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Preceptoria em enfermagem obstétrica: formação-intervenção no trabalho em saúde

RESUMO

Objetivos:

analisar como as enfermeiras obstétricas identificam a preceptoria em um Curso de Aprimoramento em Obstetrícia, realizado pela Universidade Federal Fluminense, como possibilidade de formação com vistas ao apoio e intervenção institucional.

Métodos:

pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem qualitativa. Seis enfermeiras obstétricas preceptoras do Curso de Aprimoramento para Enfermeiras Obstétricas participaram do estudo em 2019. Duas maternidades públicas da região metropolitana do Rio de Janeiro foram cenários da pesquisa. Entrevista individual e análise de conteúdo temática foram utilizadas para coleta e análise das informações.

Resultados:

troca de saberes entre enfermeiras obstétricas preceptoras e enfermeiras obstétricas aprimorandas fomentaram aprendizados e reflexões no âmbito do parto e nascimento, contribuindo com a ampliação da autonomia e protagonismo profissional no processo de formação, atenção à saúde e gestão.

Considerações Finais:

encontros coletivos que fomentam análise do trabalho e valorizam a atuação de enfermeiras obstétricas têm suscitado processos de intervenção e apoio institucional em maternidades no Rio de Janeiro, Brasil.

Descritores:
Enfermagem Obstétrica; Humanização da Assistência; Cogestão Administrativa; Formação Profissional; Engajamento no Trabalho

ABSTRACT

Objectives:

to analyze how certified nurse-midwives identify preceptorship in a nursing-midwifery enhancing course conducted by the Universidade Federal Fluminense as a possibility of training to promote institutional support and intervention.

Methods:

a descriptive, exploratory research with qualitative approach. Six certified nurse-midwife preceptors from the Nursing-Midwifery Enhancing Course participated in the study in 2019. Two public maternity hospitals in Rio de Janeiro were settings of the research. Individual interview and thematic content analysis were used to collect and analyze data.

Results:

exchange of knowledge between preceptors and trainees encouraged learning and reflection stemming from delivery and birth, contributing to expansion of autonomy and professional leading role in training, health care, and management.

Final Considerations:

collective meetings that promote work analysis and value the performance of certified nurse-midwives have led to intervention processes and institutional support in maternity hospitals in Rio de Janeiro, Brazil.

Descriptors:
Obstetric Nursing; Humanization of Assistance; Health Administration; Professional Training; Work Engagement

RESUMEN

Objetivos:

analizar cómo las enfermeras obstétricas identifican la preceptoría en un curso de mejora obstétrica, realizado por la Universidade Federal Fluminense, como una posibilidad de capacitación con miras a apoyo e intervención institucional.

Métodos:

investigación exploratoria descriptiva con enfoque cualitativo. Seis enfermeras obstétricas que fueron instructoras en el Curso de Mejoramiento para Enfermeras Obstétricas participaron en el estudio en 2019. Dos hospitales públicos de maternidad en la región metropolitana de Río de Janeiro fueron los entornos de investigación. Se utilizaron entrevistas individuales y análisis de contenido temático para recopilar y analizar informaciones.

Resultados:

el intercambio de conocimientos entre las enfermeras obstétricas preceptoras y las enfermeras obstétricas alumnas fomentó el aprendizaje y las reflexiones en el ámbito del parto y el parto, contribuyendo a la expansión de la autonomía y el protagonismo profesional en el proceso de capacitación, atención médica y gestión.

Consideraciones finales:

las reuniones colectivas que fomentan el análisis del trabajo y valoran el trabajo de las enfermeras obstétricas han elevado los procesos de intervención y el apoyo institucional en los hospitales de maternidad en Río de Janeiro, Brasil.

Descriptores:
Enfermería Obstétrica; Humanización de la Atención; Administración en Salud; Capacitación Profesional; Compromiso Laboral

INTRODUÇÃO

O uso de estratégias para capacitar ou aprimorar pessoas nos locais de serviço tem sido utilizado pela gestão nas instituições de saúde, vide a necessidade de fomentar diálogos e experiências que se aproximem da realidade prática. Busca também evitar deslocamentos desnecessários e suscitar a operacionalização de ações engajadas com a perspectiva de qualificar processos de mudança no cotidiano do trabalho.

No âmbito do parto e nascimento, a Organização Mundial de Saúde (OMS)(11 World Health Organization (WHO). WHO recommendations Intrapartum care for a positive childbirth experience. Geneva: World Health Organization; 2018. 200p.) e o Ministério da Saúde (MS) no Brasil têm fomentado a implementação de ações a partir da Política Nacional de Humanização da atenção e gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) (PNH, 2003), do Programa de Humanização de Pré-Natal e Nascimento (PHPN, 2002), da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (2004 e 2011) e da Rede Cegonha (2011)(22 Alves AG, Martins CA, Lima e Silva F, Alexandre MSA, Correa CIN, Tobias GC. Política de humanização da assistência ao parto como base à implementação rede cegonha: revisão integrativa. Rev Enferm UFPE. 2017;11(2):691-702. doi: 10.5205/reuol.10263-91568-1-RV.1102201724
https://doi.org/10.5205/reuol.10263-9156...
-33 Silva LNM, Silveira APKF, Morais FRR. Programa de humanização do parto e nascimento: aspectos institucionais na qualidade da assistência. Rev Enferm UFPE. 2017;11(S8):3290-4. doi: 10.5205/reuol.11135-99435-1-ED.1108sup201713
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). Deste modo, sinaliza-se a necessidade permanente de institucionalizar um modelo de atenção ao parto, cujas práticas de saúde qualifiquem uma rede de assistência menos intervencionista e mais humanizada(44 Carvalho EMP, Göttems LBD, Pires MRGM. Adesão às boas práticas na atenção ao parto normal: construção e validação de instrumento. Rev Esc Enferm USP. 2015;49(6):889-897. doi: 10.1590/S0080-623420150000600003
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-55 Medeiros RMK, Teixeira RC, Nicolini AB, Alvares AS, Corrêa ACP, Martins DP. Humanized care: insertion of obstetric nurses in a teaching hospital. Rev Bras Enfermagem. 2016;69(6):1029-36. doi: 10.1590/0034-7167-2016-0295
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).

Como modo de fortalecer a continuidade desse processo de atuação e formação, o MS tem investido esforços a partir de iniciativas, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a fim de operacionalizar Cursos de Aprimoramento1 1 a No decorrer do texto, o uso de “enfermeira obstétrica aprimoranda” tem o objetivo de identificar as enfermeiras obstétricas que, por serem especialistas com conhecimentos técnicos adquiridos por formação Lato Sensu, realizaram o curso em uma perspectiva de aperfeiçoamento profissional no âmbito da enfermagem obstétrica. Ratifica-se o argumento de utilizar o termo “aprimoranda” para se referir a esse grupo, que fez atualização de estudos técnico-científicos e de práticas profissionais baseadas em evidências científicas contemporâneas(6-8). para Enfermeiras Obstétricas em todo o país(66 Nanette I. Vogel, enhancing the competency of obstetric nurses in the perioperative environment. J Obstetr, Gynecol Neonatal Nurs. 2018;47(Supp-3). doi: 10.1016/j.jogn.2018.04.041
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7 Raney J, Morgan MC, Christmas A, Sterling M, Spindler H, Ghosh R, et al. Simulation-enhanced nurse mentoring to improve preeclampsia and eclampsia care: an education intervention study in Bihar, India. BMC Pregnancy Childbirth. 2019;19:41. doi: 10.1186/s12884-019-2186-x
https://doi.org/10.1186/s12884-019-2186-...
-88 Guimond ME. “Evaluation Of A Simulation-enhanced Obstetric Clinical Experience On Learning Outcomes For Knowledge, Self-efficacy, And Transfer” [Internet] . Electronic Theses and Dissertations. 2010[2019 Aug 21]. University of Central Florida Libraries. Available from: http://library.ucf.edu
http://library.ucf.edu...
).

Nesse rastro, em 2017, o MS, em conjunto com o Ministério da Educação, o Instituto Fernandes Figueira da Fundação Osvaldo Cruz, a Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares e a UFMG, teve a iniciativa de implantar o projeto Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia (APICEON/MS). De forma ampliada, esse projeto potencializa a qualificação da atenção à saúde, gestão e formação em hospitais universitários e maternidades de ensino(99 Ministério da Saúde (BR). APICEON - Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde; 2017. 31p.).

À medida que se fundamenta a importância desse processo de formação, que tem estimulado transformações do modelo obstétrico no SUS em todo o país, torna-se nítida a necessidade de olhar o fazer operacional da supervisão de campo prático e as enfermeiras obstétricas que realizam preceptoria no Curso de Aprimoramento para Enfermeiras Obstétricas, financiado pelo MS e realizado pela UFF (CAEO/MS/UFF).

Deve ser considerado que a proposta metodológica utilizada como subsídio do aprimoramento no cuidado e ensino em obstetrícia, a partir do APICEON/MS, traz, em sua ancoragem teórica, o alerta de levar em conta também as potencialidades dos sujeitos, em prol de melhorar as interações comunicativas, a participação profissional ativa nos serviços e a capacidade de mobilização em direção a mudanças em uma perspectiva de co-gestão do trabalho(1010 Santos Filho SB. Apoio institucional e análise do trabalho em saúde: dimensões avaliativas e experiências no Sistema Único de Saúde (SUS). Interface. 2014;18(Supl-1):1013-25. doi: 10.1590/1807-57622013.0159
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11 Roza MMR, Barros MEB, Guedes CR, Santos Filhos SB. A experiência de um processo de formação articulando humanização e apoio institucional no trabalho em saúde. Interface. 2014;18(Supl-1):1041-52. doi: 10.1590/1807-57622013.0199
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12 Fontoura AMT. Arranjos e estratégias de Cogestão em maternidades públicas[Dissertação]. Rio de Janeiro; 2017.
-1313 Mori ME, Oliveira OVM. Apoio institucional e cogestão: a experiência da Política Nacional de Humanização no Sistema Único de Saúde (SUS) no Distrito Federal, Brasil. Interface. 2014;18(Supl-1):1063-1075. doi: 10.1590/1807-57622013.0316
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).

Entretanto, o problema central é o desajuste ou a existência de lacunas entre os modos de fazer preceptoria sob a lógica tradicional de ensino e a proposta atual operacionalizada no SUS. No entanto, a partir da educação permanente alicerçada na política pública, que dialoga com os modelos de formação-intervenção, busca-se problematizar os processos de trabalho em saúde oportunizando análises, reflexões, diálogos e participação dos profissionais dos serviços e da formação(1414 Miccas FL, Batista SHSS. Educação permanente em saúde: metassíntese. Rev Saúde Pública. 2014;48(1):170-85. doi: 10.1590/S0034-8910.2014048004498
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).

Dar sentido às relações sociais e institucionais a partir de diálogo reflexivo e troca de experiência e conhecimento torna possível reduzir distanciamentos pedagógicos entre profissionais da atenção/cuidado, da formação e da gestão. Fazer movimentos de ensino-aprendizado com base nas próprias situações de trabalho é convocar recursos investidos nos encontros e diálogos para operar práticas refletidas capazes de transformar realidades no cotidiano das instituições.

Ou seja, essa abordagem, cujo modelo teórico se ancora na concepção crítico-reflexiva-dialógica e no processo coletivo de aprendizado, viabiliza engajamentos profissionais responsáveis por estimular reflexões sobre o próprio fazer e implementar modos de intervir no trabalho e na formação em saúde. Assim, a teoria dialógica da reflexão e ação proposta por Paulo Freire torna possível embasar práticas de sujeitos que, em uma perspectiva de colaboração, se encontram para transformação do mundo(1515 Freire AMA, (org.). Paulo Freire - Pedagogia do compromisso: América Latina e educação popular. Rio de Janeiro-São Paulo: Paz &Terra; 2018.).

Quanto ao exercício de preceptoria, esse remete à atuação de um trabalhador mais experiente que se ocupa com a formação de um futuro profissional, admitindo a necessidade de múltiplas competências para identificar fragilidades e estimular a participação discente(1616 Ferreira FG, Dantas FC, Valente GSC. Saberes e competências do enfermeiro para preceptoria em unidade básica de saúde. Rev Bras Enferm. 2018;71(4):1657-65. doi: 10.1590/0034-7167-2016-0533
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). Trata-se de um processo de apoio que ocorre quando uma pessoa mais experiente trabalha ao lado de outra no sentido de fornecer suporte clínico e direcionamento em prol do ensino-aprendizado de novas habilidades, com vistas à assunção de uma prática profissional independente e de qualidade(1717 Organização Panamericana de Saúde (OPAS). Conjunto de ferramentas para o fortalecimento da parteria nas Américas. Centro Latino-Americano de Perinatologia, Saúde da Mulher e Reprodutiva, Montevidéu: CLAP/SMR, 2014.).

Deste modo, o compromisso da preceptoria necessita ir além do repasse de informações, da demonstração de procedimentos, da vigilância organizacional e da habilitação tecnocrática. Deve se imbuir também por trabalhar reflexões que referenciem aspectos sociais, culturais e de poder.

Neste caso, a preceptoria desenvolvida por enfermeiras obstétricas no campo do parto e nascimento em maternidades do Rio de Janeiro (RJ), a partir da realização de cursos de aprimoramento de enfermeiras obstétricas de todo o país, deve estar aberta para a concepção de trabalho como atividade e relação de serviço que, de certo modo, dialoga com a PNH e a Política de Educação Permanente em Saúde (PNEPS)(1818 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde: o que se tem produzido para o seu fortalecimento? Brasília. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.73p.). Em alguma medida, essa função necessita ser estimulada a fazer elo entre ensino/formação, atenção/cuidado e gestão de maternidades de ensino com base no diálogo profissional, sustentando a análise coletiva do trabalho em saúde(1111 Roza MMR, Barros MEB, Guedes CR, Santos Filhos SB. A experiência de um processo de formação articulando humanização e apoio institucional no trabalho em saúde. Interface. 2014;18(Supl-1):1041-52. doi: 10.1590/1807-57622013.0199
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).

O trabalho da preceptoria no campo da enfermagem obstétrica pode e deve estar articulado com a concepção de apoio institucional, visando à produção de sujeitos na relação com o trabalho, além de sinalizar aspectos sobre a forma de organização, autonomia no serviço e comunicação/diálogo entre profissionais da atenção/cuidado, gestão e formação.

Essa perspectiva de formação, a partir de estratégias de co-gestão e diálogos sobre o trabalho, pode contribuir com o estímulo de processos político-metodológicos que potencializam a participação ativa dos profissionais da atenção e formação no sentido de agirem como apoiadores institucionais. O envolvimento coletivo para assegurar meios à formação/ensino/preceptoria acaba por proporcionar conversas a respeito do trabalho que, por sua vez, contribuem em prol da indução de novos modos de produção de sujeitos/equipes(1010 Santos Filho SB. Apoio institucional e análise do trabalho em saúde: dimensões avaliativas e experiências no Sistema Único de Saúde (SUS). Interface. 2014;18(Supl-1):1013-25. doi: 10.1590/1807-57622013.0159
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,1212 Fontoura AMT. Arranjos e estratégias de Cogestão em maternidades públicas[Dissertação]. Rio de Janeiro; 2017.-1313 Mori ME, Oliveira OVM. Apoio institucional e cogestão: a experiência da Política Nacional de Humanização no Sistema Único de Saúde (SUS) no Distrito Federal, Brasil. Interface. 2014;18(Supl-1):1063-1075. doi: 10.1590/1807-57622013.0316
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).

Nessa direção, pode contribuir mediando situações de tensão e conflitos institucionais, permitindo estimular mudanças nas relações cotidianas por meio de movimentos que permitem o equilíbrio de forças e poder influenciando reciprocamente o convívio no trabalho e na formação(1919 Pereira AV, Roterberg L, Oliveira SS. Relações de gênero e interdependências: reflexões a partir de mudanças na configuração hospitalar. Hist Ciên Saúde: Manguinhos. 2013;20(3):1007-24. doi: 10.1590/S0104-59702013005000009
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).

Provoca a possibilidade de reorganização do fazer e modos de exercer o gerenciamento que, em alguma medida, caracterizam ferramentas para o fortalecimento da enfermagem obstétrica(1717 Organização Panamericana de Saúde (OPAS). Conjunto de ferramentas para o fortalecimento da parteria nas Américas. Centro Latino-Americano de Perinatologia, Saúde da Mulher e Reprodutiva, Montevidéu: CLAP/SMR, 2014.). Tem como perspectiva teórica os conceitos de formação-intervenção enquanto campo de análise coletiva do trabalho em saúde(1010 Santos Filho SB. Apoio institucional e análise do trabalho em saúde: dimensões avaliativas e experiências no Sistema Único de Saúde (SUS). Interface. 2014;18(Supl-1):1013-25. doi: 10.1590/1807-57622013.0159
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) e os princípios freireanos(1515 Freire AMA, (org.). Paulo Freire - Pedagogia do compromisso: América Latina e educação popular. Rio de Janeiro-São Paulo: Paz &Terra; 2018.), que embasam a referência que articula a prática pedagógica na transformação da realidade, representando neste estudo os espaços de preceptoria e co-gestão nas maternidades(1212 Fontoura AMT. Arranjos e estratégias de Cogestão em maternidades públicas[Dissertação]. Rio de Janeiro; 2017.-1313 Mori ME, Oliveira OVM. Apoio institucional e cogestão: a experiência da Política Nacional de Humanização no Sistema Único de Saúde (SUS) no Distrito Federal, Brasil. Interface. 2014;18(Supl-1):1063-1075. doi: 10.1590/1807-57622013.0316
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) onde foram realizados o CAEO/MS/UFF.

OBJETIVOS

Analisar como as enfermeiras obstétricas identificam a preceptoria no Curso de Aprimoramento em Obstetrícia, realizado pela UFF, como possibilidade de formação, com vistas ao apoio institucional.

MÉTODOS

Aspectos éticos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas do Hospital Universitário Antônio Pedro da UFF, sob Parecer nº 3.434.805/2019, como disposto na Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012. Após apresentação do escopo da pesquisa às participantes, essas foram convidadas em seus locais de trabalho a compor. Para preservar o respectivo sigilo, anonimato e confiabilidade, as depoentes receberam uma codificação alfanumérica (ex: P1... P6), além da garantia da participação voluntária, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Tipo de estudo

Pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem qualitativa, norteada pelo instrumento COREQ(2020 Tong A, Sainsbury P, Craig J. Consolidated criteria for reporting qualitative research (COREQ): a 32-item checklist for interviews and focus groups. Int J Qual Health Care. 2007;19(6):349-57. doi: 10.1093/intqhc/mzm042
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), tendo como participantes enfermeiras obstétricas preceptoras do Curso de Aprimoramento para Enfermeiras Obstétricas, financiado pelo MS e realizado pela Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da UFF.

Cenário do estudo

O cenário compreende duas maternidades públicas no Rio de Janeiro, sendo uma vinculada à Secretaria Municipal de Saúde (SMS-RJ) e outra à Fundação Municipal de Saúde de Niterói, que foram campos práticos do CAEO (MS/UFF).

Coleta e organização dos dados

As participantes consideradas elegíveis para o estudo deveriam atender aos seguintes critérios de inclusão: serem enfermeiras obstétricas, preceptoras do CAEO/MS/UFF, servidoras das referidas maternidades com inscrição de especialista no Conselho Regional de Enfermagem-RJ. Foram excluídas aquelas que estavam em férias ou licenciadas por motivo de saúde, assim, das oito (8) elegíveis, participaram seis (6) enfermeiras obstétricas preceptoras, pois duas (2) estavam de licença médica. O período de coleta de dados ocorreu em julho de 2019.

Foi utilizada a técnica da entrevista semiestruturada, com perguntas sobre percepções das enfermeiras obstétricas preceptoras do CAEO/MS/UFF acerca da educação permanente nos moldes de formação-intervenção para enfermeiras obstétricas. As entrevistas tinham duração aproximada de 30 a 50 minutos, sendo gravadas com recurso digital e transcritas na íntegra. Foram realizadas individualmente conforme horário pré-acordado em locais reservados nas maternidades, onde o pesquisador mantinha-se em silêncio para não intervir no processo de coleta das informações.

Análise dos dados

Os relatos foram analisados por meio da análise de conteúdo na modalidade temática(2121 Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70. 2011. (Trabalho original publicado em 1977).), cujas fases foram: 1) pré-análise dos depoimentos; 2) exploração do material e tratamento dos resultados; 3) inferência e interpretação.

Para organização e codificação do material, foram utilizados recursos computadorizados simples (colorimetria no Microsoft Word®), que possibilitaram eleger as Unidades de Registro: A percepção das enfermeiras obstétricas sobre a própria prática de preceptoria; A caracterização da preceptoria como apoio institucional e intervenção; Mudanças no processo de trabalho da instituição; Troca de conhecimentos e experiências; Ampliação efortalecimento da atuação profissional. Foi elencado o núcleo temático: A preceptoria no curso de aprimoramento da UFF como possibilidade de formação com vistas ao apoio institucional.

Desta maneira, torna-se possível identificar duas categorias temáticas: A participação da enfermeira obstétrica preceptora no campo do parto e nascimento como possibilidades de apoio institucional e intervenção; e O protagonismo da enfermeira obstétrica no processo de formação: modos de fazer preceptoria que ampliam a visibilidade e a atuação profissional.

RESULTADOS

O grupo composto por seis (6) enfermeiras obstétricas preceptoras do CAEO/MS/UFF estava na faixa etária entre 28 e 53 anos. Tinham, em média, sete (7) anos de trabalho na enfermagem obstétrica e realizaram cursos de especialização em obstetrícia em instituições públicas do estado do Rio de Janeiro, concluídos em um período médio de cinco anos. As falas das enfermeiras obstétricas acerca da própria prática de preceptoria em um curso de atualização/aprimoramento financiado pelo MS possibilitaram identificar perspectivas de intervenção e apoio institucional no campo do parto e nascimento, e de ampliação da autonomia e protagonismo profissional.

1ª Categoria - A participação da enfermeira obstétrica preceptora no campo do parto e nascimento como possibilidades de apoio institucional e intervenção

Olhar para o processo de formação no cenário do parto e nascimento, a partir da preceptoria realizada por enfermeiras obstétricas, em maternidades seguidoras do APICEON/MS, campos práticos do CAEO/MS/UFF no Rio de Janeiro, permitiu considerar o trabalho com a perspectiva de fortalecimento de coletivos e mudança de realidade cotidiana institucional.

Em uma relação de implicações recíprocas, foi possível observar que, a partir do acompanhamento realizado previamente pela equipe de condução do curso nas maternidades, a preceptoria foi estimulada a efetivar formação diferenciada e, concomitantemente, provocar mudanças que gerariam sentidos diferenciados nas relações institucionais.

Por um lado, pode-se observar que o grupo fez referência às mudanças provocadas no processo de trabalho da instituição que acolhe as enfermeiras obstétricas aprimorandas de outros estados. Porém, por outro, sinalizaram que as alterações observadas e discutidas no campo da assistência também estariam passíveis de afetar e contribuir para transformar as unidades de origem das profissionais que estavam se atualizando/aperfeiçoando por meio de participação no curso:

O maior movimento ocorre na prática, na ponta... o que o curso... o APICEON traz é a discussão... são os questionamentos, as perguntas... como que é o correto... o que foi estudado que é o certo... o que é recomendado... por que a gente não faz... eu acho que isso mexe com o dia a dia da instituição... e faz com que as pessoas reflitam e repensem... e discutam o trabalho... os processos de trabalho. (P4)

Toda a unidade acaba se envolvendo na proposta... é notório perceber que há sim um movimento provocativo de mudança do processo de trabalho da instituição que recebe os aprimorandos, pois acaba envolvendo toda a equipe, tanto profissional de saúde quanto o administrativo, a recepção/portaria até as pessoas do refeitório... (P1)

Entretanto, sinalizaram que essas mudanças, especificamente aquelas envolvendo a categoria médica, ainda têm sido vivenciadas com alguma resistência:

Todo esse processo feito pela enfermagem obstétrica... a gente não consegue que esse processo seja feito na unidade como um todo... não consegue que a equipe médica trabalhe nessa lógica de assistência humanizada ao parto... o nosso grande problema hoje é fazer com que a unidade como um todo respeite um protocolo de assistência integral humanizada ao parto e nascimento... trabalho em equipe. (P1)

Porém, a resistência não é unilateral, já que as próprias enfermeiras obstétricas, oriundas de outros estados brasileiros, trazem consigo algo confabula com essa relutância que, por sua vez, as distanciam das relações entre a equipe, culminando nessa resistência recíproca que se torna objeto de diálogo e análise no processo de formação.

Apesar do movimento... das mudanças que vem ocasionando em serviço... ainda acho que tem uma resistência médica muito presente na fala dos aprimorandos... devido à forma como eles [aprimorandos] interpretam como o parto deve ser... que o parto é problema e não é fisiológico. Eles não conseguem enxergar como o papel deles [médicos] e o papel do enfermeiro obstetra no mesmo cenário de cuidado é importante. (P3)

A partir dos relatos a seguir, pode-se visualizar que, mesmo vivenciando situações de tensão e movimentos de mudanças, os profissionais foram estimulados a dialogar a respeito do próprio cotidiano durante e após o tempo em que ocorriam as práticas de formação. Refletiram, também, acerca da influência recíproca que repercutia no processo de formação da unidade, pois, de certo modo, os profissionais da atenção/cuidado/assistência e da gestão igualmente aprendiam e trocavam experiências com a vinda de trabalhadores de outros locais do país.

Então, nós preceptores que estamos ali juntos, os supervisores, e também os outros profissionais que estão envolvidos nesse contexto... precisam de uma certa forma buscar coisas que são atuais. Então, isso faz com que a unidade... as mulheres... elas sejam beneficiadas! Porque quando tem pessoas de fora para intervir, nem que seja pelo menos para observar a nossa prática, a nossa atuação sofre interferência... (P1)

A preceptoria [o curso de aprimoramento] provoca mudança... quando a gente começa a ensinar a gente se torna uma vitrine... fica exposto para tudo que há de bom e tudo que há de ruim no serviço. Então acredito que isso faz com que todos os profissionais repensem as suas atitudes... quando a gente ensina, aprende, se expõe e também absorve experiências... não só enquanto preceptor, mas toda equipe. Então começa fazer diferente e começa a ver o quanto que isso dá certo... (P6)

Tais influências foram mencionadas a partir de estratégias do APICEON/MS e do CAEO/MS/UFF mediante a necessidade de olhar o trabalho com a perspectiva de diálogo quanto ao mesmo na realidade cotidiana institucional. Assim, as enfermeiras obstétricas preceptoras apontaram que, após o início do curso, a meta de organizar reuniões de/entre trabalhadores para discutir o dia a dia das ações nas maternidades foi um compromisso dos profissionais da atenção, da gestão e da formação. Além disso, destacaram a importância do apoio vindo do APICEON/MS, nesse caso, a chancela do mesmo, que tornava imprescindível na garantia do processo de intervenção, visto que as iniciativas provenientes do nível federal estimulavam mudanças.

Acredito que à medida que for realizando reuniões mensais com todos os componentes das equipes... acho que tudo que a gente tem feito tem surtido efeito. [...] acredito ainda que uma presença maior também dos membros de fora... do APICEON... mais presentes na instituição, na questão de reuniões... também surtirá efeito legal. (P3)

Na medida em que é um curso, a preceptoria, o APICEON é um projeto do MS... isso tem um peso diferenciado quando você entra em uma instituição com a logomarca, o apoio, a proposta de trabalho do MS... e faz com que a gestão se sinta, não digo obrigada, mas se sinta incomodada na medida em que ela precisa fazer e repensar a mudança... quando tem a equipe do APICEON fazendo uma intervenção, trazendo um grupo, chamando para uma reunião, sentando com a gestão... isso tem um peso muito grande e incomoda. (P4)

Esse envolvimento, sobretudo em relação à solicitação para maior presença da universidade/MS, tem estimulado a troca de conhecimentos e experiências entre trabalhadores nos serviços e implementado um movimento em prol da ampliação dos encontros coletivos na perspectiva de pensar no trabalho com pertencimento e não como uma repetição de tarefas e garantia de protocolos. Neste caso, esses encontros provocavam atividade de mudanças recíprocas no âmbito da formação, gestão e atenção.

O estímulo para desenvolver o curso de aprimoramento... é porque vejo na minha unidade as mulheres parindo de forma diferente... que há uma necessidade de criação de protocolos, de atualizações, de práticas realizadas na unidade, o aprimoramento do APICEON possibilita pensar no trabalho e não só repetir o trabalho. (P1)

Os relatos a seguir demonstram que o modo de se relacionar com o trabalho nas instituições passa a ser experimentado de forma mais inventiva e colaborativa, contribuindo para se refletir e dialogar acerca da própria prática cotidiana:

Faz com que a gente repense, reavalie o processo de formação e prática. Então a gente está o tempo todo em transformação... o tempo todo em intervenção. Estamos o tempo todo ligados à prática e à formação... entendendo que todos já são especialistas. (P2)

Mudanças na forma de lidar com os conflitos dos profissionais de saúde... no processo... na gestão... na formação... e também nas aprimorandas e preceptoras... (P3)

Esse movimento, que instiga processos de análise do trabalho, estimula o entendimento de que usá-lo a partir do próprio trabalhador, no sentido de fazer assistência e modos de ensinar/formar reflexivos, contribui no sentido de ampliar transformações para além das paredes institucionais. Assim, as mudanças recíprocas podem ocorrer tanto nas relações entre profissionais, que já se encontram nas maternidades e recebem as enfermeiras obstétricas aprimorandas, quanto nas instituições que enviaram essas especialistas para o curso:

O estímulo que a gente tem da instituição, acho que é o estímulo muito pessoal... é quando você gosta do que você faz, quando você quer que todas as mulheres tenham essa assistência respeitosa com o uso das tecnologias... com respeito mesmo. Então você quer que isso se espalhe para as outras instituições. (P5)

O entendimento de que a indicação era feita a partir de um compromisso institucional entre a gestão, o APICEON/MS e a própria enfermeira obstétrica aprimoranda, suscita a possibilidade de comprometimento individual e coletivo, conforme esclarece o depoimento a seguir:

Intervenção para quem vem, para quem se propõe a modificar esse modelo que está habituado e poder transformar o local quando voltar... mudar o serviço. Ou apenas para fortalecer a prática [...] vai ter intervenção também na gente, na gestão, em tudo. (P6)

Assim, quando a enfermeira obstétrica aprimoranda, que veio indicada para participar do curso de aprimoramento/aperfeiçoamento, retornar à sua instituição de origem, deve encontrar apoio, a fim de garantir implicação individual e engajamento coletivo nos processos de mudanças.

2ª - O protagonismo da enfermeira obstétrica no processo de formação: modos de fazer preceptoria que ampliam visibilidade e atuação profissional

Quanto à atuação na preceptoria de um curso de aprimoramento financiado pelo MS (2018-2019), foi possível identificar que as enfermeiras obstétricas preceptoras expressaram uma relação de ensino-aprendizagem consolidada por meio do acompanhamento efetivo do parto e nascimento, configurando ações de preceptoria a partir do próprio exercício profissional.

Ao efetivar a exemplificação direta da atuação profissional, essas enfermeiras obstétricas preceptoras utilizaram recursos dinâmicos de ensino-aprendizagem como oficinas de cardiotocografia, de sutura, do manejo de distócias, de complicações por hemorragia, de aromaterapia e discussão de protocolos.

Tenho feito dinâmicas relacionadas ao cotidiano do trabalho... a gente faz no momento que não tem assistência ao parto, a gente está sempre conversando sobre técnicas de sutura, sobre leitura de cardiotocografia, sobre distócia, sobre hemorragia, discutindo os protocolos que não devem ser fechados... discutindo o que se faz na prática. (P2)

Necessidade de fazer oficinas de sutura, falamos sobre spinning babies... porque a gente usa isso aqui na nossa prática... spinning babies, aromaterapia [...] essas foram estratégias, quando estão vendo o nosso acompanhamento de trabalho de parto e parto... então surgiu essa necessidade por parte deles também de discutir. (P5)

Compartilhar conhecimentos científicos atualizados suscitou reflexões por parte de algumas entrevistadas, que, até certo ponto, contribuíram para fortalecer a imagem da enfermeira obstétrica nas relações de trabalho nas maternidades campos do curso ou exemplificar posicionamentos de independência profissional na relação com as enfermeiras obstétricas aprimorandas.

A gente tem bastante autonomia com toda equipe... equipe médica, com técnicos... a gente tem bastante troca... a gente tem o respeito das equipes... E a gente já chega apresentando o grupo de aprimorandos para todo o serviço. (P6)

As relações de preceptoria permitiram vivenciar permutas de conhecimentos entre profissionais de diferentes realidades do país, instrumentalizando tanto o grupo de enfermeiras obstétricas preceptoras quanto o de enfermeiras obstétricas aprimorandas para atuarem de modo diferenciado nas maternidades que recebem o curso e nas instituições de origem.

Dá para esses profissionais de saúde um pouco da prática, um pouco do entendimento da gestão, um pouco da experiência de quem já fez esse processo de institucionalização da assistência de enfermagem obstétrica no serviço. (P4)

Eu acho que é muita troca. Uma fala da sua realidade, outro fala da sua... então isso é uma troca muito grande entre os serviços. (P5)

Ainda, foi possível registrar que as enfermeiras perceberam que as ações inerentes ao processo de preceptoria sob influência do CAEO/MS/UFF, em alguma medida, fortaleceram a própria atuação profissional. Para implementar as atividades direcionadas pelo curso, era necessário fazer um exercício de preceptoria por meio de discussões coletivas e reflexões a respeito dos problemas relacionados à prática e aqueles imbricados ao trabalho e à formação permanente.

Nesse contexto, a preceptoria oportunizava a aproximação das enfermeiras obstétricas aprimorandas aos demais profissionais e gestores das instituições que recebiam o curso, promovendo encontros que, de certo modo, contribuíam para refletir sobre a prática cotidiana.

Em uma perspectiva correlacionada, o grupo entrevistado entendeu que o processo de preceptoria também se desenvolvia por meio de envolvimento da enfermeira obstétrica preceptora com a gestão e demais profissionais, cujo foco seria mediar relações com vistas à operacionalização do curso e estimular processos que contribuíssem para mudanças estruturais.

Tenho buscado discutir com eles [aprimorandos] porquê e como podemos ver essa situação problema, buscando o entendimento do problema ou caminho para resolver de uma forma a se pensar junto, a mudar juntos, mudança de estrutura e de práticas das suas unidades [...] as relações entre a preceptoria de enfermagem obstétrica e o profissional de gestão do processo de parto podem ser afetadas... uma maneira positiva onde há uma gestão que tem o interesse real de ter uma mudança de estrutura. (P1)

Então, o contato com a gestão, resolver essas situações problemas com o diálogo trazendo para os próprios aprimorados uma reflexão do que eles fariam no meu lugar no local de trabalho deles, como envolver a gestão... tentando resolver com conversa entre gestão, equipe multiprofissional e entre os próprios aprimorandos. (P2)

Por sua vez, a preceptoria também pode ajudar no fortalecimento da autonomia da enfermeira obstétrica na relação com a própria equipe.

A gente fica um pouco mais questionador, a gestão tem que modificar para conseguir atender ao que a gente precisa no serviço. (P6)

A preceptoria no curso te dá argumentos, embasamento e reflexão do serviço. (P4)

A gestão das unidades passa a perceber a questão de autonomia desse profissional [enfermeira obstétrica preceptora], do quanto ele tem de conhecimento técnico-científico e de prática baseada em evidências para essa assistência ao parto [...] a intervenção que o curso tem é para mudança do modelo assistencial, para que o enfermeiro obstétrico tenha autonomia nessa assistência ao parto [...] de inserção de protocolo do enfermeiro totalmente na equipe multiprofissional como profissional altamente capacitado. (P2)

Foi detalhado que esse processo de ampliação da atuação e autonomia profissional dessas especialistas, a partir da preceptoria em um curso de aperfeiçoamento, tinha como proposta realizar ações que caracterizassem intervenção, porque, de certo modo, provocavam mudanças relacionadas ao trabalho institucional, com vistas à necessidade de atender as diretrizes do CAEO/MS/UFF.

DISCUSSÃO

Devido ao fato de estarem desenvolvendo atividades de preceptoria em um curso financiado pelo MS (CAEO/UFF), as enfermeiras obstétricas preceptoras, as enfermeiras obstétricas aprimorandas e os demais profissionais tiveram necessidade de organizar os modos de representar competências que, de certa forma, oportunizassem diálogos com expectativas de qualidade no processo de formação. Desenvolver a capacidade de análise do trabalho e maneiras de co-gestão a partir de práticas coletivas entre e com diferentes profissionais tornava possível avaliar situações reais do trabalho como espaço privilegiado de formação e intervenção(1111 Roza MMR, Barros MEB, Guedes CR, Santos Filhos SB. A experiência de um processo de formação articulando humanização e apoio institucional no trabalho em saúde. Interface. 2014;18(Supl-1):1041-52. doi: 10.1590/1807-57622013.0199
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).

Demonstrar força para oportunizar relações de ensino-aprendizagem, a partir de limitações impostas por dificuldades de estrutura/ambiência e relações de trabalho influenciadas pelo histórico modo corporativo de atuação na saúde em detrimento de ações coletivas/interprofissionais(2222 Pereira AV. Tutoria interprofissional no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - Rede Cegonha: desafios de uma experiência realizada no município de Niterói-RJ. In: Abrahão AL, Souza AC. (Org.). Composições de formação em saúde: a experiência do PET-UFF. São Paulo: Hucitec, 2019. p. 89-99.), também era um esforço cotidiano realizado pela enfermeira obstétrica preceptora, a fim de garantir processos competentes de formação. A atividade dessas preceptoras pode contribuir no sentido da atualização de conhecimento técnico e aprimoramento contínuo de qualidade.

Assim, essa atuação, que leva em consideração a referência de padrões externos de prática segura baseada em evidências científicas(1717 Organização Panamericana de Saúde (OPAS). Conjunto de ferramentas para o fortalecimento da parteria nas Américas. Centro Latino-Americano de Perinatologia, Saúde da Mulher e Reprodutiva, Montevidéu: CLAP/SMR, 2014.), de modo parecido com simulation-enhanced nurse(66 Nanette I. Vogel, enhancing the competency of obstetric nurses in the perioperative environment. J Obstetr, Gynecol Neonatal Nurs. 2018;47(Supp-3). doi: 10.1016/j.jogn.2018.04.041
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7 Raney J, Morgan MC, Christmas A, Sterling M, Spindler H, Ghosh R, et al. Simulation-enhanced nurse mentoring to improve preeclampsia and eclampsia care: an education intervention study in Bihar, India. BMC Pregnancy Childbirth. 2019;19:41. doi: 10.1186/s12884-019-2186-x
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-88 Guimond ME. “Evaluation Of A Simulation-enhanced Obstetric Clinical Experience On Learning Outcomes For Knowledge, Self-efficacy, And Transfer” [Internet] . Electronic Theses and Dissertations. 2010[2019 Aug 21]. University of Central Florida Libraries. Available from: http://library.ucf.edu
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), também viabiliza qualificar processos de apoio institucional e intervenção no campo obstétrico(2323 Andrade MAC, Barros SMM, Maciel NP, Sodré F, Lima RCD. Institutional support: democratic strategy in the everyday practices of the Brazilian Health System (SUS). Interface (Botucatu). 2014;18(Supl-1):833-44. doi: 10.1590/1807-57622013.0222
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).

Vale destacar que cada maternidade que se encontrava na condição de executora de ações programadas via o APICEON/MS como oportunidade de campo prático para o aprimoramento de enfermeiras obstétricas oriundas de hospitais de ensino de todo o país demonstrava o esforço, no intuito de compartilhar processos de co-gestão e formação interrelacionados com a prática cotidiana, com vistas à transformação do processo de trabalho.

Segundo o Conjunto de Ferramentas para o Fortalecimento da Obstetrícia (2014), o apoio ao aprimoramento ou melhoria contínua da qualidade nos serviços obstétricos deve contribuir objetivando que essas instituições se comprometam em avaliar práticas e fornecer evidências de que as atividades possam ser comparadas com padrões externos de segurança, viabilizando recomendações à qualificação do cuidado(1717 Organização Panamericana de Saúde (OPAS). Conjunto de ferramentas para o fortalecimento da parteria nas Américas. Centro Latino-Americano de Perinatologia, Saúde da Mulher e Reprodutiva, Montevidéu: CLAP/SMR, 2014.).

Nesta perspectiva, a enfermeira obstétrica preceptora, ao vivenciar atuações participativas e colaborativas, gradativamente vai inserindo o entendimento de apoio institucional à sua prática de atenção à saúde e formação como um papel mais dinamizador do que expectador diante do processo de potencializar mudanças institucionais.

No que tange ao componente formação, o profissional não só facilitava o acesso dialógico com a gestão, mas também provocava a possibilidade de o gestor posicionar-se efetivamente diante das tensões existentes no processo de transformação que estavam sendo arrolados. Afinal, lidar com conflitos profissionais, indagações, críticas e estranhamentos fazia com que a enfermeira obstétrica preceptora incorporasse forças diferenciadas e identificasse pares, sobretudo com/no âmbito da gestão, para mediar os desencontros cotidianos(1919 Pereira AV, Roterberg L, Oliveira SS. Relações de gênero e interdependências: reflexões a partir de mudanças na configuração hospitalar. Hist Ciên Saúde: Manguinhos. 2013;20(3):1007-24. doi: 10.1590/S0104-59702013005000009
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).

Foram vivenciados processos de mudanças relacionados à própria prática profissional resultantes da necessidade de manter uma relação mais próxima da gestão e dos demais profissionais da equipe. Assim, revelaram-se compromissos, confrontos e mediações no campo dos valores éticos-estéticos-políticos, que potencializavam a formação com intervenção similares aos dispositivos que apoiam tomadas de decisão no processo de organização do cuidado(1010 Santos Filho SB. Apoio institucional e análise do trabalho em saúde: dimensões avaliativas e experiências no Sistema Único de Saúde (SUS). Interface. 2014;18(Supl-1):1013-25. doi: 10.1590/1807-57622013.0159
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,2424 Nkwanyana NM, Voce AS. Are there decision support tools that might strengthen the health system for perinatal care in South African district hospitals? a review of the literature. BMC Health Serv Res. 2019;19:731. doi:10.1186/s12913-019-4583-2
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).

Nesse percurso, os gestores e demais profissionais percebiam-se diante da necessidade de resolver problemas e lidar com os conflitos, tendo em vista a perspectiva dialógica-reflexiva que estava sendo estimulada nos encontros coletivos, com vistas ao estímulo de mudança institucional, a partir do APICEON/MS e CAEO/MS/UFF. Desta maneira, não só incorporavam o interesse de compartilhar exemplos de competência e inovação, como também possibilitavam diálogos com a proposta pedagógica do curso que provocava o exercício crítico de discussão coletiva para experimentarem o método de intervenção e apoio institucional nas maternidades, a iniciar da análise do trabalho cotidiano em diálogo com os princípios teóricos freirianos(1515 Freire AMA, (org.). Paulo Freire - Pedagogia do compromisso: América Latina e educação popular. Rio de Janeiro-São Paulo: Paz &Terra; 2018.).

Este trabalho coletivo também representa um lugar de debate, de possibilidades e negociações, sendo, portanto, impossível seguir estritamente as prescrições/normas. As tensões e contradições viabilizam diferentes sentidos às relações cotidianas nas instituições, de certo modo, contribuindo para fomentar processos de mudanças.

A partir de encontros agendados que garantiam conversas sobre os problemas e dificuldades cotidianas, era possível utilizar o trabalho para vivenciar situações de formação/aprimoramento desde a classificação de risco, passando pelo parto e nascimento, até a alta no puerpério. Deste modo, a enfermeira obstétrica preceptora vinha operando entre a norma institucional e a renormatização de processos de trabalho em uma relação dialógica-reflexiva em sintonia com os princípios da educação em serviço e os seguimentos da co-gestão. Permitiam-se reinventar modos de preceptoria, se envolvendo em atividades de apoio e intervenção a partir da análise do trabalho, contribuindo em prol da transformações no cotidiano profissional(1212 Fontoura AMT. Arranjos e estratégias de Cogestão em maternidades públicas[Dissertação]. Rio de Janeiro; 2017.-1313 Mori ME, Oliveira OVM. Apoio institucional e cogestão: a experiência da Política Nacional de Humanização no Sistema Único de Saúde (SUS) no Distrito Federal, Brasil. Interface. 2014;18(Supl-1):1063-1075. doi: 10.1590/1807-57622013.0316
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,2525 Vasconcelos MFF, Martins CP, Machado DO. Apoio institucional como fio condutor do Plano de Qualificação das Maternidades: oferta da Política Nacional de Humanização em defesa da vida de mulheres e crianças brasileiras. Interface. 2014;18(supl-1):997-1011. doi: 10.1590/1807-57622013.0335
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).

Por sua vez, o caminho formativo aqui destacado, intrinsecamente relacionado aos modos de gestão e atenção à saúde, foi apontado como estratégia que contribuiu para colocar em análise as maneiras de trabalho e de formação nas maternidades pesquisadas, além de viabilizar trocas coletivas de experiências, levando-se em conta o diálogo entre técnica e ação humana na perspectiva analítica e reflexiva. Assim, a realização dessas atividades possibilitou estratégias de apoio institucional, sustentando práticas de intervenção no processo de trabalho nas unidades(1111 Roza MMR, Barros MEB, Guedes CR, Santos Filhos SB. A experiência de um processo de formação articulando humanização e apoio institucional no trabalho em saúde. Interface. 2014;18(Supl-1):1041-52. doi: 10.1590/1807-57622013.0199
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).

Neste foco, os apontamentos, que remeteram às ações efetivadas no percurso de atualização em serviço das enfermeiras obstétricas aprimorandas provenientes de todas as regiões do país, permitiram uma formação a partir de diálogos e reflexões a respeito do cotidiana nas unidades de origem dessas profissionais e das maternidades campo de prática do CAEO/MS/UFF.

A partir da troca de conhecimentos e experiências, o exercício de preceptoria via CAEO/MS/UFF tornou possível vivenciar práticas que foram consideradas positivas, na medida em que o uso de atividades que dialogavam com metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem; neste caso, por meio de oficinas realizadas em serviço, permitiu às enfermeiras obstétricas preceptoras imprimir um caráter dinâmico no desenvolvimento do aprimoramento. Deste modo, a preceptoria realizada pela enfermeira obstétrica era vivenciada mediante discussões acerca de situações cotidianas reais, promovidas junto a cada grupo do curso.

Foram identificados as causas e os modos de ver os problemas para entendê-los e resolvê-los coletivamente, além de garantir a qualidade na formação e educação permanente. Similar às pesquisas que dialogam com a PNH, essa perspectiva ratifica a contribuição com mudanças da realidade, enfatizando o caráter participativo-emancipatório dos sujeitos que se apropriam reflexiva e analiticamente de situações cotidianas, compartilhando produção de conhecimento(1010 Santos Filho SB. Apoio institucional e análise do trabalho em saúde: dimensões avaliativas e experiências no Sistema Único de Saúde (SUS). Interface. 2014;18(Supl-1):1013-25. doi: 10.1590/1807-57622013.0159
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). Assim, tanto os profissionais da atenção e da formação quanto os da gestão passaram a ser convidados a repensarem a própria prática, corroborando indissociabilidade entre PNH(22 Alves AG, Martins CA, Lima e Silva F, Alexandre MSA, Correa CIN, Tobias GC. Política de humanização da assistência ao parto como base à implementação rede cegonha: revisão integrativa. Rev Enferm UFPE. 2017;11(2):691-702. doi: 10.5205/reuol.10263-91568-1-RV.1102201724
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) e PNEPS(1818 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde: o que se tem produzido para o seu fortalecimento? Brasília. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.73p.).

Nessa situação, foram organizadas atividades na forma de reuniões, cuja participação das enfermeiras obstétricas preceptoras permitia ampliar a visão coletiva sobre as complexas relações institucionais e movimentar transformações estruturais em diálogo com o processo de formação e co-gestão(1212 Fontoura AMT. Arranjos e estratégias de Cogestão em maternidades públicas[Dissertação]. Rio de Janeiro; 2017.-1313 Mori ME, Oliveira OVM. Apoio institucional e cogestão: a experiência da Política Nacional de Humanização no Sistema Único de Saúde (SUS) no Distrito Federal, Brasil. Interface. 2014;18(Supl-1):1063-1075. doi: 10.1590/1807-57622013.0316
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). Deste modo, a preceptoria foi considerada uma ferramenta interessante para suscitar reflexões acerca da importância de alternar o lugar de fala na convivência entre trabalhadores, priorizando uma cultura de interesses recíprocos na organização e interações do trabalho(1010 Santos Filho SB. Apoio institucional e análise do trabalho em saúde: dimensões avaliativas e experiências no Sistema Único de Saúde (SUS). Interface. 2014;18(Supl-1):1013-25. doi: 10.1590/1807-57622013.0159
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).

A fim de atender as necessidades da formação/aprimoramento, ocorreu de maneira intrínseca a expansão de atitudes associadas ao processo de autonomia profissional, que, de certo modo, foram interessantes no sentido de resolver situações-problema ligadas ao desenvolvimento do aperfeiçoamento de enfermeiras obstétricas aprimorandas. Ancoradas em encontros coletivos, com vistas aos processos de intervenção e apoio institucional, as enfermeiras obstétricas preceptoras conseguiam ampliar conexões institucionais comunicativas e dialógicas que não só diminuíam as desigualdades de poder(1919 Pereira AV, Roterberg L, Oliveira SS. Relações de gênero e interdependências: reflexões a partir de mudanças na configuração hospitalar. Hist Ciên Saúde: Manguinhos. 2013;20(3):1007-24. doi: 10.1590/S0104-59702013005000009
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), como também, de certa forma, suscitavam desfechos que acabavam por avultar a visibilidade de competência profissional nos serviços relacionados ao CAEO/MS/UFF.

Limitações do estudo

A limitação da presente investigação destaca-se na ausência de registros sistematizados das atividades exercidas pela preceptoria nas maternidades envolvidas, tais como a inexistência de informes de participação em reuniões e a elaboração de protocolos.

Contribuições para a área da enfermagem

Ancorar relações de ensino-aprendizagem por meio de conhecimentos técnico-científicos e práticas baseadas em evidências atualizadas suscita processos de avaliação sobre as intervenções consideradas contemporaneamente desnecessárias no campo do parto e nascimento e o processo de institucionalização do exercício profissional da enfermeira obstétrica e da qualificação do cuidado.

Além disso, as presentes reflexões contribuíram para fortalecer a imagem contemporânea da enfermeira(2626 Pereira AV. Relações de gênero no trabalho: reflexões a partir de imagens construídas de enfermeiras e enfermeiros. Cad Espaço Fem [Internet]. 2011 [2019 Aug 21];21(1). Available from: http://www.seer.ufu.br/index.php/neguem/article/view/14218
http://www.seer.ufu.br/index.php/neguem/...
) e ampliar a autonomia profissional dessa especialista no campo obstétrico, sobretudo nas maternidades que foram locais de prática do CAEO/MS/UFF em todo o país.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As enfermeiras obstétricas preceptoras conseguiram desenvolver o processo de preceptoria contribuindo para a formação em serviço de outras enfermeiras especialistas em obstetrícia como possibilidade de utilizar o aprimoramento/atualização em prol do apoio institucional e de intervenção no desenvolvimento de trabalho das maternidades, cenários desta investigação.

Dessa maneira, torna-se oportuno caracterizar que as relações de ensino-aprendizagem, quando vivenciadas de modo dialógico-crítico-reflexivo, a partir de trocas de informações e de práticas baseadas em evidências atualizadas, suscitam processos de autoavaliação que, por sua vez, ampliam não só a autonomia da enfermeira obstétrica preceptora nas maternidades que foram campo de prática, mas também nas instituições de todo o país que enviaram enfermeiras para realizarem o CAEO, financiado pelo MS e realizado pela UFF em Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.

Neste entendimento, compartilhar saberes entre as enfermeiras obstétricas preceptoras e enfermeiras obstétricas aprimorandas para além das repetições tecnocráticas e estimular encontros coletivos, em uma perspectiva de co-gestão democrática, oportuniza momentos de análise do trabalho de formação, atenção/cuidado e de gestão, que caracterizaram intervenção e apoio institucional.

  • FOMENTO
    Pesquisa originária de projeto financiado pelo Ministério da Saúde, Brasil (Nº 3969/2018) e operacionalizado pela Universidade Federal Fluminense/Fundação Euclides da Cunha, durante os anos de 2018/2019.
  • 1
    a No decorrer do texto, o uso de “enfermeira obstétrica aprimoranda” tem o objetivo de identificar as enfermeiras obstétricas que, por serem especialistas com conhecimentos técnicos adquiridos por formação Lato Sensu, realizaram o curso em uma perspectiva de aperfeiçoamento profissional no âmbito da enfermagem obstétrica. Ratifica-se o argumento de utilizar o termo “aprimoranda” para se referir a esse grupo, que fez atualização de estudos técnico-científicos e de práticas profissionais baseadas em evidências científicas contemporâneas(66 Nanette I. Vogel, enhancing the competency of obstetric nurses in the perioperative environment. J Obstetr, Gynecol Neonatal Nurs. 2018;47(Supp-3). doi: 10.1016/j.jogn.2018.04.041
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    7 Raney J, Morgan MC, Christmas A, Sterling M, Spindler H, Ghosh R, et al. Simulation-enhanced nurse mentoring to improve preeclampsia and eclampsia care: an education intervention study in Bihar, India. BMC Pregnancy Childbirth. 2019;19:41. doi: 10.1186/s12884-019-2186-x
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    -88 Guimond ME. “Evaluation Of A Simulation-enhanced Obstetric Clinical Experience On Learning Outcomes For Knowledge, Self-efficacy, And Transfer” [Internet] . Electronic Theses and Dissertations. 2010[2019 Aug 21]. University of Central Florida Libraries. Available from: http://library.ucf.edu
    http://library.ucf.edu...
    ).

AGRADECIMENTO

Gostaríamos de agradecer às enfermeiras obstétricas preceptoras e às enfermeiras obstétricas aprimorandas por terem contribuído com o processo de aprimoramento/atualização profissional compartilhado durante o CAEO/MS/UFF.

REFERENCES

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Marcos Brandão

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Dez 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    27 Set 2019
  • Aceito
    26 Abr 2020
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