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Ações assistenciais e gerenciais desenvolvidas no Estágio Curricular Supervisionado: impressão dos atores envolvidos* * Extraído da tese: “A disciplina estágio curricular supervisionado na formação do enfermeiro: impressões dos atores envolvidos”, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, 2017.

RESUMO

Objetivo:

Avaliar o Estágio Curricular Supervisionado do Curso de Bacharelado em Enfermagem em duas Instituições de Ensino Superior do estado de São Paulo, à luz das competências específicas descritas nas Diretrizes Curriculares Nacionais, relativas ao preparo para o desenvolvimento de ações de gerenciamento e assistência de enfermagem, a partir das impressões dos docentes, alunos concluintes e egressos.

Método:

Estudo descritivo, que aplicou um questionário para 59 alunos concluintes do Curso de Bacharelado em Enfermagem, 111 egressos e 27 docentes envolvidos no Estágio Curricular Supervisionado nas instituições analisadas.

Resultados:

O olhar dos atores envolvidos acerca do que tange ao desenvolvimento das ações assistenciais e de gerenciamento foi positivo, porém uma parcela dos egressos apontou que o Estágio Curricular Supervisionado não proporciona ao aluno: desenvolver todas as atividades realizadas pela equipe de enfermagem; atuar na assistência integral à saúde; a segurança técnica profissional; e interferir na dinâmica do trabalho.

Conclusão:

Na percepção dos atores envolvidos, o Estágio Curricular Supervisionado é visto como positivo e fundamental na formação do aluno, pois insere o aluno na realidade profissional do enfermeiro, entretanto necessita de adequações estruturais, especialmente na percepção dos egressos.

DESCRITORES:
Educação em Enfermagem; Currículo; Estágio Clínico; Educação Baseada em Competências; Educação Superior

ABSTRACT

Objective:

To assess the Supervised Curricular Internship of the Nursing undergraduate course of two higher education institutions in the state of São Paulo based on specific skills described in the Brazilian National Curriculum Guidelines regarding preparation to the development of nursing care and management actions from the perceptions of professors, undergraduate students, and alumni.

Method:

Descriptive study in which a questionnaire was applied to 59 undergraduate students, 111 alumni, and 27 professors of a Nursing undergraduate course involved in the Supervised Curricular Internship in the analyzed institutions.

Results:

The perceptions of the actors involved in the development of management and care actions were positive, although part of the alumni pointed out that the Supervised Curricular Internship does not allow the students to: develop all the activities performed by the nursing team; work towards comprehensive health care; professional technical confidence; and interfere with the work dynamics.

Conclusion:

In the perception of those involved, the Supervised Curricular Internship is seen as positive and important in the training of students, as it introduces students into the professional reality of nurses. However, this discipline still needs structural changes, particularly in the perception of the alumni.

DESCRIPTORS:
Education, Nursing; Curriculum; Clinical Clerkship; Education; Competency-Based Education; Education, Higher

RESUMEN

Objetivo:

Evaluar la Pasantía Curricular Supervisada de la carrera universitaria de Enfermería en dos centros de enseñanza superior del Estado de São Paulo, a la luz de las competencias específicas descritas en las Directrices Curriculares Nacionales, relativas a la preparación para el desarrollo de acciones de gestión y asistencia de enfermería, a partir de las impresiones de los docentes, los alumnos del último curso y los graduados.

Método:

Estudio descriptivo, que aplicó un cuestionario para 59 alumnos del último curso de la carrera universitaria de Enfermería, 111 graduados y 27 docentes involucrados en la Pasantía Curricular Supervisada en los centros analizados.

Resultados:

La mirada de los actores involucrados en lo concerniente al desarrollo de las acciones asistenciales y de gestión fue positivo, sin embargo una parte de los graduados señaló que la Pasantía Curricular Supervisada no proporciona al alumno: desarrollar todas las actividades realizadas por el equipo de enfermería; actuar en la asistencia integral a la salud; la seguridad técnica profesional; e interferir en la dinámica laboral.

Conclusión:

En la percepción de los actores involucrados, la Pasantía Curricular Supervisada se la ve como positiva y fundamental en la formación del alumno, pues inserta al alumno en la realidad profesional del enfermero, sin embargo, necesita adecuaciones estructurales, especialmente en la percepción de los graduados.

DESCRIPTORES:
Educación en Enfermería; Curriculum; Prácticas Clínicas; Educación Basada en Competencias; Educación Superior

INTRODUÇÃO

Os estágios, sejam eles curriculares ou extracurriculares, têm sido uma das principais oportunidades para os estudantes desenvolverem as suas habilidades e competências embasadas em conhecimentos científicos. Os estágios buscam uma aproximação do aluno com a realidade que ele encontrará depois de formado, assumindo, assim, um papel essencial no processo formativo do graduando.

O estágio compreende o período em que o aluno tem a oportunidade de gerar e construir sua identidade profissional, pois proporciona experiências tanto no âmbito técnico-científico como no preparo do profissional em formação para o exercício de suas funções de forma responsável e ética, exercendo a liderança, a habilidade de comunicação e a tomada de decisões11. Silva RM, Silva ICM, Ravalia RA. Ensino de enfermagem: reflexões sobre o estágio curricular supervisionado. Rev Práxis [Internet]. 2009 [citado 2017 ago 17];1(1):37-41. Disponível em: http://web.unifoa.edu.br/praxis/numeros/01/37.pdf
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Acresce-se a isso a experiência vivida pelo aluno, que também tem potencial para modificar perspectivas, compreensões e valores dos profissionais e das organizações de saúde e de ensino, constituindo-se em uma semente para mudanças22. Lima TC, Paixão FRC, Cândido EC, Campos CJG, Ceolim MF. Estágio curricular supervisionado: análise da experiência discente. Rev Bras Enferm [Internet]. 2014 [citado 2017 ago. 17];67(1):133-40. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672014000100133
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Dessa forma, o estágio pautado na práxis profissional pode contribuir para uma aprendizagem significativa, aprimorando e desenvolvendo habilidades e competências nos alunos, crítica e reflexivamente, embasadas em questões éticas, instrumentais, epistemológicas e humanas33. Marran AL, Lima PG. Estágio curricular supervisionado no ensino superior brasileiro: algumas reflexões. Rev e-Curriculum [Internet]. 2011 [citado 2017 ago. 17];7(2):1-19. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/6785
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. Busca-se, portanto, alcançar o principal propósito do estágio: a construção política e da profissão de forma autônoma pelo aluno44. Werneck MAF, Senna MIB, Drumond MM, Lucas SD. Nem tudo é estágio: contribuições para o debate. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2010 [citado 2017 ago. 17];15(1):221-31. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n1/a27v15n1.pdf
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O Estágio Curricular Supervisionado (ECS) é uma modalidade de ensino relativamente nova nos cursos da saúde e implantada oficialmente na graduação em enfermagem por meio da Resolução n.º 3/2001, que dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)55. Brasil. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Superior. Resolução n. 3, de 07 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem [Internet]. Brasília: MEC; 2001 [citado 2017 ago. 18]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf. É natural que ocorram questionamentos sobre a sua eficácia e efetividade na formação do futuro enfermeiro, entretanto, embora não se possa limitar a formação deste profissional somente a uma disciplina, o ECS é de suma importância por inteirar o aluno da realidade do mercado de trabalho.

Os cenários de aprendizagem do ECS deverão ter a presença obrigatória de um enfermeiro supervisor e contemplar os hospitais gerais e especializados, os ambulatórios e a atenção primária à saúde. Ainda que não se tenha definido a quantidade de horas destinadas a cada cenário, deve-se respeitar, minimamente, os 20% da carga horária total do curso. A carga horária deverá estar prevista no Termo de Compromisso de Estágio (TCE), celebrado entre a Instituição de Ensino Superior (IES) e a instituição pública e/ou privada concedente do estágio, conforme a Lei n.º 11.788/200866. Brasil. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Superior. Parecer n. 213/2008, de 09 de outubro de 2008. Dispõe sobre carga horária mínima e procedimentos relativos à integralização e duração dos cursos de graduação em Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição e Terapia Ocupacional, bacharelados, na modalidade presencial [Internet]. Brasília: MEC; 2008 [citado 2017 ago. 18]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2008/pces213_08.pdf)-(77. Brasil. Ministério da Educação; Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Superior. Resolução nº 4, de 6 de abril de 2009. Dispõe sobre carga horária mínima e procedimentos relativos à integralização e duração dos cursos de graduação em Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição e Terapia Ocupacional, bacharelados, na modalidade presencial [Internet]. Brasília: MEC; 2009 [citado 2017 ago. 18]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rces004_09.pdf.

O ECS busca oportunizar aos estudantes a consolidação dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso, por meio de uma assistência em enfermagem efetive a relação entre teoria e prática. Outrossim, propicia ao graduando a inserção e a atuação no contexto social enquanto indivíduos determinantes de transformações nos ambientes da produção social da saúde, com respostas no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS)88. Colliselli L, Tombini LHT, Leba ME, Reibnitz KS. Estágio curricular supervisionado: diversificando cenários e fortalecendo a interação ensino-serviço. Rev Bras Enferm [Internet]. 2009 [citado 2017 ago. 17];62(6):932-7. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n6/a23v62n6.pdf
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Cabe ressaltar que, apesar da essencialidade do ECS, há uma escassez de publicações científicas que tratem do tema da avaliação dessa disciplina, o que reforça a necessidade de estudos que o investiguem, buscando subsidiar propostas de intervenções mais assertivas no direcionamento das atividades desenvolvidas. Além disso, observa-se a necessidade de que a pesquisa envolva todos os atores participantes do processo de ECS, visto que os diversos olhares podem proporcionar a construção de estratégias mais efetivas na correção de possíveis falhas e o preenchimento de lacunas existentes, sendo os momentos de avaliação oportunos para essa discussão.

Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi avaliar o ECS do Curso de Bacharelado em Enfermagem em duas IES no estado de São Paulo, à luz das competências específicas descritas nas DCN, relativas ao preparo para o desenvolvimento de ações de gerenciamento e assistência de enfermagem, a partir das impressões dos docentes, alunos concluintes e egressos.

MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo, tipo survey99. Hulley SB, Cummings SR, Browner WS, Grady D, Hearst N, Newman TB. Delineando a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2011., que tem por finalidade a avaliação da disciplina ECS frente às competências propostas pelas DCN para os Cursos de Graduação em Enfermagem (CGE).

O estudo contemplou duas IES com o CGE credenciado e ativo junto ao cadastro do Ministério da Educação, ambas localizadas no interior de São Paulo, uma de natureza jurídica privada e sem fins lucrativos, e outra instituição pública de autarquia estadual. As IES dispõem de uma carga horária de estágio/carga horária total de 800 horas/4.000 horas na organização privada e 840 horas/4.140 horas na instituição pública, e em ambas o ECS transcorre tanto na Atenção Básica quanto no ambiente hospitalar.

A população do estudo abrangeu sujeitos das duas IES, composta por: 87 alunos que concluíram no primeiro semestre de 2016 a disciplina do ECS, 280 egressos dos anos 2013, 2014 e 2015 e 48 docentes que atuaram por, no mínimo, um semestre na disciplina. A busca pelos sujeitos se deu junto às IES, e a solicitação do contato dos possíveis participantes ocorreu por meio de ofício.

O instrumento de coleta de dados foi construído pelos pesquisadores, apreciado por juízes (expertises na área da construção e validação de instrumento e/ou docentes responsáveis pelo ECS), com a finalidade de atender aos critérios descritos na literatura: objetividade, simplicidade, clareza, variedade, modalidade, credibilidade e neutralidade99. Hulley SB, Cummings SR, Browner WS, Grady D, Hearst N, Newman TB. Delineando a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2011.)-(1010. Pasquali L. Psychometrics. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2009 [cited 2017 Aug 18];43(n.spe):992-9. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v43nspe/en_a02v43ns.pdf
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Inicialmente, o instrumento continha 75 itens. Depois da apreciação dos cinco juízes, o instrumento resultante possuía um total de 58 itens. O constructo foi dividido em duas partes: a primeira, referente à caracterização dos docentes, dos alunos concluintes e dos alunos egressos em relação às variáveis sociodemográficas, sexo e idade; e a segunda, constituída por 58 afirmações, nas quais os indivíduos julgavam os itens conforme uma escala Likert, cujos valores variavam de 1 a 5, em que o número 1 (um) referia-se à ausência total de concordância e 5 (cinco), à concordância incondicional. Os itens acerca do desenvolvimento das competências assistenciais e gerenciais estão presentes, respectivamente, nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1
Distribuição das respostas dos itens por categoria de respondentes nas IES, referentes às competências específicas - assistenciais - no ECS - Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2016.
Tabela 2
Distribuição das respostas dos itens por categoria de respondentes nas IES, referentes às competências específicas - gerenciais - no ECS - Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2016.

A coleta de dados transcorreu entre os meses de abril e junho de 2016. No caso dos alunos concluintes do ECS, a coleta de dados na IES Privada decorreu em dois períodos de um único dia (manhã e tarde), na ocasião da exposição de projetos de intervenção, ocorrida no final do ECS. Na IES Estadual, a coleta ocorreu no período da manhã de um único dia, durante reunião de avaliação final do ECS. Para a coleta de dados dos egressos e docentes das duas instituições, utilizou-se de ferramentas como e-mails, redes sociais e aplicativos de trocas de mensagens de celular.

A análise dos dados sociodemográficos foi realizada empregando-se frequências absolutas, frequências relativas e a média. Além disso, para a análise estatística do instrumento que analisou o ECS nas perspectivas dos atores envolvidos, optou-se por somar os resultados obtidos nas respostas extremas, ou seja, as frequências relativas apresentadas nas avaliações denominadas: discordo totalmente e discordo, assim como naquelas nomeadas como concordo totalmente e concordo, por entender que seriam impressões muito próximas umas das outras. A análise estatística foi realizada por meio do programa SAS® (Statistical Analysis System), versão 9.3. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, em dezembro de 2015, sob o Protocolo CAAE n.º 49697415.0.0000.5393, e foram cumpridas todas as exigências da Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS

Dos 87 alunos concluintes das IES analisadas no estudo, 59 (67,81%) responderam ao questionário. Destes, 35 alunos eram da IES Estadual (55,55%) e 24 da IES Privada (100%), com idade média de 24 anos e 3 meses. Entre os alunos concluintes das IES, havia quatro (6,77%) do sexo masculino e 55 (93,22%) do sexo feminino. Em relação aos 280 egressos, 85 eram provenientes da IES Privada. Destes, 42 (50,58%) responderam ao questionário e, entre os 195 egressos da IES Estadual, 69 (35,38%) responderam à pesquisa. Dos 111 alunos egressos que efetivamente responderam à pesquisa, nove (8,1%) declararam ser do sexo masculino, 102 (91,89%) do sexo feminino, com idade média de 26 anos e 9 meses.

Dos 48 docentes que atuaram e/ou atuavam na disciplina ECS, 27 (56,25%) responderam à pesquisa. Entre os 42 docentes da IES Estadual, 22 (52,38%) participaram da pesquisa, enquanto entre os seis docentes da IES Privada, cinco (83,33%) integraram o estudo. Entre os 27 profissionais, dois (7,4%) declararam ser do sexo masculino e 25 (92,59%) do sexo feminino. A idade média dos respondentes foi de 48 anos e 9 meses.

Para avaliar se o ECS contemplou as competências específicas relativas à assistência no processo de formação do estudante, foram dispostos os itens: 2) Foi proporcionada ao aluno a oportunidade de desenvolver todas as atividades realizadas pela equipe de enfermagem; 23) O ECS proporcionou clareza sobre a integração dos aspectos teóricos e práticos no fazer profissional; 25) O ECS possibilitou ao aluno o desenvolvimento de habilidades psicomotoras; 33) O ECS não possibilitou ao aluno atuar nos programas de assistência integral à saúde em todo o ciclo evolutivo do ser humano; 52) O ECS não conferiu ao aluno segurança técnica necessária para atuar profissionalmente nos diversos cenários de assistência; e 53) A disciplina ECS conferiu ao aluno autoconfiança para assumir responsabilidades com maior autonomia. Os dados referentes a esses itens estão apresentados na Tabela 1.

Em relação ao item 2, a maioria dos respondentes ligados à IES Estadual concordava ou concordava totalmente, representando 91,43% dos concluintes, 95,46% dos docentes e 71,02% dos egressos. Porém, entre os respondentes ligados à IES Privada, os percentuais foram menores entre os concluintes (62,5%) e entre os egressos (50%). Já entre os docentes da IES Privada, o percentual foi de 100%.

A maioria dos concluintes e egressos concordava ou concordava totalmente com a assertiva do item 23. Entretanto, enquanto 81,82% dos docentes da IES Estadual concordavam com este item, apenas 40% dos docentes da IES Privada tinham esta opinião e 20% discordavam ou discordavam totalmente. Quanto ao item 25, em ambas as IES, a maioria dos respondentes concordava com a afirmativa proposta. Em contrapartida, na análise do item 33, a maioria discordava do enunciado nas duas IES.

No que se refere à negativa proposta no item 52, entre os respondentes ligados à IES Estadual, destaca-se que 94,29% dos concluintes, 68,18% dos docentes e 55,07% dos egressos discordavam ou discordavam totalmente do item. Entretanto, entre esses últimos, 26,08% concordavam ou concordavam totalmente com o enunciado pelo item. Fato semelhante ocorreu em relação à IES Privada, já que 66,67% dos concluintes, 60% dos docentes e 47,62% dos egressos corroboraram a posição de seus pares da outra IES. Contudo, 35,71% dos egressos tinham opinião contrária aos seus pares na própria IES. A maioria dos respondentes de ambas as IES concordava ou concordava totalmente com o item 53. No entanto, parte significativa dos egressos da IES Privada (19,05%) discordava do item.

Para avaliar as ações de gerenciamento desenvolvidas no ECS e sua contribuição para a formação do aluno, considerando as competências específicas do enfermeiro sugeridas pelas DCN dos CGE, foram estabelecidos no instrumento os itens 40 ao 47, descritos na Tabela 2.

Os itens 40 e 41 eram relativos ao gerenciamento do cuidado e referiam, respectivamente, que o ECS não capacitou o aluno para diagnosticar problemas de saúde e que o ECS capacitou o aluno para elaborar estratégias de intervenção na assistência de enfermagem. Conforme a Tabela 2, a visão dos respondentes acerca desses itens, no geral, foi positiva, sendo que o proposto no item 40 foi rechaçado pela maioria dos participantes nas duas IES, e o apresentado no item 41, usualmente, foi aceito.

Por meio do item 42, os respondentes avaliaram se o ECS não proporcionou ao aluno o preparo adequado para a tomada de decisões em situações adversas e não rotineiras. A análise mostrou percentuais de discordância ou discordância total entre 85,72% dos concluintes, 72,73% dos docentes e 75,36% dos egressos da IES Estadual. Os concluintes da IES Privada proveram um percentual próximo aos da IES Estadual (79,17%). Ressalta-se, todavia, que 60% dos docentes e 33,33% dos egressos não concordavam e nem discordavam do item.

O item 43 avaliou se, no desenvolvimento do ECS, não foi possível ao aluno interferir na dinâmica do trabalho institucional. Os resultados demonstraram que, entre os egressos de ambas as IES, a avaliação ficou dividida, visto que 37,68% daqueles da IES Estadual e 42,86% da IES Privada estavam de acordo com o item. Além disso, 39,13% dos egressos da IES Estadual não concordavam e nem discordavam. Em relação às outras categorias de respondentes, encontrou-se que 71,43% dos concluintes e 54,54% dos docentes da IES Estadual refutavam o item 43, enquanto entre aqueles da IES Privada os percentuais foram de 58,33% para os concluintes e 100% para os docentes que discordavam ou discordavam totalmente do item.

O item 44, que afirmava que o ECS não estimulou o aluno a analisar criticamente o desempenho dos enfermeiros supervisores, foi refutado pela maioria dos respondentes das IES. Já o item 45, o qual tratava da capacitação do aluno durante o ECS para ponderar sobre o trabalho da equipe e sugerir melhorias, foi positivamente avaliado por grande parte dos entrevistados.

No que diz respeito à existência da possibilidade de desenvolver ações de gerenciamento do trabalho de enfermagem, presente no item 46, houve uma elevada concordância com o enunciado. Contrariamente, no item 47, a assertiva de que o ECS não capacitava o aluno para assumir o comando da equipe de trabalho foi refutada por 80% dos concluintes, 81,82% dos docentes e 57,97% dos egressos da IES Estadual, enquanto entre aqueles da IES Privada, as percentagens foram de 58,33% dos concluintes, 60% dos docentes e 47,62% (menos da metade) dos egressos.

DISCUSSÃO

Diante dos resultados apresentados na Tabela 1, percebe-se que há uma visão positiva em relação à oportunidade de desenvolvimento de ações de assistenciais durante o ECS entre os respondentes de ambas as IES.

Entretanto, ao observar alguns aspectos específicos, como a clareza da integração de aspectos teóricos e práticos (item 23), o percentual de docentes da IES Privada que concordava com o tema foi muito inferior ao das outras categorias. Esse fato chama atenção, visto que os docentes que atuavam no ECS desta IES também ministravam aulas nas disciplinas que servem de base teórica para o estágio, portanto, teriam mais possibilidades de promover tal integração. Essa desagregação entre teoria e prática no ECS pode ser justificada por, talvez, haver uma desconexão entre os diversos campos de estágios, ou pelo distanciamento entre a instituição de ensino e o ambiente de prática, ou pela desarticulação entre supervisor e preceptor do estágio1111. Almeida ÉB, Lüdke M. O estágio como espaço de reflexão entre a teoria e a prática. Rev Intersaberes [Internet]. 2012 [citado 2017 ago. 18];7(14):429-33. Disponível em: https://www.uninter.com/intersaberes/index.php/revista/article/viewFile/334/205
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Acresce-se, ainda, que os dados encontrados apontam a necessidade de refletir sobre a readequação do modo como são conduzidas as atividades durante o ECS, pois, conforme preconizam as DCN do CGE, o estágio compreende a disciplina na qual se estabelece o desenvolvimento das competências específicas na formação do profissional enfermeiro. Portanto, o ECS é de extrema importância para que o aluno tenha a oportunidade de se autodescobrir como profissional, promover a convivência com outros colegas de profissão, fortalecer compromissos e responsabilidades, além de aprender e colocar em prática competências como a liderança, a comunicação e o trabalho em equipe55. Brasil. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Superior. Resolução n. 3, de 07 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem [Internet]. Brasília: MEC; 2001 [citado 2017 ago. 18]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf),(1212. Evangelista DL, Ivo OP. Contribuições do estágio supervisionado para a formação do profissional de enfermagem: expectativas e desafios. Rev Enferm Contemp [Internet]. 2014 [citado 2017 ago. 18];3(2):123-30. Disponível em: https://www5.bahiana.edu.br/index.php/enfermagem/article/view/391/340
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A participação dos egressos no processo avaliação do ECS é imprescindível, visto que muitos desses sujeitos já atuam no mercado de trabalho ou estão procurando a sua inserção, logo, possuem uma visão mais realista do que se exige no ambiente laboral. Em relação à avaliação da segurança técnica para atuar nos diversos cenários de assistência (item 52), os egressos sinalizaram a necessidade de mudanças no desenvolvimento do ECS. Tal percepção pode ocorrer em detrimento de uma visão mais acurada sobre o que é exigido tecnicamente por parte dos empregadores. Ratifica-se a indispensabilidade de manter um elo de comunicação entre universidade e egressos, com o escopo de subsidiar estratégias para que as IES possam adequar o ECS e, dessa maneira, proporcionar uma formação profissional sólida.

Nesse aspecto, cabe destacar pesquisa referente à percepção de egressos sobre o ECS, a qual revelou que há necessidade de reformulações do ensino em enfermagem no campo de estágio, no sentido de replicar os pontos positivos (acertos), evitar os pontos negativos (erros) e contemplar as novas exigências do mercado1313. Higarashi IH, Nale N. O estágio supervisionado de enfermagem em hospitais como espaço de ensino-aprendizagem: uma avaliação. Ciênc Cuid Saúde [Internet]. 2006 [citado 2017 ago. 19];5 Supl:65-70. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/5156/3341
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Parte significativa dos egressos de ambas as IES, como também de docentes da IES Privada discordaram da opinião da maioria dos respondentes em relação à conferência de autoconfiança para assumir responsabilidades com autonomia (item 53), contrapondo pesquisa desenvolvida no sudoeste da Bahia, na qual a maioria dos alunos do último ano do CGE descreveu que o estágio supervisionado proporciona a possibilidade de praticar a autonomia e, consequentemente, aperfeiçoar seu crescimento profissional1212. Evangelista DL, Ivo OP. Contribuições do estágio supervisionado para a formação do profissional de enfermagem: expectativas e desafios. Rev Enferm Contemp [Internet]. 2014 [citado 2017 ago. 18];3(2):123-30. Disponível em: https://www5.bahiana.edu.br/index.php/enfermagem/article/view/391/340
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. Nota-se que, para conseguir essa autonomia, é preciso que sejam propiciadas ferramentas para que o aluno possa desenvolver conhecimentos técnicos e científicos, além de proporcionar acesso a todas as atividades realizadas pelo profissional enfermeiro. Dentre essas ferramentas, destacam-se as metodologias ativas de aprendizagem disponibilizadas em Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), a simulação realística em laboratórios, e os softwares que permitam ao estudante vivenciar situações semelhantes às que serão encontradas no cenário real do ECS.

Tanto o AVA como as simulações realísticas em enfermagem são ferramentas capazes de aperfeiçoar o processo ensino-aprendizagem e o diálogo entre alunos e docentes, proporcionando, desta forma, maior capacidade de autonomia e desenvolvimento de novas habilidades. Por meio dessas duas ferramentas, possibilita-se: diminuir as lacunas existentes no processo de aprendizagem; conquistar a autonomia dos alunos; transferir conhecimentos e estimular cognitivamente seus usuários; favorecer uma postura proativa dos discentes; e estimular as práticas atinentes à segurança do paciente. Salienta-se que essas estratégias não objetivam suprimir o contato entre professores e estudantes, mas, sim, colaborar no processo de aprendizagem1414. Fabri RP, Mazzo A, Martins JCA, Fonseca AS, Pedersoli CE, Miranda FBG, et al. Development of a theoretical-practical script for clinical simulation. Rev Esc Enferm USP. 2017;51:e03218. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s1980-220x2016265103218
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)-(1717. Costa RRO, Medeiros SM, Martins JCA, Menezes RMP, Araújo MS. O uso da simulação no contexto da educação e formação em saúde e enfermagem: uma reflexão acadêmica. Rev Espaço Saúde [Internet]. 2015 [citado 2017 ago. 18];16(1):59. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/espacoparasaude/article/view/20263
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Vale destacar que o ECS auxilia na construção do aprendizado das dimensões assistencial e gerencial, bem como na relação entre elas. A gerência do cuidado de enfermagem caracteriza-se pela inter-relação entre os aspectos gerenciais e assistenciais nos cenários de atuação do enfermeiro, objetivando a execução de melhores práticas do cuidar nos serviços de saúde1818. Santos JLG, Pestana AL, Guerrero P, Meirelles BSH, Erdmann AL. Práticas de enfermeiros na gerência do cuidado em enfermagem e saúde: revisão integrativa. Rev Bras Enferm [Internet]. 2013 [citado 2017 ago. 18];66(2):257-63. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672013000200016
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. Com base no exposto, julga-se se pertinente analisar os aspectos gerenciais a serem desenvolvidos na disciplina do ECS, dados presentes na Tabela 2.

Inúmeras são as barreiras encontradas no cotidiano do enfermeiro enquanto gerencia sua equipe, a unidade e as atividades de cuidado. Tais entraves transcorrem desde a formação profissional, a qual está fundamentada na administração de abordagem tradicional, chegando até ao mercado de trabalho e, por conseguinte, à aplicabilidade prática, momento em que o enfermeiro se defronta com uma formalidade estrutural, evidenciada por relações de poder verticalizadas, a execução de normas e uma lista de tarefas a desenvolver1919. Jorge MSB, Freitas CHA, Nóbrega MFB, Queiroz MVO. Gerenciamento em enfermagem: um olhar crítico sobre o conhecimento produzido em periódicos brasileiros (2000-2004). Rev Bras Enferm [Internet]. 2007 [citado 2017 ago.18];60(1):81-6. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672007000100015&script=sci_abstract&tlng=eses
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Destaca-se que a maioria dos respondentes de ambas as IES demonstrou uma visão profícua sobre o desenvolvimento de ações de gerenciamento durante a realização do ECS, certificando que a disciplina estava em consonância com as DCN, a qual menciona que o graduando deve ser apto a diagnosticar e resolver problemas de saúde, ter habilidades de comunicação, tomar decisões, interceder no processo de trabalho, trabalhar em equipe e confrontar situações de permanente mudança55. Brasil. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Superior. Resolução n. 3, de 07 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem [Internet]. Brasília: MEC; 2001 [citado 2017 ago. 18]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf.

No entanto, parcela significativa dos respondentes das categorias de docentes e egressos divergiu em relação aos seguintes aspectos: falta de preparo do aluno para tomar decisões frente a situações adversas e não rotineiras (item 42), impossibilidade de o aluno interferir na dinâmica do trabalho institucional (item 43) e deficiência na capacitação do aluno para assumir o comando da equipe (item 47). Essa evidência pode apontar a presença de problemas na relação entre as IES e os serviços de saúde no ECS, gerando obstáculos e limitando o desenvolvimento de atividades pelo aluno, sejam elas de assistência direta e/ou gerencial. Acredita-se que, para superar esses obstáculos, faz-se necessária maior aproximação entre as IES e os serviços de saúde (públicos e privados), contribuindo para esclarecimentos sobre os campos de estágio e destacando a importância da socialização mútua de conhecimentos e intervenções interinstitucionais33. Marran AL, Lima PG. Estágio curricular supervisionado no ensino superior brasileiro: algumas reflexões. Rev e-Curriculum [Internet]. 2011 [citado 2017 ago. 17];7(2):1-19. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/6785
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A participação efetiva dos profissionais enfermeiros atuantes nos locais onde é desenvolvido o ECS é essencial, desde a elaboração de sua programação até a supervisão do aluno. Todavia, nem sempre isso acontece, e o serviço de saúde, na maioria das vezes, limita-se a conceder o espaço e a definir a quantidade de vagas ofertadas. Ainda, responsabiliza-se as IES por não definir sua contrapartida para a instituição de saúde, assim como por não oferecer suporte adequado para o acompanhamento dos estudantes88. Colliselli L, Tombini LHT, Leba ME, Reibnitz KS. Estágio curricular supervisionado: diversificando cenários e fortalecendo a interação ensino-serviço. Rev Bras Enferm [Internet]. 2009 [citado 2017 ago. 17];62(6):932-7. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n6/a23v62n6.pdf
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As dificuldades encontradas pelas IES para implementação das DCN para o CGE têm sido levantadas em alguns estudos que destacam as contradições entre a formação teórico-prática e o exercício profissional, cujas estratégias para superá-las devem ser mais exploradas pelos docentes2020. Fernandes JD, Rebouças LC. Uma década de Diretrizes Curriculares Nacionais para a graduação em enfermagem: avanços e desafios. Rev Bras Enferm [Internet]. 2013 [citado 2017 ago. 18];66(n.esp):95-101. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v66nspe/v66nspea13.pdf
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, que devem se sentir desafiados a buscar novas abordagens pedagógicas para a condução do processo de ensinar e proporcionar uma formação sólida por competências2121. Meira MDD, Kurcgant P. Educação em enfermagem: avaliação da formação por egressos, empregadores e docentes. Rev Bras Enferm [Internet]. 2016 [citado 2017 ago. 18];69(1):16-22. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n1/0034-7167-reben-69-01-0016.pdf
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. Tais estratégias devem dar subsídios para que o graduando possa se articular com o sistema, os serviços e a assistência à saúde, na perspectiva da integralidade e da integração ensino e serviço, atendendo às necessidades da população1818. Santos JLG, Pestana AL, Guerrero P, Meirelles BSH, Erdmann AL. Práticas de enfermeiros na gerência do cuidado em enfermagem e saúde: revisão integrativa. Rev Bras Enferm [Internet]. 2013 [citado 2017 ago. 18];66(2):257-63. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672013000200016
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Entre essas estratégias preconizam-se as metodologias ativas e inovadoras de ensino, que devem ser exploradas pelos docentes dos cursos de graduação em enfermagem para promover uma real aproximação entre a formação acadêmica e a práxis profissional, além da necessidade de pensar na diversificação dos cenários de prática, com ênfase no SUS, constituindo-se em constante desafio de articulação do processo de construção do conhecimento2222. Corbellini VL, Santos BRL, Ojeda BS, Gerhart LM, Eidt OR, Stein SC, et al. Nexos e desafios na formação profissional do enfermeiro. Rev Bras Enferm. 2010;63(4):555-60. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672010000400009
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Alguns autores complementam que o processo de aprendizagem, em particular o de gerência em enfermagem, somente alcançará seu potencial transformador por meio de um novo enfoque, de novas práticas técnico-pedagógicas e de alterações nas estratégias do processo de formação, buscando uma prática educacional emancipadora, que favoreça a reflexão do dia a dia, o questionamento e a transformação social. Algo que pode ser conseguido mediante metodologias ativas, como a problematização1515. Prado C, Freitas GF, Pereira IM, Mirai VL, Leite MMJ. Avaliação no estágio curricular de administração em enfermagem: perspectiva dialética. Rev Bras Enferm [Internet]. 2010 [citado 2017 ago. 18];63(3):487-90. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672010000300023
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,2323. Caveião C, Zagonel IPS, Coelho ICM, Peres AM, Montezeli JH. Percepção de docentes sobre o processo de aprendizado em administração de enfermagem. Cogitare Enferm [Internet]. 2015 [citado 2017 ago. 18];20(1):103-11. Disponível em: http://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/40628
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. Ademais, na busca do alinhamento da formação do enfermeiro com as propostas expressas nas DCN, outras estratégias são passíveis de implementação, desde que ofereçam à sociedade um profissional crítico, reflexivo, humanitário, aberto à constante atualização e cientificamente embasado para assumir o seu papel de protagonista no gerenciamento do cuidado de enfermagem, além da liderança.

CONCLUSÃO

A partir das impressões dos docentes, alunos concluintes e egressos, conclui-se que o Estágio Curricular Supervisionado, no que tange ao preparo para o desenvolvimento de ações de gerenciamento e assistência de enfermagem, foi considerado positivo. No entanto, uma parcela dos egressos apontou que o Estágio Curricular Supervisionado: não proporciona ao aluno a oportunidade de desenvolver todas as atividades realizadas pela equipe de enfermagem; não possibilita ao aluno atuar nos programas de assistência integral à saúde; não propicia a segurança técnica necessária para a atuação profissional; e não consegue interferir na dinâmica do trabalho institucional.

Evidenciou-se que, ao longo do Estágio Curricular Supervisionado, os estudantes desenvolveram as competências gerenciais, sendo capacitados para diagnosticar problemas de saúde e elaborar estratégias de intervenção para resolvê-los adequadamente, respeitando os princípios éticos e legais. Também foi considerado fundamental na formação do aluno, pois retrata a realidade profissional do enfermeiro, inserindo-o em cenários de aprendizagem adequados ao seu desenvolvimento e ao mercado de trabalho. Entretanto, adequações estruturais fazem-se necessárias, sendo corroboradas especialmente pela percepção dos egressos.

O artigo traz considerações importantes para a prática da Educação em Enfermagem, por apresentar tanto aspectos positivos, que devem ser mantidos, como negativos, que devem ser aprimorados a partir do olhar dos atores envolvidos nessa disciplina. Todavia, considerando que o presente estudo apresentou como limitação o enfoque de somente duas organizações de ensino superior do interior paulista, é imprescindível desenvolver novos trabalhos em organizações de ensino superior de características diferentes das pesquisadas, como as IES públicas de autarquias federais e municipalizadas, bem como desenvolver trabalhos em outras regiões do país.

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    Extraído da tese: “A disciplina estágio curricular supervisionado na formação do enfermeiro: impressões dos atores envolvidos”, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, 2017.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Nov 2018
  • Data do Fascículo
    2018

Histórico

  • Recebido
    31 Ago 2017
  • Aceito
    19 Abr 2018
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