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Perfil das trabalhadoras de enfermagem com diagnóstico de LER/DORT em Salvador-Bahia 1998-2002

Profile of nursing workers with RSI/WRMD diagnosis in Salvador-Bahia in 1998-2002

Perfil de las trabajadoras de enfermería con diagnóstico de LER/DORT en Salvador-Bahia 1998-2002

Resumos

Este estudo, de natureza quantitativa, teve como objetivo traçar o perfil das trabalhadoras de enfermagem, com diagnóstico confirmado de LER/DORT, atendidas no centro de estudos de saúde do trabalhador(CESAT) em Salvador-Ba, no período de 1998 a 2002. A coleta de dados foi realizada a partir dos registros de prontuários utilizando-se de forma complementar um roteiro orientador com itens de interesse para esta investigação. Do conjunto de prontuários, foram selecionados apenas os de trabalhadoras de enfermagem. Foram identificadas 79 trabalhadoras, sendo 04 enfermeiras, 74 auxiliares e 01 técnica. Houve um predomínio de mulheres na faixa etária de 30 a 49 anos, com nível médio de escolaridade e renda mensal de 03 a 06 salários mínimos. Do total, à época da coleta de dados, 77,22% estava empregada, 15,19% encontrava-se desempregada e 7,5% estava aposentada. Dentre as lesões encontradas predominou a síndrome do túnel do carpo e as cervicalgias.

lesões por esforços repetitivos; trabalho de enfermagem; enfermagem


This quantitative study aimed at drawing the profile of nursing workers with a confirmed RSI/WRMD diagnosis, seen at the Center of Workers' Health Studies (Cesat) in Salvador, Bahia, from 1998 to 2002. Data collection was performed based on medical reports and, complementarily, guidelines with items of interest for this investigation. Out of the medical reports, only those of nursing workers were selected. There was the identification of 79 workers - four nurses, 74 assistants, and one technician. There was a prevalence of women aged between 30 and 49, with high school and a monthly income from three to six minimum wages. Out of the total numbers, at the time of data collection, 77.22% were employed, 15.19% were unemployed, and 7.5% were retired. Among the injuries found, carpal tunnel syndrome and cervicalgia prevailed.

repetitive strain injuries; nursing work; nursing


Este estudio de naturaleza cuantitativa, tuvo como objetivo trazar el perfil de las trabajadoras de enfermería, con diagnóstico confirmado de ler/dort, atendidas en el centro de estudio de salud del trabajador (cesat) en Salvador-Bahia, en el período de 1998 a 2002. La colecta de datos se realizó a partir de los registros de históricos clínicos utilizando de forma complementar un guión orientador con asuntos de interés para esta investigación. Del conjunto de históricos clínicos, se seleccionaron apenas los trabajadoras de enfermería. Se identificó a 79 trabajadoras, siendo 04 enfermeras, 74 auxiliares y 01 técnica. Hubo un predominio de mujeres en edades de 30 a 49 años, con nivel medio de escolaridad y renta mensual de 03 a 06 sueldos básicos. De este total, a la fecha de la colecta de datos, 77,22% tenía empleo, 15,19% no y 7,5% estaba jubilada. Entre las lesiones encontradas predominaron la síndrome del túnel del carpo y las cervicalgias.

lesiones por esfuerzos repetitivos; trabajo en enfermería; enfermería


PESQUISA

Perfil das trabalhadoras de enfermagem com diagnóstico de LER/DORT em Salvador-Bahia 1998-2002

Profile of nursing workers with RSI/WRMD diagnosis in Salvador-Bahia in 1998-2002

Perfil de las trabajadoras de enfermería con diagnóstico de LER/DORT en Salvador-Bahia 1998-2002

Claudete Dantas da Silva VarelaI; Silvia Lúcia FerreiraII

IEnfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia- EEUFBA, área de concentração em Enfermagem na Atenção à Saúde da Mulher

IIEnfermeira. Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Comunitária (DECOM) da EEUFBA. Pesquisadora do Grupo de Estudos da Mulher (GEM) e do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM)

E-mail do autor: silviaf@terra.com.br

RESUMO

Este estudo, de natureza quantitativa, teve como objetivo traçar o perfil das trabalhadoras de enfermagem, com diagnóstico confirmado de LER/DORT, atendidas no centro de estudos de saúde do trabalhador(CESAT) em Salvador-Ba, no período de 1998 a 2002. A coleta de dados foi realizada a partir dos registros de prontuários utilizando-se de forma complementar um roteiro orientador com itens de interesse para esta investigação. Do conjunto de prontuários, foram selecionados apenas os de trabalhadoras de enfermagem. Foram identificadas 79 trabalhadoras, sendo 04 enfermeiras, 74 auxiliares e 01 técnica. Houve um predomínio de mulheres na faixa etária de 30 a 49 anos, com nível médio de escolaridade e renda mensal de 03 a 06 salários mínimos. Do total, à época da coleta de dados, 77,22% estava empregada, 15,19% encontrava-se desempregada e 7,5% estava aposentada. Dentre as lesões encontradas predominou a síndrome do túnel do carpo e as cervicalgias.

Descritores: lesões por esforços repetitivos; trabalho de enfermagem; enfermagem

ABSTRACT

This quantitative study aimed at drawing the profile of nursing workers with a confirmed RSI/WRMD diagnosis, seen at the Center of Workers' Health Studies (Cesat) in Salvador, Bahia, from 1998 to 2002. Data collection was performed based on medical reports and, complementarily, guidelines with items of interest for this investigation. Out of the medical reports, only those of nursing workers were selected. There was the identification of 79 workers - four nurses, 74 assistants, and one technician. There was a prevalence of women aged between 30 and 49, with high school and a monthly income from three to six minimum wages. Out of the total numbers, at the time of data collection, 77.22% were employed, 15.19% were unemployed, and 7.5% were retired. Among the injuries found, carpal tunnel syndrome and cervicalgia prevailed.

Descriptors: repetitive strain injuries; nursing work; nursing

RESUMEN

Este estudio de naturaleza cuantitativa, tuvo como objetivo trazar el perfil de las trabajadoras de enfermería, con diagnóstico confirmado de ler/dort, atendidas en el centro de estudio de salud del trabajador (cesat) en Salvador-Bahia, en el período de 1998 a 2002. La colecta de datos se realizó a partir de los registros de históricos clínicos utilizando de forma complementar un guión orientador con asuntos de interés para esta investigación. Del conjunto de históricos clínicos, se seleccionaron apenas los trabajadoras de enfermería. Se identificó a 79 trabajadoras, siendo 04 enfermeras, 74 auxiliares y 01 técnica. Hubo un predominio de mujeres en edades de 30 a 49 años, con nivel medio de escolaridad y renta mensual de 03 a 06 sueldos básicos. De este total, a la fecha de la colecta de datos, 77,22% tenía empleo, 15,19% no y 7,5% estaba jubilada. Entre las lesiones encontradas predominaron la síndrome del túnel del carpo y las cervicalgias.

Descriptores: lesiones por esfuerzos repetitivos, trabajo en enfermería; enfermería

1 Introdução

A reestruturação dos meios de produção em decorrência da globalização da economia têm levado a precarização das condições de trabalho. Como efeito, os trabalhadores sofrem com o desemprego e os fatores de risco gerados a sua saúde.

Observamos que os índices de desemprego são elevados nesses últimos anos, assim como a informalidade e as taxas de precarização. Essas transformações no trabalho apresentam inúmeros desafios para a classe trabalhadora e em especial para a categoria de enfermagem. Com essas mudanças, são observadas fragmentações do trabalho, através de mecanismos como as subcontratações a exemplo da terceirização e da introdução de novas tecnologias, a robótica e a automação dos serviços. Como resultado imediato presenciamos a precariedade das condições objetivas e subjetivas do trabalho, o que tem proporcionado impacto na classe trabalhadora modificando a sua forma de ser.

Em referência a automação dos serviços, fala-se da introdução de novas tecnologias de informações que exigem um(a) trabalhador(a) com alto grau de polivalência, qualificado tanto no grau de educação inicial, como na capacidade e na autonomia(1).

Enfoca assim, que as conseqüências dessa revolução para as sociedades, os grupos sociais e os indivíduos não estão pré-determinadas, dependem das estratégias organizacionais e das decisões políticas(1). A submissão ao capital vai tornar o(a) trabalhador(a) inseguro(a) e mais competitivo(a) no mercado de trabalho que exige produtividade, qualificação profissional, reduz garantias e direitos trabalhistas, elevando assim, as tensões sociais gerando ansiedade, angústia e medo e, consequentemente, as doenças ocupacionais.

Entre essas doenças, as Lesões por Esforços Repetitivos (LER/DORT) se destacam configurando-se como uma doença que questiona paradigmas e práticas na área de saúde do(a) trabalhador(a), pois ao mesmo tempo em que se apresentam como uma doença nova já era velha conhecida da medicina conforme citação de Bernardino Ramazzini em 1700; sendo entendida à luz das sucessivas modificações dos processos e das relações de trabalho ao longo da história.

Os danos à saúde dos(as) trabalhadores(as) são percebidos quando se analisam as mudanças no perfil de morbidade. Além das epidemias conhecidas como as pneumoconioses, entre outras, vemos atualmente a expansão dos casos de LER/DORT.

A tenossinovite, tendinite, bursite, epicondilite, síndrome do túnel do carpo e cervicalgia estão entre as maiores responsáveis pelos afastamentos do trabalho na população com menos de 40 anos e em particular as mulheres (2). Essas mulheres têm desenvolvido trabalhos repetitivos e monótonos, destituídos de conteúdo intelectual, mesmo que representem 40% da população economicamente ativa brasileira.

Analisando a correlação entre os fatores causais das lesões de membros superiores, hoje se acredita que as mulheres costumam ter mais lesões por esforços repetitivos nesses membros do que os homens (3). Essa constatação está em diversos trabalhos, variando os índices de 78,9% a 87,0% no país(2).

O ritmo de trabalho, a busca da qualidade, a repetitividade, o controle do horário para as refeições, as duplas jornadas de trabalho, a pressão da chefia, as posturas inadequadas, o esforço físico, são alguns dos fatores que contribuem para a incapacidade ou limitações nas mulheres, transformando as suas vidas e consequentemente levando a uma incidência maior dos casos de LER/DORT. Neste contexto estão inseridas as trabalhadoras de enfermagem.

Dentre os diversos campos da atividade humana, o trabalho de enfermagem representa um tradicional reduto histórico feminino, já que o objeto principal é o cuidado, tradicionalmente exercido e aperfeiçoado pelas mulheres. A institucionalização da profissão (enfermagem moderna) realizada por uma mulher, Florence Nightingale, só reafirmou esta tendência no mundo moderno do trabalho já que nessa longa trajetória, as mulheres sempre estiveram majoritariamente presentes.

As trabalhadoras de enfermagem representam atualmente, um percentual importante de mulheres na força de trabalho em saúde, apesar de estar acontecendo no setor, um processo de "feminização" de algumas profissões de nível superior, onde predominava a mão-de-obra masculina. Em que pese o processo de feminização das profissões de saúde como medicina e odontologia(4-6).

Dados recentes confirmam uma carga horária maior associada ao multiemprego, das trabalhadoras de enfermagem refletindo o esforço dessas trabalhadoras em perceber um salário melhor, principalmente as que trabalham nos serviços públicos estaduais(7).

Essas trabalhadoras pouco sabem a respeito da sua doença e quando sabem, por medo de perder o emprego não procuram ajuda de imediato nas unidades de saúde o que leva o diagnóstico a ser confirmado as vezes tardiamente, podendo resultar em uma incapacidade de caráter permanente ou limitação dos movimentos tornando difícil a execução das atividades. Em geral as doenças ocasionadas pelo trabalho são percebidas quando já estão em estágio avançado. È comum, na fase inicial os sintomas se confundirem com outras doenças o que também dificulta o diagnóstico, e uma conseqüente subnotificação.

No Brasil é muito difícil dimensionar a problemática da subnotificação dessas doenças, devido à insuficiência dos registros. Dados oficiais apontam para um crescimento estimável delas e dos acidentes de trabalho, mas sabe-se que o subregistro é expressivo nessa área. Acredita-se que esses números não dizem a realidade sobre as doenças e acidentes ocupacionais no Brasil.

As notificações dessa enfermidade apesar de serem insipientes, causam preocupação aos órgãos de controle ligados aos trabalhadores do Brasil e do mundo. No País embora não existam dados que apontem de forma oficial a magnitude desta patologia, o DATAPREV (Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social) registrou em Minas Gerais, em 1999, cerca de 4.756 casos de benefícios por LER, chegando as aposentadorias por invalidez a um total de 700, no mesmo período(8).

Na Bahia, só a partir da década de 90, é que as LER assumem uma relevância crescente nas estatísticas de doenças profissionais, superando em incidência a surdez profissional e a intoxicação por benzeno. Em 1991, o Centro de Estudos de Saúde do Trabalhador (CESAT) registrou 4,2% de casos de LER diagnosticados. Esse número aumentou para 60% em 1996 e em 2000, permanecendo a LER/DORT liderando as estatísticas relativas as doenças ocupacionais.

O Centro de Estudo de Saúde do Trabalhador, é uma unidade da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia - SESAB, fundada em 1988, sua finalidade é realizar pesquisas e estudos sobre a relação entre o trabalho e a saúde do trabalhador em todo o Estado. O seu quadro funcional é composto de uma equipe de diversas áreas, o que resulta em um trabalho multidisciplinar do entendimento específico de cada profissional.

Este estudo teve por objetivo analisar o perfil das trabalhadoras de enfermagem (enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem), com diagnóstico de LER/DORT atendidas no CESAT de 1998 a 2002.

2 Metodologia

Trata-se de um estudo de natureza quantitativa, onde foram avaliados os dados referentes às trabalhadoras de enfermagem com diagnóstico de LER/DORT atendidas no Centro de Estudos de Saúde do Trabalhador (CESAT), no período de 1998-2002.

Utiliza-se como fonte, dados secundários coletados nos prontuários das trabalhadoras de enfermagem atendidas no Ambulatório do CESAT, empregando-se um roteiro previamente elaborado, onde se priorizam dados sócio-demográficos (idade, escolaridade, situação conjugal) história ocupacional (ocupação, outro emprego, turno de trabalho, renda mensal e esforço físico no trabalho, vínculo empregatício, tempo de trabalho, tipo de atividades) dados ligados ao lazer e a vida social.

3 Análise e discussão dos resultados

Do total de prontuários consultados, foram encontradas 79 trabalhadoras de enfermagem com diagnóstico confirmado de LER/DORT, distribuídos nos cinco anos em que se procedeu à análise. Com exceção do ano 2000, identifica-se um decréscimo no número de atendimentos. É possível que este decréscimo, se deva a uma maior conscientização sobre os aspectos do trabalho que propiciam o aparecimento das LER/DORT.

Comparando-se a faixa etária das trabalhadoras de enfermagem estudadas, observa-se na Tabela 2, uma concentração maior nas faixas de 30 a 49 anos.

Também foi identificado dentre estas, um expressivo número de mulheres casadas.

Tabela 3

A ocupação que mais se destacou nos dados, foi a de Auxiliar de Enfermagem (74), em seguida um número pouco expressivo de Enfermeiras (4) e Técnicos de Enfermagem (1). Essa força de trabalho é absorvida pelo setor saúde, que tem assumido políticas próprias ao seu crescimento. O numero reduzido de enfermeiras encontrado com este diagnóstico é justificado em função do papel da enfermeira decorrente da divisão técnica no trabalho em saúde, onde esta ocupa geralmente a função de coordenadora e supervisora de tarefas de profissionais de menor qualificação. Tais funções ao se constituírem como de maior conteúdo intelectual, as distancia em alguns contextos, do trabalho manual. Há também, em conseqüência disto, um número de enfermeiras proporcionalmente menor comparado com o de auxiliares.

Tabela 5

O nível de escolaridade predominante dentre as trabalhadoras de enfermagem com diagnóstico confirmado está coerente com o nível de auxiliares de enfermagem.

Há predominância na faixa de renda de 5 a 6 salários mínimos. Com a inserção da mulher no mercado de trabalho houve um aumento da renda familiar, o que tem contribuído para as despesas da família. No Brasil 25% das mulheres são chefes de família.

Identifica-se que 77,22% das entrevistadas estão empregadas. Muitas trabalhadoras permanecem no trabalho ainda que sofrendo por medo de perder o emprego. Além das conseqüências econômicas da situação de desemprego, a trabalhadora empregada teme a discriminação.

As mulheres aposentadas por invalidez ou redução da capacidade funcional têm tendência a desenvolver um quadro depressivo dificultando o seu tratamento.

Tabela 7

Foi constatado que dentre as trabalhadoras, 44 trabalham em regime de turno e 35 em horário administrativo. Para ambos os horários há a possibilidade de acomodação de dois vínculos empregatícios, duas fontes de renda onde um cenário de desemprego e baixo salários é uma constante. Conciliar o emprego com as demandas familiares, de cuidados de casa e dos filhos também explica essa opção. Segundo avaliação das trabalhadoras acerca da organização do trabalho, destaca-se que em relação ao trabalho noturno implica em um ritmo acelerado sem pausas suficientes para a recuperação física e mental e sem oportunidades de conversar com todos os pacientes, o que sugere um certo grau de isolamento social.9

Ao término de uma jornada de trabalho uma minoria de trabalhadoras retornam ao lar para recuperar-se do cansaço de um turno de trabalho onde normalmente outro turno a espera: o trabalho doméstico. Essa sobrecarga de trabalho contribui para o adoecimento da trabalhadora.

Tabela 8

Das 79 trabalhadoras de enfermagem atendidas ao longo dos 5 anos, apenas 44 são sindicalizadas, o que nos leva a crer que o fato dessas trabalhadoras não aderirem a sindicalização, parece ser um elemento fortemente favorável a manutenção das condições de trabalho desfavoráveis para elas.

A análise da tabela 9, indica que nesses cinco anos o diagnóstico mais freqüente entre estas mulheres foi a síndrome do túnel do carpo seguido de cervicalgia e tendinite.

Constatou-se em vários estudos que a ocorrência de distúrbios do sistema muscular como a síndrome do túnel do carpo é mais acentuada nas mulheres, no entanto não há evidências de que ao serem controlados os fatores laborais a que estão expostas, sejam mais susceptíveis do que homem ao aparecimento da síndrome do túnel do carpo. Essas doenças vêm adquirindo grande importância na atualidade pela sua constante e progressiva presença em diferentes categorias e ramos de atividades

4 Conclusão

Foram encontradas 79 profissionais acometidas de LER/DORT sendo 4 enfermeiras, 74 auxiliares e uma técnica de enfermagem. Estes dados permitiram traçar um perfil sócio-demográfico, evidenciando características do trabalho e da vida afetivo-familiar que propiciaram o aparecimento das LER /DORT.

Algumas das características do trabalho de enfermagem favorecem o aparecimento dos sintomas músculo esquelético e por ser uma profissão feminina as mulheres estão duplamente expostas já que exercem em casa e na família também atividades repetitivas e desgastantes.

Ficou evidenciado que as condições de trabalho associadas a uma carga horária maior, ao multi-emprego, a repetitividade e as posições anti-ergonômicas têm contribuído para o desenvolvimento das LER/DORT. Podemos inferir com a realização deste estudo que para haver uma modificação no perfil de LER-DORT é importante alterar as relações referentes ao processo produtivo gerador das LER-DORT consideradas como uma das doenças ocupacionais mais incapacitantes.

Esses distúrbios ósteomusculares constituem um dos riscos mais incidentes sobre as trabalhadoras de enfermagem na área hospitalar reduzindo a sua capacidade laborativa. Problemas como esses, podem ser minimizados com o estudo e a orientação da Ergonomia, com o objetivo de melhorar as condições de trabalho dessa categoria.

Diante da importância do problema é necessário que as trabalhadoras de enfermagem sejam esclarecidas quanto a relevância das LER/DORT visando a proteção de sua saúde.

Data de Recebimento: 11/12/2003

Data de Aprovação: 24/08/2004

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Fev 2011
  • Data do Fascículo
    Jun 2004

Histórico

  • Recebido
    11 Dez 2003
  • Aceito
    24 Ago 2004
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