Resumos
Esta pesquisa teve o objetivo de verificar a percepção dos participantes relativa ao emprego da metodologia de pesquisa-ação no desenvolvimento de um grupo de gestantes. O trabalho foi realizado no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. Entrevistas individuais foram realizadas para obter dados junto aos 12 participantes do grupo. A estratégia da pesquisa-ação proporcionou benefícios ao desen-volvimento do grupo, incentivou a participação, promoveu a identificação mútua de seus integrantes e atendeu demandas específicas. Algumas limitações impostas pelo emprego da estratégia foram mencionadas e feitas sugestões para seu aperfeiçoamento. O emprego da estratégia de pesquisa-ação é incentivado com fundamento na avaliação positiva dos integrantes do grupo.
Gravidez; Promoção da saúde; Saúde da mulher
Esta pesquisa tuvo el objetivo de verificar la percepción de los participantes relativo al empleo de la metodología de pesquisa-acción en el desarrollo de un grupo de gestantes. El trabajo fue realizado en el Hospital Universitario de la Universidad de São Paulo. Entrevistas individuales fueron realizadas para obtener datos junto a los 12 participantes del grupo. La estrategia de la pesquisa-acción proporcionó beneficios al desarrollo del grupo, incentivó la participación, promovió la identificación mutua de sus integrantes y atendió demandas específicas. Algunas limitaciones impuestas por el empleo de la estrategia fueron mencionadas y hechas sugestiones para su perfeccionamiento. El empleo de la estrategia de pesquisa-acción es incentivado con fundamento en la evaluación positiva de los integrantes del grupo.
Embarazo; Promoción de la salud; Salud de la mujer
The aim of this study was to verify the perception of participants regarding the use of the action-research methodology in the development of a group of pregnant women. The group was sponsored by the University of São Paulo's Hospital Universitário. Individual interviews were conducted in order to obtain data from the group's 12 participants. The action-research strategy brought benefits to the development of the group, stimulated participation, promoted the mutual identification of the group members, and responded to specific necessities. Some limitations imposed by the use of the strategy were mentioned and suggestions for improvement were cited. Based on the group members' positive evaluation, the use of the action-research strategy is encouraged.
Pregnancy; Health promotion; Women's health
ARTIGO ORIGINAL
Pesquisa-ação como estratégia para desenvolver grupo de gestantes: a percepção dos participantes
Action-research as a strategy to develop pregnant women group: the participants' perception
Pesquisa-Acción como estratégia para desarrollar grupo de gestantes: la percepción de los participantes
Luiza Akiko Komura HogaI; Luciana Magnoni ReberteII
I Enfermeira Obstétrica. Professora Livre-Docente do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquiátrica, Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil - kikatuca@usp.br
II Enfermeira Obstétrica. Ex-bolsista de iniciação científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), São Paulo, SP, Brasil - lu.mare@ig.com.br
Correspondência Correspondência: Luiza Akiko Komura Hoga Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 419 - Cerqueira César CEP 05403-000- São Paulo, SP, Brasil
RESUMO
Esta pesquisa teve o objetivo de verificar a percepção dos participantes relativa ao emprego da metodologia de pesquisa-ação no desenvolvimento de um grupo de gestantes. O trabalho foi realizado no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. Entrevistas individuais foram realizadas para obter dados junto aos 12 participantes do grupo. A estratégia da pesquisa-ação proporcionou benefícios ao desen-volvimento do grupo, incentivou a participação, promoveu a identificação mútua de seus integrantes e atendeu demandas específicas. Algumas limitações impostas pelo emprego da estratégia foram mencionadas e feitas sugestões para seu aperfeiçoamento. O emprego da estratégia de pesquisa-ação é incentivado com fundamento na avaliação positiva dos integrantes do grupo.
Descritores: Gravidez. Promoção da saúde. Saúde da mulher.
ABSTRACT
The aim of this study was to verify the perception of participants regarding the use of the action-research methodology in the development of a group of pregnant women. The group was sponsored by the University of São Paulo's Hospital Universitário. Individual interviews were conducted in order to obtain data from the group's 12 participants. The action-research strategy brought benefits to the development of the group, stimulated participation, promoted the mutual identification of the group members, and responded to specific necessities. Some limitations imposed by the use of the strategy were mentioned and suggestions for improvement were cited. Based on the group members' positive evaluation, the use of the action-research strategy is encouraged.
Key words: Pregnancy. Health promotion. Women's health.
RESUMEN
Esta pesquisa tuvo el objetivo de verificar la percepción de los participantes relativo al empleo de la metodología de pesquisa-acción en el desarrollo de un grupo de gestantes. El trabajo fue realizado en el Hospital Universitario de la Universidad de São Paulo. Entrevistas individuales fueron realizadas para obtener datos junto a los 12 participantes del grupo. La estrategia de la pesquisa-acción proporcionó beneficios al desarrollo del grupo, incentivó la participación, promovió la identificación mutua de sus integrantes y atendió demandas específicas. Algunas limitaciones impuestas por el empleo de la estrategia fueron mencionadas y hechas sugestiones para su perfeccionamiento. El empleo de la estrategia de pesquisa-acción es incentivado con fundamento en la evaluación positiva de los integrantes del grupo.
Descriptores: Embarazo. Promoción de la salud. Salud de la mujer.
INTRODUÇÃO
A gestação é um momento permeado por significados diversos e distintos segundo as singularidades da gestante e de sua família. Independentemente das circunstâncias pessoais, familiares e sociais que envolvem a mulher grávida, esta necessita compartilhar sua história e suas percepções e deseja ser acolhida de forma integral pelas instituições e profissionais que lhe presta assistência. Com este cuidado, ela passa a se sentir fortalecida e consegue construir um corpo de conhecimentos relativos à sua condição, o que contribui para uma vivência mais plena e saudável da gestação, do parto e da maternidade.
A assistência pré-natal de qualidade inclui o fornecimento de suporte necessário para que a gestante possa vivenciar, de forma ativa e autônoma, um processo que é singular na vida da mulher(1). O desenvolvimento de grupo de gestantes é considerado recurso importante para promover o atendimento individualizado e integral das necessidades da mulher grávida, seu parceiro e demais pessoas envolvidas(2).
Trata-se de atividade realizada com freqüência no decorrer da assistência pré-natal possuindo, cada um, o seu enfoque. Pode ser atribuída maior importância ao preparo do corpo mediante realização de ginástica ou ao fornecimento de informações relativas às transformações próprias da gravidez e cuidados com o recém-nascido. Pode ser valorizada também a necessidade de transmitir informações sobre o parto e o período pós-parto. Independentemente dos princípios que norteiam o desenvolvimento de tais grupos, considera-se importante que as estratégias neles empregadas estejam alinhadas aos objetivos propostos(3).
De maneira geral, estes grupos são desenvolvidos com a finalidade de complementar o atendimento realizado nas consultas, melhorar a aderência das mulheres aos hábitos considerados mais adequados, diminuir ansiedades e medos relativos ao período grávido e puerperal. Os conteúdos abordados nestes grupos incluem as vivências e necessidades da gestante e de seu parceiro relativas ao aleitamento materno e às práticas de contracepção(1).
O incentivo à participação ativa dos integrantes para promover o intercâmbio de experiências é fator relevante na coordenação de grupo de gestantes. A existência deste envolvimento cria uma atmosfera de coesão e compreensão mútua dos membros do grupo e isto favorece a sua continuidade, de forma harmônica e construtiva. Neste clima, seus integrantes se sentem incentivados a participar e expressar suas idéias, promovendo o compartilhamento de vivências, expectativas, temores e dúvidas que são inerentes ao processo(4).
A pesquisa-ação constitui estratégia que possibilita esta forma de abordagem e favorece a participação ativa dos membros do grupo. Neste método, parte-se do pressuposto de que os questionamentos devem emergir espontâneamente dos participantes e esses devem gerar informações e utilizá-las, de modo a orientar a ação e a tomada de decisões, feitas em conjunto com os pesquisadores(5).
A adoção desta dinâmica foi fundamentada no fato dos participantes de grupos de gestantes, desenvolvidos anteriormente mediante formatos pré-estabelecidos quanto ao conteúdo e estratégia, não estarem plenamente satisfeitos com a passividade a que estavam submetidos nesta condição. Embora eles tenham feito uma avaliação positiva dos programas previamente formatados que incluíam as principais demandas tradicionalmente emanadas em grupos de gestantes, no momento da avaliação escrita anônima, requisitaram a possibilidade de incluir outros conteúdos e adotar estratégias mais participativas e alinhadas às necessidades dos integrantes. Almejavam também a possibilidade de participação ativa dos pais no processo porque seus papéis se restringiam a observar o que estava sendo desenvolvido e direcionado às gestantes.
Estas avaliações evidenciaram a necessidade de aprimorar o processo de planejamento e desenvolvimento do grupo de gestantes e impulsionaram a adoção da meto-dologia de pesquisa-ação com estratégia para a solução do problema apresentado. Entendeu-se que a adoção de tal estratégia possibilitaria estimular a capacidade participativa coletiva em todo o processo de desenvolvimento do grupo de gestantes mantendo o foco da atenção às necessidades emanadas no grupo. Buscou-se alcançar a satisfação de todos com o trabalho mediante a adoção desta metodologia de trabalho.
Com base neste pressuposto realizou-se a presente pesquisa, que teve o objetivo de verificar a percepção dos integrantes de um grupo de gestantes relativa à metodologia da pesquisa-ação empregada para desenvolver o grupo.
MÉTODO
Local
O grupo de gestantes foi desenvolvido no Setor de Ambulatório do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP). Nesta Instituição, o desenvolvimento de grupos de gestantes é da responsabilidade de enfermeiras obstétricas.
A Instituição presta assistência à saúde a usuários com características socioeconômicas e culturais heterogêneas, visto que presta atendimento aos moradores de sua área de abrangência e à comunidade universitária, composta por alunos, docentes e funcionários da Universidade.
Os participantes do grupo e suas características pessoais
Oito gestantes e quatro acompanhantes integraram o grupo. Sete delas faziam acompanhamento pré-natal na própria Instituição e uma com outro médico de sua preferência. A procura pelo grupo de gestantes é sempre espontânea e este recurso é amplamente difundido entre as
gestantes no decorrer da assistência pré-natal desenvolvida na Instituição.
A idade das gestantes variou entre 18 e 39 anos, todas eram casadas ou se encontravam em situação de união consensual. A escolaridade delas variou entre ensino médio (2) e universitário (6). Quanto à religião, eram católicas (5), evangélicas (1), espíritas (1) e budista (1). Em relação aos antecedentes obstétricos, eram primigestas (6), secundigestas (1) e tercigestas (1). A gravidez não tinha sido planejada por cinco delas e três tinham planejado. Todas referiram boa aceitação da gravidez. Na primeira sessão realizada com as gestantes, elas se encontravam entre 16 e 30 semanas de gravidez e seus hábitos de lazer incluíam o desenvolvimento de atividades físicas, entre elas a hidroginástica e a caminhada.
Quanto aos acompanhantes, todos eram maridos. A idade deles variou entre 37 e 43 anos, a escolaridade era o ensino médio (1) e universitário completo (3). Quanto ao número de filhos, um já tinha tido um filho e três iam tornar-se pais pela primeira vez.
A estratégia empregada no desenvolvimento do grupo
A constituição do grupo ocorreu conforme a rotina da Instituição, por meio de convite feito às gestantes que faziam acompanhamento pré-natal na Instituição. Pessoas interessadas em participar deste tipo de atividade foram informadas a respeito da possibilidade de inserção em um grupo onde haveria a inclusão da abordagem corporal e sobre a utilização de uma estratégia que seria diferente da tradicional, em que as sessões são previamente programadas quanto à duração e conteúdo a ser desenvolvido. As gestantes e maridos que optaram pela proposta alternativa fizeram a matrícula para participar deste grupo de gestantes.
A metodologia de pesquisa-ação(5) foi utilizada como estratégia para desenvolver o grupo. Esta abordagem, que possui característica exploratória, possui o pressuposto de associar a ação com uma atividade de pesquisa na condução das sessões grupais. O grupo foi conduzido mediante a consideração a alguns atributos desejáveis em um bom coordenador de grupo(6). Neste sentido, manteve-se coerência em relação a vários aspectos, dentre eles, a característica exploratória da ação, o senso de ética destinando cuidado com as questões pessoais e a não imposição de valores e expectativas aos participantes, o respeito às características próprias das pessoas, atenção na continuidade de uma atitude ativa disponibilizando o tempo necessário para aquisição de confiança no grupo e respeito ao ritmo individual e a adoção de um ambiente de continência, com vistas ao acolhimento e atendimento das angústias dos participantes.
A adoção da metodologia citada favoreceu a identificação de demandas que emergem dos próprios integrantes. Na primeira sessão, o objetivo da ação, ou seja, o desenvolvimento de um grupo de gestantes mediante a adoção da metodologia de pesquisa-ação, as respectivas implicações incluindo a importância da freqüência e pontualidade, foram expostas de forma clara. Considera-se imperioso que os coordenadores do grupo tenham definido claramente os objetivos da intervenção, de modo que o grupo seja desenvolvido de forma organizada para viabilizar o cumprimento do objetivo da empreitada(7).
Desse modo, os participantes do grupo tiveram a oportunidade de sugerir os conteúdos a serem abordados de acordo com suas necessidades. O leque de temas citados permitiu definir, nesta mesma sessão, os conteúdos a serem desenvolvidos no decorrer das sessões subseqüentes. Foi ofertada e aceita por todos a introdução de alguma forma de abordagem corporal em cada sessão. A quantidade de sessões também foi decidida nesta ocasião, em conjunto com os participantes. Estes avaliaram que nove encontros seriam suficientes para abordar todos os temas requeridos e realizar as técnicas corporais.
O direcionamento das sessões subseqüentes foi feito mediante o emprego de um Instrumento que era entregue a todos os participantes ao final de cada sessão. Foram feitos esclarecimentos a respeito do emprego deste Instrumento e da importância de sua devolução, devidamente preenchida, na sessão seguinte. Nele, os integrantes do grupo deveriam registrar suas impressões a respeito do conteúdo trabalhado, da forma de condução da sessão pelos coordenadores, a percepções relativas aos demais integrantes do grupo e sobre as técnicas de abordagem corporal empregadas, assim como dar sugestões para a sessão subseqüente. Os dados deste Instrumento permitiram que os responsáveis pelo desenvolvimento do grupo tivessem conhecimento das idéias e sugestões dos participantes.
Todas as sessões foram gravadas em áudio com a finalidade de registrar os conteúdos desenvolvidos pelos coordenadores do grupo e os questionamentos dos parti-cipantes. Este material foi transformado para a linguagem escrita e a sua leitura permitiu associá-la às sugestões contidas nos Instrumentos. Este conjunto de dados tornou possível o planejamento da sessão subseqüente e esta estratégia, que foi empregada em todos os encontros, permitiu delinear desenvolvimento das sessões até a finalização dos trabalhos.
As sessões grupais tiveram periodicidade semanal e foram realizadas entre Setembro e Novembro de 2004, no horário de 16:00 a 18:00 horas, tendo totalizado nove encontros. Na primeira sessão houve a presença de todos os participantes do grupo, num total de 12 pessoas. Nas sessões subsequentes houve presença média de nove pessoas em cada encontro. Nenhum integrante do grupo desistiu em participar do mesmo no primeiro encontro ou nos subseqüentes o que permitiu a finalização das sessões com a presença de todos os integrantes. Quanto à pontualidade, observou-se que a maioria das pessoas chegava na hora determinada, salvo alguns atrasos decorrentes de problemas pessoais e no trânsito. Neste âmbito, observou-se um grau positivo de respeito ao compromisso grupal assumido pelos seus integrantes.
Um das gestantes teve seu filho no decorrer do desenvolvimento do grupo e este fato não possibilitou a sua participação no penúltimo encontro. Porém, no último, trouxe consigo a sua filha, o que foi motivo de orgulho para si e seu marido. Os demais integrantes do grupo expressaram sentimentos de congratulação tornando a sessão especialmente agradável. A presença desta criança foi oportuna e serviu para fazer demonstração de uma técnica de massagem em recém-nascidos que estava programada para acontecer em uma boneca, mas foi realizada na criança, com o consentimento de seus pais.
Em suma, foram desenvolvidos no decorrer dos encontros grupais, temas relativos às transformações físicas, emocionais e no âmbito das relações familiares e sociais que ocorrem durante a gravidez, o parto, o puerpério e os decorrentes da chegada de um novo integrante na família. Os respectivos cuidados necessários para uma vivência mais plena de todo o processo, dos pontos de vista da gestante, seu marido, demais membros da família e sobretudo, a manutenção da harmonia familiar e entre o casal, foram salientados no decorrer do processo.
No âmbito do trabalho corporal, na segunda parte de cada uma das sessões, houve a demonstração de uma técnica, que foi seguida pela troca entre os casais, ou seja, a gestante recebia a aplicação da técnica em seu corpo e depois, retribuía-a, desenvolvendo o recurso aprendido em seu parceiro. Na falta do parceiro, as trocas eram realizadas entre as gestantes. A seguir são mencionados os recursos de abordagem corporal ensinados e desenvolvidos nas sessões: alívio para a dor nos membros inferiores, recursos para evitar ou melhorar a condição de insônia, a ansiedade, a fadiga corporal, as dores lombares, o volume abdominal e seus desconfortos, a dor do parto, a respiração no parto, as tensões musculares, as posições de parto, a importância do papel do acompanhante no decorrer do processo e ensinada uma técnica de massagem no recém-nascido.
Cuidado redobrado foi tomado em relação ao vocabulário a ser utilizado nas sessões. Foi dada preferência à linguagem popular, tanto quanto possível. O emprego da linguagem adequada faz com que se adquira a capacidade de se fazer entender, de forma apropriada. Foi dada também a necessária ênfase ao processo de conhecer e responder ativamente às pessoas envolvidas, visto que o significado se constrói na relação entre as pessoas. Os enunciados só começam a ter significado quando uma pessoa suplementa a idéia de outra(8).
A coleta dos dados
As percepções das gestantes e de seus maridos, relativas ao emprego da metodologia de pesquisa-ação para desenvolver o grupo de gestantes, foram obtidas mediante realização de entrevistas individuais gravadas. A possibilidade de realização de tais entrevistas foi divulgada previamente, na finalização da última sessão. As entrevistas foram realizadas algum tempo após o nascimento das crianças. Foi estabelecido contato telefônico com cada integrante do grupo e agendada uma entrevista, com data, local e horário da preferência e disponibilidade de cada um.
Os participantes deram preferência ao próprio domicílio ou ao HU-USP para conceder as entrevistas. Uma mulher alegou que tinha dificuldade de comparecer na Instituição ou receber a visita das pesquisadoras. Diante deste fato, aventou-se a possibilidade da entrevista ser concedida por via telefônica. Esta idéia foi prontamente aceita e no mesmo momento, foram agendadas a data e a hora em que a pesquisadora faria o telefonema. Neste caso, utilizou-se o recurso da viva-voz para gravar a entrevista.
No início de cada entrevista, os participantes foram solicitados a expor suas percepções a respeito da estratégia da pesquisa-ação que tinha sido empregada para o desenvolvimento do grupo de gestantes no qual tinham participado.
Análise das entrevistas
As entrevistas foram integralmente transcritas e cada uma delas foi lida de forma reiterada de modo a permitir a identificação preliminar das principais representações que os entrevistados faziam a respeito da experiência vivida. A seqüência do processo de análise teve continui-dade, de forma indutiva e interpretativa, o que permitiu obter uma noção do que é típico em relação ao fenômeno estudado(9).
Um processo de identificação dos principais significados foi realizado em cada parágrafo da entrevista e atribuídos a eles uma determinada codificação(9-10). Este trabalho foi realizado com o conjunto de entrevistas o que permitiu desenvolver categorias e reduzir dados. Isto possibilitou a composição de um modelo manejável, que se constitui na meta final da pesquisa qualitativa(11).
As categorias explicativas da experiência são apresentadas e os significados nelas contidos foram exemplificados por meio de pequenos trechos extraídos dos depoimentos. Este recurso possibilitou resgatar e preservar a experiência individual dos depoentes e propiciar uma sensação de maior proximidade e compreensão da perspectiva das gestantes e seus acompanhantes(11).
Aspectos éticos da pesquisa
O projeto de pesquisa foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição que é credenciado no Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). No primeiro encontro, que teve a presença de todos os componentes do grupo, foram dadas explicações sobre a finalidade do trabalho. As gestantes e seus maridos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o Termo de Compromisso Grupal.
Do primeiro, constavam a autorização para uso dos dados registrados no Instrumento e os concedidos na entrevista, esclarecimentos a respeito da preservação do anonimato, que seria garantido por meio da substituição dos nomes verdadeiros por fictícios, e a ciência a respeito da estratégia da pesquisa-ação a ser empregada no desenvolvimento das sessões. Do segundo constavam o comprometimento dos participantes em respeitar as manifestações dos demais integrantes do grupo e a manutenção do sigilo em relação aos aspectos pessoais compartilhados nas sessões. O conjunto do trabalho foi desenvolvido pelos próprios autores deste artigo.
RESULTADOS
O emprego da estratégia da pesquisa-ação proporcionou benefícios ao desenvolvimento do grupo
A motivação para continuar participando do grupo foi salientada pelo conjunto de participantes. A forma como os integrantes do grupo foram abordados pelos pesquisadores foi valorizada e isto foi interpretado como sendo um incentivo à participação.
... a maneira que a gente era abordado... isso me incentivou mais ainda... não era aquela coisa assim de ter que fazer... a gente saía e comentava, foi legal, vamos voltar na próxima aula... (Teresa).
A estratégia empregada promoveu a identificação mútua dos participantes pois estes perceberam que as experiências pessoais e os principais questionamentos em relação ao momento vivido eram comuns à maioria deles. Isto promoveu maior intimidade entre os integrantes do grupo e motivou-os a dar continuidade à participação. Propiciou tam-bém maior liberdade para expressar dúvidas, de forma mais detalhada, emitir opiniões e compartilhar dos momentos de descontração que existiram nas sessões.
... ao longo do tempo eu comecei a participar, eu ia me simpatizando com as pessoas, então eu ia falando... o grupo motiva a gente a ir... acaba se identificando com o que a pessoa fala (Fabiana).
... eram pessoas que perguntavam e às vezes tinham as mesmas dúvidas que eu, então o grupo foi bom... se eu tivesse com uma dúvida eu ia perguntar numa boa (Ana).
Encontrei um pessoal legal... eu gosto de brincar, eu o Valter, o outro menino lá... a gente começa a brincadeira, se você deixar...(Carlos).
A abordagem do conteúdo, de forma especifica e em conformidade com os interesses dos participantes, foi proporcionado pela estratégia de pesquisa-ação. Isso se deveu à possibilidade de escolha do conteúdo a ser desenvolvido, que permitiu o atendimento das demandas específicas dos integrantes do grupo. Permitiu também incluir itens como a vivência da gestação, a relação marital na gravidez e a utilização da abordagem corporal visando proporcionar alívio aos desconfortos físicos e emocionais da gravidez. Estas temáticas não são sempre abordadas em grupos desenvolvidos mediante outras estratégias, mas puderam ser incluídas no grupo desenvolvido. Acredita-se que isto foi facilitado pelo emprego da metodologia em questão. A estratégia favoreceu também a discussão dos conteúdos, de forma ampla e profunda, fato este avaliado positivamente.
... a gente viu é o que a gente não conhecia... tudo que foi indagado foi resolvido... em relação a isso aí foi maravilha (Carlos).
... no primeiro dia eu fiquei meio irritado, porque vocês falaram: Ah vocês vão ter o que quiser... apesar dessa coisa inicial, acabou funcionando... foi muito bom, prin-cipalmente com conteúdo em aberto, isso compensou (Marcos).
Nós tivemos um privilégio de ter o curso não tradicional... acho que tem coisas que eles não abordam... sabe esse lado pessoal, a vida do casal... Os exercícios... era o carro chefe do curso de vocês... Eu acho extremamente positivo... logo de início houve um programa que nós que fizemos... (Cleide).
... a gente podia escolher o que queria ver, aprender... você acaba entrando no assunto, começa a vivenciar tudo o que foi mostrado (Cristina).
... vocês abordaram temas interessantes... foi interessante a gente ter na primeira aula perguntar o que vocês querem discutir (Claudia).
O estímulo à expressão de idéias, sentimentos, ques-tionamentos e demandas individuais por cuidados, de forma espontânea e pelo conjunto do grupo, foi percebido e valorizado. Isto favoreceu a participação dos integrantes na tomada de decisões a respeito da forma como o grupo seria desenvolvido. Estes fatores fizeram com que os envolvidos se sentissem personagens ativos do processo de aprendizado e, consequentemente, tenham vivido o conjunto da experiência, de forma mais plena.
Acho bacana deixar as pessoas falarem, elas sentem que estão participando do curso... são obrigadas a pensar, a refletir... certamente o curso ajudou a curtir muito mais a gravidez, porque você troca a insegurança e o medo pela certeza... (Marcos).
... vocês já expuseram em aberto quantas sessões, achei legal essa coisa do grupo decidir, ajudou bastante (Rodrigo).
... as dúvidas foram tiradas na hora já. Então das aulas eu tirei bom proveito e entendi bastante coisa... e depois que eu ganhei o bebê eu lembrei de tudo aquilo que foi falado, então eu aprendi e fiz... (Ana).
A troca de experiências entre os participantes foi percebida e avaliada como benéfica e o compartilhamento de sentimentos e vivências proporcionou um aprendizado conjunto. Perceber a similaridade existente nas vivências reduziu a sensação de medo que afetava as pessoas que não tinham experiência naquele assunto e reforçou a sensação da normalidade em relação ao eventos próprios do período gestacional. A estratégia da pesquisa-ação permitiu, sobretudo aos maridos, a possibilidade de contribuir ativamente no processo vivenciado pelas gestantes, visto que puderam prestar sua ajuda desenvolvendo as técnicas corporais.
... por mais que você tenha noção de que as coisas são normais é bom você ouvir isso do grupo (Marcos).
... eu já tinha lido muito a respeito de gravidez, mas quando tem um grupo você acaba vendo que é uma coisa mais comum, mesmo a irritação que ela tinha às vezes, ou incomodo que ela tava tendo, você acaba compreendendo e aí até ajudando mais ela (Rodrigo).
... estas que foram mães tinham muito a colaborar lá pra gente, as mães de primeira viagem que não sabiam de nada (Claudia).
... umas têm mais medo de algumas coisas que outras, então foi bom compartilhar isso. É bom compartilhar os medos, os medos diminuem e eu senti bastante isso... É importante o parceiro ouvir as coisas que estão acontecendo com você por uma outra pessoa e não só por você (Flávia).
As limitações impostas pelo emprego da estratégia
Houve menção a algumas limitações impostas pelo emprego da estratégia de pesquisa-ação. Uma delas referiu-se ao fato de algumas gestantes, que freqüentaram o grupo sem acompanhante, terem demonstrado dificuldades relativas à expressão de suas idéias e sentimentos.
... eu percebia no grupo que muita gente não perguntava, principalmente as meninas que estavam sozinhas, que não levavam os maridos. Talvez elas tivessem dúvidas, mas elas preferiam ficar calada (Claudia).
Avaliou-se que a característica de algumas pessoas, consideradas tímidas, fez com que elas não tivessem se expressado verbalmente tanto quanto gostariam, sobretudo nas sessões iniciais, momento em que ainda não existia um ambiente de intimidade e amizade entre os participantes.
... eu detesto dar depoimentos sem conhecer as pessoas. As primeiras aulas foram muito difíceis pra mim... mas o nosso grupo foi privilegiado porque os maridos vieram. Vocês ensinaram o que é aplicável... pouco a pouco a gente foi se abrindo mais (Fabiana).
... quando ela perguntou de um por um, aí elas falavam, agora quando a pesquisadora generalizava, elas não falavam... isso funciona com algumas pessoas, mas a pessoa tímida ela não vai falar nem quando você pergunta pra ela pessoalmente (Claudia).
Alguns participantes expressaram a existência de dificuldades nas sessões que eram causadas pela heterogeneidade característica do componentes do grupo. Considerou-se que algumas pessoas faziam colocações não apropriadas ao contexto e isto foi avaliado como reflexo das diferenças no nível de escolaridade dos participantes. Estes foram os aspectos considerados como limitações ao emprego da estratégia de pesquisa-ação no desenvolvimento do grupo de gestantes.
... eu não tinha muita paciência quando as pessoas perguntavam algumas besteiras ou fazia algum comentário desnecessário... o tempo é muito precioso... estava todo mundo misturado, tinham pessoas de escolaridade mais baixa, que não teve acesso... tem coisas que eu achava tola, mas faz parte eu tinha que respeitar (Mariana).
Sugestões para aperfeiçoamento da estratégia
Os participantes sugeriam a adoção de algumas medidas para aperfeiçoar o emprego da estratégia de pesquisa-ação no desenvolvimento de grupo de gestantes. Recomendaram, para o primeiro encontro do grupo, a exposição de um conteúdo mínimo a ser desenvolvido e o estabelecimento de um cronograma de atividades. Avaliaram que estas medidas serviriam como parâmetro para sugestão de outras temáticas e favoreceriam a integração dos membros do grupo ao processo participativo. Mostraram-se receosos, entretanto, com a possibilidade da colocação desta idéia na prática implicar no surgimento de conseqüências negativas, como um eventual desinteresse em continuar participando do grupo.
Acho que seria importante ter um conteúdo mínimo a princípio, que orientasse, porque a gente fica meio perdido... mas isso acaba limitando (Marcos).
... acho que ajudaria era ter um cronograma de temas... pra eu já me preparar... mas algumas pessoas poderiam falar assim: este tema não me atrai tanto (Claudia).
A continuidade no emprego da estratégia foi sugerida, pois os integrantes do grupo avaliaram que todas as gestantes e seus acompanhantes deveriam ter a oportunidade de participar de grupos desenvolvidos mediante a adoção desta metodologia.
... se tiver oportunidade de dar continuidade ao projeto eu acho muito interessante, se vocês pudessem fazer uma coisa casada com o curso tradicional... achei que as outras pessoas que fizeram o curso tradicional perderam oportunidades para expressar suas expectativas (Cleide).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A participação no grupo de gestantes, em cujo desenvolvimento foi empregada a estratégia da pesquisa-ação, foi considerada uma experiência positiva pelo conjunto dos membros. O incentivo à continuidade na participação decorreu da abordagem adotada e a identificação mútua entre os participantes do grupo foi bastante valorizada.
O compartilhamento de experiências, que favorece a constatação de que as pessoas vivenciam situações semelhantes, propicia a compreensão mútua e confere ressonância aos depoimentos. Isto ocorre quando há estímulo à interação entre os sujeitos da pesquisa e os pesquisadores, que é promovido pelo emprego da pesquisa-ação. Evidenciou-se a liberdade de expressão que caracterizou as sessões e foi percebida pelos participantes.
Os integrantes do grupo avaliaram que a estratégia proporcionou o atendimento das demandas individuais ao possibilitar a cada um a expressão de suas necessidades. Isto resultou no interesse e no envolvimento em relação aos temas abordados, levando à compreensão mais profunda dos assuntos discutidos e a uma avaliação positiva do processo.
Avalia-se que os conteúdos a serem discutidos em uma sessão em grupo não deveriam ser previamente estabelecidos pelos coordenadores. Percebeu-se que é igualmente importante que a demanda seja colocada de forma espontânea e a partir das necessidades do grupo. Neste sentido, a utilização da estratégia de pesquisa-ação permitiu flexibilidade ao desenvolvimento do grupo, pois houve intermediação da interação e da apreciação dos participantes, fatores que proporcionaram muitos benefícios.
A pesquisa-ação pressupõe a valorização da capacidade de aprendizado dos participantes, que são considerados atores sociais ativos, capazes de produzir conhecimento e participar na tomada de decisões grupais. Os integrantes do grupo valorizaram esta abordagem ao considerarem importante a participação nas decisões relativas ao desenvolvimento do grupo, bem como a possibilidade de expressar sentimentos e opiniões. Na percepção deles, estes fatos conferiram melhor plenitude à vivência da gravidez e estimularam a atitude participativa diante do processo.
Observou-se a ocorrência de efetiva interação grupal à medida que as pessoas sentiam-se tranqüilas e seguras para compartilhar aspectos de sua intimidade, num clima de confiança mútua, acolhimento e desenvolvimento. A construção e manutenção deste ambiente cabe ao coordenador do grupo, que deve envidar esforços no sentido de manter esta condição, de forma espontânea e saber intervir de forma adequada, tendo sempre em mente o referencial teórico que guia sua ação e o posicionamento pessoal diante da situação(7).
O envolvimento dos membros na ação grupal foi constatado na troca freqüente de experiências, quando cada um percebia o benefício proporcionado pelo compartilhamento de vivências individuais. Foi um fato que contribuiu efetivamente para a construção do conhecimento e da experiência grupal, percebidos sobretudo pelos maridos, que tiveram a oportunidade de prestar apoio efetivo às suas esposas. No decorrer deste processo houve uma transformação da realidade individual e coletiva, que promoveu o crescimento dos integrantes do grupo, produto das discussões e reflexões originárias da interação entre eles.
Recomendações do Ministério da Saúde para a assistência humanizada à mulher incluem a criação de grupos de apoio para o atendimento das necessidades reais e originárias das próprias mulheres interessadas, seus parceiros e familiares durante a gravidez(1). Os objetivos principais destes grupos são o oferecimento de suporte para uma vivência plena do período grávido e puerperal e o desenvolvimento do cuidado adequado durante a gravidez, o parto e o puerpério, bem como o preparo para a maternidade e a paternidade.
Para o alcance destas metas, considerou-se fundamental a utilização de metodologia apropriada ao desenvolvimento de grupos de gestantes. Este cuidado facilitou a adequação do processo grupal e o atendimento das demandas próprias das gestantes e de seus familiares. O emprego da estratégia de pesquisa-ação foi considerado adequado para o desenvolvimento deste grupo de gestantes e esta afirmação se fundamenta na avaliação positiva dos participantes. Corroborou-se com a idéia de um estudo, que preconiza o planejamento das dinâmicas grupais como sendo de vital valor para o atendimento das necessidades complexas que emergem em um processo grupal(7). Estas constatações, frutos da investigação entremeada na ação, precisam ser conhecidas e disseminadas ao público em geral e também aos profissionais que desempenham ações de promoção e educação para a saúde, para que possam ser consideradas e implementadas em seus cenários de trabalho, com a devida adaptação contextual.
Deseja-se, por meio deste trabalho, transformar a realidade quando isto for considerado necessário ou aumentar o leque de idéias e possibilidades de ação no âmbito da assistência às gestantes e seus familiares. Neste sentido, a publicação dos resultados obtidos na presente investigação teve a intenção de trazer uma contribuição nesta área, em prol de uma assistência à saúde cada vez mais integral e alinhada às necessidades específicas dos diferentes grupos.
As limitações encontradas no desenvolvimento desta estratégia, como a dificuldade para expressão de idéias e sentimentos, a ausência do acompanhante ou a timidez de alguns participantes, puderam ser amenizadas pelo grande envolvimento dos participantes no decorrer das sessões, pelo estímulo à participação proporcionado pelos coordenadores do grupo e o direcionamento da devida atenção, sobretudo em relação aos participantes que demonstravam dificuldades na expressão de seus anseios e questionamentos.
Considera-se que a participação do parceiro, ou outro acompanhante de escolha da gestante, deve ser incentivado, pois esta integração facilita o envolvimento da própria gestante e de seu marido no processo e isto ajuda a tornar a gravidez um evento mais significativo para o casal e sua família, contribuindo também para a existência de uma memória familiar construtiva e feliz.
A existência de diferenças no nível de escolaridade dos participantes também foi citada como uma limitação por alguns participantes. Neste aspecto, houve a necessidade dos responsáveis pelo grupo agirem prontamente para impedir o afloramento de conflitos conseqüentes às expressões, na maioria não verbais, de descontentamento com a exposição de perguntas consideradas muito básicas. Esta pronta intervenção foi importante e possibilitou a manutenção da harmonia entre os participantes do grupo. Percebeu-se que a diferença na escolaridade não constituiu fator impeditivo do aprendizado grupal, tampouco do estabelecimento e manutenção de um relacionamento positivo e construtivo entre os integrantes do grupo.
Considerados os benefícios e superadas as limitações, avalia-se que o desenvolvimento de grupo de gestantes com o emprego da estratégia da pesquisa-ação é uma atividade relevante, constituindo um recurso importante na promoção da qualidade da assistência à gestante e sua família. Este dado constitui subsídio à implementação definitiva de estratégias de desenvolvimento de grupos de gestantes com caráter participativo de todos os integrantes, tendo em vista que elas contribuem para a satisfação coletiva na realização de um trabalho. Salienta-se que a implementação de novas propostas, em cenários tradicionalmente desenvolvidas segundo certa filosofia de trabalho, requer argumentação baseada em resultados de pesquisa. Foi neste âmbito que este artigo buscou trazer contribuições.
O trilhar dos caminhos inovadores na assistência à saúde é considerado um desafio que merece ser alcançado em prol de uma práxis profissional plena e digna, que constitui direito de todo o cidadão. Isto requer a superação de modelos hegemônicos na atenção à saúde, a superação de fronteiras, uma autocrítica da própria prática cotidiana, competência e envolvimento com o trabalho. Toda caminhada inovadora demanda consciência, comprometimento e vontade de mudar(12). Acredita-se que a existência de dados comprovando a eficiência de um certo tipo de proposta de trabalho, além destas virtudes mencionadas, requer atitude ética do profissional e este, por sua vez, necessita do alicerce insti-tucional, visto que este é fator preponderante para o êxito de qualquer proposta inovadora da assistência à saúde.
Recebido: 10/05/2006
Aprovado: 03/04/2007
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
20 Fev 2008 -
Data do Fascículo
Dez 2007
Histórico
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Aceito
03 Abr 2007 -
Recebido
10 Maio 2006