Resumos
Objetivo: Construir um modelo teórico que configure a vivência do apoio da rede social pelas pessoas envolvidas no cuidado domiciliário. Método: Pesquisa de abordagem qualitativa, com a utilização do método Teoria Fundamentada nos Dados. A coleta e análise concomitante dos dados viabilizou a interpretação do significado do fenômeno A vivência do apoio da rede social pelas pessoas envolvidas no cuidado domiciliário. Resultados: Destacou-se a postura passiva da população na construção de seu bem-estar. Reconhece-se que deve existir uma responsabilização compartilhada entre as partes envolvidas, população e Estado. Conclusão: Sugere-se que os enfermeiros sejam estimulados a ampliar o cuidado que realizam no domicílio para atender demandas dos cuidadores; e que novos estudos sejam elaborados com populações diferentes, a fim de validar ou complementar o modelo teórico proposto.
Pessoal de saúde ; Riscos ocupacionais ; Exposição a agentes biológicos ; Saúde do trabalhador ; Enfermagem
Objective: To describe the barriers and facilitator factors to follow the attention flow of professionals injured by biological material in the worker perspective. Method: Qualitative descriptive study with data collected through individual interviews with 18 injured workers, assisted in reference public units in the city of Goiânia. The content analysis was carried out with assistance of the ATLAS.ti 6.2 software, under the work organization and subjective perspectives. Results: From the interviews regarding the barriers and facilitator factors emerged the categories: organizational structure, Support from close people, and Knowledge influence. Conclusion: The organized services have enabled more qualified consultations and the workers follow-up, which caused a satisfaction feeling in relation to the working environment.
Health personnel ; Occupational risks ; Exposure to biological agents ; Occupational health ; Nursing
Objetivo: Describir los factores que facilitan y dificultan el cumplimiento del flujo de atención del profesional accidentado con material biológico, desde la perspectiva de los trabajadores. Método: Estudio cualitativo, descriptivo, cuyos datos fueron recolectados por medio de entrevistas individuales a 18 profesionales accidentados, atendidos en las unidades públicas de referencia del municipio de Goiânia. El análisis de contenido fue realizado con ayuda del software ATLAS.ti 6.2, bajo la perspectiva de la organización del trabajo y la subjetividad. Resultados: De los testimonios referidos a factores que facilitan y dificultan, emergieron las categorías: Estructura organizacional, Apoyo de personas cercanas e Influencia del conocimiento. Conclusión: Los servicios organizados realizaron de manera más calificada las consultas y los seguimiento de los profesionales, lo que provocó en los trabajadores un sentimiento de satisfacción en relación al ambiente laboral.
Personal de salud ; Riesgos laborales ; Exposición a agentes biológicos ; Salud laboral ; Enfermería
Introdução
No exercício de suas atividades laborais, os profissionais envolvidos na área da
saúde são comumente expostos a acidentes com material biológico (MB) e às
consequências advindas dessa exposição(101 1.Center for Disease Control and Prevention. Workbook for designing,
implementing, and evaluating a Sharps Injury Prevention Program [Internet].
Atlanta: CDC; 2008 [cited 2013 Sept 15]. Available from:
http://www.cdc.gov/sharpssafety/pdf/sharpsworkbook_2008.pdf
http://www.cdc.gov/sharpssafety/pdf/shar...
02 2.Garcia LP, Blank VLG. Condutas pós-exposição ocupacional a
material biológico na odontologia. Rev Saúde Pública.
2008;42(2):279-86
03 3.Spagnuolo RS, Baldo RCS, Guerrini IA. Análise epidemiológica dos
acidentes com material biológico registrados no Centro de Referência em Saúde do
Trabalhador – Londrina-PR. Rev Bras Epidemiol.
2008;11(2):315-23
04 4.Brasil. Ministério da Saúde; Departamento de DST, AIDS e Hepatites
Virais. Recomendações para terapia antirretroviral em adultos infectados pelo
HIV- 2008. Suplemento III: tratamento e prevenção. Brasília;
2010-505 5.Ribeiro LCM, Souza ACS, Neves HCC, Munari DB, Medeiros M, Tipple
AFV. Influência da exposição a material biológico na adesão ao uso de
equipamentos de proteção individual. Ciênc Cuidado Saúde.
2010;9(2):325-32). Este fato nos
remete à importância da discussão sobre o atendimento e o acompanhamento desse
agravo no contexto da assistência à saúde.
Os estabelecimentos de saúde devem adotar medidas de prevenção e controle para
atender o acidentado; dentre elas, destacam-se a elaboração de protocolo de
atendimento a acidente com material biológico contendo orientações quanto aos
cuidados locais imediatos na área do corpo atingida, fluxograma de atendimento
médico, recomendações de quimio e imunoprofilaxia pós-exposição, solicitação de
sorologias do acidentado e paciente-fonte quando possível, acompanhamento
sorológico do acidentado pós-exposição e agendamento do retorno para o
acompanhamento(101 1.Center for Disease Control and Prevention. Workbook for designing,
implementing, and evaluating a Sharps Injury Prevention Program [Internet].
Atlanta: CDC; 2008 [cited 2013 Sept 15]. Available from:
http://www.cdc.gov/sharpssafety/pdf/sharpsworkbook_2008.pdf
http://www.cdc.gov/sharpssafety/pdf/shar...
,404 4.Brasil. Ministério da Saúde; Departamento de DST, AIDS e Hepatites
Virais. Recomendações para terapia antirretroviral em adultos infectados pelo
HIV- 2008. Suplemento III: tratamento e prevenção. Brasília;
2010,606 6.Miranda FMD, Stein Junior AV, Petreli S, Pires MR, Soares LG,
Ribeiral BN, et al. A contribution to occupational health: a guide on the
exposure to biological fluids. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2011 [cited 2013
Sept 15];45(4):1018-22. Available from: Available
from:http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n4/en_v45n4a33.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n4/en...
).
Entretanto, observa-se, na prática, dificuldade no cumprimento dessas
recomendações e também na realização efetiva do atendimento e acompanhamento por
diversos motivos, tais como atribuição de pouco risco ao acidente, atendimento
demorado, esquecimento, falta de tempo para realizar as consultas, presença de
efeitos adversos da terapia antirretroviral, entre outros(202 2.Garcia LP, Blank VLG. Condutas pós-exposição ocupacional a
material biológico na odontologia. Rev Saúde Pública.
2008;42(2):279-86,707 7.Ko NY, Yeh SH, Tsay SL, Pan SM, Feng MC, Chiang MC, et al.
Adherence to management after occupational exposure to bloodborne pathogen among
health care workers in Taiwan. Am J Infect Control.
2009;37(7):609-11-808 8.Pimenta RP, Ferreira MD, Gir E, Hayashida M, Canini SRMS. Care and
specialized clinical follow-up of nursing professionals who have been victims of
accidents with biological material. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2013 [cited
2013 sept 15];47(1):198-204. Available from:
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v47n1/en_a25v47n1.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v47n1/en...
). Outra
dificuldade consiste no atendimento aos protocolos que normatizam as
recomendações frente aos acidentes, uma vez que estes são recomendados pelo
Ministério da Saúde como norma geral. Como tal, nem sempre abrange a
complexidade da realidade em que ocorrem os acidentes, ou as particularidades
subjetivas do sujeito envolvido, tampouco a cultura organizacional das
instituições.
Para compreender as interfaces do atendimento ao profissional acidentado com
material biológico buscou-se compreender a lógica da organização do trabalho em
saúde e a dinâmica do trabalho dos profissionais inseridos nesse contexto,
analisando a subjetividade existente(909 9.Dejours C. Loucura do trabalho. São Paulo: Oboré;
1987
10.Dejours C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro:
FGV; 2001-1111.Dejours C. Subjetividade, trabalho e ação. Rev Produção.
2004;14(3):27-34).
Nessa perspectiva, a organização do trabalho recebe influência do sistema
político que, no caso em questão, trata-se do capitalismo, o qual exige lucro e
produtividade do trabalhador, que é cobrado a atender às necessidades
organizacionais. A pressão vivenciada por essa produtividade intefere na
subjetividade do trabalhador, fragilizando-o e contribuindo para o agravamento
das injúrias laborais(909 9.Dejours C. Loucura do trabalho. São Paulo: Oboré;
1987
10.Dejours C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro:
FGV; 2001-1111.Dejours C. Subjetividade, trabalho e ação. Rev Produção.
2004;14(3):27-34). Assim, as instituições, em
virtude de sua própria organização, submetem seus trabalhadores a tensões
indevidas nos espaços laborais, transformando o trabalho em um ato arriscado e
pernicioso(1212.Thofehrn MB, Amestoy SC, Porto AR, Arrieira ICO, Dal Pai D. A
dimensão da subjetividade no processo de trabalho da enfermagem. Rev Enferm
Saúde [Internet]. 2011 [citado 2013 set. 15];1(1):190-8. Disponível em:
http://www2.ufpel.edu.br/revistas/index.php/enfermagemesaude/article/viewFile/58/43
http://www2.ufpel.edu.br/revistas/index....
).
Nos estabelecimentos de saúde ou hospitais, os riscos laborais são inerentes às práticas e organização do trabalho. Porém, devem ser minimizados com a prevenção de acidentes que, quando ocorrem, devem ser devidamente registrados, atendidos e acompanhados.
As consequências negativas geradas pelo acidente com material biológico atingem,
além do próprio profissional, seus familiares e as instituições empregadoras.
Portanto, deve haver responsabilização solidária da gestão do risco entre
trabalhador e empregador(101 1.Center for Disease Control and Prevention. Workbook for designing,
implementing, and evaluating a Sharps Injury Prevention Program [Internet].
Atlanta: CDC; 2008 [cited 2013 Sept 15]. Available from:
http://www.cdc.gov/sharpssafety/pdf/sharpsworkbook_2008.pdf
http://www.cdc.gov/sharpssafety/pdf/shar...
,404 4.Brasil. Ministério da Saúde; Departamento de DST, AIDS e Hepatites
Virais. Recomendações para terapia antirretroviral em adultos infectados pelo
HIV- 2008. Suplemento III: tratamento e prevenção. Brasília;
2010). Os profissionais devem
incorporar à sua prática todas as medidas de proteção, incluindo a busca pelo
atendimento e o acompanhamento, e a notificação dos acidentes(808 8.Pimenta RP, Ferreira MD, Gir E, Hayashida M, Canini SRMS. Care and
specialized clinical follow-up of nursing professionals who have been victims of
accidents with biological material. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2013 [cited
2013 sept 15];47(1):198-204. Available from:
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v47n1/en_a25v47n1.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v47n1/en...
). Ao estabelecimento de saúde
cabe prover ambiente seguro, normalizar e estabelecer fluxos de atendimento e
acompanhamento ao profissional acidentado, resguardando seus direitos como
trabalhadores(1313.Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485, de 11
de novembro de 2005. Aprova a norma regulamentadora nº 32 (Segurança e Saúde no
Trabalho em Estabelecimentos de saúde) [Internet]. Brasília; 2005 [citado 2013
set. 15]. Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/legislacao/portaria-n-485-de-11-11-2005.htm
http://portal.mte.gov.br/legislacao/port...
).
Os serviços de atendimento e acompanhamento ao acidentado com material biológico
fazem parte das políticas de governo já implementadas no Brasil, as quais
norteiam os fluxogramas de atendimento e normalizam os programas de educação
permanente(404 4.Brasil. Ministério da Saúde; Departamento de DST, AIDS e Hepatites
Virais. Recomendações para terapia antirretroviral em adultos infectados pelo
HIV- 2008. Suplemento III: tratamento e prevenção. Brasília;
2010).
Entretanto, é consenso a dificuldade de realização do atendimento conforme a
legislação vigente e diversos fatores podem estar envolvidos nesse
contexto(202 2.Garcia LP, Blank VLG. Condutas pós-exposição ocupacional a
material biológico na odontologia. Rev Saúde Pública.
2008;42(2):279-86,707 7.Ko NY, Yeh SH, Tsay SL, Pan SM, Feng MC, Chiang MC, et al.
Adherence to management after occupational exposure to bloodborne pathogen among
health care workers in Taiwan. Am J Infect Control.
2009;37(7):609-11-808 8.Pimenta RP, Ferreira MD, Gir E, Hayashida M, Canini SRMS. Care and
specialized clinical follow-up of nursing professionals who have been victims of
accidents with biological material. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2013 [cited
2013 sept 15];47(1):198-204. Available from:
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v47n1/en_a25v47n1.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v47n1/en...
). Portanto, essa problemática se constitui em uma
realidade vivenciada no contexto do trabalho, além de uma lacuna do conhecimento
a ser explorada.
Dessa forma, é importante conhecer os fatores que interferem no atendimento e acompanhamento ao acidentado com MB, para que se possa pensar em ações mais assertivas na promoção da segurança aos trabalhadores, principalmente para compreender os aspectos relacionados à organização do trabalho e à forma com que os sujeitos enfrentam esse dilema, tendo em vista a subjetividade envolvida neste processo.
Ante o exposto, o objetivo do estudo foi descrever os fatores facilitadores e dificultadores ao cumprimento do fluxo de atendimento ao profissional acidentado com material biológico na perspectiva dos trabalhadores.
Método
Pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória desenvolvida em 2011 a partir de dados do centro de referência em saúde do trabalhador e das unidades de referência que realizam o atendimento/acompanhamento dos acidentados com material biológico em Goiânia-Goiás.
A população do estudo foi constituída por profissionais expostos a acidentes com material biológico atendidos nas quatro unidades de saúde públicas de referência para esse tipo de atendimento, cujas fichas de investigação de acidente de trabalho com exposição a material biológico foram encaminhadas ao Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
Os sujeitos foram localizados a partir dos registros de atendimento das unidades de referência disponíveis no CEREST, considerando o período de janeiro de 2006 (ano da implantação dos serviços) a dezembro de 2010. A partir da identificação do conjunto dos profissionais, foi feita uma seleção intencional para garantir participação de trabalhadores dos quatro locais de referência para o atendimento e também os anos selecionados para o estudo. O contato foi feito por telefone e, após os esclarecimentos sobre o estudo, foi solicitado o consentimento do sujeito e ainda acordado o local e horário de sua preferência para a realização da entrevista.
Para a definição do número de participantes, foi utilizado o critério de saturação dos dados, a partir do momento em que o pesquisador considerou que as ideias e conteúdo expressos pelos profissionais se repetiam e que a inclusão de novos dados não contribuiria de forma significativa para o aperfeiçoamento da reflexão sobre a temática(1414.Fontanella BJB, Luchesi BM, Saidel MGB, Ricas J, Turato ER, Melo DG. Amostragem em pesquisas qualitativas: proposta de procedimentos para constatar saturação teórica. Cad Saúde Pública. 2011;27(2):389-94).
Os dados foram coletados por uma única pesquisadora por meio de entrevista semiestruturada e registrados manualmente. O roteiro da entrevista foi composto por uma parte referente à caracterização sociodemográfica dos sujeitos e outra com questões específicas sobre os fatores facilitadores e dificultadores acerca do atendimento e acompanhamento do profissional acidentado com material biológico.
Após a coleta, os dados foram digitados imediatamente, organizados e gerenciados com o auxílio do software ATLAS.ti 6.2 e posteriormente explorados na perspectiva da análise de conteúdo – modalidade temática(1515.Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2011). A estrutura da análise foi desenhada em três etapas. Inicialmente realizou-se uma leitura compreensiva dos dados transcritos e organizados, com o intuito de se apreender o conteúdo e as ideias centrais das falas. Posteriormente, realizou-se um agrupamento dessas, em núcleos de sentido e, posteriormente, extraíram-se as categorias, ressaltando que as falas foram pré-classificadas em fatores facilitadores e dificultadores para o atendimento.
Os dados foram analisadas à luz das recomendações para o atendimento ao
profissional acidentado com MB(101 1.Center for Disease Control and Prevention. Workbook for designing,
implementing, and evaluating a Sharps Injury Prevention Program [Internet].
Atlanta: CDC; 2008 [cited 2013 Sept 15]. Available from:
http://www.cdc.gov/sharpssafety/pdf/sharpsworkbook_2008.pdf
http://www.cdc.gov/sharpssafety/pdf/shar...
,404 4.Brasil. Ministério da Saúde; Departamento de DST, AIDS e Hepatites
Virais. Recomendações para terapia antirretroviral em adultos infectados pelo
HIV- 2008. Suplemento III: tratamento e prevenção. Brasília;
2010) e do
referencial da subjetividade e organização do trabalho(1010.Dejours C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro:
FGV; 2001
11.Dejours C. Subjetividade, trabalho e ação. Rev Produção.
2004;14(3):27-34-1212.Thofehrn MB, Amestoy SC, Porto AR, Arrieira ICO, Dal Pai D. A
dimensão da subjetividade no processo de trabalho da enfermagem. Rev Enferm
Saúde [Internet]. 2011 [citado 2013 set. 15];1(1):190-8. Disponível em:
http://www2.ufpel.edu.br/revistas/index.php/enfermagemesaude/article/viewFile/58/43
http://www2.ufpel.edu.br/revistas/index....
).
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Doenças Tropicais, protocolo nº 046/2009. Para a realização da entrevista, após o momento de acolhimento e explicitação dos objetivos da pesquisa e esclarecimentos éticos envolvendo pesquisa em seres humanos, foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados
Participaram do estudo 18 sujeitos; desses (17/94,4%) mulheres, (10/55,6%) técnicos de enfermagem, (3/16,7%) auxiliares de serviços gerais, (2/11,1%) estudantes, (1/5,6%) técnico em patologia, (1/5,6%) bioquímico e (1/5,6%) atendente de farmácia. Não houve médicos como sujeitos do estudo. A idade predominante foi de 20 a 40 anos (13/72,2%) e a maioria (12/66,7%) trabalhava há mais de quatro anos na área.
Dezessete (94,4%) alegaram já ter recebido orientações sobre biossegurança. Nove (50,0%) afirmaram já ter sofrido acidente com MB anteriormente e conhecer o fluxograma de atendimento. Quatorze (77,8%) sujeitos notificaram o acidente no dia do ocorrido.
As falas dos sujeitos foram distribuídas nos fatores facilitadores e dificultadores do acidente com MB (classificações pré-definidas do estudo) e posteriormente analisadas em seu conteúdo, do qual emergiram três categorias: Estrutura organizacional, Apoio de pessoas próximas e Influência do conhecimento, que estão dispostas no quadro a seguir.
Síntese dos aspectos facilitadores e dificultadores do acidente com material biológico, de acordo com as categorias Estrutura organizacional, Apoio de pessoas próximas e Influência do conhecimento - Goiânia, 2011
Discussão
A maioria dos sujeitos do estudo era composta por mulheres jovens que atuavam
como técnicas em enfermagem, população semelhante a outros estudos sobre a mesma
temática(1616.Lima FA, Pinheiro PNC, Vieira NFC. Acidentes com material
perfurocortante: conhecendo os sentimentos e as emoções dos profissionais de
enfermagem. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2007;11(2):205-11-1717.Vieira M, Padilha MI, Pinheiro RDC. Analysis of accidents with
organic material in health workers. Rev Lat Am Enferm.
2011;19(2):332-9). A maior parte dos sujeitos
notificou o acidente no dia do ocorrido, fator essencial para se conhecer o
diagnóstico real da situação da ocorrência desse tipo de acidente, além de
permitir a implementação de medidas preventivas efetivas(303 3.Spagnuolo RS, Baldo RCS, Guerrini IA. Análise epidemiológica dos
acidentes com material biológico registrados no Centro de Referência em Saúde do
Trabalhador – Londrina-PR. Rev Bras Epidemiol.
2008;11(2):315-23,1818.Murofuse NT, Marziale MHP, Gemelli LMG. Acidente com material
biológico em hospital universitário do oeste do Paraná. Rev Gaúcha Enferm.
2005;26(2):168-79). Destaca-se o fato de que a quimioprofilaxia para HIV,
quando indicada, tem uma relação de tempo-dependência, sendo o seu maior
benefício quando iniciada até duas horas após o acidente(101 1.Center for Disease Control and Prevention. Workbook for designing,
implementing, and evaluating a Sharps Injury Prevention Program [Internet].
Atlanta: CDC; 2008 [cited 2013 Sept 15]. Available from:
http://www.cdc.gov/sharpssafety/pdf/sharpsworkbook_2008.pdf
http://www.cdc.gov/sharpssafety/pdf/shar...
,404 4.Brasil. Ministério da Saúde; Departamento de DST, AIDS e Hepatites
Virais. Recomendações para terapia antirretroviral em adultos infectados pelo
HIV- 2008. Suplemento III: tratamento e prevenção. Brasília;
2010).
Os fatores facilitadores envolvidos no atendimento e acompanhamento do acidente com material biológico, destacados nas três categorias acima dispostas, apresentaram relação com as condições adequadas dos serviços de apoio ao acidentado, suporte emocional de pessoas próximas e conhecimento que o sujeito dispunha acerca das condutas a serem tomadas diante do acidente. Em contraposição, há um paradoxo relacionado aos aspectos dificultadores, que apresentaram-se como o oposto ao dos fatores facilitadores, como a desorganização do serviço, falta de apoio e desconhecimento das condutas adequadas.
A categoria estrutura organizacional apontou que quando o
serviço ofereceu organização e agilidade ao acidentado, o atendimento e
acompanhamento pareceu satisfazer suas necessidades de suporte e orientação
sobre os passos a serem seguidos. O atendimento rápido, com liberação no horário
de serviço e acompanhamento no mesmo local oferece segurança e confiança ao
trabalhador de que sua saúde é prioridade para a instituição e,
consequentemente, gera satisfação para o profissional em relação a seu
trabalho(909 9.Dejours C. Loucura do trabalho. São Paulo: Oboré;
1987
10.Dejours C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro:
FGV; 2001-1111.Dejours C. Subjetividade, trabalho e ação. Rev Produção.
2004;14(3):27-34). Já o serviço desorganizado
em relação ao atendimento e acompanhamento do acidentado causaram desconforto e
insatisfação.
Na visão dejouriana, a eliminação dos dificultadores presentes na organização do trabalho promove uma atitude protetora, reduzindo os riscos, além de aumentar a satisfação dos trabalhadores em relação ao ambiente de trabalho(909 9.Dejours C. Loucura do trabalho. São Paulo: Oboré; 1987). Contudo, essa organização do trabalho em saúde envolve trabalho árduo, exige agilidade, muitas vezes em situações emergenciais, que além de gerarem cansaço e fadiga aos profissionais, aumentam a incidência de acidentes ocupacionais e não permitem espaço para a atenção e acompanhamento do profissional vítima desses acidentes.
Neste contexto, faz-se necessário o desenvolvimento de ações voltadas à melhoria das condições e organização do trabalho para prevenir os acidentes com material biológico(1717.Vieira M, Padilha MI, Pinheiro RDC. Analysis of accidents with organic material in health workers. Rev Lat Am Enferm. 2011;19(2):332-9,1919.Damasceno AP, Pereira MS, Souza ACS, Tipple AFV, Prado MA. Acidentes ocupacionais com material biológico: a percepção do profissional acidentado. Rev Bras Enferm. 2006;59(1):72-7) e a reestruturação organizacional, materiais, estruturais, comportamentais e de recursos humanos é indispensável para reduzir os riscos envolvidos na dinâmica do trabalho em saúde(1111.Dejours C. Subjetividade, trabalho e ação. Rev Produção. 2004;14(3):27-34,2020.Sarquis LMM, Felli VEA. Os sentimentos vivenciados após exposição ocupacional entre trabalhadores de saúde: fulcro para repensar o trabalho em instituições de saúde. Rev Bras Enferm. 2009;62(5):701-4). Avaliar essas variáveis organizacionais que compõem o cotidiano dos processos de trabalho é uma importante estratégia para se identificar medidas preventivas que possam ser implementadas para modificar essa realidade(2121.Sêcco IA, Robazzi ML, Shimizu DS, Rúbio MM. Typical occupational accidents with employees of a university hospital in the south of Brazil: epidemiology and prevention. Rev Lat Am Enferm. 2008;16(5):824-31).
Vale lembrar que qualquer instituição, pública ou privada, deve ser responsável
pelo acompanhamento da vítima de acidente ocupacional, assumindo todos os ônus
advindos dos casos, conforme preconizado pelas normas trabalhistas do
país(1313.Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485, de 11
de novembro de 2005. Aprova a norma regulamentadora nº 32 (Segurança e Saúde no
Trabalho em Estabelecimentos de saúde) [Internet]. Brasília; 2005 [citado 2013
set. 15]. Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/legislacao/portaria-n-485-de-11-11-2005.htm
http://portal.mte.gov.br/legislacao/port...
).
Quanto à categoria apoio de pessoas próximas, foi relacionada como facilitador a possibilidade de contar com ajuda e incentivo de colegas ou mesmo do paciente para tomar as condutas adequadas. Em contraposição, a falta de apoio por parte do gestor dificultou o atendimento ao acidentado com MB e potencializou seu sofrimento pela falta de reconhecimento verbalizado pelo trabalhador.
Diante da situação de fragilidade que ocorre durante o acidente com MB, é comum o
trabalhador perder a capacidade mobilizadora do corpo, da inteligência e da
reflexão para a tomada de decisão em busca da sua própria proteção(909 9.Dejours C. Loucura do trabalho. São Paulo: Oboré;
1987
10.Dejours C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro:
FGV; 2001-1111.Dejours C. Subjetividade, trabalho e ação. Rev Produção.
2004;14(3):27-34) . A pessoa não é capaz de decidir pela conduta correta
e expõe-se à influência do outro. Como o viver junto faz parte da experiência do
trabalho e o exercício da atividade laboral envolve ações coletivas com seus
saberes, fazeres, habilidades, modos operatórios e afetividade(1111.Dejours C. Subjetividade, trabalho e ação. Rev Produção.
2004;14(3):27-34), a influência do e sobre o
outro é inevitável. É neste contexto que a subjetividade do trabalho emerge, no
sentido de garantir a permanência no grupo e a produtividade dele
requerida(1212.Thofehrn MB, Amestoy SC, Porto AR, Arrieira ICO, Dal Pai D. A
dimensão da subjetividade no processo de trabalho da enfermagem. Rev Enferm
Saúde [Internet]. 2011 [citado 2013 set. 15];1(1):190-8. Disponível em:
http://www2.ufpel.edu.br/revistas/index.php/enfermagemesaude/article/viewFile/58/43
http://www2.ufpel.edu.br/revistas/index....
).
Contudo, a participação do outro nesse momento de fragilidade do ser acidentado também pode ser negativa. Dependendo dos seus valores e crenças, pode influenciar aquele que sofreu o acidente, banalizando a situação e não dando importância para a busca de atendimento, conforme preconizado. Esta banalização do acidente pelo colega pode se constituir em uma estratégia de defesa contra as pressões vivenciadas na organização do trabalho, como a repreensão e a ameaça da perda do emprego(909 9.Dejours C. Loucura do trabalho. São Paulo: Oboré; 1987).
Na categoria influência do conhecimento foi destacado que o conhecimento técnico-científico é facilitador para o atendimento qualificado. Já a falta do conhecimento quanto às condutas e procedimentos a serem realizados potencializaram a sensação de desamparo diante da situação. Além disso, o número de entrevistados que afirmaram a ocorrência de acidentes anteriores foi igual ao número dos que referiram conhecimento do protocolo de atendimento ao acidentado com MB (9/50,0%). Isso sugere que os profissionais conheceram o fluxo de atendimento por meio da experiência do acidente e busca por atendimento.
Estudo(1919.Damasceno AP, Pereira MS, Souza ACS, Tipple AFV, Prado MA.
Acidentes ocupacionais com material biológico: a percepção do profissional
acidentado. Rev Bras Enferm. 2006;59(1):72-7) mostrou que a
experiência prévia de acidente provoca possibilidade de aprendizagem em relação
às condutas pós-acidente. As situações de exposição, embora induzam à
aprendizagem, geram no trabalhador a insatisfação e o sofrimento em relação ao
trabalho exercido(909 9.Dejours C. Loucura do trabalho. São Paulo: Oboré;
1987
10.Dejours C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro:
FGV; 2001-1111.Dejours C. Subjetividade, trabalho e ação. Rev Produção.
2004;14(3):27-34).
Segundo a normativa vigente(1313.Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485, de 11
de novembro de 2005. Aprova a norma regulamentadora nº 32 (Segurança e Saúde no
Trabalho em Estabelecimentos de saúde) [Internet]. Brasília; 2005 [citado 2013
set. 15]. Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/legislacao/portaria-n-485-de-11-11-2005.htm
http://portal.mte.gov.br/legislacao/port...
), é obrigatória a realização de educação permanente/continuada
a fim de buscar conscientização desses riscos, conhecer medidas de biossegurança
e condutas a serem adotadas diante dos acidentes. A educação permanente que
ocorre a partir das discussões e compreensão dos problemas e necessidades do
trabalho, somadas à teorização com base em normalizações(101 1.Center for Disease Control and Prevention. Workbook for designing,
implementing, and evaluating a Sharps Injury Prevention Program [Internet].
Atlanta: CDC; 2008 [cited 2013 Sept 15]. Available from:
http://www.cdc.gov/sharpssafety/pdf/sharpsworkbook_2008.pdf
http://www.cdc.gov/sharpssafety/pdf/shar...
,404 4.Brasil. Ministério da Saúde; Departamento de DST, AIDS e Hepatites
Virais. Recomendações para terapia antirretroviral em adultos infectados pelo
HIV- 2008. Suplemento III: tratamento e prevenção. Brasília;
2010,1313.Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485, de 11
de novembro de 2005. Aprova a norma regulamentadora nº 32 (Segurança e Saúde no
Trabalho em Estabelecimentos de saúde) [Internet]. Brasília; 2005 [citado 2013
set. 15]. Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/legislacao/portaria-n-485-de-11-11-2005.htm
http://portal.mte.gov.br/legislacao/port...
) e
guias(606 6.Miranda FMD, Stein Junior AV, Petreli S, Pires MR, Soares LG,
Ribeiral BN, et al. A contribution to occupational health: a guide on the
exposure to biological fluids. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2011 [cited 2013
Sept 15];45(4):1018-22. Available from: Available
from:http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n4/en_v45n4a33.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n4/en...
), é uma
estratégia eficaz que pode operacionalizar mudanças na prática e na segurança
profissional.
Outro ponto importante mencionado foi que o protocolo de atendimento ao acidente com MB prescrito pelos órgãos governamentais foi relatado tanto como facilitadorquanto como dificultador no presente estudo.
Tais prescrições são concebidas considerando, apenas, a perspectiva do que é
tecnicamente correto e recomendável, não se levando em conta, por exemplo, a
dinâmica do trabalho e a subjetividade do trabalhador. Para que o prescrito faça
sentido para o trabalhador, é fundamental que este seja envolvido em acordos de
cooperação na construção de normativas que considerem, inclusive, as
necessidades reais e sociais do ambiente de trabalho(1111.Dejours C. Subjetividade, trabalho e ação. Rev Produção.
2004;14(3):27-34-1212.Thofehrn MB, Amestoy SC, Porto AR, Arrieira ICO, Dal Pai D. A
dimensão da subjetividade no processo de trabalho da enfermagem. Rev Enferm
Saúde [Internet]. 2011 [citado 2013 set. 15];1(1):190-8. Disponível em:
http://www2.ufpel.edu.br/revistas/index.php/enfermagemesaude/article/viewFile/58/43
http://www2.ufpel.edu.br/revistas/index....
).
Assim, é importante que os protocolos sejam discutidos coletivamente, para que seja considerado não apenas o conhecimento técnico, mas também a subjetividade dos trabalhadores na compreensão acerca da importância de se protegerem dos riscos no trabalho. Esta discussão é
a oportunidade insubstituível de aprender o respeito pelo outro, a confiança, a convivência, a solidariedade e de aprender a trazer uma contribuição para a construção de regras de trabalho que não se limitam absolutamente a regras técnicas, mas que considere, ao mesmo tempo, as regras sociais(2222.Dejours C, Cardoso MR. Chistophe Dejours. Ágora. 2001;4(2):89-94).
A qualificação e divulgação desse protocolo é dever e responsabilidade das
instituições empregadoras e de referência para o atendimento, objetivando
nortear os profissionais e delimitar suas ações e condutas frente ao acidente. A
sua apropriação pelos trabalhadores é fundamental para que possam exercer suas
atividades de forma segura, além de tratar de uma questão legal(1313.Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485, de 11
de novembro de 2005. Aprova a norma regulamentadora nº 32 (Segurança e Saúde no
Trabalho em Estabelecimentos de saúde) [Internet]. Brasília; 2005 [citado 2013
set. 15]. Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/legislacao/portaria-n-485-de-11-11-2005.htm
http://portal.mte.gov.br/legislacao/port...
). É responsabilidade das
instituições contratantes a realização de educação em serviço que contemple
condutas frente ao acidente com MB aos seus colaboradores, visando reduzir o
risco e, consequentemente, proporcionar um ambiente de trabalho mais
seguro(1616.Lima FA, Pinheiro PNC, Vieira NFC. Acidentes com material
perfurocortante: conhecendo os sentimentos e as emoções dos profissionais de
enfermagem. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2007;11(2):205-11). O
trabalhador que tem a possibilidade de utilizar a inteligência e reflexão
sente-se reconhecido e tende a ter condutas mais assertivas, conjunto esse que
provoca a sensação de prazer em relação ao trabalho exercido, reduzindo os
sentimentos negativos(909 9.Dejours C. Loucura do trabalho. São Paulo: Oboré;
1987
10.Dejours C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro:
FGV; 2001-1111.Dejours C. Subjetividade, trabalho e ação. Rev Produção.
2004;14(3):27-34) .
A legislação vigente está posta e serve para orientar gestores e profissionais de
serviços de saúde em toda e qualquer situação que envolva acidente com MB. No
entanto, este estudo traz à tona outros fatores que evidenciam a necessidade de
se considerar também a subjetividade dos sujeitos envolvidos, desde o saber
fazer ao saber ser, integrando o pensar e agir, que devem incorporar o
autoconhecimento, a autopercepção, o autocontrole (1212.Thofehrn MB, Amestoy SC, Porto AR, Arrieira ICO, Dal Pai D. A
dimensão da subjetividade no processo de trabalho da enfermagem. Rev Enferm
Saúde [Internet]. 2011 [citado 2013 set. 15];1(1):190-8. Disponível em:
http://www2.ufpel.edu.br/revistas/index.php/enfermagemesaude/article/viewFile/58/43
http://www2.ufpel.edu.br/revistas/index....
) e do trabalho enquanto um ato vivo. Dessa
forma, trabalhar com vistas a potencializar a dimensão da subjetividade não é
somente produzir, mas é transformar a si mesmo(1111.Dejours C. Subjetividade, trabalho e ação. Rev Produção.
2004;14(3):27-34).
A manifestação dessa subjetividade ocorre no contexto do trabalho e necessita de
uma gestão/gerência organizacional que avance no sentido de incorporar a rigidez
de normas e protocolos existentes (técnicos), bem como a subjetividade expressa
pelo conjunto de trabalhadores no trabalho desenvolvido(2323.Martins JT, Robazzi MLCC, Bobroff MCC. Pleasure and suffering in
the nursing group: reflection to the light of Dejour psychodynamics. Rev Esc
Enferm USP [Internet]. 2010 [cited 2013 Sept 15];44(4):1107-11. Available from:
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n4/en_36.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n4/en...
).
Conclusão
A compreensão a que se propôs o presente estudo é complexa, pois além de abranger os aspectos organizacionais e técnicos, abrange também a subjetividade do sujeito e a interferência desses fatores no atendimento e acompanhamento do acidente com material biológico. Recomenda-se que os envolvidos na área da saúde tenham uma visão de multidimensionalidade do trabalhador.
Somente o fato do profissional conhecer o fluxograma de atendimento não foi determinante para garantir que o profissional faça o acompanhamento atendendo às recomendações vigentes. A instituição de saúde deve oferecer condições para que o profissional acidentado busque o atendimento e para que ele não se perca nesse percurso entre início e término do acompanhamento.
Além disso, o apoio de pessoas próximas surgiu como uma novidade nesse estudo em relação à literatura científica produzida sobre o tema. No entanto, por se tratar de um assunto complexo que envolve o relacionamento interpessoal como fator importante de ser trabalhado nas instituições, com vistas à melhoria do atendimento e acompanhamento ao acidentado com MB, deve ser melhor explorado em outros estudos, constituindo-se em importante lacuna do conhecimento.
A compreensão dos fatores facilitadores e dificultadores acerca do atendimento e acompanhamento do acidentado com MB facilitam a compreensão da organização e da psicodinâmica do trabalho. Esse exercício contribuiu para repensar as práticas laborais no cotidiano do trabalho que envolve acidentados com MB, visando ao aperfeiçoamento dos procedimentos técnicos que envolvem a estrutura organizacional, bem como ao aprimoramento dos processos de gestão para um atendimento e acompanhamento qualificado.
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Extraído da dissertação "Exposição ao material biológico: as percepções das vítimas sobre seu atendimento e acompanhamento", Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás, 2012.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Jun 2014
Histórico
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Recebido
14 Out 2013 -
Aceito
08 Abr 2014