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Avaliação da cultura de segurança do paciente antes e depois da implementação do safety huddle* * Extraído da dissertação de mestrado: “Avaliação do impacto do ‘safety huddle’ na cultura de segurança do paciente”, Universidade Estadual do Ceará, 2023.

RESUMO

Objetivo:

Identificar se a implementação do safety huddle possibilitou mudança na cultura de segurança do paciente.

Método:

Pesquisa quase-experimental, que avaliou a cultura de segurança do paciente antes e após a implementação do safety huddle.

Resultados:

O estudo revelou que 53,98% preencheram as duas avaliações da cultura de segurança, com 60,1% de adesão da equipe de enfermagem, com diferença estatisticamente significativa na segunda avaliação quanto à percepção da segurança do paciente e eventos adversos notificados (p < 0,00). Quanto aos indicadores de boas práticas, observou-se diferença estatisticamente significativa (p < 0,00) no item 43 e melhoria em quase todas as dimensões na segunda avaliação da cultura de segurança. Os huddles totalizaram 105 dias, com 100% de adesão da equipe de enfermagem. Quanto aos itens do checklist, todos apresentaram respostas satisfatórias (acima de 50%).

Conclusão:

Os safety huddles revelaram-se uma ferramenta eficaz para a comunicação entre profissionais de saúde e gestores, demonstrando impactos positivos nos indicadores de boas práticas e na maioria das dimensões da cultura de segurança.

DESCRITORES
Segurança do Paciente; Qualidade da Assistência à Saúde; Hospital; Equipe de Assistência ao Paciente

ABSTRACT

Objective:

To identify whether safety huddle implementation enabled a change in patient safety culture.

Method:

Quasi-experimental research that assessed patient safety culture before and after safety huddle implementation.

Results.

The study revealed that 53.98% completed the two safety culture assessments, with 60.1% adherence from the nursing team, with a statistically significant difference in the second assessment regarding perception of patient safety and adverse events notified (p < 0.00). Regarding good practice indicators, a statistically significant difference (p < 0.00) was observed in item 43 and improvement in almost all dimensions in the second safety culture assessment. The huddles totaled 105 days, with 100% adherence from the nursing team. Regarding checklist items, all presented satisfactory responses (above 50%).

Conclusion:

Safety huddles proved to be an effective tool for communication between healthcare professionals and managers, demonstrating positive impacts on good practice indicators and most safety culture dimensions.

DESCRIPTORS
Patient Safety; Quality of Health Care; Hospitals; Patient Care Team

RESUMEN

Objetivo:

Identificar si la implementación del safety huddle permitió un cambio en la cultura de seguridad del paciente.

Método:

Investigación cuasiexperimental, que evaluó la cultura de seguridad del paciente antes y después de la implementación del safety huddle.

Resultados:

El estudio reveló que el 53,98% completó las dos evaluaciones de la cultura de seguridad, con un 60,1% de adherencia por parte del equipo de enfermería, con diferencia estadísticamente significativa en la segunda evaluación en cuanto a la percepción de seguridad del paciente y eventos adversos reportados (p < 0,00). En cuanto a los indicadores de buenas prácticas, se observó una diferencia estadísticamente significativa (p < 0,00) en el ítem 43 y una mejora en casi todas las dimensiones en la segunda evaluación de la cultura de seguridad. Los huddles totalizaron 105 días, con 100% de adherencia por parte del equipo de enfermería. En cuanto a los ítems del checklist, todos presentaron respuestas satisfactorias (por encima del 50%).

Conclusión:

Los safety huddles demostraron ser una herramienta eficaz para la comunicación entre los profesionales de la salud y los gerentes, demostrando impactos positivos en los indicadores de buenas prácticas y en la mayoría de las dimensiones de la cultura de seguridad.

DESCRIPTORES
Seguridad del Paciente; Calidad de la Atención de Salud; Hospitales; Grupo de Atención al Paciente

INTRODUÇÃO

Avaliar a cultura de segurança do paciente (CSP) em uma instituição hospitalar permite reconhecer as percepções e os comportamentos dos profissionais que influenciam a segurança do paciente, além de ser um importante indicador que possibilita compreender uma instituição em diversas questões e abordagens relacionadas ao cuidado seguro e que os comportamentos e atitudes moldam a cultura de segurança organizacional(11. Khoshakhlagh AH, Khatooni E, Akbarzadeh I, Yazdanirad S, Sheidaei A. Analysis of affecting factors on patient safety culture in public and private hospitals in Iran. BMC Health Serv Res. 2019;19(1):1009. doi: http://dx.doi.org/10.1186/s12913-019-4863-x. PubMed PMID: 31888622.
https://doi.org/10.1186/s12913-019-4863-...
, 22. Fernandes ARRA, Fassarella CS, Camerini FG, Henrique DM, Nepomuceno RM, Silva RFA. Cultura de segurança no centro cirúrgico: uma revisão integrativa. Rev Eletr Enferm. 2021;23:65437. doi: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v23.65437.
https://doi.org/10.5216/ree.v23.65437...
).

Ressalta-se que as percepções e os comportamentos são características individuais de cada profissional, podendo variar em diferentes organizações ou até mesmo dentro da mesma instituição. A CSP é compreendida como um produto dos valores, ações, concepções, competências e modelos de comportamento de grupos e indivíduos que refletem o compromisso da administração em promover uma organização saudável e segura(33. International Nuclear Safety Advisory Group. INSAG-7 The Chernobyl accident: updating of INSAG-1 [Internet]. Vienna: International Atomic Energy Agency; 1992. Safety Series [cited 2021 may 5]. Available from: https://www-pub.iaea.org/MTCD/publications/PDF/Pub913e_web.pdf
https://www-pub.iaea.org/MTCD/publicatio...
).

Assim, uma CSP fortalecida é essencial, pois fornece os elementos fundamentais para a implementação de práticas seguras para a redução de eventos adversos(44. World Health Organization. The conceptual framework for the International Classification for Patient Safety: Version 1.1: final technical report [Internet]. Genebra: WHO; 2009 [cited 2021 may 5]. Available from: https://www.who.int/patientsafety/taxonomy/icps_full_report.pdf
https://www.who.int/patientsafety/taxono...
). A comunicação efetiva, por exemplo, é uma ferramenta essencial para fortalecer a cultura de segurança nas instituições de saúde. Ela ocorre quando os profissionais recebem, filtram, organizam e escolhem o canal adequado para transmitir a mensagem de forma completa e precisa, abrangendo condutas assertivas de repassar, receber e compreender informações com clareza e respeito mútuo tanto na comunicação verbal quanto na não verbal(55. Sousa JBA, Brandão MJM, Cardoso ALB, Archer ARR, Belfort IKP. Comunicação efetiva como ferramenta de qualidade: desafio na segurança do paciente / Comunicação efetiva como ferramenta da qualidade: um desafio na segurança do paciente. Braz J Hea Rev. 2020;3(3):6467–79. doi: http://dx.doi.org/10.34119/bjhrv3n3-195.
https://doi.org/10.34119/bjhrv3n3-195...
, 66. Nora CRD, Junges JR. Segurança do paciente e aspectos éticos: revisão de escopo. Rev Bioet. 2021;29(2):304–16. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1983-80422021292468.
https://doi.org/10.1590/1983-80422021292...
).

Nesse contexto, o Institute for Healthcare Improvement (IHI) sugere o uso de ferramentas para tornar a comunicação mais efetiva, e entre essas ferramentas encontra-se o safety huddle(77. Institute for Healthcare Improvement. Daily huddles [Internet]. IHI; 2018. [cited 2021 mar 15]. Available from: http://www.ihi.org/resources/Pages/Tools/Huddles
http://www.ihi.org/resources/Pages/Tools...
), que em português pode ser compreendido como “reuniões de segurança”. Essas reuniões são encontros rápidos com vários profissionais de saúde e gestores, e duram geralmente de 5 a 15 minutos, sendo o tempo duração relacionado à necessidade da equipe e à natureza da atividade. Seguem uma agenda padrão com objetivos específicos sobre questões de segurança do paciente(88. Goldenhar LM, Brady PW, Sutcliffe KM, Muething SE. Huddling for high reliability and situation awareness. BMJ Qual Saf. 2013;22(11):899–906. doi: http://dx.doi.org/10.1136/bmjqs-2012-001467. PubMed PMID: 23744537.
https://doi.org/10.1136/bmjqs-2012-00146...
).

A eficácia do safety huddle na melhoria dos resultados assistenciais tem sido demonstrada em pesquisas. Em uma delas, foi possível demonstrar a redução de até metade da taxa de mortalidade, além da ausência de infecções relacionadas a cateteres nos dois primeiros anos de implementação dessa ferramenta em uma instituição(99. Wahl K, Stenmarker M, Ros A. Experience of learning from everyday work in daily safety huddles—a multi-method study. BMC Health Serv Res. 2022;22:1101. doi: https://doi.org/10.1186/s12913-022-08462-9.
https://doi.org/10.1186/s12913-022-08462...
). Outro estudo revelou que o safety huddle diminuiu os obstáculos hierárquicos na assistência, aumentou a satisfação dos profissionais da linha de frente e melhorou os resultados clínicos dos pacientes(1010. Panayiotou H, Higgs C, Foy R. Exploring the feasibility of patient safety huddles in general practice. Prim Health Care Res Dev. 2020;21:e24. doi: http://dx.doi.org/10.1017/S1463423620000298.
https://doi.org/10.1017/S146342362000029...
).

Os huddles estão consistentemente relacionados a melhorias na qualidade da troca de informações, eficiência, responsabilidade, qualificação individual, além de influenciar positivamente no senso de coletividade(1111. Franklin BJ, Gandhi TK, Bates DW, Huancahuari N, Morris CA, Pearson M, et al. Impact of multidisciplinary team huddles on patient safety: a systematic review and proposed taxonomy. BMJ Quality & Safety. 2020;29(10):1–2. doi: http://dx.doi.org/10.1136/bmjqs-2019-009911.
https://doi.org/10.1136/bmjqs-2019-00991...
). Portanto, a implementação do safety huddle pode colaborar para uma cultura de cooperação e parceria, promovendo uma consciência situacional coletiva que pode levar à eliminação de danos aos pacientes(1212. Thiese MS. Observational and interventional study design types; an overview. Biochem Med (Zagreb). 2014;24(2):199–210. doi: http://dx.doi.org/10.11613/BM.2014.022. PubMed PMID: 24969913.
https://doi.org/10.11613/BM.2014.022...
). Esse senso de cooperação direciona a atenção de todos os membros da equipe para alcançar um objetivo de dano zero, resultando em uma maior segurança e qualidade(1313. Fernandes VDO, Malta SM, Souza LFL, Morgado MVG. Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança na Saúde. Daily Huddle: uma estratégia para gerenciamento dos riscos [Internet]. Albert Einstein; 2017 [cited 2023 mar 19]. Available from: http://apps.einstein.br/forumqualidadeseguranca/trabalhos.html
http://apps.einstein.br/forumqualidadese...
).

Embora a literatura científica apresente evidências consideráveis sobre a eficácia dos huddles em ambientes hospitalares americanos e europeus, há necessidade de avaliar sua implementação em instituições brasileiras. Diante dos pressupostos elencados, considera-se que a implementação do safety huddle é relevante, pois permitirá fomentar a reflexão da importância da comunicação para a segurança do paciente refletida em resultados positivos da CSP. Poderá, também, contribuir para tornar a instituição mais confiável com indicadores de saúde favoráveis, permitindo fortalecer a comunicação efetiva a partir de evidências científicas a respeito do tema, proporcionando a tomada de decisão, melhorando o processo de cuidado e antecipando aos erros. Desenvolveu-se este estudo com o objetivo de identificar se a implementação do safety huddle possibilitou mudanças na CSP.

MÉTODO

Trata-se de pesquisa quase-experimental do tipo antes e depois com abordagem quantitativa. Este estudo reflete uma intervenção com o safety huddle ou reuniões de segurança e a avaliação da CSP antes e após a implementação dessa ferramenta.

Local

O safety huddle foi implementado em um hospital municipal na região Norte do estado do Ceará. A instituição possui 119 leitos voltados para o atendimento e tratamento nas especialidades de clínica médica, clínica cirúrgica, maternidade, unidade de psiquiatria, centro cirúrgico, Unidade de Cuidados Intermediários Convencional (UCINCo), Unidade de Terapia Intensiva Adulto Tipo II, (UTI adulto tipo II), além do serviço ambulatorial, farmácia, transporte intra-hospitalar e inter-hospitalar.

Procedimento de Coleta de Dados

A coleta de dados seguiu três etapas: 1ª: avaliação da cultura de segurança, realizada de maio a junho de 2022; 2ª: implementação do safety huddles, que durou de agosto a dezembro de 2022; e 3ª: 2ª avaliação da cultura de segurança, realizada nos meses de janeiro a março de 2023.

A amostra foi por conveniência com os profissionais que atendessem aos critérios de inclusão: ter atuação mínima de seis meses no hospital e carga horária mínima de 20 horas semanais. Considerou-se como critérios de exclusão: os profissionais que estiveram afastados das atividades laborais nos meses de coleta de dados. Como critério de descontinuidade, considerou-se não preencher o questionário em uma das etapas da avaliação da cultura.

Os safety huddles foram conduzidos pelo pesquisador e aconteceram em um espaço aberto comum a todas as clínicas, nos meses de agosto a dezembro de 2022, de segunda a sexta-feira, no turno da manhã, com início às 09:00 e duração de 20 minutos.

Instrumento de Coleta de Dados

Para a avaliação da cultura de segurança, foi aplicada a versão brasileira(1414. Andrade LEL, Melo LOM, Silva IG, de Souza RM, Lima ALB, Freitas MR, et al. Adaptação e validação do Hospital Survey on Patient Safety Culture em versão brasileira eletrônica. Epidemiol Serv Saude. 2017;26(3):455–68. doi: http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742017000300004. PubMed PMID: 28977171.
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201700...
) do instrumento Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC) da Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ)(1515. Sorra J, Gray L, Streagle S, et al. AHRQ Hospital Survey on Patient Safety Culture: User’s Guide. (Prepared by Westat, under Contract No. HHSA290201300003C). AHRQ Publication Nº. 18-0036-EF (Replaces 04-0041, 15(16)-0049-EF). Rockville, MD: Agency for Healthcare Research and Quality; 2018 [cited 2023 mar 19]. Available from: https://www.ahrq.gov/sops/qualitypatient-safety/patientsafetyculture/hospital/index.html
https://www.ahrq.gov/sops/qualitypatient...
). Esse questionário foi adaptado transculturalmente para o Brasil em 2017 e atualizado em 2021(1414. Andrade LEL, Melo LOM, Silva IG, de Souza RM, Lima ALB, Freitas MR, et al. Adaptação e validação do Hospital Survey on Patient Safety Culture em versão brasileira eletrônica. Epidemiol Serv Saude. 2017;26(3):455–68. doi: http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742017000300004. PubMed PMID: 28977171.
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201700...
). É um sistema eletrônico para avaliação válida, rápida e confiável da CSP em hospitais brasileiros(1616. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Avaliação nacional da cultura de segurança do paciente em hospitais - 2021 [Internet]. Brasília: ANVISA; 2022 [cited 2023 mar 19]. Available from: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/relatorio-avaliacao-da-cultura-de-seguranca-2021.pdf
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centrais...
). É conhecido como E-questionário de Cultura de Segurança Hospitalar, online, com autopreenchimento e não necessitando de entrevistador. Foram adicionadas ao questionário perguntas sobre os dados sociolaborais dos respondentes, constituindo ainda uma sessão a mais com perguntas sobre os indicadores de boas práticas de segurança do paciente validadas no projeto “Desenvolvimento e validação de indicadores de boas práticas de segurança do paciente – ISEP-Brasil”, que possibilitam a verificação do nível de segurança em hospitais brasileiros e indicam pontualmente para problemas prioritários de melhoria(1717. Gama ZAS, Saturno-Hernández PJ, Ribeiro DNC, Freitas MR, Medeiros PJ, Batista AM, et al. Desenvolvimento e validação de indicadores de boas práticas de segurança do paciente: projeto ISEP-Brasil. Cad Saude Publica. 2016;32(9):e00026215. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00026215. PubMed PMID: 27653192.
https://doi.org/10.1590/0102-311X0002621...
).

Todos os profissionais foram convidados a participar da pesquisa por meio de links enviados via e-mail. Além disso, o pesquisador fez visitas diárias aos setores do estudo com tablets, disponibilizando-os para os profissionais que aceitassem preencher o questionário naquele momento.

As variáveis do estudo foram dados laborais dos profissionais (categoria profissional, unidade, tempo de trabalho no hospital (em anos), quantidade de horas semanais trabalhadas). Além disso, foram considerados a percepção de segurança do paciente, que variou de ruim a excelente, a quantidade de eventos adversos notificados e os indicadores de boas práticas (itens 43 ao 52 do HSOPSC).

Quanto às reuniões de segurança, foi utilizado um checklist desenvolvido pelos profissionais do Hospital Geral do Grajaú da Rede Sírio-Libanês que envolve questões sobre liderança, dimensionamento, insumos, materiais, medicamentos e engenharia clínica(1313. Fernandes VDO, Malta SM, Souza LFL, Morgado MVG. Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança na Saúde. Daily Huddle: uma estratégia para gerenciamento dos riscos [Internet]. Albert Einstein; 2017 [cited 2023 mar 19]. Available from: http://apps.einstein.br/forumqualidadeseguranca/trabalhos.html
http://apps.einstein.br/forumqualidadese...
). Além disso, o pesquisador acrescentou mais nove perguntas sobre os protocolos de segurança do paciente(1818. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Diário Oficial da União [Internet]; Brasília; 2013 [cited 2023 mar 19]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis...
), a saber: há pacientes sem identificação? Checklist de cirurgia segura está sendo aplicado. Houve algum erro na prescrição, uso e administração de medicamentos? Houve algum erro na administração de sangue e hemoderivados? Houve alguma queda de pacientes? Houve incidência de lesão por pressão? Houve infecções relacionadas à assistência à saúde? Houve falhas quanto às terapias enteral e parenteral? Houve falha de comunicação entre profissionais e serviços de saúde? Foram realizadas quatro perguntas gerais que visavam ao envolvimento dos pacientes e família em sua própria segurança, totalizando 23 itens: houve algum problema de segurança do paciente nas últimas 24 horas? Há estímulo à participação do paciente e dos familiares na assistência prestada? Há algum fator que possa colocar o paciente em risco? Podemos fazer algo hoje para proteger nossos pacientes? Cada item do checklist era respondido com “sim” ou “não”, permitindo que os participantes atribuíssem uma resposta positiva ou negativa a cada questão.

População do Estudo

Para avaliação da cultura de segurança, a população do estudo foi de 326 profissionais, que preencheram os critérios de inclusão do estudo. Quanto ao safety huddle, participaram das reuniões a alta direção ou representantes desta, representante da equipe multiprofissional e um profissional de cada unidade que estivesse no plantão, além de técnico em radiologia, auxiliar administrativo (recepção), técnico de farmácia, condutores de ambulâncias e maqueiros, totalizando uma média de 18 profissionais por dia. Estudo semelhante usou a mesma abordagem quanto ao número de categorias de profissionais participantes e à escolha deles(1919. Brass SD, Olney G, Glimp R, Lemaire A, Kingston M. Using the patient safety huddle as a tool for high reliability. Jt Comm J Qual Patient Saf. 2018;44(4):219–26. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.jcjq.2017.10.004. PubMed PMID: 29579447.
https://doi.org/10.1016/j.jcjq.2017.10.0...
).

Procedimento de Análise de Dados

A partir do preenchimento e da submissão do questionário pelo participante, o sistema apresenta os percentuais de resposta e frequência simples de cada variável em tabelas e gráficos. O programa computacional do próprio E-questionário de Cultura de Segurança Hospitalar possibilita exportar os dados para análise mais detalhada nos softwares, como Excel.

A análise descritiva dos dados foi realizada conforme a frequência de resposta para cada item. Seguindo a recomendação do instrumento na versão eletrônica brasileira(1414. Andrade LEL, Melo LOM, Silva IG, de Souza RM, Lima ALB, Freitas MR, et al. Adaptação e validação do Hospital Survey on Patient Safety Culture em versão brasileira eletrônica. Epidemiol Serv Saude. 2017;26(3):455–68. doi: http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742017000300004. PubMed PMID: 28977171.
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201700...
), foi classificada como forte quando 75% ou mais dos participantes responderam concordo totalmente/concordo ou frequentemente/sempre para as perguntas formuladas positivamente, e discordo totalmente/discordo ou nunca/raramente para as perguntas formuladas negativamente. Foi classificada como fraca quando 50% ou mais dos profissionais responderam negativamente, optando por discordo totalmente/discordo ou nunca/raramente para perguntas.

Quanto aos indicadores de boas práticas, itens 43 a 52, com respostas que variaram de (0) nunca, (25%) quase nunca, (50%) às vezes, (75%) quase sempre a (100%) sempre, consideraram-se respostas positivas todas as respostas acima de 50%. O item 50 não foi computado, pois refere-se à quimioterapia, e não é uma área de atuação do hospital avaliado. Para a comparação entre os grupos antes e depois, foi realizado o teste t a grupos pareados, considerando p<0,05.

A percepção de segurança variou de ruim a excelente, e a quantidade de eventos adversos notificados foi categorizada. Para a comparação dessas duas variáveis entre os grupos da primeira e segunda avaliação, foi utilizado o teste de Wilcoxon de amostras pareadas, sendo considerada uma significância p<0,05.

Quanto ao checklist das reuniões de segurança, o acompanhamento diário ocorreu por meio do preenchimento de 23 itens com a opção de “sim”, quando estava sendo colocado em prática, ou “não”, quando a ação não foi desempenhada. Foi considerado respostas satisfatórias quando os itens obtiveram resultado acima de 50% em todas as respostas.

Aspectos Éticos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (UECE) em 18 de maio de 2022, sob Parecer nº 5.416.338. Respeitaram-se os princípios éticos e legais em todas as etapas do estudo, conforme prevê a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. A instituição e os sujeitos autorizaram formalmente sua participação. A identificação do nome dos profissionais não foi realizada, para garantir o anonimato dos participantes e obter respostas mais fidedignas. A pesquisa atendeu às recomendações da Carta Circular nº 1/2021-CONEP/SECNS/MS, que dispõem de orientações para procedimentos em pesquisas com qualquer etapa em ambiente virtual, e da Lei Geral de Proteção de Dados nº 13.709/2018, nos seus artigos 5º, 7º, 11º e 13º, no que tange à proteção dos dados pelo operador e ao acesso e utilização dos dados para fins acadêmicos.

RESULTADOS

Na primeira e segunda avaliação da CSP, foram enviados 326 questionários e, desses, 176 (53,98%) preencheram as duas avaliações. Destaca-se a maior participação de profissionais da equipe de enfermagem (106; 60,1%), da unidade cirúrgica (29; 16,5%) com menos de um ano (99; 64,7) de trabalho no hospital e mais de 40 horas semanais (100; 56,8%). Destaca-se ainda a baixa adesão da equipe médica (13; 7,4) (Tabela 1).

Tabela 1
Características da amostra de estudo nas duas avaliações da cultura de segurança (n = 176) – Sobral, Ceará, Brasil, 2023.

Ao comparar a percepção da segurança do paciente com a quantidade de eventos adversos notificados, foi encontrada uma diferença estatisticamente significativa na segunda avaliação (p < 0,00), com uma preferência maior pela percepção excelente. Além disso, observou-se uma diferença estatisticamente significativa na quantidade de eventos adversos notificados pelos participantes entre as duas avaliações, com uma diminuição na segunda avaliação (p < 0,03) (Tabela 2).

Tabela 2
Comparação da percepção da segurança do paciente e quantidade de eventos notificados (n = 176) – Sobral, Ceará, Brasil, 2023.

Em relação aos indicadores de boas práticas, observou-se diferença estatisticamente significativa (p < 0,00) no item 43 (“Ao receber prescrições verbais sobre o tratamento...para assegurar-se de que ela tenha sido bem compreendida?”) (Tabela 3).

Tabela 3
Comparação dos indicadores de boas práticas antes e depois dos safety huddles – Sobral, Ceará, Brasil, 2023.

Observou-se melhoria em quase todos os domínios, quando comparados aos escores da 1ª e 2ª avaliação da CSP. Destaca-se o domínio “Resposta não punitiva ao erro”, com melhoria de 33,8%. O domínio “Trabalho em equipe entre unidades” teve uma leve diminuição de 0,3% (Figura 1).

Figura 1
Porcentagem de Respostas Positivas por Dimensão. E-Questionário de Cultura de Segurança Hospitalar.

As reuniões de segurança ocorreram durante cinco meses, totalizando 105 dias. Durante as reuniões, participaram profissionais de todas as categorias, tendo a equipe de enfermagem a maior participação em todos os 105 dias (100%), seguidos por pelo menos um representante da direção geral, por 104 dias (99%). Os médicos foram os profissionais que menos participaram, com 15 dias (14,2%). Quanto aos itens do safety huddle, todos tiveram respostas satisfatórias, ou seja, acima de 50% em todas as respostas. Ressalta-se que os itens “Todas as entregas de materiais da farmácia e almoxarifado para as unidades foram realizadas no prazo?”, “Checklist de cirurgia segura está sendo aplicado?”, “Houve algum erro na administração de sangue e hemoderivados?” e “Podemos fazer algo hoje para proteger nossos pacientes?” obtiveram 100% de respostas positivas (Tabela 4).

Tabela 4
Itens do checklist utilizado durante os 105 dias de reuniões – Sobral, Ceará, Brasil, 2023.

DISCUSSÃO

Esta pesquisa teve o objetivo de identificar se a implementação do safety huddle possibilitou mudanças na CSP. Para que se observasse algum efeito, foi necessária a aplicação do questionário de cultura de segurança em dois momentos: um mês antes do início dos huddles e após cinco meses.

Observou-se que a adesão dos profissionais à pesquisa nas duas avaliações e nos safety huddles foi considerada satisfatória, pois obteve um retorno maior que 50%, além da participação relevante da equipe de enfermagem em todas as etapas. Outro estudo encontrou o mesmo resultado quanto à participação desses profissionais em pesquisas de avaliação de cultura(1616. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Avaliação nacional da cultura de segurança do paciente em hospitais - 2021 [Internet]. Brasília: ANVISA; 2022 [cited 2023 mar 19]. Available from: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/relatorio-avaliacao-da-cultura-de-seguranca-2021.pdf
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centrais...
). Além disso, essa categoria é considerada uma profissão culturalmente representada pelo sexo feminino(2020. Serrano ACFF, Santos DF, Matos SS, Goveia VR, Mendoza IYQ, Lessa AC. Evaluating patient safety culture in a philanthropic hospital. REME Rev Min Enferm. 2019;23:e–1183. http://dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20190031.
https://doi.org/10.5935/1415-2762.201900...
).

Os autores do e-questionário recomendam uma adesão de mais de 50%, além de contraindicar avaliações com amostras menores que 10 profissionais participantes(1414. Andrade LEL, Melo LOM, Silva IG, de Souza RM, Lima ALB, Freitas MR, et al. Adaptação e validação do Hospital Survey on Patient Safety Culture em versão brasileira eletrônica. Epidemiol Serv Saude. 2017;26(3):455–68. doi: http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742017000300004. PubMed PMID: 28977171.
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201700...
). Estudos de avaliação de cultura apresentaram, em média, 290 participantes, considerando o interesse e a preocupação das equipes em relação à CSP(2020. Serrano ACFF, Santos DF, Matos SS, Goveia VR, Mendoza IYQ, Lessa AC. Evaluating patient safety culture in a philanthropic hospital. REME Rev Min Enferm. 2019;23:e–1183. http://dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20190031.
https://doi.org/10.5935/1415-2762.201900...
, 2121. Viana KE, Matsuda LM, Ferreira AMD, Reis GAX, Souza VS, Marcon SS. Patient safety culture from the perspective of nursing professionals. Texto Contexto Enferm. 2021;30:e20200219. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1980-265x-tce-2020-0219.
https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-20...
). Vale salientar a baixa adesão da equipe médica em todas as etapas do estudo. Outros estudos obtiveram resultados semelhantes na avaliação da CSP(1616. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Avaliação nacional da cultura de segurança do paciente em hospitais - 2021 [Internet]. Brasília: ANVISA; 2022 [cited 2023 mar 19]. Available from: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/relatorio-avaliacao-da-cultura-de-seguranca-2021.pdf
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centrais...
). Quanto aos huddles, é possível apontar na literatura resultados semelhantes acerca da baixa adesão da equipe médica, que é justificada por esses pela falta de tempo(1010. Panayiotou H, Higgs C, Foy R. Exploring the feasibility of patient safety huddles in general practice. Prim Health Care Res Dev. 2020;21:e24. doi: http://dx.doi.org/10.1017/S1463423620000298.
https://doi.org/10.1017/S146342362000029...
).

Quanto às características sociolaborais, os resultados deste estudo se assemelham aos de outras pesquisas de avaliação de cultura de segurança(1414. Andrade LEL, Melo LOM, Silva IG, de Souza RM, Lima ALB, Freitas MR, et al. Adaptação e validação do Hospital Survey on Patient Safety Culture em versão brasileira eletrônica. Epidemiol Serv Saude. 2017;26(3):455–68. doi: http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742017000300004. PubMed PMID: 28977171.
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201700...
, 1616. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Avaliação nacional da cultura de segurança do paciente em hospitais - 2021 [Internet]. Brasília: ANVISA; 2022 [cited 2023 mar 19]. Available from: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/relatorio-avaliacao-da-cultura-de-seguranca-2021.pdf
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centrais...
). Estudos encontraram carga horária semanais iguais, e ressaltaram que a jornada de trabalho longa pode ser desgastante para o profissional e influenciar no cuidado inseguro(1616. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Avaliação nacional da cultura de segurança do paciente em hospitais - 2021 [Internet]. Brasília: ANVISA; 2022 [cited 2023 mar 19]. Available from: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/relatorio-avaliacao-da-cultura-de-seguranca-2021.pdf
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centrais...
, 1919. Brass SD, Olney G, Glimp R, Lemaire A, Kingston M. Using the patient safety huddle as a tool for high reliability. Jt Comm J Qual Patient Saf. 2018;44(4):219–26. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.jcjq.2017.10.004. PubMed PMID: 29579447.
https://doi.org/10.1016/j.jcjq.2017.10.0...
).

A percepção de segurança do paciente na 2ª avaliação melhorou quando comparada à 1ª avaliação da cultura de segurança, concentrando-se em excelente após a implementação das reuniões de segurança. Essa concepção da equipe de saúde aponta para uma cultura de segurança com potencial de crescimento e que pode ser estimulada quando realizadas intervenções que estimulem a comunicação. Pesquisas em hospitais brasileiros apresentaram a percepção de segurança do paciente como frágil e em crescimento(2020. Serrano ACFF, Santos DF, Matos SS, Goveia VR, Mendoza IYQ, Lessa AC. Evaluating patient safety culture in a philanthropic hospital. REME Rev Min Enferm. 2019;23:e–1183. http://dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20190031.
https://doi.org/10.5935/1415-2762.201900...
, 2121. Viana KE, Matsuda LM, Ferreira AMD, Reis GAX, Souza VS, Marcon SS. Patient safety culture from the perspective of nursing professionals. Texto Contexto Enferm. 2021;30:e20200219. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1980-265x-tce-2020-0219.
https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-20...
), e que a percepção ruim de segurança pode estar atrelada à falta de estruturas e sistema de lideranças(1414. Andrade LEL, Melo LOM, Silva IG, de Souza RM, Lima ALB, Freitas MR, et al. Adaptação e validação do Hospital Survey on Patient Safety Culture em versão brasileira eletrônica. Epidemiol Serv Saude. 2017;26(3):455–68. doi: http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742017000300004. PubMed PMID: 28977171.
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201700...
).

No entanto, observou-se, neste estudo, uma diminuição, estatisticamente significativa, quanto à notificação de eventos adversos. Pesquisa que avaliou a CSP com 209 profissionais obteve dados que corroboram os achados do presente estudo(2020. Serrano ACFF, Santos DF, Matos SS, Goveia VR, Mendoza IYQ, Lessa AC. Evaluating patient safety culture in a philanthropic hospital. REME Rev Min Enferm. 2019;23:e–1183. http://dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20190031.
https://doi.org/10.5935/1415-2762.201900...
). Autores relacionam a baixa adesão à notificação de eventos adversos com a cultura punitiva em organizações de saúde, impossibilitando o registro dessas ocorrências que permitiriam a aprendizagem organizacional e uma melhor gestão dos riscos(1616. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Avaliação nacional da cultura de segurança do paciente em hospitais - 2021 [Internet]. Brasília: ANVISA; 2022 [cited 2023 mar 19]. Available from: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/relatorio-avaliacao-da-cultura-de-seguranca-2021.pdf
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centrais...
, 1919. Brass SD, Olney G, Glimp R, Lemaire A, Kingston M. Using the patient safety huddle as a tool for high reliability. Jt Comm J Qual Patient Saf. 2018;44(4):219–26. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.jcjq.2017.10.004. PubMed PMID: 29579447.
https://doi.org/10.1016/j.jcjq.2017.10.0...
, 2020. Serrano ACFF, Santos DF, Matos SS, Goveia VR, Mendoza IYQ, Lessa AC. Evaluating patient safety culture in a philanthropic hospital. REME Rev Min Enferm. 2019;23:e–1183. http://dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20190031.
https://doi.org/10.5935/1415-2762.201900...
). Esses dados contradizem os percentuais da dimensão “Frequência de eventos notificados”, que teve uma melhoria absoluta de 7,7%, pressupondo que a percepção dos profissionais pode ser mais positiva do que a própria prática de as notificar. Outros estudos(2121. Viana KE, Matsuda LM, Ferreira AMD, Reis GAX, Souza VS, Marcon SS. Patient safety culture from the perspective of nursing professionals. Texto Contexto Enferm. 2021;30:e20200219. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1980-265x-tce-2020-0219.
https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-20...
2323. Prieto MMN, Fonseca REPD, Zem-Mascarenhas SH. Assessment of patient safety culture in Brazilian hospitals through HSOPSC: a scoping review. Rev Bras Enferm. 2021;74(6):e20201315. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2020-1315. PubMed PMID: 34431940.
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-1...
) apresentaram dados semelhantes, relatando que esse resultado pode ser consequência do receio que o profissional tem de comunicar os erros, falta de conscientização sobre a importância da notificação, resistência à mudança, falta de treinamento adequado e sobrecarga de trabalho.

Em relação aos indicadores de boas práticas, itens 43 a 52, observou-se crescimento em quase todos os itens, com diferença estatisticamente significativa (p < 0,00) no item 43 (“Ao receber prescrições verbais sobre o tratamento...para assegurar-se de que ela tenha sido bem compreendida?”). Atribui-se esses resultados às medidas de segurança do paciente implementadas no hospital, pontos ressaltados durante as reuniões de segurança que, por sua vez, têm estimulado a comunicação efetiva entre as equipes. Ainda para os autores de outro estudo(1717. Gama ZAS, Saturno-Hernández PJ, Ribeiro DNC, Freitas MR, Medeiros PJ, Batista AM, et al. Desenvolvimento e validação de indicadores de boas práticas de segurança do paciente: projeto ISEP-Brasil. Cad Saude Publica. 2016;32(9):e00026215. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00026215. PubMed PMID: 27653192.
https://doi.org/10.1590/0102-311X0002621...
), esses indicadores de boas práticas contribuem para facilitar a transferência de informação e aspectos organizacionais relacionados à segurança do paciente, bem como a promoção e o fortalecimento da cultura de segurança.

Observou-se melhoria absoluta em quase todas as dimensões, quando comparado aos escores da 1ª e 2ª avaliação da CSP. A dimensão “Resposta não punitiva ao erro” obteve uma melhoria de 33,8%, no entanto o domínio “Trabalho em equipe entre unidades” apresentou uma leve diminuição de 0,3%. Quando comparado a outros estudos(1414. Andrade LEL, Melo LOM, Silva IG, de Souza RM, Lima ALB, Freitas MR, et al. Adaptação e validação do Hospital Survey on Patient Safety Culture em versão brasileira eletrônica. Epidemiol Serv Saude. 2017;26(3):455–68. doi: http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742017000300004. PubMed PMID: 28977171.
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201700...
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https://revistas.ufpr.br/cogitare/articl...
), os resultados desta pesquisa mostraram-se satisfatórios. Esses resultados evidenciam que os safety huddles podem ter efeito positivo, uma vez que essa intervenção tem como característica a discussão coletiva das questões de segurança. No entanto, o trabalho em equipe entre unidades ainda pode ser considerado complexo e possuir barreiras organizacionais difíceis de serem redimidas em cinco meses.

Quanto aos safety huddles, ressalta-se a adesão de todos os profissionais, em especial da equipe de enfermagem, que participou de todos os 105 dias (100%), além da participação de pelo menos um representante da direção geral em 104 dias (99%). Os médicos foram os profissionais que menos participaram. Para a eficácia dos huddles, é necessário o engajamento de todos os profissionais e da alta gestão, por ser uma ferramenta multiprofissional e intersetorial capaz de reduzir danos ao paciente, proporcionar oportunidades sistemáticas para os gerentes, despertando o senso de responsabilidade e empoderamento coletivo(88. Goldenhar LM, Brady PW, Sutcliffe KM, Muething SE. Huddling for high reliability and situation awareness. BMJ Qual Saf. 2013;22(11):899–906. doi: http://dx.doi.org/10.1136/bmjqs-2012-001467. PubMed PMID: 23744537.
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, 1111. Franklin BJ, Gandhi TK, Bates DW, Huancahuari N, Morris CA, Pearson M, et al. Impact of multidisciplinary team huddles on patient safety: a systematic review and proposed taxonomy. BMJ Quality & Safety. 2020;29(10):1–2. doi: http://dx.doi.org/10.1136/bmjqs-2019-009911.
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https://doi.org/10.11613/BM.2014.022...
). Uma das características mais marcantes dos huddles é a abertura para a comunicação, pois auxilia a interação entre setores e na resolução dos problemas de segurança, permitindo fortalecer o ambiente seguro. Estudos consideram os huddles a base para comunicação efetiva, já que são geralmente interdisciplinares e fortalecem a parceria e/ou gerenciamento das equipes(88. Goldenhar LM, Brady PW, Sutcliffe KM, Muething SE. Huddling for high reliability and situation awareness. BMJ Qual Saf. 2013;22(11):899–906. doi: http://dx.doi.org/10.1136/bmjqs-2012-001467. PubMed PMID: 23744537.
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, 2626. Pimentel CB, A. Lynn Snow, Carnes SL, Shah NR, Loup J, Vallejo-Luces TM, et al. Huddles and their effectiveness at the frontlines of clinical care: a scoping review. J Gen Intern Med. 2021;36:2772–83. doi: http://dx.doi.org/10.1007/s11606-021-06632-9.
https://doi.org/10.1007/s11606-021-06632...
).

O checklist utilizado durante os safety huddles facilitou e tornou os encontros mais objetivos. Todos os itens obtiveram respostas satisfatórias (acima de 50%). Como parte de uma intervenção, o checklist trabalhou os problemas de segurança do paciente descritos na Tabela 4, contribuindo para a promoção de cuidados seguros e incluindo, além das perguntas, a confirmação dos respondentes se o evento aconteceu ou não aconteceu. Além disso, o próprio checklist serviu como “meio de comunicação”, onde as informações de segurança estavam postadas. Para cada encerramento de um ciclo (mês), o checklist permitiu realizar feedback com todos os envolvidos quanto aos problemas levantados durante cada huddle. Com isso, demonstrou-se às equipes que as informações compartilhadas no checklist foram valiosas, propondo ser parte de uma ferramenta ou intervenção que pode fazer transformações na cultura de segurança hospitalar.

Estudo(2727. Wagner C, Theel A, Handel S. Safety Huddles: Guide to Safety Huddles [Internet]. Seattle, WA: Washington State Hospital Association; 2015 [cited 2023 may 30]. Available from: http://www.wsha.org/wp-content/uploads/Worker-Safety_SafetyHuddleToolkit_3_27_15.pdf
http://www.wsha.org/wp-content/uploads/W...
) considerou que os safety huddles devem ser documentados, permitindo o rastreamento das ações dos problemas identificados, realizando o acompanhamento a fim de garantir sua conclusão. É necessário ainda criar modelos próprios para documentá-las, como os checklists de segurança. Eles devem incluir, além das perguntas, a data do huddle e a confirmação dos respondentes se o evento aconteceu ou não aconteceu. Os autores ainda colocam que esses modelos contribuem para mensurar a eficácia do impacto das reuniões para segurança do paciente e que se deve considerar o uso de pesquisas de cultura de segurança para verificar as mudanças ao longo do tempo sobre que a equipe relata sobre a cultura de segurança.

Pesquisas que implementaram os safety huddles resumem seus benefícios como a experiência que instiga as equipes em pensar e falar sobre questões pertinentes à assistência segura. Quando realizados no início dos turnos, podem apresentar bons resultados, pois possibilitam feedbacks e esclarecimentos sobre os problemas de segurança(77. Institute for Healthcare Improvement. Daily huddles [Internet]. IHI; 2018. [cited 2021 mar 15]. Available from: http://www.ihi.org/resources/Pages/Tools/Huddles
http://www.ihi.org/resources/Pages/Tools...
, 88. Goldenhar LM, Brady PW, Sutcliffe KM, Muething SE. Huddling for high reliability and situation awareness. BMJ Qual Saf. 2013;22(11):899–906. doi: http://dx.doi.org/10.1136/bmjqs-2012-001467. PubMed PMID: 23744537.
https://doi.org/10.1136/bmjqs-2012-00146...
, 1010. Panayiotou H, Higgs C, Foy R. Exploring the feasibility of patient safety huddles in general practice. Prim Health Care Res Dev. 2020;21:e24. doi: http://dx.doi.org/10.1017/S1463423620000298.
https://doi.org/10.1017/S146342362000029...
, 2626. Pimentel CB, A. Lynn Snow, Carnes SL, Shah NR, Loup J, Vallejo-Luces TM, et al. Huddles and their effectiveness at the frontlines of clinical care: a scoping review. J Gen Intern Med. 2021;36:2772–83. doi: http://dx.doi.org/10.1007/s11606-021-06632-9.
https://doi.org/10.1007/s11606-021-06632...
). Durante essas reuniões de segurança, alguns erros podem ser detectados e corrigidos antes de afetar o paciente, pois pontos sobre a segurança do paciente são discutidos junto às equipes multidisciplinares e à alta gestão, com possibilidade de reflexões e ações de melhorias(77. Institute for Healthcare Improvement. Daily huddles [Internet]. IHI; 2018. [cited 2021 mar 15]. Available from: http://www.ihi.org/resources/Pages/Tools/Huddles
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1111. Franklin BJ, Gandhi TK, Bates DW, Huancahuari N, Morris CA, Pearson M, et al. Impact of multidisciplinary team huddles on patient safety: a systematic review and proposed taxonomy. BMJ Quality & Safety. 2020;29(10):1–2. doi: http://dx.doi.org/10.1136/bmjqs-2019-009911.
https://doi.org/10.1136/bmjqs-2019-00991...
).

De forma geral, as reuniões permitiram criar conexões com outros sistemas de gerenciamento do hospital, de forma com que todos pudessem compreender o fluxo de trabalho de cada profissional e unidade. Ainda, para a AHRQ, os huddles devem ser adaptados às necessidades e experiência das equipes(77. Institute for Healthcare Improvement. Daily huddles [Internet]. IHI; 2018. [cited 2021 mar 15]. Available from: http://www.ihi.org/resources/Pages/Tools/Huddles
http://www.ihi.org/resources/Pages/Tools...
).

As limitações deste estudo incluem a baixa adesão da equipe médica tanto nas avaliações da cultura de segurança quanto nos momentos das reuniões de segurança. Outra limitação foi o tempo de implantação das reuniões de segurança e a ausência de itens no checklist que reforçassem a importância da notificação de eventos adversos. Sugere-se que estudos futuros considerem abordagens para aumentar a adesão da equipe, possibilitem maior tempo entre as avaliações e a implementação do huddle e incluam itens relacionados à notificação de eventos adversos do checklist. Essas medidas podem fortalecer a validade e a efetividade das intervenções em estudos subsequentes.

CONCLUSÃO

As reuniões de segurança revelaram-se uma ferramenta eficaz para a comunicação entre profissionais de saúde e gestores, desempenhando papel fundamental na melhoria da percepção de segurança do paciente. Além disso, sua implementação demonstrou impactos positivos nos indicadores de boas práticas e na maioria dos domínios da cultura de segurança. Os resultados sugerem que a adoção das reuniões de segurança pode ser uma estratégia valiosa para promover a cultura de segurança e o cuidado de qualidade em ambientes de saúde. Recomenda-se que essas práticas sejam incorporadas como parte essencial dos protocolos de segurança, visando aprimorar os resultados clínicos e a satisfação tanto dos profissionais quanto dos pacientes.

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Editado por

EDITOR ASSOCIADO

Vanessa de Brito Poveda

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Fev 2024
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    04 Set 2023
  • Aceito
    28 Nov 2023
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