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AVALIAÇAO DO VALOR NUTRITIVO DE UM MACARRAO À BASE DE SOJA E MILHO OPACO-2 ATRAVÉS DE EXPERIÊNCIAS EM ANIMAIS

INTRODUÇÃO:

Um dos grandes problemas do mundo atual é o consumo e a produção de proteína de alto valor biológico, a baixo custo. Mas nem só estes dois fatures condicionam o estudo de novos alimentos protéicos, pois se eles não são aceitos pela população, não são consumidos, e segundo Graham (1972)Graham, G. G., Morales, E., Cordano, A., Baertl; J. M. - VII - Cornsoy-wheat macaroni-Dietary protein quality in infants and children. J. Am. Diet. Ass. 61 (3): 280-285, 1972, "alimentos não consumidos têm valor biológico zero".

Para preencher a falta de proteína na alimentação da faixa pobre da população, os alimentos procurados devem, portanto, ser aceitos pelos consumidores, conter uma quantidade apreciável de proteínas de boa qualidades a custo mais baixo que as proteínas comumente encontradas no mercado.

Em S. Paulo, uma indústria alimentícia desenvolveu um tipo de macarrão à base de milho opaco-2, soja e farinha de trigo, acrescido de 0,1% de metionina. O baixo custo deste produto e seu alto valor protéico (22,8 g%) levaram-nos a testá-lo em animais, e, finalmente, em crianças.

O milho opaco-2 que entra na composição do macarrão, como já se sabe pelos estudos de Mertz e colaboradores (1965)Mertz, E. T. Veron, O. A., Bates, L. S., and Nelson, O. E. - Growth oí rats fed on opaque-2 maize. Science, 148: 1741-1742, 1965, tem alto teor de lisina e triptofano o que diferencia do milho comum. Este fato foi comprovado por Mattos (1971)Mattos, L. U. Contribuição para o estulo do valor protéico do milho opaco-2. Tese de doutoramento. 1971 no milho opaco-2, cultivado em solo nacional.

Objetivos: os objetivos deste trabalho são:

  1. Analisar o macarrão quanto ao seu teor protéico e a sua composição em aminoácidos.

  2. Avaliar o valor nutritivo das proteínas do macarrão, em ratos albinos, empregando para isto testes de crescimento (curva ponderai) e da eficiência protéica, com alimentação ad libitum.

  3. Avaliar o valor nutritivo das proteínas do referido produto através de testes de depleção e repleção protéica, comparando-o com a caseína.

MATERIAL E MÉTODOS;

1 - Material

Animais de experiência: neste trabalho foram utilizados ratos, (RATTUS NORWEGICUS, ALBINUS) Wistar, do sexo masculino pesando em média 40 g.

Caseína (1) contendo 75,6% de proteína.

Macarrão (2) contendo 22,8% de proteína, fabricado à base de 55% de farinha de milho opaco-2, 35% de farinha de soja, 10%, de farinha de trigo, 2% de sal e 0,1% de metionina.

Dietas para ratos:

  1. - Caseína (18% de proteína)


  2. - Macarrão (18% de proteína)


  3. - Aprotéica


2 - Métodos

2.1 Métodos de dosagem

Dosagem de nitrogênio: a dosagem de nitrogênio nos alimentos foram feitas pelo método de Kjeldahl modificado, Albanese (1963)Albanese, A. A., New mehoeis of nutritional biochemistry. New York, Academic Press, 1961 v. 1, p. 84. Para calcular a proteína, foi usado o fator convencional N x 6,25. Dosagem de aminoácidos no milho opaco-2: os aminoácidos com exceção do triptofano, foram dosados por cromatografia no analisador de Beckmann, modelo 120 B. Maravalhas (1970)Maravalhas, N. A New technique of protein hydrolysis and analysis of the amino acids on an autoanalyser. J. Chorm. 50 : 413-418, 1970.

Dosagem de triptofano: o triptofano foi dosado pelo método de Horn e Jones (1945)Horn, M. J. & Jones, D. B. A rapid colorimetric method for determination of tryptophane in proteins and fooeis.J. Biol. Chem. 157: 153-160, 1969.

2.2 Procedimentos experimentais:

Os animais em experiência foram separados em 4 grupos:

  1. Os animais, em número de 10, receberam a dieta A, durante 28 dias.

  2. O grupo B compunha-se de 10 animais, recebendo a dieta B, durante 28 dias, e nas mesmas condições que o grupo A.

  3. Os animais foram submetidos a período de carência protéica (fase de depleção protéica), durante 15 dias, dieta C, e recuperados durante 28 dias com dieta A à base de caseína.

  4. Primeiramente, os animais foram submetidos à carência protéica durante 15 dias e depois recuperados com a dieta B, durante 28 dias.

Os animais, em todos Os grupos, foram colocados em gaiolas individuais, recebendo dieta e água ad libidum, sendo pesados cada dois dias, e o alimento diariamente.

Resultados

Os resultados foram separados em 2 grupos

  1. Resultados da análise dos alimentos

  2. Resultados das experiências

  1. Análise dos Alimentos

    O macarrão e o milho opaco-2 foram analisados por nós, e a soja tem seus dados obtidos da FAO (1970)F. A. O. - Amino aoid cimitent and biological data on proteins. Rome, FAO, 1970, tendo os resultados sido compilados na tabela 1. Estes resultados estão comparados na Figura 1.

    Fig. 1
    Comparação dos aminuacidos essencias (g/100g proteína) do macarrão e do milho opaco-2

    TABELA 1
    Composição em aminoácidos do macarrão, milho opaco-2 e soja .

  2. Experiência em Animais

    Foi comprovada a variação de peso de ratos alimentados com macarrão e caseína, sendo que os resultados estão colocados na figura (2). Também, foram calculadas e construidas as retas de regressão, entre o aumento de peso dos animais e o número de dias após o início da experiência. (figura 3)

    FIGURA 2
    Curvas de variação de peso de ratos alimentados com macarrão e caseína

    FIGURA 3
    Retas de regressão entre variação de peso (y) e os dias após o início do tratamento

    Pelo teste de Student concluimos que não há diferença significativa entre a variação de peso dos animais alimentados com as duas dietas (P> 0,05). (Tabela 2)

    Tabela 2
    Aumento de peso médio, PER e ICA de animais submetidos a dietas de macarrão e caseína (sem depleção protéica)

    Estudamos a capacidade de repleção protéica do macarrão, após um período de depleção protéica de duas semanas, obtendo os resultados contidos nas figuras 4 e 5.

    FIGURA 4
    Curvas de variação de peso de ratos em carência e recuperados com macarrão ou caseína

    FIGURA 5
    Retas de regressão entre a variação de peso (y) e os dias após o início da recuperação

    Pelo teste e Student verificamos que o macarrão é melhor para a recuperação dos animais que a caseína (P< 0,01) altamente significativo). (Tabela 3)

    Tabela 3
    Aumento de peso médio, PER ICA de animais alimentados com macarrão e casína (com depleção protéica prévia)

Conclusões:

  1. O conteúdo, em aminoácidos essenciais do macarrão, é semelhante ao milho opaco-2 (figura 1), o qual, como já foi verificado, tem proteína bem balanceada.

  2. Os testes da curva de crescimento e da eficiência protéica, em animais não submetidos à depleção protéica, nos permite concluir, que as proteínas do macarrão não são inferiores às da caseína.

    A eficiência protéica de caseína corresponde a 93,1% da do macarrão, não havendo porém diferença significativa (p> 0,05) entre elas.

  3. A capacidade de repleção protéica do macarrão é maior que a da caseína, o que podemos ver pelos testes de crescimento (p <0,01), PER (p< 0,05) e ICA (p< 0,05).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Albanese, A. A., New mehoeis of nutritional biochemistry. New York, Academic Press, 1961 v. 1, p. 84
  • F. A. O. - Amino aoid cimitent and biological data on proteins Rome, FAO, 1970
  • Graham, G. G., Morales, E., Cordano, A., Baertl; J. M. - VII - Cornsoy-wheat macaroni-Dietary protein quality in infants and children. J. Am. Diet. Ass. 61 (3): 280-285, 1972
  • Horn, M. J. & Jones, D. B. A rapid colorimetric method for determination of tryptophane in proteins and fooeis.J. Biol. Chem. 157: 153-160, 1969
  • Maravalhas, N. A New technique of protein hydrolysis and analysis of the amino acids on an autoanalyser. J. Chorm. 50 : 413-418, 1970
  • Mattos, L. U. Contribuição para o estulo do valor protéico do milho opaco-2. Tese de doutoramento. 1971
  • Mertz, E. T. Veron, O. A., Bates, L. S., and Nelson, O. E. - Growth oí rats fed on opaque-2 maize. Science, 148: 1741-1742, 1965

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 1973
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