, escala de funcionários, organização do setor [...] cumpri meu horário e não quis nenhum outro envolvimento. (Barbosa de Oliveira, enfermeira do HUOL)

Trabalhavam com dinamismo, métodos e rotinas, tudo bem determinado [...] as colegas enfermeiras, apesar das barreiras entre os idiomas, eram atenciosas e queriam conhecer nossos serviços, nossa maneira de trabalhar e nossas habilidades, inclusive nossos improvisos [risos] [...] a parte científica das colegas enfermeiras era muito forte, mas, ainda hoje, tenho certeza que a nossa enfermagem é mais humana. (Barreto, enfermeira professora)

O idioma causou dificuldades [...] no Centro Cirúrgico, participei de muitas cirurgias, às vezes, sem condições de me afastar para ir ao banheiro, beber água ou me alimentar [...] não houve momentos para discutir processos de esterilizações, cuidados com os pacientes cirúrgicos, projetos, protocolos, troca de experiências e de conhecimento [...] cumpri, por dois meses, a escala determinada e só [...] sem dúvidas, as colegas americanas eram bem preparadas e sabiam que havia enfermeiras em Natal, mas desconsideram. (Vila Nova, enfermeira professora)

As opiniões possibilitaram visões particulares de diferentes profissionais, com distintas inserções em atividades no navio-hospital SS HOPE. No que se refere aos estadunidenses, parecem unânimes quanto ao dinamismo das atividades, à qualificação de seus profissionais, às boas condições de trabalho, à abundância de recursos e ao bom relacionamento entre as contrapartes.

DISCUSSÃO

No Brasil, o movimento das cooperações internacionais em saúde teve seu início na transição entres os séculos XIX e XX(1515 Carlos DJD. Epidemics as perspectives to the professionalization of Brazilian nursing. Hist Enferm Rev Eletron [Internet]. 2020 [cited 2021 Jan 29];11(1):4-6. Available from: http://here.abennacional.org.br/here/v11/n1/EDITORIAL_en.pdf
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), por ocasião das epidemias. São ações realizadas entre nações com graus de desenvolvimento diferentes e, quando firmadas na solidariedade e em interesses recíprocos, favorecem o intercâmbio técnico-científico nas mais diversas áreas(1616 Santos RF, Cerqueira MR. South-South Cooperation: Brazilian experiences in South America and Africa. Hist Cienc Saude-Manguinhos. 2015;22(1):23-47. https://doi.org/10.1590/S0104-59702015000100003
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). Em saúde, aproximam profissionais através da prestação da assistência em cenários de práticas diferentes, contribuindo para o desenvolvimento de novas habilidades, amadurecimento intelectual e profissional. São, portanto, nessa perspectiva, imprescindíveis às mudanças sociais(1717 Zanchetta MS, Guruge S, Oliveira RMP, Felipe ICV, Souto RQ. Brazil-Canada: Launching seeds through community consultation on tackling violence against women. Esc Anna Nery. 2020;24(3):e20190278. https://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2019-0278
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).

Quanto a isso, a experiência com o Projeto HOPE é mais um capítulo na história das cooperações em saúde ocorrida entre estadunidenses e brasileiros. Nessa ocasião, de modo particular, utilizou-se um navio-hospital com a finalidade de promover ajuda humanitária, educação em saúde e formação de recursos humanos em saúde em países em desenvolvimento. Na realidade brasileira, este projeto esteve em dois momentos análogos: Natal (1972)(44 Carlos DJD, Padilha MICS. Brazilian and North-American nursing in the HOPE Project (1972): approximations and gaps. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2454-60. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0195
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) e Maceió (1973)(1818 Costa LMC, Santos TCF, Ferreira LO, Almeida Filho AJ, Santos RM, Lázaro Alcântara E. Project HOPE: American nurses in Brazil (1973). Rev Bras Enferm. 2018;71(4):1956-62. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0432
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).

Durante sua permanência em Natal, foram localizados 38 eventos educativos, distribuídos entre cursos e palestras, com predominância das temáticas médicas. Esse arranjo, possivelmente, causou descontentamentos, inclusive, pareceu pouco cuidadoso por parte da UFRN e do próprio Projeto HOPE. Era de se presumir, na reciprocidade entre a sua equipe e os profissionais brasileiros, o arbítrio sobre temas relacionados às suas profissões. Dessa constatação, fica a observação de que as ações educativas, quando bem delineadas, contribuem, positivamente, para a troca efetiva de conhecimentos e a construção coletiva dos saberes, assim como favorecem o trabalho colaborativo(1919 Bazilio J, Pereira JA, Figueira MCS, Silva EM. Generating meaningful conversation: World Café in strategic interprofessional planning in Continuing Education. Rev Bras Enferm. 2020;73(5):e20190279. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0279
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).

Apesar disso, experiências dessa natureza assumem relevância ao propiciar a seus participantes novos aprendizados e vivências singulares, mesmo que desenvolvidas em realidades e em condições de trabalho desiguais. Possibilitam, também, analisar a utilização das inovações em saúde, cuja finalidade é o bem-estar da população, e, ainda que pareçam benéficas, devem ser exploradas mediante o estudo contextualizado, porque, em alguns casos, podem servir à dominação tecnológica hegemônica(2020 Costa LS. Contributions from the critical theory of technology to the analysis of innovation in health services. Interface (Botucatu). 2020;24:e190723. https://doi.org/10.1590/interface.190723
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). Afora isso, a qualidade da assistência à saúde necessita de políticas públicas que vislumbrem a efetividade dos serviços de saúde, com a melhoria das ações de promoção, proteção e recuperação da saúde da população(2121 Lima J, Dallaria S. The global strategy on public health, innovation and intellectual property: establishment of a priority order for research and development needs in Brazil. Saúde Soc. 2020;29(2):e181162. https://doi.org/10.1590/s0104-12902020181162
https://doi.org/10.1590/s0104-1290202018...
).

Referindo-se às ações da enfermagem, as fontes orais informaram que, primeiro, competia às enfermeiras estadunidenses orientar e demonstrar para, posteriormente, acompanhar a execução da técnica pela contraparte brasileira. Isso posto, acredita-se que esses procedimentos vislumbraram assegurar o desenvolvimento das melhores práticas e, por conseguinte, a qualificação da assistência de enfermagem nos diversos cenários de prática e ensino(2222 Vieira NA, Petry S, Padilha MI. Best Practices in Historical Studies of Nursing and Health (1999-2017). Rev Bras Enferm. 2019;72(4): 973-8. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0538
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0...
). Corroborou-se, desta maneira, a necessidade da(o) enfermeira(o) adquirir o domínio de técnicas avançadas em saúde em decorrência de todo o avanço tecnológico que exige o aprimoramento da ciência da enfermagem(2323 Salles EB, Barreira IA. Formação da Comunidade científica de enfermagem no Brasil. Texto Contexto Enferm. 2010;19(1):137-146. https://doi.org/10.1590/S0104-07072010000100016
https://doi.org/10.1590/S0104-0707201000...
).

Essas profissionais são lembradas como gentis, atenciosas, esforçadas e habilidosas. Todavia, há ressentimentos quanto ao desconhecimento ou desconsideração por parte das estadunidenses da existência de diferentes níveis/atuação na enfermagem brasileira, bem como quanto à falta de oportunidades para discussões acerca de protocolos e rotinas, gestão/gerenciamento de pessoal, processos de trabalho, planos de cuidados e até de elaboração de projetos. Quiçá, as enfermeiras potiguares, algumas, também, professoras da Escola de Auxiliares de Enfermagem de Natal(2424 Carlos DJD, Germano RM. A escola de auxiliares de enfermagem de Natal e o Hospital Universitário Onofre Lopes. Rev Rene[Internet]. 2009 [cited 2021 Jan 29];10(1):72-80. Available from: https://www.redalyc.org/pdf/3240/324027965008.pdf
https://www.redalyc.org/pdf/3240/3240279...
), ansiassem pela oportunidade de verem, in loco, o uso deliberado e sistemático dos processos de enfermagem(2525 Garcia TR, Nóbrega MML. Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem: building a knowledge field for Nursing. Rev Bras Enferm. 2019;72(3):801-8. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0916
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0...
), visto que os Estados Unidos são considerados berço das teorias de enfermagem.

É preciso atentar para a complexidade das questões pertinentes às cooperações internacionais em saúde através da compreensão contextualizada de seus determinantes sócio-históricos(2626 Castro-Silva CR. Ethics of care and politics: contributions from the legacy of Maria de Lourdes Pintasilgo. Saúde Debate. 2020;43(spe5):262-72. https://doi.org/10.1590/0103-11042019s521
https://doi.org/10.1590/0103-11042019s52...
). É fato que essas experiências contribuam, temporariamente, e, por isso, por si só, não bastam para transformar a assistência em saúde e suprir a necessidade de formação de recursos humanos em saúde. Demanda-se, portanto, o acompanhamento contínuo dos serviços de saúde quanto às condições de trabalho, à realização de investimentos materiais e à formação e atualização profissional continuadamente, assim como garantias de espaços às discussões sobre a remuneração(2727 Veras R. A contemporary and innovative care model for older adults. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2020;23(1):e200061. https://doi.org/10.1590/1981-22562020023.200061
https://doi.org/10.1590/1981-22562020023...
).

Por fim, depreende-se que a reciprocidade das atividades do navio-hospital SS HOPE favoreceu a troca de saberes e conhecimentos entre os participantes dessa cooperação internacional através da revisão e implantação de novos protocolos assistenciais. No que se refere à enfermagem, acredita-se que a convivência proporcionou às enfermeiras estadunidense o conhecimento de uma assistência mais humanizada, assim como às potiguares uma prática avançada, aliada à disciplina e à cientificidade, habilidades e conhecimentos essenciais à ciência da enfermagem.

Limitações do estudo

O desenvolvimento desta pesquisa requereu vencer obstáculos quanto à localização e às condições de acesso às fontes documentais. Apesar disso, a documentação foi reveladora e tornou possível a reconstrução de parte dessa história, embora sejam reconhecidas lacunas quanto ao aprofundamento de questões, como as relações internacionais que circunstanciaram essa cooperação.

Contribuições para a área de enfermagem

Espera-se que sua realização possa subsidiar novos estudos que contribuam à construção do conhecimento da história da saúde brasileira, do RN e da UFRN. Trouxe à tona o despertar para o contexto internacional, sendo a ponta do iceberg para a construção do conhecimento, especialmente na enfermagem, quando a delimitação geográfica dialoga com outros espaços de conveniência e interesses que necessitam ser desvelados para maior compreensão dos fatos/acontecimentos que circunscrevem a história da enfermagem brasileira.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste estudo possibilitou analisar e registrar mais um expressivo episódio de cooperação em saúde ocorrida entre brasileiros e estadunidenses, dessa vez realizada em Natal, capital do RN, como fruto do convênio entre a UFRN, o Governo do Estado e a People to People Foundation, que dispôs do navio-hospital SS HOPE para a realização de ações de educação e assistência à saúde. O sucesso dessas intervenções é atribuído à participação conjunta entre os profissionais de ambas nacionalidades no sistema que ficou conhecido como contrapartes.

Este acontecimento se materializou na oportunidade de vivenciar um contexto de assistência em saúde, diametralmente oposto à realidade local, diante de um cenário abundante em tecnologia, insumos hospitalares e com recursos humanos qualificados. Além disso, a convivência foi uma oportunidade de aprender outro idioma e cultura. Por fim, é relevante o entendimento de que todos os profissionais participantes assimilaram novos conhecimentos e novas habilidades, inferindo-se, com o isso, o êxito dessa cooperação internacional.

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Editado por

Editor Chefe: Antonio José de Almeida Filho
Editor Associado: Álvaro Sousa

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Set 2021
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    11 Mar 2021
  • Aceito
    26 Abr 2021
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