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Importância das famílias nos cuidados de enfermagem às pessoas com transtornos mentais: atitudes de enfermeiros portugueses e brasileiros

Resumo

Objetivo:

Caracterizar e comparar as atitudes dos enfermeiros que atuam em cuidados de saúde primários sobre a importância de envolver as famílias da pessoa com transtorno mental nos cuidados de enfermagem.

Método:

Estudo transversal, realizado nas cidades de Porto e São Paulo. Dados coletados em 2018 por meio da escala “A Importância das Famílias nos Cuidados de Enfermagem - Atitudes dos Enfermeiros”.

Resultados:

Participaram 250 enfermeiros Portugueses e 250 Brasileiros. A pontuação média total da escala obteve um escore 86,0 em Portugal e 82,1 no Brasil (máximo possível 104). As variáveis que influenciam uma atitude mais favorável em relação ao envolvimento das famílias na assistência de enfermagem no contexto português são as habilitações acadêmicas e idade, enquanto no brasileiro são a formação sobre Enfermagem de Família e a carga semanal de trabalho.

Conclusão:

Em ambos os países os participantes têm uma atitude positiva para com as famílias, o que constitui uma primeira etapa para a integração destas nos cuidados de enfermagem e também possibilita avanços na política de saúde mental.

Descritores:
Transtornos Mentais; Enfermagem Familiar; Enfermagem de Atenção Primária; Enfermagem Psiquiátrica; Cuidadores

Abstract

Objective:

To characterize and compare the attitudes of nurses working in primary healthcare on the importance of involving the families of people with mental disorders in nursing care.

Method:

A cross-sectional study carried out in the cities of Porto (Portugal) and São Paulo (Brazil). Data was collected in 2018 using the “The Importance of Families in Nursing Care - Nurses’ Attitudes” scale.

Results:

There were 250 Portuguese and 250 Brazilian nurses who participated. The total average score on the scale was 86.0 in Portugal and 82.1 in Brazil (with a maximum possible of 104). The variables which influence a more favorable attitude towards the involvement of families in nursing care in the Portuguese context are academic qualifications and age, while in Brazil they are training on Family Nursing and the weekly workload.

Conclusion:

Participants in both countries have a positive attitude towards families, which constitutes a first step towards their integration in nursing care and also enables advances in mental health politics.

Descriptors:
Mental Disorders; Family Nursing; Primary Care Nursing; Psychiatric Nursing; Caregivers

Resumen

Objetivo:

Caracterizar y comparar las actitudes de los enfermeros que actúan en cuidados de salud primarios acerca de la importancia de envolver las familias de la persona con trastorno mental en los cuidados de enfermería.

Método:

Estudio transversal, realizado en las ciudades de Porto y São Paulo. Datos colectados en 2018 por medio de la escala “La Importancia de las Familias en los Cuidados de Enfermería-Actitudes de los Enfermeros”.

Resultados:

Participaron 250 enfermeros portugueses y 250 brasileños. La puntuación media total de la escala presentó un score 86,0 en Portugal y 82,1 en Brasil (máximo posible 104). Las variables que influencian una actitud más favorable en relación con el envolvimiento de las familias en la asistencia de enfermería en un contexto portugués son las habilitaciones académicas y edad, mientras que en lo brasileño son el entrenamiento acerca de la Enfermería de la Familia y la carga semanal del trabajo. Conclusión: En los dos países los participantes tienen una actitud positiva para con las familias, o que constituye una primera etapa para la integración de estas en los cuidados de enfermería y también posibilita avanzos en la política de salud mental.

Descriptores:
Transtornos Mentales; Enfermería Familiar; Enfermería de Atención Primaria; Enfermería Psiquiátrica; Cuidadores

INTRODUÇÃO

As atitudes que os enfermeiros adotam em relação à família condicionam o processo de cuidados de enfermagem(11. Oliveira PCM, Fernandes HIV, Vilar AISP, Figueiredo MHJS, Ferreira MMSRS, Martinho MJCM, et al. Attitudes of nurses towards families: validation of the Scale Families' Importance in Nursing Care-Nurses Attitudes. Rev Esc Enferm USP. 2011; 45(6):1331-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342011000600008
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)
. É sabido que as doenças dos pacientes afetam a saúde das famílias, e o funcionamento e as estratégias de enfrentamento destas exercem forte influência sobre a forma como a pessoa vivencia a doença(22. Mahrer-Imhof R, Bruylands M. Is it beneficial to involve family member? A literature review to psychosocial interventions in family-centered nursing. Pflege. 2014;27(5):285-96. DOI: 10.1024/1012-5302/a000376
https://doi.org/10.1024/1012-5302/a00037...

3. Benzein E, Johansson P, Årestedt KF, Saveman BI. Nurses' Attitudes About the importance of families in nursing care: a survey of Swedish nurses. J Fam Nurs. 2008;14(2):162-80. DOI: 10.1177/1074840708317058
https://doi.org/10.1177/1074840708317058...

4. Blöndal K, Zoëga S, Hafsteinsdottir JE, Olafsdottir OA, Thorvardardottir AB, Sveinsdóttir H, et al. Attitudes of registered and licensed practical nurses about the importance of families in surgical hospital units: findings from the Landspitali University Hospital Family Nursing Implementation Project. J Fam Nurs. 2014;20(3):355-75. DOI: 10.1177/1074840714542875
https://doi.org/10.1177/1074840714542875...
-55. Fernandes CS, Gomes JAP, Martins MM, Gomes BP, Gonçalves LHT. The importance of families in nursing care: nurses' attitudes in the hospital environment. Rev Enf Referência. 2015;(7):21-30. DOI: http:// dx.doi.org/10.12707/RIV15007
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)
, este impacto recíproco, é visível em estudos desenvolvidos nos contextos das práticas de cuidados, assim como nas diferentes transições de saúde-doença vivenciadas no seio da família(66. Borba LO, Paes MR, Guimarães AN, Labronici LM, Maftum MA. The family and the mental disturbance carrier: dynamics and their family relationship. Rev Esc Enferm USP. 2011;45(2):442-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342011000200020
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201100...

7. Chaves RGR, Sousa FGM, Silva ACO, Santos GFL, Fernandes HIVM, Cutri CMS. Importance of the family in the care process: attitudes of nurses in the context of intensive therapy. J Nurs UFPE. 2017;11(12):4989-98. DOI: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v11i12a22285p4989-4998-2017
https://doi.org/10.5205/1981-8963-v11i12...

8. Ferrara G, Ramponi D, Cline TW. Evaluation of physicians' and nurses' knowledge, attitudes, and compliance with family presence during resuscitation in an emergency department setting after an educational intervention. Adv Emerg Nurs J. 2016;38(1):32-42. DOI: 10.1097/TME.0000000000000086
https://doi.org/10.1097/TME.000000000000...

9. Laidsaar-Powell R, Butow P, Bu S, Fisher A, Juraskova I. Oncologists' and oncology nurses' attitudes and practices towards family involvement in cancer consultations. Eur J Cancer Care (Engl). 2017;26(1):e12470. DOI: 10.1111/ecc.12470
https://doi.org/10.1111/ecc.12470...
-1010. Silva MANCGMM, Costa MASM, Silva MMFP. A família em cuidados de saúde primários: caracterização das atitudes dos enfermeiros. Rev Enf Referência. 2013;serIII(11):19-28. DOI: http://dx.doi.org/10.12707/RIII13105
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)
. Em vista disto, os cuidados de enfermagem devem se processar por meio de uma abordagem sistêmica, em que, a totalidade é vista como sendo maior do que suas partes, onde as propriedades ou comportamentos do sistema familiar são melhores compreendidos(1111. Svavarsdottir EK, Sigurdardottir AO, Konradsdottir E, Tryggvadottir GB. The impact of nursing education and job characteristics on nurse's perceptions of their family nursing practice skills. Scand J Caring Sci. 2018;32(4):1297-307. DOI: 10.1111/scs.12573
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)
.

Um indicador para avaliar a qualidade da relação entre profissionais de saúde e membros da família são as atitudes relacionadas ao envolvimento das mesmas nos cuidados(33. Benzein E, Johansson P, Årestedt KF, Saveman BI. Nurses' Attitudes About the importance of families in nursing care: a survey of Swedish nurses. J Fam Nurs. 2008;14(2):162-80. DOI: 10.1177/1074840708317058
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,55. Fernandes CS, Gomes JAP, Martins MM, Gomes BP, Gonçalves LHT. The importance of families in nursing care: nurses' attitudes in the hospital environment. Rev Enf Referência. 2015;(7):21-30. DOI: http:// dx.doi.org/10.12707/RIV15007
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)
. Manter uma atitude favorável é um pré-requisito importante para convidar, envolver e melhorar a interação entre enfermeiros e famílias nos cuidados de enfermagem(33. Benzein E, Johansson P, Årestedt KF, Saveman BI. Nurses' Attitudes About the importance of families in nursing care: a survey of Swedish nurses. J Fam Nurs. 2008;14(2):162-80. DOI: 10.1177/1074840708317058
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)
. Uma interação que concebe as famílias como integrantes da equipe de saúde e as considera como uma unidade de cuidados, subtraindo a perspectiva de patriarcado e paternalismo, possibilita uma relação de dignidade, respeito, parceria, partilha de informações e colaboração(1212. Bell JM. Family nursing is more than family centered care. J Fam Nurs. 2013;19(4):411-7. DOI: 10.1177/1074840713512750
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)
.

Pesquisas desenvolvidas sobre as atitudes dos enfermeiros em relação à família, em diversos países e em diferentes contextos de cuidados, nomeadamente, cuidados primários(11. Oliveira PCM, Fernandes HIV, Vilar AISP, Figueiredo MHJS, Ferreira MMSRS, Martinho MJCM, et al. Attitudes of nurses towards families: validation of the Scale Families' Importance in Nursing Care-Nurses Attitudes. Rev Esc Enferm USP. 2011; 45(6):1331-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342011000600008
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,33. Benzein E, Johansson P, Årestedt KF, Saveman BI. Nurses' Attitudes About the importance of families in nursing care: a survey of Swedish nurses. J Fam Nurs. 2008;14(2):162-80. DOI: 10.1177/1074840708317058
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,1010. Silva MANCGMM, Costa MASM, Silva MMFP. A família em cuidados de saúde primários: caracterização das atitudes dos enfermeiros. Rev Enf Referência. 2013;serIII(11):19-28. DOI: http://dx.doi.org/10.12707/RIII13105
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)
, hospitalares(44. Blöndal K, Zoëga S, Hafsteinsdottir JE, Olafsdottir OA, Thorvardardottir AB, Sveinsdóttir H, et al. Attitudes of registered and licensed practical nurses about the importance of families in surgical hospital units: findings from the Landspitali University Hospital Family Nursing Implementation Project. J Fam Nurs. 2014;20(3):355-75. DOI: 10.1177/1074840714542875
https://doi.org/10.1177/1074840714542875...
-55. Fernandes CS, Gomes JAP, Martins MM, Gomes BP, Gonçalves LHT. The importance of families in nursing care: nurses' attitudes in the hospital environment. Rev Enf Referência. 2015;(7):21-30. DOI: http:// dx.doi.org/10.12707/RIV15007
https://doi.org/10.12707/RIV15007...
)
, pediátricos(1313. Angelo M, Cruz AC, Mekitarian FFP, Santos CCS, Matinho MJCM, Martins MMFPS. Nurses' attitudes regarding the importance of families in pediatric nursing care. Rev Esc Enferm USP. 2014;48(n.spe):74-9. DOI: 10.1590/S0080-623420140000600011
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201400...
-1414. Pascual Fernández MC, Ignacio Cerro MC, Cervantes Estévez L, Jiménez Carrascosa MA, Medina Torres M, García Pozo AM. Cuestionario para evaluar la importancia de la familia en los cuidados de enfermería. Validación de la versión española (FINC-NA). An Sist Sanit Navar. 2015;38(1):31-9. DOI: 10.23938/ASSN.0051
https://doi.org/10.23938/ASSN.0051...
)
, oncológicos(99. Laidsaar-Powell R, Butow P, Bu S, Fisher A, Juraskova I. Oncologists' and oncology nurses' attitudes and practices towards family involvement in cancer consultations. Eur J Cancer Care (Engl). 2017;26(1):e12470. DOI: 10.1111/ecc.12470
https://doi.org/10.1111/ecc.12470...
)
, emergências(88. Ferrara G, Ramponi D, Cline TW. Evaluation of physicians' and nurses' knowledge, attitudes, and compliance with family presence during resuscitation in an emergency department setting after an educational intervention. Adv Emerg Nurs J. 2016;38(1):32-42. DOI: 10.1097/TME.0000000000000086
https://doi.org/10.1097/TME.000000000000...
,1515. Abdar M, Rafiei H, Amiri M, Tajadini M, Tavan A, Rayani F, et al. Iranian nurse attitudes towards the presence of family members during CPR. Br J Card Nurs. 2016;11(9):438-43. DOI:10.12968/bjca.2016.11.9.438
https://doi.org/10.12968/bjca.2016.11.9....
)
, lares(1616. Park M. Nursing staff stress from caregiving and attitudes toward family members of nursing home residents with dementia in Korea. Asian Nurs Res. 2010;4(3):130-41. DOI: 10.1016/S1976-1317(10)60013-8
https://doi.org/10.1016/S1976-1317(10)60...
)
, cuidados intensivos(77. Chaves RGR, Sousa FGM, Silva ACO, Santos GFL, Fernandes HIVM, Cutri CMS. Importance of the family in the care process: attitudes of nurses in the context of intensive therapy. J Nurs UFPE. 2017;11(12):4989-98. DOI: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v11i12a22285p4989-4998-2017
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)
e psiquiatria(1717. Sveinbjarnardottir EK, Svavarsdottir EK, Saveman BI. Nurses attitudes towards the importance of families in psychiatric care following an educational and training intervention program. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2011;18(10):895-903. DOI: 10.1111/j.1365-2850.2011.01744.x
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)
, mostram que, quando os enfermeiros acreditam que os membros da família são importantes no processo de cuidados, a probabilidade de iniciarem interações favoráveis com estas aumenta, e que estas interações são influenciadas por suas atitudes quanto à importância de incluí-las nos cuidados(33. Benzein E, Johansson P, Årestedt KF, Saveman BI. Nurses' Attitudes About the importance of families in nursing care: a survey of Swedish nurses. J Fam Nurs. 2008;14(2):162-80. DOI: 10.1177/1074840708317058
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4. Blöndal K, Zoëga S, Hafsteinsdottir JE, Olafsdottir OA, Thorvardardottir AB, Sveinsdóttir H, et al. Attitudes of registered and licensed practical nurses about the importance of families in surgical hospital units: findings from the Landspitali University Hospital Family Nursing Implementation Project. J Fam Nurs. 2014;20(3):355-75. DOI: 10.1177/1074840714542875
https://doi.org/10.1177/1074840714542875...
-55. Fernandes CS, Gomes JAP, Martins MM, Gomes BP, Gonçalves LHT. The importance of families in nursing care: nurses' attitudes in the hospital environment. Rev Enf Referência. 2015;(7):21-30. DOI: http:// dx.doi.org/10.12707/RIV15007
https://doi.org/10.12707/RIV15007...
)
. No âmbito dessas pesquisas(1,3-5,7,10,13-14,16-20), são diversos os instrumentos utlizados para a compreensão do fenômeno, sendo o mais frequente a escala “Families Importance in Nursing Care - Nurses’ Attitudes” (FINC-NA) desenvolvida na Suécia(33. Benzein E, Johansson P, Årestedt KF, Saveman BI. Nurses' Attitudes About the importance of families in nursing care: a survey of Swedish nurses. J Fam Nurs. 2008;14(2):162-80. DOI: 10.1177/1074840708317058
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)
.

Estudos fundamentam o contexto de cuidado como variável que influencia a incorporação da família nos cuidados. Enfermeiros que trabalham com pessoas com transtornos mentais sabem que as famílias sofrem sentimentos de rejeição e estigmatização(1717. Sveinbjarnardottir EK, Svavarsdottir EK, Saveman BI. Nurses attitudes towards the importance of families in psychiatric care following an educational and training intervention program. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2011;18(10):895-903. DOI: 10.1111/j.1365-2850.2011.01744.x
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)
, mesmo fornecendo quantidades substanciais de cuidados e apoio ao familiar doente(2121. Keogh B, Skärsäter I, Doyle L, Ellilä H, Jormfeldt H, Lahti M, et al. Working with families affected by mental distress: stakeholders' perceptions of mental health nurses educational needs. Issues Ment Health Nurs. 2017;38(10):822-8. DOI: 10.1080/01612840.2017.1341587
https://doi.org/10.1080/01612840.2017.13...
)
. Estudo de revisão sobre conhecimentos, habilidades e atitudes dos enfermeiros de saúde mental que trabalham com famílias, destaca que os membros da família têm um papel valioso no apoio, mas, frequentemente são marginalizados por profissionais de saúde, sendo o déficit educacional e de habilidades citados como maiores motivos(2222. Skärsäter I, Keogh B, Doyle L, Ellilä H, Jormfeldt H, Lahti M, et al. Advancing the knowledge, skills and attitudes of mental health nurses working with families and caregivers: a critical review of the literature. Nurse Educ Pract. 2018;32:138-46. DOI: 10.1016/j.nepr.2018.07.002
https://doi.org/10.1016/j.nepr.2018.07.0...
)
.

No âmbito da atenção à saúde primária, entre os anos de 2005 e 2006, Brasil e Portugal passaram por reformas significativas. A reforma dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal, equivalente à Atenção Primária à Saúde no Brasil, foi uma das mais bem-sucedidas feitas no país(2323. Biscaia AR, Heleno LCV. A Reforma dos cuidados de saúde primários em Portugal: portuguesa, moderna e inovadora. Ciênc Saúde Coletiva. 2017;22(3):701-12. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232017223.33152016
https://doi.org/10.1590/1413-81232017223...
)
. No Brasil, a Política Nacional de Atenção Básica, instituída em 2006 e que recentemente sofreu alterações, destaca as ações de promoção do acesso ao sistema de saúde, que deve acontecer de forma privilegiada, sobretudo através da Estratégia de Saúde da Família(2424. Morosini MVGC, Fonseca AF, Lima LD. Política Nacional de Atenção Básica 2017: retrocessos e riscos para o Sistema Único de Saúde. Saúde Debate. 2018;42(116):11-24. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201811601
https://doi.org/10.1590/0103-11042018116...
)
.

Atualmente, as políticas de Saúde Mental se pautam no cuidado de base comunitária, conduzidas por meio de programas de inclusão social, incentivo à autonomia e cidadania de pessoas com transtornos mentais sob a lógica da reabilitação psicossocial(2525. Nóbrega MPSS, Silva GBF, Sena ACR. Psychosocial rehabilitation in the west network of the municipality of São Paulo: potentialities and challenges. Rev Gaúcha Enferm. 2018;39:e2017-0231. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0231
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2...
)
. Nessa perspectiva, mais ênfase ao envolvimento da família nos cuidados e na provisão de redes informais de apoio aos usuários de serviços de saúde mental devem ser considerados(2626. Barbiani R, Dalla Nora CR, Schaefer R. Nursing practices in the primary health care context: a scoping review. Rev Latino Am Enfermagem. 2016;24:e2721. DOI: 10.1590/1518-8345.0880.2721
https://doi.org/10.1590/1518-8345.0880.2...
)
. Entretanto, a operacionalização do cuidado em Saúde Mental no campo na Atenção Primária à Saúde, especialmente conduzida pelos enfermeiros, implica na transformação da visão que estes têm em relação aos usuários e suas famílias. Cientes da importância da participação das famílias no cuidado à pessoa com transtorno mental, e perante as mudanças em duas importantes políticas públicas nesses dois países, este estudo tem como objetivo caraterizar e comparar as atitudes dos enfermeiros que atuam em cuidados de saúde primários sobre a importância de envolver as famílias da pessoa com transtorno mental nos cuidados de enfermagem.

MÉTODO

Tipo de estudo

Estudo transversal, descritivo, recorte do projeto multicêntrico “Atitudes de profissionais de enfermagem que atuam na Atenção Primária à Saúde frente aos transtornos mentais” (Atitudes APS), conduzido por pesquisadoras do Brasil e Portugal.

População

Participaram 250 enfermeiros que exercem atividades assistenciais em seis Unidades de Saúde Familiar da Administração Regional de Saúde do Norte, cidade do Porto e 250 enfermeiros que atuam em 69 Unidades Básicas de Saúde (tradicional e/ou com Estratégia de Saúde da Família) das seis Coordenadorias Regionais de Saúde do município São Paulo. Enfermeiro, independentemente do tempo de atuação profissional e no serviço, que atua na gestão e/ou assistência.

Coleta de dados

Conduzida simultaneamente nos dois países, entre fevereiro-abril de 2018, por meio de questionário com dados socio demográficos: sexo, idade, estado civil, habilitações acadêmicas, tempo de formação, tempo de atuação no atual serviço, formação sobre Enfermagem da família, carga de trabalho semanal, experiência/frequência que os enfermeiros se deparam com pessoas com transtornos mentais.

Para verificar as atitudes dos enfermeiros portugueses frente à família nos cuidados à pessoa com transtorno mental e de que forma suas atitudes evidenciam esta importância, foi aplicada a versão em Português da FINC-NA(33. Benzein E, Johansson P, Årestedt KF, Saveman BI. Nurses' Attitudes About the importance of families in nursing care: a survey of Swedish nurses. J Fam Nurs. 2008;14(2):162-80. DOI: 10.1177/1074840708317058
https://doi.org/10.1177/1074840708317058...
)
, que após traduzida e validada designa-se como “A Importância das Famílias nos Cuidados de Enfermagem - Atitudes dos Enfermeiros (IFCE-AE)”(11. Oliveira PCM, Fernandes HIV, Vilar AISP, Figueiredo MHJS, Ferreira MMSRS, Martinho MJCM, et al. Attitudes of nurses towards families: validation of the Scale Families' Importance in Nursing Care-Nurses Attitudes. Rev Esc Enferm USP. 2011; 45(6):1331-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342011000600008
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201100...
)
. Para a coleta de dados com enfermeiros brasileiros foi utilizada a versão que passou por equivalência semântica ao português do país(1313. Angelo M, Cruz AC, Mekitarian FFP, Santos CCS, Matinho MJCM, Martins MMFPS. Nurses' attitudes regarding the importance of families in pediatric nursing care. Rev Esc Enferm USP. 2014;48(n.spe):74-9. DOI: 10.1590/S0080-623420140000600011
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201400...
)
. A escolha da IFCE-AE na presente pesquisa deu-se em função de ser um instrumento que fornece um método direto e pragmático de medir e comparar variáveis. É composta por 26 itens, com 4 opções de respostas tipo Likert (discordo totalmente, discordo, concordo, concordo totalmente) e o escore de cada item varia de 1 a 4. Sua amplitude varia de 26 a 104 para todo o instrumento, quanto maior a pontuação, melhor serão as atitudes em relação às famílias.

A IFCE-AE inclui três subescalas: Família como parceiro dialogante e recurso de coping, composta por 12 itens, cujo escore varia de 12 a 48, onde a família é valorizada por suas caraterísticas, potencialidades e pontos fortes, importante fonte de informação, interlocutora, com quem se pode estabelecer um diálogo terapêutico, valorizando seu envolvimento nos cuidados; Família como recurso dos cuidados de enfermagem, composta de 10 itens, cujo escore varia de 10 a 40, coloca a família como detentora de forças e recursos para colaborar na tomada de decisão, parceira, vista também como alvo de cuidados, e Família como um fardo, composta por 04 itens, cujo escore varia de 4 a 16, implica uma atitude negativa para com a família, de considerar indesejável sua inclusão nos cuidados(1313. Angelo M, Cruz AC, Mekitarian FFP, Santos CCS, Matinho MJCM, Martins MMFPS. Nurses' attitudes regarding the importance of families in pediatric nursing care. Rev Esc Enferm USP. 2014;48(n.spe):74-9. DOI: 10.1590/S0080-623420140000600011
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201400...
)
. Para o presente estudo, a consistência interna estimada com o alfa de Cronbach foi de 0,918 para o total da escala, e foi superior à versão original 0,88(33. Benzein E, Johansson P, Årestedt KF, Saveman BI. Nurses' Attitudes About the importance of families in nursing care: a survey of Swedish nurses. J Fam Nurs. 2008;14(2):162-80. DOI: 10.1177/1074840708317058
https://doi.org/10.1177/1074840708317058...
)
, e às versões para Português 0,87(11. Oliveira PCM, Fernandes HIV, Vilar AISP, Figueiredo MHJS, Ferreira MMSRS, Martinho MJCM, et al. Attitudes of nurses towards families: validation of the Scale Families' Importance in Nursing Care-Nurses Attitudes. Rev Esc Enferm USP. 2011; 45(6):1331-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342011000600008
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201100...
)
.

Análise e tratamento dos dados

Os dados foram codificados e inseridos no software Statistical Package for the Social Sciences versão 24. Para a estatística descritiva foi utilizado o cálculo de média e Desvio-Padrão (DP), a identificação da distribuição das duas amostras, o Teste de Mann-Whitney, a significância estatística de p <0,05, e intervalo de confiança de 95%.

Aspectos éticos

Em Portugal o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade Fernando Pessoa (Parecer nº 155-2017). No Brasil, o projeto foi aprovado em 2017, pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (Parecer 2.384.303), em conformidade com a Resolução n. 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde. A solicitação para realizar o estudo foi direcionada para a coordenação de cada serviço, com envio do link da pesquisa por meio do correio eletrônico institucional aos enfermeiros, que constava de um formulário do Googledocs com descrição do objetivo, instrumentos de coleta e termo de consentimento.

RESULTADOS

Observou-se uma predominância de profissionais de sexo feminino em ambos os contextos (Portugal - 82,8%, Brasil - 85,6%), com uma idade média em Portugal de 42,0 anos de idade (Desvio padrão=7,7) e de 36,3 no Brasil (Desvio padrão=7,7). Em ambos os países, a maioria da amostra é casada (Portugal - 71,2%, Brasil - 57,2%). Referentes às características profissionais, uma minoria apresenta níveis acadêmicos superiores (Portugal: 18,0% Mestrado e 1,2% Doutorado, Brasil: 4,0% Mestrado e 0,8% Doutorado), o tempo de atuação e de formação é inferior no Brasil. A carga semanal de trabalho em Portugal é de 35 horas (54,4%), enquanto no Brasil a maioria apresenta 40 horas semanais (62,8%). A formação sobre enfermagem de família é ligeiramente superior em Portugal (Portugal - 75,6%, Brasil - 63,6%). No âmbito da experiência com pessoas com transtornos mentais nos cuidados primários a saúde, em Portugal é referida por 94,8% dos participantes, enquanto no Brasil é mencionada por 63,6%, com uma frequência superior de contatos diários no Brasil (Diariamente: Portugal - 27,2%, Brasil - 63,6%) (Tabela 1).

Tabela 1
Caraterização sócio demográfica da amostra do estudo Atitudes APS - Porto, Portugal/São Paulo, Brasil, 2018.

Atitudes dos enfermeiros para com as famílias

Para obter uma medida g lobal do perfil de cada enfermeiro, utilizaram-se os escores totais da IFCE-AE, apresentando como ponto médio 65. A pontuação média total foi superior ao valor médio em ambos os países, sendo ligeiramente superior no contexto português (Portugal - 86,0, Brasil - 82,1), indicando que os enfermeiros têm na sua maioria uma atitude favorável sobre a importância das famílias nos cuidados de enfermagem. Quanto aos valores médios para cada subescala, na dimensão “Família como parceiro dialogante e recurso ao coping” o ponto médio é ligeiramente superior em Portugal (Portugal - 40,2, Brasil - 38,1), assim como na dimensão “Família como recurso nos cuidados” (Portugal - 33,5, Brasil - 31,9). Na dimensão “Família como fardo”, os valores são praticamente idênticos (Portugal - 12,3, Brasil - 12,1) (Tabela 2).

Tabela 2
Total e Dimensões da IFCE-AE estudo Atitudes APS - Porto, Portugal/São Paulo, Brasil, 2018.

Figura 1
Escala IFCE-AE, estudo Atitudes APS

Apesar dos valores da escala global e suas dimensões apresentarem valores que ultrapassam o ponto médio, observa-se na Tabela 2 e Figura 1 uma distribuição diferente nos dois países, nomeadamente, no que se refere à amplitude da distribuição.

A aplicação da estatística inferencial valida para cada escala e subescalas que as duas amostras apresentam distribuições diferentes (Escala total: p=0,000; Dimensão Parceiro dialogante e recurso ao coping: p=0,00; Dimensão Família como recurso nos cuidados: p=0,00), exceto para a família como fardo (p=0,406).

Na Tabela 3 são apresentadas as análises correlacionais entre as variáveis sociodemográficas e profissionais e os escores da escala total e subescalas. Observa-se que a idade, habilitações acadêmicas, tempo de formação e de modo inverso, a carga semanal de trabalho, influenciam a atitude global dos enfermeiros em contexto português. Nos participantes brasileiros, existe uma correlação com a formação sobre enfermagem de família, frequência com que se depara com pessoas com transtornos mentais, e de modo inverso, com a carga semanal de trabalho. A formação sobre enfermagem de família correlaciona-se com as dimensões “Família como parceiro dialogante e recurso de coping” e “Família como recurso nos cuidados” no contexto brasileiro, enquanto no contexto português estas dimensões são influenciadas pela idade, tempo de formação e habilitações acadêmicas. Na dimensão “Família como fardo”, a idade, e o tempo de formação influenciam as atitudes nos participantes portugueses, enquanto a carga semanal de trabalho influencia ambos os grupos de participantes nesta dimensão.

Tabela 3
Correlação dos dados da escala e subescalas com as variáveis sociodemográficas, estudo Atitudes APS - Porto, Portugal/São Paulo, Brasil, 2018.

DISCUSSÃO

Atitude, como conceito, refere-se a uma avaliação e predisposição para responder perante um objeto social. Atitudes positivas dos enfermeiros sobre as famílias dos pacientes são um pré-requisito importante para convidar e incluir as famílias nos cuidados de enfermagem e influenciam a qualidade da relação(33. Benzein E, Johansson P, Årestedt KF, Saveman BI. Nurses' Attitudes About the importance of families in nursing care: a survey of Swedish nurses. J Fam Nurs. 2008;14(2):162-80. DOI: 10.1177/1074840708317058
https://doi.org/10.1177/1074840708317058...
-44. Blöndal K, Zoëga S, Hafsteinsdottir JE, Olafsdottir OA, Thorvardardottir AB, Sveinsdóttir H, et al. Attitudes of registered and licensed practical nurses about the importance of families in surgical hospital units: findings from the Landspitali University Hospital Family Nursing Implementation Project. J Fam Nurs. 2014;20(3):355-75. DOI: 10.1177/1074840714542875
https://doi.org/10.1177/1074840714542875...
)
. Conforme já referido, as atitudes associadas à importância de incluir as famílias nos cuidados de Enfermagem têm sido amplamente estudadas, embora em menor escala no contexto específico da pessoa com transtorno mental e especificamente em cenários de cuidados primários a saúde.

O incentivo das políticas nacionais e internacionais na implementação de atendimentos e acompanhamentos das pessoas com transtorno mental na comunidade implicará no aumento das necessidades destes pacientes nas unidades de saúde, assim como, uma maior preocupação com suas famílias que vivenciam problemas sociais, culturais, físicos e psicológicos(2323. Biscaia AR, Heleno LCV. A Reforma dos cuidados de saúde primários em Portugal: portuguesa, moderna e inovadora. Ciênc Saúde Coletiva. 2017;22(3):701-12. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232017223.33152016
https://doi.org/10.1590/1413-81232017223...
)
. Além disso, a utilização de redes de apoio informais, preferencialmente a família, é defendida como parte do esforço por mais serviços orientados para a recuperação, reconhecendo-se que as famílias proporcionam uma enorme quantidade de apoio às pessoas que sofrem de problemas mentais, seja emocional, prático ou financeiro(2121. Keogh B, Skärsäter I, Doyle L, Ellilä H, Jormfeldt H, Lahti M, et al. Working with families affected by mental distress: stakeholders' perceptions of mental health nurses educational needs. Issues Ment Health Nurs. 2017;38(10):822-8. DOI: 10.1080/01612840.2017.1341587
https://doi.org/10.1080/01612840.2017.13...
)
. No entanto, para o cuidado focado na família é necessário o desenvolvimento de um bom relacionamento com as famílias e atitudes positivas em relação a elas(2222. Skärsäter I, Keogh B, Doyle L, Ellilä H, Jormfeldt H, Lahti M, et al. Advancing the knowledge, skills and attitudes of mental health nurses working with families and caregivers: a critical review of the literature. Nurse Educ Pract. 2018;32:138-46. DOI: 10.1016/j.nepr.2018.07.002
https://doi.org/10.1016/j.nepr.2018.07.0...
)
.

As atitudes dos enfermeiros são importantes para envolver as famílias nos cuidados e fundamentais para a qualidade das intervenções fornecidas, e quando positivas, encorajam os enfermeiros a envolverem-se mais frequentemente em conversas terapêuticas com as famílias(1717. Sveinbjarnardottir EK, Svavarsdottir EK, Saveman BI. Nurses attitudes towards the importance of families in psychiatric care following an educational and training intervention program. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2011;18(10):895-903. DOI: 10.1111/j.1365-2850.2011.01744.x
https://doi.org/10.1111/j.1365-2850.2011...
)
. Considerando as diretrizes da Organização Mundial de Saúde quanto à integração de saúde mental em cuidados primários e da semelhança no panorama das políticas de saúde mental Brasil-Portugal, a análise das atitudes dos enfermeiros constitui elementos que subsidiam a consolidação da pauta pela desinstitucionalização, comum aos dois cenários, e mostra que, embora as atitudes sejam ligeiramente superiores nos participantes portugueses, e com uma amplitude de variação menor, são positivas em ambos os países.

Tem-se como hipótese que o número elevado de enfermeiros brasileiros que negam experiência de trabalho com pessoas com transtornos mentais acontece em decorrência do menor tempo de atuação profissional, quando comparado à realidade portuguesa. Ademais, na realidade do município de São Paulo a gestão dos serviços primários de saúde tem-se dado em geral, por meio de gestão indireta, ou seja, por meio de Organizações Sociais de Saúde que gerenciam grande parte dos serviços públicos. Em função de sua dinâmica de organização, há maior rotatividade de seus trabalhadores, o que pode conduzir a resultados negativos e prejudiciais aos usuários do serviço, como exemplo, o não estabelecimento de vínculo, fenômeno que no campo da saúde mental compromete o levantamento das reais necessidades de saúde do indivíduo e distanciamento dos profissionais dessa população em especial.

Em um estudo realizado para tentar explorar as atitudes em relação aos membros da família de pessoas com transtornos mentais, especificamente com quadro de demência, em um lar na Coréia, embora com um instrumento distinto, os autores referem que os auxiliares de enfermagem apresentaram atitudes mais negativas em relação aos familiares do que os enfermeiros(1616. Park M. Nursing staff stress from caregiving and attitudes toward family members of nursing home residents with dementia in Korea. Asian Nurs Res. 2010;4(3):130-41. DOI: 10.1016/S1976-1317(10)60013-8
https://doi.org/10.1016/S1976-1317(10)60...
)
. Estudo conduzido na Irlanda com a utilização da escala IFCE-AE, junto a enfermeiros com atuação em internações psiquiátricas, obteve valores totais superiores aos obtidos no presente estudo. Em internações psiquiátricas de adultos o escore médio é de 87,4, de reabilitação o escore médio é de 92,2 e em internações psiquiátricas de crianças e adolescentes o escore médio é de 97,6(1717. Sveinbjarnardottir EK, Svavarsdottir EK, Saveman BI. Nurses attitudes towards the importance of families in psychiatric care following an educational and training intervention program. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2011;18(10):895-903. DOI: 10.1111/j.1365-2850.2011.01744.x
https://doi.org/10.1111/j.1365-2850.2011...
)
.

No que diz respeito à correlação das atitudes perante as famílias e as variáveis sociais e profissionais, os resultados demonstram existir relação entre a formação sobre enfermagem de família e a atitude global, assim como sobre as dimensões “Família com parceiro dialogante e recurso de coping” e “Família como recurso nos cuidados”, mas apenas nos participantes brasileiros. Resultados semelhantes foram obtidos em um estudo realizado com enfermeiros de atenção primária a saúde em Portugal, embora de modo mais evidente na dimensão “Família com parceiro dialogante e recurso de coping(1010. Silva MANCGMM, Costa MASM, Silva MMFP. A família em cuidados de saúde primários: caracterização das atitudes dos enfermeiros. Rev Enf Referência. 2013;serIII(11):19-28. DOI: http://dx.doi.org/10.12707/RIII13105
https://doi.org/10.12707/RIII13105...
)
. Outros estudos corroboram esta influência(11. Oliveira PCM, Fernandes HIV, Vilar AISP, Figueiredo MHJS, Ferreira MMSRS, Martinho MJCM, et al. Attitudes of nurses towards families: validation of the Scale Families' Importance in Nursing Care-Nurses Attitudes. Rev Esc Enferm USP. 2011; 45(6):1331-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342011000600008
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201100...
,1313. Angelo M, Cruz AC, Mekitarian FFP, Santos CCS, Matinho MJCM, Martins MMFPS. Nurses' attitudes regarding the importance of families in pediatric nursing care. Rev Esc Enferm USP. 2014;48(n.spe):74-9. DOI: 10.1590/S0080-623420140000600011
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201400...
)
.

Em contexto português, observou-se a influência das habilitações acadêmicas, no escore global da escala, assim como, sobre as dimensões “Família com parceiro dialogante e recurso de coping” e “Família como recurso nos cuidados”. Estes resultados podem tal como refere o autor, em um estudo desenvolvido em contexto português, estar relacionado com a inclusão de conteúdos sobre a família nos programas de pós-graduação(1010. Silva MANCGMM, Costa MASM, Silva MMFP. A família em cuidados de saúde primários: caracterização das atitudes dos enfermeiros. Rev Enf Referência. 2013;serIII(11):19-28. DOI: http://dx.doi.org/10.12707/RIII13105
https://doi.org/10.12707/RIII13105...
)
.

No entanto, enquanto a importância do cuidado focado na família é reconhecida, e descrita pelos enfermeiros, de acordo com as experiências das famílias, a relação de cuidado não se desenvolveu do mesmo modo(2222. Skärsäter I, Keogh B, Doyle L, Ellilä H, Jormfeldt H, Lahti M, et al. Advancing the knowledge, skills and attitudes of mental health nurses working with families and caregivers: a critical review of the literature. Nurse Educ Pract. 2018;32:138-46. DOI: 10.1016/j.nepr.2018.07.002
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)
, pois, ainda existe uma tensão entre os membros da família e os prestadores de serviços de saúde mental(2121. Keogh B, Skärsäter I, Doyle L, Ellilä H, Jormfeldt H, Lahti M, et al. Working with families affected by mental distress: stakeholders' perceptions of mental health nurses educational needs. Issues Ment Health Nurs. 2017;38(10):822-8. DOI: 10.1080/01612840.2017.1341587
https://doi.org/10.1080/01612840.2017.13...
)
. Uma solução pode estar na educação, que para se desenvolver ainda mais, exige informações mais detalhadas sobre o conhecimento, as habilidades e as atitudes necessárias para trabalhar com foco na família(2222. Skärsäter I, Keogh B, Doyle L, Ellilä H, Jormfeldt H, Lahti M, et al. Advancing the knowledge, skills and attitudes of mental health nurses working with families and caregivers: a critical review of the literature. Nurse Educ Pract. 2018;32:138-46. DOI: 10.1016/j.nepr.2018.07.002
https://doi.org/10.1016/j.nepr.2018.07.0...
)
.

Foi observada que a correlação positiva com a carga horária de trabalho semanal (40 horas), na vivência dos enfermeiros brasileiros leva a atitudes positivas, tanto no cômputo global como nas dimensões da IFCE-AE, inversamente a perspectiva portuguesa, com carga horária de trabalho semanal (35 horas).

Esses achados merecem aprofundamento em estudos posteriores, mas de todo modo, tem-se como hipótese que a carga horária de trabalho semanal dos enfermeiros brasileiros da Atenção Primária à Saúde, estruturada para atender o contexto da Estratégia de Saúde da Família (ESF)(2424. Morosini MVGC, Fonseca AF, Lima LD. Política Nacional de Atenção Básica 2017: retrocessos e riscos para o Sistema Único de Saúde. Saúde Debate. 2018;42(116):11-24. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201811601
https://doi.org/10.1590/0103-11042018116...
)
, com foco na promoção da saúde, coloca os profissionais em maior contato com as famílias de pessoas com transtornos mentais, e a ESF traz exigências de desfechos efetivos quanto às intervenções conduzidas e vinculação dos profissionais a população, levando-os a compreender melhor suas necessidades de cuidado, apesar do déficit na qualificação no âmbito da saúde mental no país(2727. Santos REB, Nóbrega MPSS. Saúde mental na atenção básica. Rev Baiana Enferm. 2017;31(4):e20134. DOI 10.18471/rbe.v31i4.20134
https://doi.org/10.18471/rbe.v31i4.20134...
)
.

Na realidade portuguesa, mesmo que a formação dos enfermeiros tenha acompanhado as mudanças operadas no sistema de saúde, pautadas também na promoção da saúde e na crescente orientação para os cuidados primários, nas Unidades de Saúde Familiar, evidencia-se o baixo recrutamento para a Atenção Primária à Saúde e desvalorização do papel dos enfermeiros nos cuidados mais próximos dos cidadãos, ainda que estes sejam capazes de assumir responsabilidades e tomarem decisões frente a situações mais complexas(2828. Fernandes AM, Mendes AMOC, Leitão MNC, Gomes SDL, Amaral AFS, Bento MCSSC. A contribuição da enfermagem portuguesa para o acesso e cobertura universal em saúde. Rev Latino Am Enfermagem. 2016;24:e2671. DOI: 101590/1518-8345.1068.2671
https://doi.org/101590/1518-8345.1068.26...
)
, aspectos que podem resultar em atitudes negativas destes profissionais em relação a inclusão das famílias nos cuidados.

CONCLUSÃO

O estudo apresenta como limitações o uso de questionário de autopreenchimento, que pode ter levado a uma sobrevalorização de alguns dos achados, alertando para uma possível dicotomia entre os discursos e as práticas, e que, àqueles que responderam ao estudo serem mais sensibilizados com a temática, o que dificulta reconhecer a população total e afeta a possibilidade de generalizar os resultados para todos os enfermeiros.

A atitude dos enfermeiros de cuidados primários em relação à importância de envolver as famílias em seus cuidados é fundamental para a qualidade da intervenção oferecida aos familiares. Possibilitar a aproximação desses profissionais que atuam na atenção primária à saúde com o cuidado de pessoas com transtornos mentais e suas famílias, pode ampliar o modo de trabalhar com essa população, modificar o padrão vigente de exclusão e rejeição ainda enraizado na cultura, sendo possível sensibilizar para um novo modus operandi de cuidado e avançar na política de saúde mental. Ainda existem algumas lacunas sobre por que os cuidados centrados no paciente e na família ainda não foram implementados com sucesso, e por que ainda não é incomum ouvir pacientes e familiares avaliando as relações com prestadores de cuidados de saúde como indiferentes e difíceis.

Neste percurso, foi possível observar que em ambos os países, os participantes têm uma atitude positiva para com as famílias, o que constitui uma primeira etapa para a integração das famílias nos cuidados. Os resultados representam uma primeira etapa, como indicador de avaliação situacional para subsidiar propostas de intervenções. Sugere-se a continuidade de estudos com a temática, para aprofundar como se desenvolve e constrói uma prática de cuidados à família, tendo em conta que o processo de formação em enfermagem de família deve ser diferente nos enfermeiros para aqueles que já têm uma atitude de apoio em relação às famílias.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Ago 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    17 Out 2018
  • Aceito
    07 Out 2019
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