Acessibilidade / Reportar erro

Termos da linguagem especializada de enfermagem para o cuidado à pessoa ostomizada

RESUMO

Objetivos:

identificar termos da linguagem especializada de enfermagem para o cuidado à pessoa ostomizada, a partir da literatura da área; e mapear os termos identificados com termos da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®).

M

étodo: pesquisa descritiva, de abordagem quantitativa, orientada pelas diretrizes para a elaboração de subconjuntos terminológicos da CIPE®. Os termos foram coletados em 49 artigos científicos, extraídos com uso de ferramenta computacional, selecionados de acordo com a pertinência ao tema, normalizados e mapeados com a CIPE®.

Resultados:

foram extraídos 20.668 termos. A normalização resultou em 425 termos pertinentes, sendo: 151 termos constantes e 274 não constantes na CIPE®; dos quais 154 similares, 19 mais abrangentes, 50 mais restritos e 51 sem concordância.

Conclusão:

o uso de linguagem padronizada pode minimizar ambiguidades e redundâncias identificadas no mapeamento. A existência de termos sem concordância com a CIPE® reforça a necessidade de atualização constante dessa classificação.

Descritores:
Enfermagem; Classificação; Terminologia; Processos de Enfermagem; Estomia

ABSTRACT

Objectives:

to identify terms of the specialized nursing language for the care of ostomates from the literature of the area, and to map the identified terms with terms of the International Classification for Nursing Practice (ICNP®).

Method:

descriptive study of quantitative approach guided by the guidelines for the elaboration of terminology subsets of the ICNP®. The terms were collected in 49 scientific articles, extracted using a computational tool, selected according to the relevance for the theme, and normalized and mapped with the ICNP®.

Results:

20,668 terms were extracted. The standardization process resulted in 425 relevant terms (151 were constant in ICNP® and 274 were not contained in ICNP®), of which 154 were similar, 19 were more comprehensive, 50 were more restricted, and 51 were not in concordance.

Conclusion:

the use of standardized language can minimize the ambiguities and redundancies identified in the mapping. The existence of terms not in concordance with the ICNP® reinforces the need for constant updating of this classification.

Descriptors:
Nursing; Classification; Terminology; Nursing Processes; Ostomy

RESUMEN

Objetivos:

identificar los términos del lenguaje especializado de atención de enfermería para el paciente de ostomía a partir de la literatura de la zona y hacer el mapeo de los términos identificados con los términos de la Clasificación Internacional para la Práctica de Enfermería (ICNP®).

Método:

estudio descriptivo, enfoque cuantitativo, guiado por las directrices para la preparación de subconjuntos de terminología de ICNP®. Los términos se recogieron en 49 artículos científicos con el uso de la herramienta informática, fueron seleccionados en función de la relevancia del tema, fueron normalizados y hecho el mapeo con términos de ICNP®.

Resultados:

20.668 términos fueron extraídos. La normalización resultó en 425 términos relevantes, como sigue: 151 términos contenidos y 274 no contenidos en ICNP®; 154 de los cuales similares, 19 más amplios, 50 más limitados y 51 sin acuerdo.

Conclusión:

el uso de un lenguaje estandarizado puede reducir al mínimo las ambigüedades y las redundancias identificadas en el mapeo. La existencia de términos sin acuerdo con el ICNP® refuerza la necesidad de una actualización constante de esta clasificación.

Descriptores:
Enfermería; Clasificación; Terminología; Procesos de Enfermería; Estoma

INTRODUÇÃO

Uma estomia consiste em uma abertura visceral através da pele, realizada por meio de ato cirúrgico, com a finalidade de promover respiração, alimentação ou eliminação(11 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº. 400, de 16 de novembro de 2009. Diretrizes nacionais para a atenção à saúde das pessoas ostomizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS [Internet]. Diário Oficial da União 18 de nov 2009 [cited 2016 Aug 19];Seção I. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2009/prt0400_16_11_2009.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis...
). Uma estomia de eliminação intestinal trata-se da exteriorização de uma porção do intestino, indicada quando uma parte do intestino delgado ou grosso está impossibilitada, temporária ou permanentemente, de exercer suas funções; ela tem, portanto, a finalidade de permitir a eliminação das fezes através da parede abdominal. Uma estomia de eliminação intestinal é caracterizada por uma colostomia (quando há exteriorização de uma porção do cólon, intestino grosso) ou por uma ileostomia (quando há exteriorização de uma porção do íleo, intestino delgado)(22 Hendren S, Hammond K, Glasgow SC, Perry WB, Buie WD, Steele SR, Rafferty J. Clinical practice guidelines for ostomy surgery. Dis Colon Rectum [Internet]. 2015 [cited 2016 Aug 19];58(4):375-87. Available from: https://www.fascrs.org/sites/default/files/downloads/publication/clinical_practice_guidelines_for_ostomy_surgery.pdf
https://www.fascrs.org/sites/default/fil...
).

A cirurgia geradora de estomia pode ser necessária em qualquer fase da vida, por diversos motivos(33 Poletto D, Gonçalves MI, Barros MTT, Anders JC, Martins ML. A criança com estoma intestinal e sua família: implicações para o cuidado de enfermagem. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2011 [cited 2016 Aug 19]; 20(2):319-27. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n2/a14v20n2.pdf
http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n2/a14v2...
), e a pessoa submetida a essa cirurgia é denominada "pessoa ostomizada"(11 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº. 400, de 16 de novembro de 2009. Diretrizes nacionais para a atenção à saúde das pessoas ostomizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS [Internet]. Diário Oficial da União 18 de nov 2009 [cited 2016 Aug 19];Seção I. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2009/prt0400_16_11_2009.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis...
). Considerando que as estomias em crianças apresentam características peculiares que merecem atenção específica(33 Poletto D, Gonçalves MI, Barros MTT, Anders JC, Martins ML. A criança com estoma intestinal e sua família: implicações para o cuidado de enfermagem. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2011 [cited 2016 Aug 19]; 20(2):319-27. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n2/a14v20n2.pdf
http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n2/a14v2...
), a presente pesquisa se limitará ao adulto com estomia de eliminação intestinal, denominando-o como pessoa ostomizada.

A pessoa ostomizada tem sua anatomia e funções fisiológicas alteradas, além de poder apresentar alterações psicossociais(44 Martins PAF, Alvim NAT. Saberes e práticas de clientes estomizados sobre a manutenção da estomia de eliminação intestinal e urinária e sua pertinência no cuidado. Perspect Online Biol Saúde [Internet]. 2012 [cited 2016 Aug 19];6(2):54-69. Available from: http://www.seer.perspectivasonline.com.br/index.php/biologicas_e_saude/article/view/210/127
http://www.seer.perspectivasonline.com.b...
). Portanto, a atenção à saúde às pessoas ostomizadas exige intervenções especializadas de natureza interdisciplinar(11 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº. 400, de 16 de novembro de 2009. Diretrizes nacionais para a atenção à saúde das pessoas ostomizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS [Internet]. Diário Oficial da União 18 de nov 2009 [cited 2016 Aug 19];Seção I. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2009/prt0400_16_11_2009.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis...
). A Enfermagem, por sua vez, desempenha um importante papel no processo de reabilitação, a qual é alcançada por meio da minimização das consequências biopsicossociais decorrentes de uma estomia(55 Coelho AR, Santos FS, Poggetto MTD. A estomia mudando a vida: enfrentar para viver. REME Rev Min Enferm [Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19];17(2):268-77. Available from: http://www.reme.org.br/exportar-pdf/649/v17n2a03.pdf
http://www.reme.org.br/exportar-pdf/649/...
).

Considerando a necessidade de sistematizar a assistência de enfermagem à pessoa ostomizada(66 Ardigo FS, Amante LN. Knowledge of the professional about nursing care of people with ostomies and their families. Text Context Nursing [Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19];22(4):1064-71. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v22n4/en_24.pdf
http://www.scielo.br/pdf/tce/v22n4/en_24...
-77 Ramos RS, Barros MD, Santos MM, Gawryszewiski ARB, Gomes AMT. O perfil dos pacientes estomizados com diagnóstico primário de câncer de reto em acompanhamento em programa de reabilitação. Cad Saúde Colet [Internet]. 2012 [cited 2016 Aug 19];(3):280-6. Available from: http://www.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2012_3/artigos/CSC_v20n3_280-286.pdf
http://www.iesc.ufrj.br/cadernos/images/...
), destaca-se a importância da utilização de terminologias de enfermagem, uma vez que estas permitem a identificação e a documentação de padrões de cuidados(88 Nóbrega MML, Garcia TR. Perspectivas de incorporação da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) no Brasil. Rev Bras Enferm [Internet]. 2005 [cited 2016 Aug 19];58(2):227-30. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n2/a20.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n2/a20...
). A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) consiste em uma terminologia padronizada da linguagem de enfermagem. Sua estrutura de termos e definições permite a coleta, a descrição e a documentação sistemática dos elementos da prática de enfermagem - o que os enfermeiros fazem (intervenções de enfermagem) com relação a determinadas necessidades humanas (diagnósticos de enfermagem) para produzir resultados (resultados de enfermagem)(99 Garcia TR (Org.). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem CIPE®: versão 2015. Porto Alegre: Artmed; 2016.).

Com a finalidade de aperfeiçoar sua estrutura e facilitar seu uso pelos enfermeiros, a CIPE® vem sendo constantemente atualizada. Desde sua primeira versão, a Alpha, de 1996, oito atualizações foram disponibilizadas, sendo a mais recente a Versão 2015(99 Garcia TR (Org.). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem CIPE®: versão 2015. Porto Alegre: Artmed; 2016.).

Os termos atômicos consistem em conceitos primitivos que estão incluídos nos sete eixos da CIPE® - Foco, Julgamento, Meios, Ação, Cliente, Localização e Tempo. Por sua vez, os termos moleculares são conceitos pré-coordenados, os quais se referem a enunciados de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem, resultantes de subconjuntos terminológicos(1010 Garcia TR, Nóbrega MML. A terminologia CIPE® e a participação do Centro CIPE® brasileiro em seu desenvolvimento e disseminação. Rev Bras Enferm [Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19];66(esp):142-50. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v66nspe/v66nspea18.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v66nspe/v...
).

Os subconjuntos terminológicos da CIPE® consistem em conjuntos de enunciados de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem direcionados a uma determinada clientela, prioridade de saúde ou fenômeno de enfermagem. Para apoiar a elaboração de um subconjunto terminológico da CIPE®, o Conselho Internacional de Enfermeiros (CIE) desenvolveu um guideline contendo dez etapas(1111 International Council of Nurses. Guidelines for ICNP® catalogue development [Internet]. Genebra: International Council of Nurses; 2008 [cited 2016 Aug 19]. Available from: http://www.icn.ch/images/stories/documents/programs/icnp/icnp_catalogue_development.pdf
http://www.icn.ch/images/stories/documen...
). À luz de estudos metodológicos para desenvolvimento de subconjuntos, pesquisadoras brasileiras propuseram um método constituído por quatro etapas(1212 Nóbrega MML, Cubas MR, Egry EY, Nogueira LGF, Carvalho CMG, Albuquerque LM. Desenvolvimento de subconjuntos terminológicos da CIPE® no Brasil. In: Cubas, MR. Nóbrega, MM.L. (Org.). Atenção Primária em Saúde: diagnósticos, resultados e intervenções. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015. p. 3-8.): 1) identificação de termos relevantes para a clientela e/ou a prioridade de saúde; 2) mapeamento cruzado dos termos identificados com os termos da CIPE®; 3) construção dos enunciados de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem; e 4) estruturação do subconjunto terminológico da CIPE®.

O presente estudo trata-se da primeira fase de uma pesquisa em andamento que desenvolverá um subconjunto terminológico da CIPE® para cuidados com pessoas com estomia de eliminação intestinal. Considerando que a identificação de termos relevantes pode ocorrer a partir da literatura, de documentos oficiais, de prontuários de pacientes, de base de dados específicos da área ou da própria CIPE®(1212 Nóbrega MML, Cubas MR, Egry EY, Nogueira LGF, Carvalho CMG, Albuquerque LM. Desenvolvimento de subconjuntos terminológicos da CIPE® no Brasil. In: Cubas, MR. Nóbrega, MM.L. (Org.). Atenção Primária em Saúde: diagnósticos, resultados e intervenções. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015. p. 3-8.), este artigo teve como objetivos: identificar termos da linguagem especializada de enfermagem para o cuidado à pessoa ostomizada, a partir da literatura da referida área; e mapear os termos identificados com os termos da CIPE®.

MÉTODO

Aspectos éticos

Este estudo configura-se como um recorte de uma pesquisa em andamento intitulada "Subconjunto terminológico da CIPE®, estruturado em ontologia, para cuidados com pessoas com estomia de eliminação intestinal"; foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Lauro Wanderley, da Universidade Federal da Paraíba.

Desenho, local do estudo e período

Estudo descritivo, de abordagem quantitativa, orientado pela primeira e segunda etapas das diretrizes de elaboração de subconjuntos terminológicos da CIPE®(1212 Nóbrega MML, Cubas MR, Egry EY, Nogueira LGF, Carvalho CMG, Albuquerque LM. Desenvolvimento de subconjuntos terminológicos da CIPE® no Brasil. In: Cubas, MR. Nóbrega, MM.L. (Org.). Atenção Primária em Saúde: diagnósticos, resultados e intervenções. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015. p. 3-8.).

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, cuja coleta de dados ocorreu no período de maio a julho de 2015.

Universo da pesquisa e amostra

O universo da pesquisa foi composto por publicações científicas acerca do cuidado de enfermagem a pessoas com estomia de eliminação intestinal. A amostra constituiu-se de artigos de periódicos indexados nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF). Ressalta-se que a busca não foi ampliada para as demais bases de dados em saúde devido à escolha intencional de selecionar publicações em português, com a finalidade de extrair termos somente neste idioma, pois o mapeamento cruzado seria realizado com termos da versão em português da CIPE®. As palavras-chave para a busca nas bases de dados foram: "estomia and enfermagem", "estoma and enfermagem", "ostomia and enfermagem", "colostomia and enfermagem" e "ileostomia and enfermagem".

Os critérios de seleção dos artigos nas bases de dados foram: artigos publicados entre 2004 e 2015; idioma português; e título ou resumo sugestivos ao cuidado de enfermagem à pessoa com estomia de eliminação intestinal. Foram excluídos os artigos não disponíveis na íntegra, os relacionados à estomia em crianças e os repetidos nas bases de dados.

Protocolo do estudo

As publicações selecionadas foram submetidas a um processo de retirada de seções com baixo potencial de termos relevantes, tais como títulos, autores, informações sobre os autores, resumos, notas de rodapé, metodologia, referências e agradecimentos. Em seguida, os artigos foram agrupados em um único arquivo no formato Word®, o qual foi convertido para o formato de documento portátil (Portable Document Format - PDF).

A extração dos termos ocorreu por meio de uma ferramenta computacional denominada Poronto(1313 Zahra FM, Carvalho DR, Malucelli A. Poronto: ferramenta para construção semiautomática de ontologias em português. J. Health Inform [Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19];5(2):52-9. Available from: http://www.jhi-sbis.saude.ws/ojs-jhi/index.php/jhi-sbis/article/view/232/167
http://www.jhi-sbis.saude.ws/ojs-jhi/ind...
), a qual processou o arquivo em PDF, resultando em uma lista de termos organizados por ordem de ocorrência, disposta em planilha Excel®. Dentre os termos extraídos, foram selecionados substantivos, adjetivos e verbos com base na frequência de aparição e pertinência com a temática da pesquisa. Em seguida, os termos selecionados foram submetidos a um processo de normalização para padronização das flexões de gênero, número e grau dos substantivos e adjetivos, bem como das flexões verbais, com a finalidade de identificar e remover repetições de termos. A seleção de artigos e a normalização dos termos foram realizadas por uma pesquisadora independente.

Em seguida, os termos normalizados foram submetidos ao mapeamento cruzado com os termos da CIPE® Versão 2013, a qual contempla 3.894 termos, sendo 2.302 termos atômicos e 1.592 termos moleculares(1414 Garcia TR. CIPE® Versão 2013. In: Garcia, TR. (Org.). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem CIPE®: Aplicação à realidade brasileira. Porto Alegre: Artmed; 2015. p. 123-299.). A utilização da Versão 2013 se deu pelo fato de ser a última versão disponível em português no momento da operacionalização do mapeamento.

O mapeamento ocorreu por meio da ferramenta Access®, resultando em uma planilha em Excel® contendo termos constantes e termos não constantes na CIPE®.

Análise dos resultados

Os termos não constantes foram submetidos a um processo de análise quanto à similaridade e abrangência em relação aos termos da CIPE® segundo os seguintes critérios(1515 Leal MT. A CIPE® e a visibilidade da enfermagem: mitos e realidade. Lisboa: Lusociência; 2006.): o termo é considerado similar quando não existe concordância da grafia, mas o seu significado é idêntico ao do termo existente na CIPE®; o termo é considerado mais abrangente quando seu significado é mais amplo do que o do termo existente na CIPE®; o termo é considerado mais restrito quando apresenta um significado mais específico do que o do termo existente na CIPE®; e o termo não apresenta concordância quando este é totalmente diferente dos termos existentes na CIPE®.

O significado de cada termo da CIPE® foi representado pela sua respectiva definição. Uma vez que alguns termos identificados na literatura não estão acompanhados de suas definições, foram assumidos, para os mesmos, significados constantes em dicionários da língua portuguesa e significados com base no conhecimento prévio das autoras. O mapeamento e a análise de similaridade e abrangência foram realizados por uma pesquisadora independente e analisados por outras duas pesquisadoras independentes. As divergências encontradas foram discutidas entre as três pesquisadoras, e o resultado foi decidido por consenso.

RESULTADOS

A extração de termos para o cuidado à pessoa ostomizada nos 49 artigos selecionados resultou em 20.668 termos. O processo de seleção e normalização dos termos extraídos resultou em uma lista de 425 termos relevantes, sendo 277 substantivos, 29 adjetivos e 119 verbos. No Quadro 1, estão dispostos exemplos de termos relevantes para o cuidado à pessoa ostomizada identificados na literatura.

Quadro 1
Exemplos de termos relevantes para o cuidado à pessoa ostomizada, identificados em 49 artigos, publicados entre 2004 e 2015 nas bases de dados SciELO, LILACS e BDENF, apresentados por frequência de aparição (n) e categorizados por substantivos, adjetivos e verbos, 2015

O mapeamento entre os 425 termos identificados na literatura e os termos da CIPE® Versão 2013 resultou em 151 termos constantes e 274 termos não constantes na CIPE®. Destes, 154 foram classificados como similares, 19 foram classificados como mais abrangentes, 50 foram classificados como mais restritos e 51 não apresentavam concordância em relação aos termos da CIPE®.

Exemplos de termos identificados na literatura constantes na CIPE® são: "Paciente", "Saúde", "Estoma", "Ostomia", "Colostomia", "Enfermeira(o)", "Ileostomia", "Família", "Autocuidado", "Corpo", "Adaptação", "Complicação", "Pele", "Fezes", "Intestino", "Autoestima", "Socialização", "Edema", "Flato (Gases)", "Presente", "Prejudicado", "Falar", "Observar", "Promover", "Avaliar", "Orientar", "Oferecer", "Trocar", "Lavar", "Explicar", "Prevenir" e "Documentar".

O Quadro 2 apresenta exemplos de termos similares aos termos da CIPE®.

Quadro 2
Exemplos de termos da linguagem de enfermagem para o cuidado à pessoa ostomizada não constantes na CIPE®, classificados como similares em relação aos termos da CIPE®

O Quadro 3 apresenta exemplos de termos mais abrangentes e termos mais restritos em relação aos termos da CIPE®.

Quadro 3
Exemplos de termos da linguagem de enfermagem para o cuidado à pessoa ostomizada não constantes na CIPE®, classificados como mais abrangentes e mais restritos em relação aos termos da CIPE®

Exemplos de termos identificados na literatura que não apresentam concordância com termos da CIPE® são: "mudança", "adjuvante", "pó", "pasta", "cinto", "temporário", "definitivo", "transparente" e "opaco".

DISCUSSÃO

Na literatura selecionada por este estudo, os termos "estomia", "estoma", "estômato", "ostomia" e "ostoma" são utilizados para designar a exteriorização de parte do intestino através do abdome para a eliminação das fezes. A CIPE® 2013 contempla os termos "estoma" e "ostomia", porém com significados diferentes - "estoma" é definido como "Abertura Corporal"(1414 Garcia TR. CIPE® Versão 2013. In: Garcia, TR. (Org.). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem CIPE®: Aplicação à realidade brasileira. Porto Alegre: Artmed; 2015. p. 123-299.) e "ostomia" é definida como "Cirurgia"(1414 Garcia TR. CIPE® Versão 2013. In: Garcia, TR. (Org.). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem CIPE®: Aplicação à realidade brasileira. Porto Alegre: Artmed; 2015. p. 123-299.). Ainda, esses termos encontram-se inseridos em eixos diferentes da CIPE® - "estoma" está em Localização e "ostomia", em Meios.

O termo "estoma" corresponde à tradução do termo grego stóma, que significa "boca"(1616 Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas errôneas: erros e acertos. Acta Cir Bras [Internet]. 2004 [cited 2016 Aug 19];19(5):582-4. Available from: http://www.scielo.br/pdf/acb/v19n5/a19v19n5.pdf
http://www.scielo.br/pdf/acb/v19n5/a19v1...

17 Koogan A, Houaiss A. Enciclopédia e Dicionário Koogan Houaiss. Edições Delta. 2009.

18 Michaelis. Dicionário de Português Online [Internet]. Editora Melhoramentos; 2016 [cited 2016 Aug 19]. Available from: http://michaelis.uol.com.br/
http://michaelis.uol.com.br/...
-1919 Priberam. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa[Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19]. Available from: http://www.priberam.pt/dlpo/
http://www.priberam.pt/dlpo/...
). A busca em dicionários pelos significados dos termos "estomia", "estômato" e "ostomia" demonstra variações, podendo apresentar "estomia" e "ostomia" com definições inexistentes e "estômato" como sinônimo de "estoma"(1717 Koogan A, Houaiss A. Enciclopédia e Dicionário Koogan Houaiss. Edições Delta. 2009.-1818 Michaelis. Dicionário de Português Online [Internet]. Editora Melhoramentos; 2016 [cited 2016 Aug 19]. Available from: http://michaelis.uol.com.br/
http://michaelis.uol.com.br/...
); ou apresentar "estomia", "estômato" e "estomia" como sinônimos de "estoma", definidos como stóma(1919 Priberam. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa[Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19]. Available from: http://www.priberam.pt/dlpo/
http://www.priberam.pt/dlpo/...
). Não foi encontrada definição do termo "ostoma" em dicionários; porém, considera-se a possibilidade de seu registro nos mesmos se esse nome tiver uso difundido(1616 Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas errôneas: erros e acertos. Acta Cir Bras [Internet]. 2004 [cited 2016 Aug 19];19(5):582-4. Available from: http://www.scielo.br/pdf/acb/v19n5/a19v19n5.pdf
http://www.scielo.br/pdf/acb/v19n5/a19v1...
). Devido às incertezas sobre qual o termo mais adequado para nomear a porção do intestino exteriorizada através da parede abdominal, a Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST), após consulta à Academia Brasileira de Letras, utiliza, desde 2004, o termo "estomia"(2020 Yamada BFA. Associação Brasileira de Estomaterapia: estomias, feridas e incontinências - SOBEST [Internet]. Fundação. 2016 [cited 2016 Aug 19]. Available from: http://www.sobest.org.br/texto/3
http://www.sobest.org.br/texto/3...
). No entanto, os resultados desta pesquisa demonstram que ainda existe a utilização de diferentes termos para o mesmo significado.

Considerando o estoma como sendo uma abertura corporal que substitui a função do ânus, os termos identificados na literatura "estomia", "estômato" e "ostoma" foram classificados como similares a "estoma" na CIPE®. O termo identificado "ostomia" foi mantido como constante na CIPE®, logo foi assumida a definição da Classificação. No entanto, discute-se que, devido à sinonímia entre os termos, "ostomia" poderia ser classificada como similar a "estoma". Apesar dos esforços tanto da SOBEST como da CIPE® em padronizar um termo para "estoma", ainda não existe um consenso entre os enfermeiros, dada a literatura analisada. Com a finalidade de uniformizar o termo neste estudo e utilizar o padrão de linguagem oferecido pela CIPE®, optou-se por "estomia".

A principal meta a ser alcançada na assistência à saúde da pessoa ostomizada é a reabilitação(11 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº. 400, de 16 de novembro de 2009. Diretrizes nacionais para a atenção à saúde das pessoas ostomizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS [Internet]. Diário Oficial da União 18 de nov 2009 [cited 2016 Aug 19];Seção I. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2009/prt0400_16_11_2009.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis...
). O termo "reabilitação" foi identificado na literatura e classificado como similar ao termo "Regime de Reabilitação" da CIPE®, incluído no eixo Foco. O processo de reabilitação da pessoa submetida à cirurgia geradora de estomia deve visar o incentivo ao autocuidado com a estomia e a pele periestomal, a fim de promover sua independência física e reinserção social(2121 Cesaretti IUR. Cuidando da pessoa com estoma no pós-operatório tardio. Revista Estima [Internet]. 2008 [cited 2016 Aug 19];6(1). Available from: http://www.revistaestima.com.br/index.php/estima/article/view/226
http://www.revistaestima.com.br/index.ph...
-2222 Sampaio FAA, Aquino PS, Araújo TL, Galvão MTG. Nursing care to an ostomy patient: application of the Orem's ttheory. Acta Paul Enferm [Internet]. 2008 [cited 2016 Aug 19];21(1):94-100. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v21n1/14.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ape/v21n1/14.pd...
). Sendo assim, o autocuidado apresenta significativa relevância no contexto do cuidado à pessoa ostomizada. O termo "autocuidado" está contemplado no eixo Foco da CIPE® e é definido pela classificação como "Executar atividade, por si próprio: Cuidar do que é preciso para se manter, assegurar a sobrevivência e lidar com necessidades básicas individuais e íntimas e atividades da vida diária"(1414 Garcia TR. CIPE® Versão 2013. In: Garcia, TR. (Org.). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem CIPE®: Aplicação à realidade brasileira. Porto Alegre: Artmed; 2015. p. 123-299.). No âmbito da saúde e da assistência social, o autocuidado é um componente essencial; sem ele, os sistemas sociais e de saúde entrariam em colapso, uma vez que o autocuidado proporciona meios para reduzir excessivas internações hospitalares, o tempo de permanência em enfermarias e, consequentemente, gastos em internações(2323 Kollak I. The concept of self-care. In: Kim HS, Kollak I, editors. Nursing theories: conceptual and philosophical foundations. 2 ed. New York: Springer Publishing Company; 2006.).

Além da assistência da equipe de saúde, é fundamental o apoio da família à pessoa ostomizada, para que haja a aceitação da estomia e, por consequência, a reabilitação e adaptação à nova condição de vida(2424 Rodrigues SO, Budó MLD, Simon BS, Gewehr M, Silva DC. As redes sociais de apoio no cuidado às pessoas com estomias: revisão bibliográfica. Rev Saúde (Santa Maria) [Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19];39(1):3342. Available from: http://periodicos.ufsm.br/revistasaude/article/download/7256/pdf_1
http://periodicos.ufsm.br/revistasaude/a...
). Os termos "familiar" e "família" foram identificados na literatura, destacando a família como tendo importante papel na reabilitação da pessoa ostomizada, seja como facilitadora (no sentido de apoio) ou dificultadora (no sentido de negação). O termo "família" consta na CIPE®, no eixo Cliente, e o termo "familiar" foi classificado como similar a "Família".

Outro termo identificado na literatura que merece atenção é "bolsa". No domínio da prática de enfermagem direcionada à pessoa ostomizada, "bolsa" se refere à bolsa coletora de fezes, tendo em vista que a eliminação das fezes da pessoa ostomizada ocorre de maneira involuntária pelo intestino exteriorizado na pele do abdome, o que leva à necessidade de utilização de bolsas coletoras(2525 Rocha JJR. Estomas intestinais (ileostomias e colostomias) e anastomoses intestinais. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 2011 [cited 2016 Aug 19];44(1):51-6. Available from: http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/47335/51071
http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/...
). O termo "bolsa", genericamente, não consta na CIPE®, porém foi classificado como similar aos termos específicos: "Bolsa de Colostomia" e "Bolsa de Ileostomia" da classificação, ambos incluídos no eixo Meios, considerando que a mesma bolsa que se usa para coletar as fezes de uma colostomia pode ser usada para a coleta de uma ileostomia.

Ainda no âmbito da reabilitação da pessoa ostomizada, destaca-se a importância da prevenção de complicações na estomia e na pele periestomal(11 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº. 400, de 16 de novembro de 2009. Diretrizes nacionais para a atenção à saúde das pessoas ostomizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS [Internet]. Diário Oficial da União 18 de nov 2009 [cited 2016 Aug 19];Seção I. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2009/prt0400_16_11_2009.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis...
). O termo "complicação" foi identificado na literatura e consta na CIPE®, incluído no eixo Foco. A Classificação ainda contempla o termo "Complicação no Estoma", também no eixo Foco. Foram identificados na literatura termos referentes a complicações na estomia - "prolapso", "retração", "descolamento" e "isquemia" - e termos referentes a complicações na pele periestomal - "dermatite" e "edema". Dentre estes, apenas "Edema" consta na CIPE®, encontrado no eixo Foco, porém "prolapso", "retração", "descolamento" e "isquemia" foram classificados como mais restritos em relação ao termo "Complicação no Estoma" da Classificação. Já o termo "dermatite" foi classificado como mais restrito em relação ao termo "Inflamação", constante no eixo Foco da CIPE®, pois a dermatite periestomal consiste em uma inflamação resultante do contato com as fezes ou produtos irritantes para a pele periestomal.

A fim de evitar complicações na estomia e pele periestomal, a utilização de adjuvantes de proteção e segurança pode ser necessária(11 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº. 400, de 16 de novembro de 2009. Diretrizes nacionais para a atenção à saúde das pessoas ostomizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS [Internet]. Diário Oficial da União 18 de nov 2009 [cited 2016 Aug 19];Seção I. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2009/prt0400_16_11_2009.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis...
). Dentre os adjuvantes identificados na literatura, encontram-se "pó", "pasta" e "cinto". Tais termos não constam na CIPE® e foram classificados como sem concordância com termos da classificação, visto que constituem conceitos particulares de um domínio específico da prática de enfermagem e não corroboram nenhuma definição de nenhum termo da CIPE®.

Considera-se importante discutir que a literatura selecionada apresenta termos os quais, apesar da baixa frequência, são imprescindíveis para o cuidado à pessoa ostomizada, por exemplo o termo "gases", o qual consta na CIPE® como "Flato (Gases)", inserido no eixo Foco. Tendo em vista que a pessoa ostomizada não tem controle sobre a eliminação de gases(2525 Rocha JJR. Estomas intestinais (ileostomias e colostomias) e anastomoses intestinais. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 2011 [cited 2016 Aug 19];44(1):51-6. Available from: http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/47335/51071
http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/...
), existe a possibilidade de haver constrangimentos devido a possíveis ruídos e mau cheiro, podendo levar ao isolamento social(2626 Batista MRFF, Rocha FCV, Silva DMG, Silva Júnior FJG. Autoimagem de clientes com colostomia em relação à bolsa coletora. Rev Bras Enferm [Internet]. 2011 [cited 2016 Aug 19]; 64(6):1043-7. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n6/v64n6a09.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n6/v64...
), o que reforça a necessidade de orientações por parte do enfermeiro quanto a medidas que minimizem ou evitem essas situações.

Dentre os adjetivos identificados na literatura acerca do cuidado à pessoa ostomizada, encontram-se termos que podem ser utilizados como qualificadores genéricos, ou seja, que podem ser aplicados a situações diversas dentro do contexto da prática de enfermagem (por exemplo, "presente", "ausente", "adequado" e "prejudicado") e termos para situações específicas (tais como no período de permanência da estomia - "temporário", "definitivo", "provisório" e "permanente"; e a característica da bolsa coletora - "transparente" e "opaco"). Destes, apenas "Presente" e "Prejudicado" constam na CIPE®, incluídos no eixo Julgamento. Ressalta-se que a CIPE® contempla no eixo Julgamento o termo "Presença ou Ausência", o que leva a classificar o termo "ausente" como mais restrito em relação a "Presença ou Ausência". O termo "adequado", por sua vez, foi classificado como mais restrito a "Julgamento Positivo ou Negativo" da CIPE®, também incluído no eixo Julgamento.

Ainda com relação aos adjetivos, foram identificados termos que demonstram a preocupação das publicações em abranger os aspectos sociais, psicológicos, sexuais e espirituais da pessoa ostomizada. Os adjetivos identificados "social", "psicológico", "sexual" e "espiritual" não constam na CIPE®, no entanto a classificação contempla termos que tornam visíveis os adjetivos identificados, tais como "Processo Social", "Processo Psicológico", "Processo Sexual" e "Processo Espiritual", incluídos no eixo Foco. Destaca-se que o enfermeiro deve envolver-se em ações voltadas para além dos aspectos físicos da pessoa ostomizada(2727 Araújo JBGN, Alencar AMPG. Assistência de enfermagem ao portador de ostomia intestinal na atenção básica. Cad Cult Ciênc [Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19];12(2):78-87. Available from: http://periodicos.urca.br/ojs/index.php/cadernos/article/view/633/pdf_1
http://periodicos.urca.br/ojs/index.php/...
), dado que as consequências resultantes das alterações físicas e das possíveis complicações decorrentes de uma estomia podem levar a alterações biopsicossociais(44 Martins PAF, Alvim NAT. Saberes e práticas de clientes estomizados sobre a manutenção da estomia de eliminação intestinal e urinária e sua pertinência no cuidado. Perspect Online Biol Saúde [Internet]. 2012 [cited 2016 Aug 19];6(2):54-69. Available from: http://www.seer.perspectivasonline.com.br/index.php/biologicas_e_saude/article/view/210/127
http://www.seer.perspectivasonline.com.b...
).

Os verbos identificados na literatura retratam ações de enfermagem relacionadas ao cuidado, como "realizar", "cuidar", "fazer", "avaliar", "orientar", "trocar" e "lavar"; e ao gerenciamento do cuidado, quais sejam "documentar" e "anotar". Destes, "Avaliar", "Orientar", "Trocar", "Lavar" e "Documentar" constam no eixo Ação da CIPE®. A partir dos verbos identificados, observa-se a predominância de ações voltadas para a prática em si, em detrimento de ações voltadas para a documentação da prática de enfermagem, o que reforça a necessidade da utilização de terminologias de enfermagem.

Limitações do estudo

Ressalta-se que, pelo fato da busca de termos ter sido restrita à literatura da área, o presente estudo pode não revelar a complexidade do cuidado nos ambientes da prática assistencial à pessoa com estomia de eliminação intestinal, o que se configura como uma limitação do mesmo.

Contribuições para a área da enfermagem

Como implicações para a prática, acredita-se que este estudo possa contribuir para a padronização da linguagem de enfermagem no contexto do cuidado à pessoa ostomizada, o que poderá sustentar a documentação e, consequentemente, refletir na visibilidade da profissão.

CONCLUSÃO

Embora a literatura utilize termos diferentes para designar a exteriorização de parte do intestino através do abdome para a eliminação de fezes, a CIPE® diferencia os termos "estoma" e "ostomia". Sendo assim, o uso de linguagem padronizada pode minimizar as ambiguidades e redundâncias relacionadas à estomia.

A identificação de termos na literatura permite concluir que há termos com baixa frequência de aparição, porém imprescindíveis para a prática de enfermagem direcionada à pessoa ostomizada. O mapeamento evidenciou que, apesar da ocorrência de termos específicos da especialidade na CIPE®, existem termos relevantes que não são representados na classificação, o que reforça a necessidade de atualização constante da CIPE®.

Este estudo possui como limitação o fato da busca de termos ter sido restrita à literatura da área, o que pode não revelar a complexidade do cuidado nos ambientes da prática assistencial à pessoa com estomia de eliminação intestinal.

Como trabalhos futuros, após a construção do subconjunto terminológico da CIPE® para o cuidado à pessoa ostomizada, sugere-se a validação clínica desse subconjunto, com a finalidade de sustentar evidências para a prática.

  • FOMENTO
    Pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio do processo nº 448448/2014-9.
    Bolsa de estudo do Programa de Demanda Social (DS) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

REFERENCES

  • 1
    Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº. 400, de 16 de novembro de 2009. Diretrizes nacionais para a atenção à saúde das pessoas ostomizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS [Internet]. Diário Oficial da União 18 de nov 2009 [cited 2016 Aug 19];Seção I. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2009/prt0400_16_11_2009.html
    » http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2009/prt0400_16_11_2009.html
  • 2
    Hendren S, Hammond K, Glasgow SC, Perry WB, Buie WD, Steele SR, Rafferty J. Clinical practice guidelines for ostomy surgery. Dis Colon Rectum [Internet]. 2015 [cited 2016 Aug 19];58(4):375-87. Available from: https://www.fascrs.org/sites/default/files/downloads/publication/clinical_practice_guidelines_for_ostomy_surgery.pdf
    » https://www.fascrs.org/sites/default/files/downloads/publication/clinical_practice_guidelines_for_ostomy_surgery.pdf
  • 3
    Poletto D, Gonçalves MI, Barros MTT, Anders JC, Martins ML. A criança com estoma intestinal e sua família: implicações para o cuidado de enfermagem. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2011 [cited 2016 Aug 19]; 20(2):319-27. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n2/a14v20n2.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n2/a14v20n2.pdf
  • 4
    Martins PAF, Alvim NAT. Saberes e práticas de clientes estomizados sobre a manutenção da estomia de eliminação intestinal e urinária e sua pertinência no cuidado. Perspect Online Biol Saúde [Internet]. 2012 [cited 2016 Aug 19];6(2):54-69. Available from: http://www.seer.perspectivasonline.com.br/index.php/biologicas_e_saude/article/view/210/127
    » http://www.seer.perspectivasonline.com.br/index.php/biologicas_e_saude/article/view/210/127
  • 5
    Coelho AR, Santos FS, Poggetto MTD. A estomia mudando a vida: enfrentar para viver. REME Rev Min Enferm [Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19];17(2):268-77. Available from: http://www.reme.org.br/exportar-pdf/649/v17n2a03.pdf
    » http://www.reme.org.br/exportar-pdf/649/v17n2a03.pdf
  • 6
    Ardigo FS, Amante LN. Knowledge of the professional about nursing care of people with ostomies and their families. Text Context Nursing [Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19];22(4):1064-71. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v22n4/en_24.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/tce/v22n4/en_24.pdf
  • 7
    Ramos RS, Barros MD, Santos MM, Gawryszewiski ARB, Gomes AMT. O perfil dos pacientes estomizados com diagnóstico primário de câncer de reto em acompanhamento em programa de reabilitação. Cad Saúde Colet [Internet]. 2012 [cited 2016 Aug 19];(3):280-6. Available from: http://www.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2012_3/artigos/CSC_v20n3_280-286.pdf
    » http://www.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2012_3/artigos/CSC_v20n3_280-286.pdf
  • 8
    Nóbrega MML, Garcia TR. Perspectivas de incorporação da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) no Brasil. Rev Bras Enferm [Internet]. 2005 [cited 2016 Aug 19];58(2):227-30. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n2/a20.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n2/a20.pdf
  • 9
    Garcia TR (Org.). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem CIPE®: versão 2015. Porto Alegre: Artmed; 2016.
  • 10
    Garcia TR, Nóbrega MML. A terminologia CIPE® e a participação do Centro CIPE® brasileiro em seu desenvolvimento e disseminação. Rev Bras Enferm [Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19];66(esp):142-50. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v66nspe/v66nspea18.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/reben/v66nspe/v66nspea18.pdf
  • 11
    International Council of Nurses. Guidelines for ICNP® catalogue development [Internet]. Genebra: International Council of Nurses; 2008 [cited 2016 Aug 19]. Available from: http://www.icn.ch/images/stories/documents/programs/icnp/icnp_catalogue_development.pdf
    » http://www.icn.ch/images/stories/documents/programs/icnp/icnp_catalogue_development.pdf
  • 12
    Nóbrega MML, Cubas MR, Egry EY, Nogueira LGF, Carvalho CMG, Albuquerque LM. Desenvolvimento de subconjuntos terminológicos da CIPE® no Brasil. In: Cubas, MR. Nóbrega, MM.L. (Org.). Atenção Primária em Saúde: diagnósticos, resultados e intervenções. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015. p. 3-8.
  • 13
    Zahra FM, Carvalho DR, Malucelli A. Poronto: ferramenta para construção semiautomática de ontologias em português. J. Health Inform [Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19];5(2):52-9. Available from: http://www.jhi-sbis.saude.ws/ojs-jhi/index.php/jhi-sbis/article/view/232/167
    » http://www.jhi-sbis.saude.ws/ojs-jhi/index.php/jhi-sbis/article/view/232/167
  • 14
    Garcia TR. CIPE® Versão 2013. In: Garcia, TR. (Org.). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem CIPE®: Aplicação à realidade brasileira. Porto Alegre: Artmed; 2015. p. 123-299.
  • 15
    Leal MT. A CIPE® e a visibilidade da enfermagem: mitos e realidade. Lisboa: Lusociência; 2006.
  • 16
    Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas errôneas: erros e acertos. Acta Cir Bras [Internet]. 2004 [cited 2016 Aug 19];19(5):582-4. Available from: http://www.scielo.br/pdf/acb/v19n5/a19v19n5.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/acb/v19n5/a19v19n5.pdf
  • 17
    Koogan A, Houaiss A. Enciclopédia e Dicionário Koogan Houaiss. Edições Delta. 2009.
  • 18
    Michaelis. Dicionário de Português Online [Internet]. Editora Melhoramentos; 2016 [cited 2016 Aug 19]. Available from: http://michaelis.uol.com.br/
    » http://michaelis.uol.com.br/
  • 19
    Priberam. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa[Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19]. Available from: http://www.priberam.pt/dlpo/
    » http://www.priberam.pt/dlpo/
  • 20
    Yamada BFA. Associação Brasileira de Estomaterapia: estomias, feridas e incontinências - SOBEST [Internet]. Fundação. 2016 [cited 2016 Aug 19]. Available from: http://www.sobest.org.br/texto/3
    » http://www.sobest.org.br/texto/3
  • 21
    Cesaretti IUR. Cuidando da pessoa com estoma no pós-operatório tardio. Revista Estima [Internet]. 2008 [cited 2016 Aug 19];6(1). Available from: http://www.revistaestima.com.br/index.php/estima/article/view/226
    » http://www.revistaestima.com.br/index.php/estima/article/view/226
  • 22
    Sampaio FAA, Aquino PS, Araújo TL, Galvão MTG. Nursing care to an ostomy patient: application of the Orem's ttheory. Acta Paul Enferm [Internet]. 2008 [cited 2016 Aug 19];21(1):94-100. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v21n1/14.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/ape/v21n1/14.pdf
  • 23
    Kollak I. The concept of self-care. In: Kim HS, Kollak I, editors. Nursing theories: conceptual and philosophical foundations. 2 ed. New York: Springer Publishing Company; 2006.
  • 24
    Rodrigues SO, Budó MLD, Simon BS, Gewehr M, Silva DC. As redes sociais de apoio no cuidado às pessoas com estomias: revisão bibliográfica. Rev Saúde (Santa Maria) [Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19];39(1):3342. Available from: http://periodicos.ufsm.br/revistasaude/article/download/7256/pdf_1
    » http://periodicos.ufsm.br/revistasaude/article/download/7256/pdf_1
  • 25
    Rocha JJR. Estomas intestinais (ileostomias e colostomias) e anastomoses intestinais. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 2011 [cited 2016 Aug 19];44(1):51-6. Available from: http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/47335/51071
    » http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/47335/51071
  • 26
    Batista MRFF, Rocha FCV, Silva DMG, Silva Júnior FJG. Autoimagem de clientes com colostomia em relação à bolsa coletora. Rev Bras Enferm [Internet]. 2011 [cited 2016 Aug 19]; 64(6):1043-7. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n6/v64n6a09.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n6/v64n6a09.pdf
  • 27
    Araújo JBGN, Alencar AMPG. Assistência de enfermagem ao portador de ostomia intestinal na atenção básica. Cad Cult Ciênc [Internet]. 2013 [cited 2016 Aug 19];12(2):78-87. Available from: http://periodicos.urca.br/ojs/index.php/cadernos/article/view/633/pdf_1
    » http://periodicos.urca.br/ojs/index.php/cadernos/article/view/633/pdf_1

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2017

Histórico

  • Recebido
    30 Dez 2015
  • Aceito
    19 Set 2016
Associação Brasileira de Enfermagem SGA Norte Quadra 603 Conj. "B" - Av. L2 Norte 70830-102 Brasília, DF, Brasil, Tel.: (55 61) 3226-0653, Fax: (55 61) 3225-4473 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: reben@abennacional.org.br