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Processo de construção da carreira empreendedora na Enfermagem

RESUMO

Objetivo:

Conhecer as experiências de enfermeiros empreendedores na construção da carreira e trajetória empresarial.

Método:

Estudo descritivo e exploratório, qualitativo, realizado com enfermeiros empreendedores, recrutados pela técnica “Bola de Neve”. Realizou-se entrevistas via Skype e audiogravadas nos meses de junho a julho de 2021, que foram transcritas e submetidas a análise de conteúdo.

Resultados:

Participaram 15 enfermeiros. Identificou-se três eixos temáticos: “Empreender na enfermagem com a utilização de tecnologias”, que apresentou nichos de atuação e o uso de tecnologias; “Desejo de inovar mesmo com medo do novo”, que relata sentimentos e motivações relacionados ao empreender, em especial a inovação; e “O que o enfermeiro precisa saber antes de empreender”, que apresenta os riscos e benefícios do empreendimento, bem como, as habilidades necessárias ao empreendedor.

Conclusão:

A experiência empreendedora apresenta desafios na prática dos enfermeiros. Destarte, incentivar o saber sobre o empreendedorismo possibilita o fortalecimento da autonomia e conquista de novas oportunidades de atuação na Enfermagem.

DESCRITORES
Empreendedorismo; Enfermagem; Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde; Criatividade; Pesquisa em Administração de Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

To learn about the experiences of nurse entrepreneurs in building their careers and business trajectories.

Method:

A descriptive and exploratory, qualitative study carried out with nurse entrepreneurs, recruited using the snowball technique. Interviews were conducted via Skype and audio-recorded between June and July 2021, which were transcribed and subjected to content analysis.

Results:

15 nurses participated. Three thematic axes were identified: “Entrepreneurship in nursing with the use of technologies”, which presented niches of activity and the use of technologies; “Desire to innovate even with fear of the new”, which reports feelings and motivations related to entrepreneurship, especially innovation; and “What nurses need to know before starting a business”, which presents the risks and benefits of entrepreneurship, as well as the skills needed by entrepreneurs.

Conclusion:

The entrepreneurial experience presents challenges for nurses. Thus, encouraging knowledge about entrepreneurship makes it possible to strengthen autonomy and gain new opportunities in nursing.

DESCRIPTORS
Entrepreneurship; Nursing; Health Sciences, Technology, and Innovation Management; Creativity; Nursing Administration Research

RESUMEN

Objetivo:

Conocer las experiencias de enfermeras emprendedoras en la construcción de sus carreras y trayectorias empresariales.

Método:

Estudio cualitativo descriptivo y exploratorio realizado con enfermeras emprendedoras reclutadas mediante la técnica “Bola de Nieve”. Las entrevistas se realizaron a través de Skype y se grabaron en audio entre junio y julio de 2021, se transcribieron y se sometieron a un análisis de contenido.

Resultados:

Participaron 15 enfermeras. Se identificaron tres ejes temáticos: “Emprendimiento en enfermería con el uso de tecnologías”, que presenta nichos de actividad y el uso de tecnologías; “Deseo de innovar aún con miedo a lo nuevo”, que reporta sentimientos y motivaciones relacionados con el emprendimiento, especialmente la innovación; y “Lo que las enfermeras necesitan saber antes de emprender”, que presenta los riesgos y beneficios del emprendimiento, así como las habilidades que necesitan las emprendedoras.

Conclusión:

La experiencia emprendedora presenta retos en la práctica de las enfermeras. Por lo tanto, fomentar el conocimiento sobre el espíritu emprendedor permite fortalecer la autonomía y obtener nuevas oportunidades en la enfermería.

DESCRIPTORES
Emprendimiento; Enfermería; Gestión de Ciencia, Tecnología e Innovación en Salud; Creatividad; Investigación en Administración de Enfermería

INTRODUÇÃO

Desde o século XIX, o empreendedorismo mostra-se evidente na Enfermagem, por meio de Florence Nightingale que atuou no cuidado aos soldados feridos durante a Guerra da Criméia, promovendo a gestão do ambiente com o uso de uma lamparina para a iluminação. A intervenção nesses condicionantes reduziu a proliferação de doenças e impactou na recuperação dos indivíduos. Pode considerar-se que essa prática é empreendedora em função da transformação de uma realidade que sistematiza a assistência(11. Backes DS, Toson MJ, Ben LWD, Erdmann AL. Contributions of Florence Nightingale as a social entrepreneur: from modern to contemporary nursing. Brasília. Rev Bras Enferm. 2020;5(73):e20200064. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0064. PubMed PMID: 33084809.
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).

O termo “empreender” significa planejar, organizar, administrar e assumir riscos em um negócio ou empreendimento, com vistas a obtenção de sucesso e crescimento no mercado de trabalho(22. Copelli FHDS, Erdmann AL, Santos JLGD. Entrepreneurship in Nursing: an integrative literature review. Rev Bras Enferm. 2019;72(1):289–98. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0523. PubMed PMID: 30942375.
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). Nesse sentido, o empreendedorismo pode ser definido como o ato de fazer algo diferente, a partir da identificação de necessidades não atendidas e proposição de soluções inovadoras e criativas para patentear ou registrar novos produtos e/ou serviços. Em adição, implementar tecnologias em saúde pode influenciar no aperfeiçoamento do cenário de atuação do enfermeiro e contribuir para a eficácia do cuidado(33. Santos JLG, Bolina AF. Empreendedorismo na Enfermagem: uma necessidade para inovações no cuidado em saúde e visibilidade profissional. Enfermagem em Foco. 2020;11(2):4–5. doi: http://dx.doi.org/10.21675/2357-707X.2020.v11.n2.4037
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).

As práticas empreendedoras na Enfermagem representam um campo amplo e pouco desvendado, passível de avanços e desafios, no qual o enfermeiro pode vir a atuar em diversos setores que prestam cuidados de prevenção de doenças, promoção ou recuperação da saúde da população, dedicando-se em atendimentos em diversos nichos, como por exemplo, em consultórios, domicílio, cooperativas, consultorias, auditorias, eventos, ensino, prestação de serviços especializados, entre outros(22. Copelli FHDS, Erdmann AL, Santos JLGD. Entrepreneurship in Nursing: an integrative literature review. Rev Bras Enferm. 2019;72(1):289–98. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0523. PubMed PMID: 30942375.
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).

O enfermeiro ainda hoje tem invisibilidade no ramo do empreendedorismo, pois muitos relacionam esses profissionais na exerção de práticas de cuidados à saúde no contexto da atenção básica e hospitalar. Em função disso, as iniciativas empreendedoras para a área da saúde no Brasil enfrentam alguns determinantes e condicionantes negativos, tais como o modelo de cuidado hospitalar, a cultura médico-centrada, além da falta de conhecimento de legislação e a complexidade de processos burocráticos para registro, licenciamento e gestão de negócios privados. Todavia, apesar dos avanços e práticas empreendedoras já conquistadas, novas possibilidades ainda podem e devem ser desenvolvidas(44. Silva IDS, Xavier PB, Almeida JLS. Empreendedorismo empresarial na Enfermagem: desafios, potencialidades e perspectivas. Research. Soc Dev. 2020;9(8):e912986348. doi: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i8.6348
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).

Para superar os desafios da gestão de negócios, novas perspectivas no século XXI relacionadas a gestão de ciência, tecnologia e inovação gera oportunidades de atuação em diferentes funções no mercado de trabalho, como o aumento do número de especialidades e suporte da tecnologia para o cuidado com os pacientes, que têm sido exploradas para empreender na Enfermagem com modelos diferenciados nos diversos âmbitos de cuidado prestado ao indivíduo, família e comunidade(55. Carneiro AL, Pereira I, Viana MRP. Empreendedorismo: um caminho inovador na Enfermagem. Res Soc Dev. 2020;9(9):e868997994. doi: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7994
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). No entanto, ainda há poucos estudos que exploram e aprofundam este tema na Enfermagem, o que constitui um fator limitante para inspirar mais profissionais a trilharem esse percurso de carreira empresarial.

Divulgar e desmistificar o tema empreendedorismo na enfermagem é um aporte técnico-científico que visa instigar os enfermeiros na (re)criação e busca por inovação nos processos que envolvem o trabalho em saúde, o incentivo em pesquisa em administração de enfermagem, bem como para o desenvolvimento e implementação de tecnologias e inovação em saúde pautadas nas necessidades sociais e institucionais(33. Santos JLG, Bolina AF. Empreendedorismo na Enfermagem: uma necessidade para inovações no cuidado em saúde e visibilidade profissional. Enfermagem em Foco. 2020;11(2):4–5. doi: http://dx.doi.org/10.21675/2357-707X.2020.v11.n2.4037
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). Diante das justificativas apresentadas, este estudo se propõe a esclarecer o seguinte questionamento: “Como os enfermeiros têm vivenciado a carreira e trajetória empreendedora na Enfermagem?.” Para responder a pergunta de pesquisa, o objetivo deste estudo foi conhecer as experiências de enfermeiros empreendedores na construção da carreira e trajetória empresarial.

MÉTODO

Desenho do Estudo

Trata-se de um estudo descritivo e exploratório com abordagem qualitativa, que utilizou o checklist Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research (COREQ)(66. Souza VR, Marziale MH, Silva GT, Nascimento PL. Tradução e validação para a língua portuguesa e avaliação do guia COREQ. Acta Paulista de Enfermagem. 2021;34:eAPE02631. doi: http://dx.doi.org/10.37689/acta-ape/2021AO02631
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) para o planejamento, execução e elaboração do relatório da pesquisa. As pesquisas exploratórias proporcionam maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Seu planejamento tende a ser bastante flexível, pois interessa considerar os mais variados aspectos relativos ao fato ou fenômeno estudado(77. Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas; 2017.).

Cenário e Período de Coleta de Dados

O estudo foi realizado por meio de chamadas de vídeo através da plataforma Skype® devido ao distanciamento social imposto pela pandemia do Covid-19, durante os meses de junho a julho de 2021.

Amostragem do Estudo

A população do estudo constitui-se de quinze (15) profissionais graduados em Enfermagem. Corresponde a uma amostragem não probabilística porque o empreendedorismo na Enfermagem constitui um campo em crescente desenvolvimento, ainda em exploração, e porque foi estabelecido o método qualitativo na condução deste estudo. Destaca-se que a amostragem aconteceu por meio da técnica “Bola de Neve”(88. Vinuto J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Campinas. Temáticas. 2014;22(44):203–20. doi: http://dx.doi.org/10.20396/tematicas.v22i44.10977
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).

Critérios de Seleção

Adotou-se como critérios de inclusão para participar do estudo, ser enfermeiro empreendedor e trabalhar com qualquer tipo de tecnologia em saúde (leve, leve-dura e dura), em âmbito nacional, podendo pertencer a qualquer Estado da Federação Brasileira. Enfermeiros empreendedores em áreas não contempladas pela Enfermagem, foi o critério de exclusão estabelecido.

Recrutamento dos Participantes

Para a coleta de dados, foi aplicada a técnica de “Bola de Neve”, conhecida como snowball sampling, na qual os indivíduos selecionados para serem estudados convidam novos participantes da sua rede de amigos e conhecidos com as características desejadas, visando dar continuidade na coleta de dados com o público-alvo até o quadro de amostragem tornar-se saturado, ou seja, não há novos nomes oferecidos ou os nomes encontrados não trazem informações novas ao quadro de análise(88. Vinuto J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Campinas. Temáticas. 2014;22(44):203–20. doi: http://dx.doi.org/10.20396/tematicas.v22i44.10977
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).

Os dois primeiros participantes do Estado do Paraná foram recrutados por conveniência, com a finalidade de atender as necessidades iniciais e facilitar o acesso à amostra, por meio do aplicativo WhatsApp® e estes, consequentemente, disponibilizaram contatos de outros profissionais para dar sequência na coleta de dados, conforme apresentado na Figura 1.

Figura 1
Amostragem não-probabilística exponencial por técnica “Bola de Neve”.

Foram realizadas entrevistas individuais e audiogravadas, na plataforma Skype®, com duração média de 55 minutos. A coleta das informações, se deu por meio de um questionário semiestruturado, elaborado pelos pesquisadores para determinar as características sociodemográficas e de formação dos participantes, de modo a investigar como são realizadas as práticas empreendedoras no seu ambiente de trabalho.

O estudo teve como questão norteadora: “Você poderia descrever em poucas palavras como foi sua experiência durante o percurso da sua carreira empreendedora na Enfermagem?”. Além da questão norteadora, quatro questões de apoio foram utilizadas, quando necessário, para maior engajamento dos participantes durante a entrevista e maior elucidação do fenômeno “carreira empreendedora na Enfermagem, a saber: Quais são os desafios do empreendedorismo para a Enfermagem?; Qual foi a sua motivação para empreender na Enfermagem?; Quais são as vantagens e desvantagens de ser um trabalhador autônomo?; e, Na sua opinião, quais as características e habilidades necessárias para o enfermeiro empreendedor expandir o seu negócio?.

Análise e Tratamento dos Dados

Todas as entrevistas foram transcritas na íntegra. A análise e tratamento dos dados se deu por meio da análise de conteúdo, modalidade temática, proposta por Bardin(99. Bardin L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2016.). Foram seguidas as etapas de pré-análise, exploração do material e inferência dos resultados. Na etapa de pré-análise, foram realizadas leituras exaustivas dos relatos dos participantes do estudo. Em um segundo momento, na etapa de exploração do material, foram codificados os dados brutos e transformados em informações significativas. Em seguida, efetivou-se o processo por meio da análise temática, a qual gerou os núcleos de sentido, que foram reunidos por aproximação de seus significados e resultaram nas categorias. Por fim, em um terceiro momento, com base nos discursos foram utilizadas as variáveis de inferência para, assim, elaborar as interpretações. Ressalta-se que os excertos/extratos/fragmentos apresentados nos resultados sofreram correções ortográficas, sem alterar o sentido das falas, e os jargões e repetições foram suprimidos.

Aspectos Éticos

O estudo seguiu todos os preceitos éticos da Resolução nº 466/2012 e da Resolução nº 580/2018 do Conselho Nacional em Saúde, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Paraná sob número 4.781.393 em 15 de junho de 2021. Os participantes foram codificados com a Sigla “E” de enfermeiro(a) seguido de “0” e do número arábico correspondente a ordem da entrevista com o intuito de preservar o anonimato. Por exemplo: “E01”; “E015”.

RESULTADOS

Caracterização dos Participantes

Participaram 15 enfermeiros especialistas, atuantes em diferentes áreas na Enfermagem. Houve predomínio de mulheres (86,7%), casadas (40,0%), com idade entre 21 a 40 anos (66,7%), com até 12 anos de formação (46,7%), e que possuíam capacitação em empreendedorismo (73,3%).

Quanto a caracterização dos empreendimentos dos profissionais enfermeiros, houve um predomínio de Microempresa (ME) (40,0%), identificou-se que empreendem na área da Enfermagem Estética (46,7%), Práticas Integrativas e Complementares (20,0%), Enfermagem Obstétrica (20,0%), Estomaterapia (6,7%) e Comercialização de Produtos em Saúde (6,7%). Em relação ao tempo de atuação na empresa, quatro (26,7%) tinham um ano, quatro (26,7%) atuam entre dois e cinco anos e sete (46,7%) já atuam a mais de seis anos. A maioria possui duplo vínculo empregatício (60,0%), com a finalidade de agregar uma renda extra.

O quadro de funcionários, caracterizou-se por seis (40,0%) empreendedores que tinham um funcionário, quatro (26,7%) tinham de dois a três, quatro (26,7%) tinham cinco e um (6,7%) tinha mais do que cinco empregados na empresa. A jornada de Trabalho semanal predominou de 10 a 20h (53,3%).

Sobre as características econômicas, seis tiveram investimento inicial em reais com valores de 11 mil a 50 mil (40,0%), cinco de 5 mil a 10 mil (33,3%), três mais de 100 mil (30,0%) e um de 51 mil a 100 mil (6,7%). Em relação a renda do empreendimento em salários mínimos no Brasil, seis participantes (40%) possuíam uma renda mensal superior a cinco, três (20,0%) de quatro a cinco, três (20,0%) de dois a quatro, dois (13,3%) de um a dois e um (6,7%) com menos de um salário mínimo.

Categorias Temáticas

A partir da análise dos discursos dos entrevistados foi possível identificar três categorias temáticas, conforme apresentado na Figura 2.

Figura 2
Categorias temáticas a partir da análise de conteúdo, proposta por Bardin.

Empreender na Enfermagem com a Utilização de Tecnologias

A categoria deu origem a duas subcategorias: “Nichos para atuação e empreender na Enfermagem” e “Utilização de tecnologia dura no atendimento ao cliente”.

Nichos Para Atuação e Empreender na Enfermagem

Foram reveladas, nesta subcategoria, as principais áreas e/ou serviços para a atuação do enfermeiro, os motivos para a procura do atendimento e a abordagem no atendimento ao cliente.

Realizo o acompanhamento ao pré-natal de baixo risco ou de risco habitual, assistência de Enfermagem durante parto, no pós-parto e puerpério. (E010)

Existem áreas na Enfermagem que são facilitadas do empreendedorismo, eu atuo na dermatologia, estomaterapia, podiatria e gerontologia. (E015)

Presto cuidados de saúde relacionados às práticas integrativas e complementares, como a acupuntura e terapia com ventosas. (E01)

Os pacientes quando me procuram possuem uma grande ansiedade pelos resultados e geralmente é o serviço de última escolha, dessa forma eu explico detalhadamente as etapas do tratamento [...]. (E01)

Geralmente, as pessoas me procuram ou entram em contato comigo por celular, porque viram algum post que eu coloquei nas redes sociais e se interessaram. (E05)

Antes de tudo, eu faço uma avaliação inicial para abordar de forma geral todos os problemas trazidos pelo paciente, em seguida, eu determino a principais necessidades que estão dificultando o seu bem-estar para depois determinar o melhor tratamento e seus benefícios. (E01)

O modo que você trata o seu paciente é uma coisa que diferencia o seu trabalho de outros profissionais, então um tratamento humanizado e educado, um procedimento executado com excelência já alcança um diferencial no seu trabalho. (E012)

Utilização de Tecnologia Dura no Atendimento ao Cliente

Nesta segunda subcategoria os participantes exibiram as tecnologias e/ou procedimentos realizados, os benefícios do uso de tecnologias dura e as dificuldades na aquisição de novas tecnologias.

No meu consultório, eu utilizo o computador, caixas de som, prontuários eletrônicos, aparelhos para acupuntura: microestimulação ou eletroestimulação. (E01)

Trabalho com a ginecologia natural, fitoterapia, fitoenergética, terapia com cristais, bioenergética, psicodrama e alguns conhecimentos na área de xamanismo. (E07)

Eu trabalho com os procedimentos focados na parte estética, por exemplo: skinbooster, toxina botulínica, lipo de papada, intradermoterapia, fios de PDO e a parte de aparelhagem corporal também. (E014)

O uso dessas tecnologias irá proporcionar um menor tempo de duração do procedimento, mas também produzir conforto e satisfação ao meu cliente. (E02)

O benefício está na alta efetividade dos resultados, onde os procedimentos são mais seguros e temos um resultado imediatos e duradouros. (E07)

Falta de estudo sobre determinada tecnologia, como manusear e aplicar no trabalho, porque isso exige um aperfeiçoamento profundo. (E011)

A dificuldade está na adaptação às novas tecnologias, precisa sempre estar atualizado ou até mesmo estar acompanhando seus avanços. (E015)

A falta de capital é a maior dificuldade, como vamos implementar uma tecnologia nova se não temos a quantia de dinheiro suficiente. (E013)

Desejo de Inovar Mesmo com o Medo do Novo

A partir da segunda categoria temática foram construídas duas subcategorias: “Sentimentos e motivações do profissional empreendedor” e “Empreendedorismo como estratégia de inovação”

Sentimentos e Motivações do Profissional Empreendedor

Na primeira subcategoria foram englobados os sentimentos inerentes ao enfermeiro durante o processo de empreendedorismo e as motivações profissionais para empreender na enfermagem.

Eu gostaria de ter uma viseira para não enxergar tantas possibilidades de empreender na enfermagem, tantas oportunidades para resolver os problemas em saúde, isso gera uma certa angústia. (E01)

Primeiro vem aquele sentimento de medo porque a gente não sabe se vai dar certo. (E09)

Eu sempre tive bastante resiliência, hoje sou uma pessoa destemida, trabalho de forma legalizada e respaldada pela legislação da nossa classe. (E012)

Eu nunca estive conformada com o salário do enfermeiro, por isso busquei empreender para mudar essa realidade e mostrar para a nossa classe que é possível sim. (E02)

Desde criança e até na faculdade, eu gostava de vender brigadeiro, sanduíche natural, para conquistar as minhas coisas e depois que eu sai da faculdade eu queria ter o meu próprio negócio [...]. (E07)

Foi preciso se arriscar, eu comecei a ver nos hospitais a necessidade de modificação nesse campo de atuação para promover uma assistência diferenciada, por isso busquei uma área que eu tivesse prazer em trabalhar. (E010)

Empreendedorismo Como Estratégia de Inovação

Nesta subcategoria foi apontada a disposição do profissional em inovar e os meios de inovação utilizados para evidenciar o diferencial no trabalho.

É necessário fazer bem feito [...], investir em Marketing para ajudar na divulgação do trabalho e buscar conhecimento científico através de cursos ou especializações na área [...]. (E05)

Então isso é uma questão de você saber mudar o marketing e trabalhar com o produto que você tem ou até mesmo estudar o que e onde você vai investir. E nunca perder as oportunidades [...]. (E012)

Eu faço o monitoramento dos meus pacientes através de um aplicativo de mensagens ou por ligação mesmo, onde eu pergunto se ele está se sentindo melhor, agendo novas consultas [...]. (E03)

Faço postagens do meu trabalho nas redes sociais para mostrar os procedimentos que eu realizo, se colocar na vitrine para chamar a atenção dos clientes, é interessante fazer promoções também. (E010)

A melhor propaganda é boca-a-boca, onde você valoriza o seu trabalho e ainda é indicado por colegas ou amigos. Você tem que trazer novidades para estimular a busca pelo atendimento. (E014)

O Que o Enfermeiro Precisa Saber Antes de Empreender

Esta terceira categoria resultou nas subcategorias: “Vantagens, desvantagens e desafios de ser um empreendedor” e “Habilidades necessárias para um empreendedor”.

Vantagens, Desvantagens e Desafios de ser um Empreendedor

A primeira subcategoria compreende as vantagens e desvantagens em ser um profissional autônomo, e ainda, os desafios para se tornar um enfermeiro empreendedor.

Escolher quais serão as atividades que eu irei desempenhar, ter um domínio maior para agir e buscar conhecimento para me qualificar. (E07)

Sobre ter a possibilidade de tomar suas atitudes sem depender de ninguém [...]. (E011)

Uma grande vantagem está na carga horária, porque é você quem monta sua agenda nos horários que são favoráveis para você. (E013)

Uma desvantagem é o excesso de responsabilidade que cai sobre o profissional quando ele trabalha sozinho, por isso ele precisa envolver outras pessoas para alavancar o desenvolvimento da empresa, com muita organização e planejamento. (E01)

O gasto é grande, é preciso ter um jogo de cintura para não perder o controle e se afundar [...]. (E010)

Quando cai o número de atendimentos do consultório automaticamente o meu salário também cai [...], por isso você nunca tem uma renda fixa ou não sabe quanto irá ganhar no próximo mês. (E014)

Se manter como um profissional respeitado e conceituado em meio a uma profissão bastante perseguida. (E06)

A sociedade não vê o enfermeiro como um profissional qualificado, capacitado, que também fez um curso superior e especialização, para remunerar a altura de outras profissões da saúde. (E07)

A gente não sabe cobrar pelos nossos serviços, por exemplo, eu me lembro que eu demorei muito tempo para conseguir dar o meu preço e cobrar esse valor pelo meu trabalho. (E09)

A própria formação não nos incentiva a exercer autonomia em relação aos consultórios de Enfermagem, o empreendedorismo não é abordado na graduação, por isso exige que o profissional busque um treinamento para estar capacitado. (E010)

A invisibilidade do profissional, no qual as pessoas do lado de fora, o paciente ou cliente, desconhecem os papéis que o enfermeiro desempenha. (E015)

Habilidades Necessárias Para um Empreendedor

A partir dos discursos foram evidenciadas as principais competências necessárias para ser um enfermeiro empreendedor bem-sucedido e a necessidade da busca contínua por conhecimentos além do conhecimento técnico-científico.

O empreendedor tem que ser incentivado diariamente a sair da zona de conforto, a buscar sempre mais, ser criativo e persistente. (E01)

Ser um profissional autodidata, ter aquela visão fora da caixa, dominar novas experiências, dar tempo para as coisas acontecerem e ser líder. (E02)

Gostar de estudar, ter dedicação às novas práticas, ampliar a visão do cuidado e estar aberto às novas tecnologias. (E08)

Precisa ser emponderado, líder ao invés de chefe, esforçado, atualizado e inovador. (E014)

Temos que continuar investindo em pesquisas porque a base que fortalece é a gente estar realmente trabalhando com evidências científicas, mas tendo a liberdade de dialogar com as experiências. (E08)

Você necessita ter uma pós-graduação para te habilitar no trabalho, onde você vai saber como fazer o procedimento e passar segurança ao cliente. (E013)

DISCUSSÃO

O empreendedorismo oferece aos enfermeiros a possibilidade de ampliar a autonomia no trabalho por meio da aplicação de abordagens inovadoras, das quais exigem o uso da criatividade para o desenvolvimento de novos produtos ou novas formas de usar produtos e/ou serviços já existentes, o que possibilita a transformação do cuidado(1010. Colichi RMB, Lima SGSE, Bonini ABB, Lima SAM. Entrepreneurship and Nursing: integrative review. Rev Bras Enferm. 2019;72(1):321–30. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0498. PubMed PMID: 30942379.
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0...
). Essa ideia corrobora com os resultados desse estudo na medida em que os enfermeiros recrutados buscaram conhecimento técnico-científico além da graduação para a conquista de experiências relacionadas ao aperfeiçoamento de novas habilidades para o empreendimento de sucesso.

Na primeira categoria “Empreender na Enfermagem com a utilização de tecnologias” constata-se as diferentes áreas de atuação para o enfermeiro empreendedor e a aplicabilidade das tecnologias no serviço para viabilizar a satisfação dos clientes. Considera-se que, este profissional pode se desdobrar em diferentes nichos no mercado de trabalho, como por exemplo, em consultórios no atendimento de pacientes com feridas, estomaterapia, cuidado domiciliar, estética, assistência privada nos serviços de obstetrícia e puerpério. Ainda, com o avanço tecnológico constante, outros nichos de atuação foram oportunizados, como a oferta de cursos e consultorias mediadas pelas redes sociais(1010. Colichi RMB, Lima SGSE, Bonini ABB, Lima SAM. Entrepreneurship and Nursing: integrative review. Rev Bras Enferm. 2019;72(1):321–30. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0498. PubMed PMID: 30942379.
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0...
).

Destacam-se aspectos inusitados de abordagem de cuidado, conforme mencionados pelo participante E07, que cita a utilização de recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, como a ginecologia natural e fitoterapia, para intervir na prevenção e tratamento de diversas doenças. Ademais, o uso de práticas integrativas complementares foi apontada como método adicional a ser aplicado pelo enfermeiro com foco em uma assistência de Enfermagem holística e integral que pode melhorar a reabilitação dos pacientes(1111. Nathenson P, Nathenson SL. Complementary and alternative health practices in the rehabilitation Nursing. Rehabil Nurs. 2017;42(1):5–13. doi: http://dx.doi.org/10.1002/rnj.227. PubMed PMID: 26423465.
https://doi.org/10.1002/rnj.227...
). O respaldo legal para atuação em tais áreas é assegurado pelo registro de especialidade, conforme resolução do COFEN nº 625/2020(1212. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN nº 625/2020. Atualiza os procedimentos para Registro de Títulos de Pós-Graduação Lato e Stricto Sensu concedido a Enfermeiros e aprova a lista das especialidades. Brasília: Conselho Federal de Enfermagem; 2020 [cited 2023 Mar 23]. Available from: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-625-2020_77687.html
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-...
). Por outro lado, exige que o enfermeiro esteja atento às melhores evidências e estudos disponíveis antes da incorporação desses recursos ao seu cotidiano, de forma a comprovar cientificamente sua prática.

Em relação a atividade do enfermeiro na área estética, apresentada na fala do participante E014, a resolução COFEN nº 626/2020(1313. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN nº 626/2020. Atuação do Enfermeiro na área da Estética. Brasília: Conselho Federal de Enfermagem; 2020 [cited 2023 Mar 23]. Available from: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-626-2020_77398.html
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-...
) normatiza a atuação deste profissional desde que seja habilitado em curso de pós-graduação, podendo realizar os seguintes procedimentos: carboxiterapia, aplicação de cosméticos e cosmecêuticos, dermopigmentação, drenagem linfática, eletroterapia ou eletrotermofototerapia, terapia combinada de ultrassom, micropigmentação, ultrassom cavitacional e vacuoterapia. Desse modo, a aplicação de toxina botulínica, ácido hialurônico ou bioestimuladores (cosmecêuticos) podem ser exercidos legalmente pelo enfermeiro conforme a resolução supracitada, uma vez que é uma técnica invasiva que não atinge órgãos internos. Vale ressaltar ainda, que a autorização para a realização de tais procedimentos tidos como invasivos pelo enfermeiro esteta o diferem de outros profissionais pertencentes ao contexto da estética, como os esteticistas, corroborando para um maior campo de atuação da Enfermagem.

O empreendedorismo para a Enfermagem configura-se como a busca por novas frentes de atuação profissional que resultam em melhoria no cuidado, na educação, nos negócios ou em qualquer outro cenário de atuação do enfermeiro(1414. Thepna A, Cochrane BB, Salmon ME. Advancing nursing entrepreneurship in the 21st century. J Adv Nurs. 2023;79(9):3183–5. doi: http://dx.doi.org/10.1111/jan.15563. PubMed PMID: 36645175.
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). Diante dessa afirmação, é importante destacar que o cuidado de Enfermagem deve dispor de uma visão holística para abarcar todos os problemas que prejudicam o seu bem-estar, visando estabelecer bases teóricas para o julgamento clínico das necessidades e planejamento dos cuidados até a recuperação da saúde. Para tanto, o enfermeiro empreendedor deve lançar a mão não só do arcabouço teórico que embasa o trabalho do enfermeiro, ou seja, o Processo de Enfermagem, mas associar inovações, como a utilização das tecnologias(1414. Thepna A, Cochrane BB, Salmon ME. Advancing nursing entrepreneurship in the 21st century. J Adv Nurs. 2023;79(9):3183–5. doi: http://dx.doi.org/10.1111/jan.15563. PubMed PMID: 36645175.
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).

Percebe-se nos depoimentos, que o uso de tecnologias na assistência tende a tornar o trabalho mais fácil, e isso pode contribuir com outros efeitos positivos, como aumento na eficiência, economia de tempo, melhoria na qualidade do atendimento e padronização de procedimentos. Ao passo em que novas tecnologias se apresentam como uma possibilidade para reduzir a carga física e mental dos profissionais na execução de suas atividades(1515. Seibert K, Domhoff D, Huter K, Krick T, Rothgang H, Wolf-Ostermann K. Application of digital technologies in nursing practice: results of amixed methods study on nurses’ experiences, needs and perspectives. Z Evid Fortbild Qual Gesundhwes. 2020;158:94–106. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.zefq.2020.10.010. PubMed PMID: 33223491.
https://doi.org/10.1016/j.zefq.2020.10.0...
), surge a dificuldade em manter-se atualizado e investir por vezes, altos valores para a aquisição desses dispositivos, o que se apresentam como obstáculos no cotidiano do enfermeiro(1111. Nathenson P, Nathenson SL. Complementary and alternative health practices in the rehabilitation Nursing. Rehabil Nurs. 2017;42(1):5–13. doi: http://dx.doi.org/10.1002/rnj.227. PubMed PMID: 26423465.
https://doi.org/10.1002/rnj.227...
).

A segunda categoria “Desejo de inovar mesmo com o medo do novo” retrata os sentimentos do enfermeiro durante a carreira empreendedora, os motivos que o levaram a empreender e as estratégias de inovação para mostrar o diferencial do seu trabalho. Abordando tal aspecto, a literatura(1616. Jakobsen L, Qvistgaard LW, Trettin B, Rothmann MJ. Entrepreneurship and nurse entrepreneurs lead the way to the development of nurses’ role and professional identity in clinical practice: a qualitative study. J Adv Nurs. 2021;77(10):4142–55. doi: http://dx.doi.org/10.1111/jan.14950. PubMed PMID: 34227134.
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) refere que muitos enfermeiros no início da carreira empresarial não se consideram aptos para o papel de empreendedor devido as lacunas de conhecimentos e habilidades dentro dos negócios na formação acadêmica. Observa-se que, o enfermeiro durante a transição como empreendedor passa por alguns sentimentos inerentes ao processo, tais como: medo, insegurança, ansiedade, estresse e frustação. Essas emoções promovem a construção de um aprendizado para amadurecer e lidar com as situações. Atrelado ao planejamento financeiro e à visão de negócios, uma conquista relevante, consoante com a resolução COFEN nº 673/2021(1717. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN nº 673/2021. Estabelece a Unidade de Referência de Trabalho de Enfermagem (URTE) para indexar os valores mínimos dos seus Honorários. Brasília: Conselho Federal de Enfermagem; 2021 [cited 2023 Mar 23]. Available from: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-673-2021_89412.html), foi o estabelecimento de uma tabela de valores mínimos dos honorários baseados na Unidade de Referência de Trabalho de Enfermagem (URTE). Esta tabela auxilia o enfermeiro empreendedor no conhecimento requerido pelos serviços prestados.

Existem alguns aspectos motivacionais para se instituir um negócio: a oportunidade advém da identificação de uma ocasião favorável de empreendimento e a necessidade pela ausência de opções, pela insatisfação no mercado(1818. Fonseca GKL, Araújo CL, Olivindo DDF. Empreendedorismo em Enfermagem: motivações e possibilidades para o enfermeiro empreender. Research, Society and Development. 2020;9(7):e597974442. doi: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i7.4442
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). Diante disso, é possível realizar uma comparação com os resultados deste estudo, o qual revelou que os enfermeiros foram movidos pela necessidade financeira e desejo de mudança para honrar seu lugar na profissão, com possibilidades de empreendimento atrativo e ousado.

No início do processo de inovação, o enfermeiro deve confiar em sua capacidade de reconhecer um problema, criar uma solução e realizar seu potencial, mas também se envolver com as habilidades de marketing, visão de negócios e estabelecer uma equipe de apoio para facilitar a criação e implementação das ideias(1919. Knoff CR. A call for nurses to embrace their innovative spirit. OJIN: The Online Journal of Issues in Nursing. 2019;24(1). doi: http://dx.doi.org/10.3912/OJIN.Vol24No01PPT48
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). Essa afirmação permite compreender que a criação das ideias está ligada a capacidade de identificar os problemas e resolvê-los, e mostra o quanto o profissional está disposto em inovar e buscar conhecimentos.

No ponto de vista inovador, a liderança em algumas organizações de saúde confere aos enfermeiros mais oportunidades para o pensamento criativo. A partir dessas oportunidades, novas ideias são geradas, porém devem ser considerados os riscos para implementá-las. Isto, caminha em direção às mudanças sistemáticas e ao desenvolvimento da inovação que visa beneficiar a sociedade(2020. Bagheri A, Akbari M. The impact of entrepreneurial leadership on nurses’ innovation behavior. J Nurs Scholarsh. 2018;50(1):28–35. doi: http://dx.doi.org/10.1111/jnu.12354. PubMed PMID: 29024362
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). Essa informação discorre sobre importância da capacidade de liderança para a criação de estratégias que buscam o aperfeiçoamento do cuidado, das quais são únicas e particulares para despertar o interesse da população.

Por fim, a terceira categoria “O que o enfermeiro precisa saber antes de empreender” apresenta as vantagens e desvantagens em ser um trabalhador autônomo no mercado, os desafios do empreendedorismo para a Enfermagem e as habilidades necessárias para ser um profissional bem-sucedido na gestão e prática do cuidado. Pode-se realçar que os benefícios da carreira empreendedora compreendem a possibilidade de lucrar com o seu próprio negócio, juntamente a independência de gestão, além de permitir maior flexibilidade de horários e autonomia na tomada de decisão. Por outro lado, as desvantagens abarcam a competividade no mercado de trabalho, e o alto teor de responsabilidade e investimentos(2121. Chagas SC, Milagres PN, Silva MCR, Cavalcante RB, Oliveira PP, Santos RC. O empreendedorismo de negócios entre enfermeiros. Revista Enfermagem UERJ. 2018;26:e31469. doi: http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2018.31469
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).

A partir dos efeitos negativos desse campo empresarial, o empreendedor deve assegurar uma gestão de alta performance com vistas ao progresso e avanço constante do seu trabalho aliado ao planejamento financeiro para controlar os gastos. A necessidade de controle financeiro também pode ser verificada no fato de que a maior parte mantém outro vínculo empregatício e, por vezes, dispõe de baixo retorno financeiro com seus empreendimentos. Isso reforça a percepção do participante E07 que relembra os desafios que enfermeiros ainda encontram em superar o modelo assistencial médico-centrado que existe no imaginário social.

A instabilidade do mercado profissional impulsiona os enfermeiros a redesenharem sua carreira através da abertura de um negócio próprio, porém essa escolha pode ser dificultada por alguns fatores limitantes, como o preconceito social e cultural relacionado ao enfermeiro ter um consultório e/ou clínica, a ausência de abordagem teórica dessa temática nas universidades e a questão burocrática relacionada a administração e funcionamento da empresa(2121. Chagas SC, Milagres PN, Silva MCR, Cavalcante RB, Oliveira PP, Santos RC. O empreendedorismo de negócios entre enfermeiros. Revista Enfermagem UERJ. 2018;26:e31469. doi: http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2018.31469
https://doi.org/10.12957/reuerj.2018.314...
). Partindo desse aspecto, constata-se que existe invisibilidade do enfermeiro devido o desconhecimento da população em relação a qualificação do profissional para exercer tal prática, e ainda, esse assunto é incipiente na formação do enfermeiro, o que exige a busca contínua por treinamento e capacitação para conquistar o domínio de suas habilidades.

Faz-se necessário, que o profissional enfermeiro se valorize e conheça a importância da sua profissão para que possa convencer os clientes sobre a relevância do seu negócio, por meio de atitudes essenciais, mas, principalmente, pela autoconfiança, responsabilidade e muita dedicação(2222. Lima KFR, Pinheiro AS, Silva PLD, Cavalini AFM, Bispo ADS, Andrade ADC, et al. Perfil empreendedor do enfermeiro: contribuição da formação acadêmica. Pernambuco: Revista de Enfermagem UFPE. Online (Bergh). 2019;13(4):904–14. doi: http://dx.doi.org/10.5205/1981-8963-v13i04a238347p904-914-2019
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). Nesse âmbito, cabe ressaltar que o perfil empreendedor exige competências necessárias para se tornar um profissional bem-sucedido, por isso é importante ter iniciativa, autonomia, tomada de decisão, coragem, resiliência, empoderamento, criatividade, e acima de tudo, adotar uma visão inovadora que vai além dos padrões tradicionais, que caminham em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs)(2323. Brasil. Ministério da Educação. Resolução CNE/CES nº 3/2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Brasília: Ministério da Educação; 2001 [cited 2023 Mar 23]. Available from: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf
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).

Muito embora as competências previstas pela DCNs sejam indispensáveis para um empreendedor, a temática ainda é pouco trabalhada na formação profissional, deixando lacunas no incentivo da atuação na área. As escolas de enfermagem devem oportunizar esta discussão com vistas a contribuir para um profissional mais preparado para as necessidades do mercado de trabalho. A exemplo disso, um estudo desenvolvido em uma Universidade de Istambul chegou à conclusão que os acadêmicos que apresentaram tendência ao empreendedorismo apresentaram maior adaptabilidade na carreira(2424. Ispir O, Elibol E, Sönmez B. The relationship of personality traits and entrepreneurship tendencies with career adaptability of nursing students. Nurse Educ Today. 2019;79:41–7. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.nedt.2019.05.017. PubMed PMID: 31102796.
https://doi.org/10.1016/j.nedt.2019.05.0...
).

Destarte, o déficit de conhecimento de negócios é um desafio entre enfermeiros empreendedores que raramente têm acesso a cursos e redes de empreendedorismo, por isso a educação constitui um pilar para a prática comercial de sucesso(2525. Neergard GB. Entrepreneurial nurses in the literature: a systematic literature review. J Nurs Manag. 2021;29(5):905–15. doi: http://dx.doi.org/10.1111/jonm.13210. PubMed PMID: 33150607.
https://doi.org/10.1111/jonm.13210...
,2626. Arnaert A, Mills J, Bruno FS, Ponzoni N. The educational gaps of nurses in entrepreneurial roles: an integrative review. J Prof Nurs. 2018;34(6):494–501. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.profnurs.2018.03.004. PubMed PMID: 30527699.
https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2018....
). Nessa situação, é necessário ter em mente que o progresso advém da busca contínua por conhecimento técnico-científico, no qual o profissional dispõe de tempo, esforço e dedicação para manter-se atualizado, pois, além de rápidas mudanças tecnológicas que são proporcionadas atualmente, a acessibilidade, por meio dos canais de comunicação presentes na vida de todas as pessoas, podem ser aliados para o aprendizado quando utilizado como ferramenta de gestão de negócios.

Limitações do Estudo

A técnica de coleta de dados permitiu a entrevista por meio de uma rede. Entretanto, esta amostra não representa todas as iniciativas empreendedoras de enfermeiros do Brasil. Nesse sentido, um censo poderia apresentar um panorama brasileiro de forma diagnóstica. Observou-se que alguns enfermeiros possuem um poder de capital maior do que outros, seja pelo porte de sua empresa ou pela remuneração mensal relacionada a sua jornada de trabalho. De acordo com essa constatação, ­destaca-se como limitação do estudo as características peculiares de cada participante, como o acesso ao empreendedorismo e ao horizonte de planejamento de cada um desses enfermeiros, que constituem um fator de influência no processo de construção e consolidação da carreira.

CONCLUSÃO

Considera-se que, as experiências vivenciadas pelos enfermeiros empreendedores mostraram que existem desafios para empreender no processo de trabalho na Enfermagem, que se inserem como obstáculos para o reconhecimento e valorização do profissional, principalmente o preconceito da sociedade em relação a competência técnica-científica para atuar como empreendedor, e, pelo fato da transversalidade do empreendedorismo apresentar lacunas na graduação. Além disso, percebe-se dificuldades financeiras para o acesso de tecnologias e implementação em seu trabalho e ao mesmo tempo valorizam estratégias de inovação como impulso para o sucesso do negócio. As tecnologias em saúde contribuem com a geração de qualidade, segurança dos serviços prestados, otimização dos processos e garantia na satisfação do usuário.

Este estudo apresentou um potencial aporte científico ao desvelar que o estímulo ao empreendedorismo autônomo do enfermeiro é fundamental para a profissão porque possibilita a conquista de novos campos de atuação. Logo, a prática empreendedora pode ser um caminho para criar um diferencial da categoria Enfermagem no imaginário social, por valorizar a autonomia, aumentando as chances de inovar, criar e estabelecer um network. Com isso, desperta a necessidade de aperfeiçoamento do enfermeiro em desmistificar o enfrentamento das práticas empreendedoras.

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Editado por

EDITOR ASSOCIADO

Márcia Regina Cubas

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    27 Mar 2023
  • Aceito
    12 Set 2023
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