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Influência do cuidado de si no trabalho de enfermeiros intensivistas* * Extraído da dissertação: “O cuidado de si do enfermeiro intensivista”, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo, 2019.

RESUMO

Objetivo:

Analisar a influência do cuidado de si no trabalho de enfermeiros intensivistas.

Método:

Estudo qualitativo, realizado por meio da História Oral Temática. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com enfermeiros intensivistas que atuavam há pelo menos um ano na área e trabalhavam num hospital universitário localizado na zonal sul do município de São Paulo, Brasil. O roteiro foi composto pela questão norteadora “O cuidado de si interfere na sua prática profissional? De que maneira?”. Houve o acréscimo de outros questionamentos pertinentes ao objeto de estudo, de acordo com o desenrolar de cada narrativa. Os depoimentos foram transcritos, transcriados e analisados através da Técnica de Análise de Conteúdo.

Resultados:

Participaram 13 enfermeiros. Dos discursos, emergiram as categorias “Cuidar de si implica prestar um cuidado mais seguro” e “O cuidado de si e a liderança do enfermeiro intensivista”.

Conclusão:

As práticas relacionadas ao cuidado de si influenciaram de modo positivo o processo de trabalho do enfermeiro intensivista. Essa influência ocorreu principalmente nos aspectos relacionados à segurança do paciente e ao desenvolvimento da liderança, importante competência gerencial.

DESCRITORES
Enfermagem de Cuidados Críticos; Autocuidado; Saúde do Trabalhador; Recursos Humanos de Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

To analyze the influence of the care of the self in the work of intensive care nurses.

Method:

Qualitative study, carried out through thematic oral history. Semi-structured interviews were carried out with intensive care nurses who had worked in the area for at least one year and worked in a university hospital located in the south area of the city of São Paulo, Brazil. The script was composed by the guiding question “Does the care of the self affect your professional practice? In what way?”. Other questions related to the object of study were added according to the development of each narrative. The speeches were transcribed, transcreated, and analyzed using the Content Analysis Technique.

Results:

13 nurses participated in the research. The following categories emerged in their speeches: “Caring for oneself means providing safer care” and “Care of the self and the leadership of intensive care nurses”.

Conclusion:

Practices related to the care of the self, had a positive influence on the work process of the intensive care nurse. This influence was mainly associated with patient safety and leadership development, an important managerial competence.

DESCRIPTORS
Critical Care Nursing; Self Care; Occupational Health; Nursing Staff

RESUMEN

Objetivo:

Analizar la influencia del cuidado de sí en el trabajo de enfermeros intensivistas.

Método:

Se trata de un estudio cualitativo, llevado a cabo mediante la Historia Oral Temática. Se realizaron entrevistas semiestructuradas a enfermeros de cuidados intensivos con al menos un año de antigüedad en el área y que trabajaban en un hospital universitario ubicado en la zona sur de la ciudad de São Paulo, Brasil. El guión estaba compuesto por la pregunta orientadora “¿Interfiere el cuidado de sí en su práctica profesional? ¿En qué sentido?”. Se añadieron otras preguntas pertinentes al objeto del estudio, según el desarrollo de cada relato. Los testimonios se transcribieron, se transcrearon y se analizaron mediante la Técnica de Análisis de Contenido.

Resultados:

Participaron trece enfermeros. De los discursos surgieron las categorías “Cuidarse a sí mismo implica proporcionar cuidados más seguros” y “Cuidarse a sí mismo y el liderazgo del enfermero de cuidados intensivos”.

Conclusión:

Las prácticas relacionadas con el cuidado de sí mismo han influido de forma positiva en el proceso de trabajo del enfermero intensivista, evidenciándose principalmente en los aspectos relacionados con la seguridad del paciente y el desarrollo del liderazgo, competencia directiva muy importante.

DESCRIPTORES
Enfermería de Cuidados Críticos; Autocuidado; Salud Laboral; Personal de Enfermería

INTRODUÇÃO

As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são estruturas importantíssimas para o cuidado de doentes em estado crítico de saúde com possibilidade de recuperação. Tudo leva a crer que a sua gênese ocorreu com a enfermeira Florence Nightingale que, nos campos de batalha, em Scutari, Turquia, durante a guerra da Criméia (1853-1856), organizou o que hoje se chama de Enfermagem Moderna(11 Karimi H, Alavi NM. Florence Nightingale: the mother of nursing. Nurs Midwifery Stud. 2015;4(2):e29475. doi: http://dx.doi.org/10.17795/nmsjournal29475
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). Foi um marco na organização do trabalho e contribuiu para uma diminuição expressiva dos níveis de infecção dos doentes e melhora da assistência prestada. Isso foi possível graças a uma rígida organização do trabalho, ininterrupto nas 24h do dia, assemelhando-se muito a uma estrutura militar. Eram cobrados dos enfermeiros, além das competências científicas, técnicas e éticas, a dedicação, a agilidade e a vocação para cuidar dos enfermos(11 Karimi H, Alavi NM. Florence Nightingale: the mother of nursing. Nurs Midwifery Stud. 2015;4(2):e29475. doi: http://dx.doi.org/10.17795/nmsjournal29475
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).

Apesar de Florence Nightingale ter sido laureada com uma das maiores condecorações inglesas pela Rainha Vitória, sua dedicação também teve por ônus o seu adoecimento durante os anos da Guerra da Criméia. É sabido que a enfermeira contraiu tifo e esteve muito doente naquela passagem por Scutari(11 Karimi H, Alavi NM. Florence Nightingale: the mother of nursing. Nurs Midwifery Stud. 2015;4(2):e29475. doi: http://dx.doi.org/10.17795/nmsjournal29475
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). Esse fato ratifica o que vem sendo descrito na literatura sobre os enfermeiros: profissionais que cuidam de outras pessoas e constantemente esquecem de cuidar de si mesmos(22 Blum C. Practicing self-care for nurses: a nursing program initiative. Online J Issues Nurs. 2014;19(3). doi: 10.3912/OJIN.Vol19No03Man03
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). É paradoxal que a mais significativa referência profissional dos enfermeiros tenha adoecido devido à sua atuação.

Os enfermeiros que atuam em UTI estão submetidos a um processo de trabalho complexo e desgastante, em meio à agitação e ao estresse(33 Rushton CH, Batcheller J, Schroeder K, Donohue P. Burnout and resilience among nurses practicing in high-intensity settings. Am J Crit Care. 2015;24(5):412-20. doi:10.4037/ajcc2015291
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4 Sargin M, Uluer MS, Cebeci Z, Sargin F. Assessment of depression and quality of life in intensive care unit nurses in a tertiary care hospital. Med Sci. 2018;7(1):101-5. doi: 10.5455/medscience.2017.06.8719
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-55 Vahedian-Azimi A, Hajiesmaeili M, Kangasniemi M, Fornés-Vives J, Hunsucker RL, Rahimibashar F, et al. Effects of stress on Critical Care Nurses: a national cross-sectional study. J Intensive Care Med. 2019;34(4):311-22. doi: 10.1177/0885066617696853
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), o que tem um impacto grande no seu trabalho, podendo ocasionar, dentre outros males, riscos à segurança do paciente(66 Crane PJ, Ward SE. Self-healing and self-care for nurses. AORN J. 2016;104(5):386-400. doi: 10.1016/j.aorn.2016.09.007
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). Constatar que pessoas que cuidam de outras pessoas estão adoecidas é algo assombroso e de grande impacto, porém, algumas estratégias têm sido descritas na literatura para permitir que esses profissionais tenham melhor qualidade de vida no seu trabalho. Dentre essas, destacam-se as práticas do cuidado de si(77 Lima EC, Bernardes A, Baldo PL, Maziero VG, Camelo SHH, Balsanelli AP. Critical incidents connected to nurses' leadership in Intensive Care Units. Rev Bras Enferm. 2017;70(5):1018-25. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0137
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), tais como a prática da leitura, escrita, filosofia, meditação, reflexão e preparação para o sucesso, o fracasso ou a morte(88 White R. Foucault on the care of the self as an ethical project and a spiritual goal. Hum Stud. 2014;37:489-504. doi:10.1007/s10746-014-9331-3
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).

Em revisão integrativa que analisou estudos sobre o cuidado de si de enfermeiros entre 2006 a 2018, foi visto que o conhecimento das técnicas para o cuidado de si permite que o enfermeiro se desenvolva pessoal e profissionalmente(99 Silva Junior EJ, Balsanelli AP, Neves VR. Care of the self in the daily living of nurses: an integrative review. Rev Bras Enferm. 2020;73(2):e20180668. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0668
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). Entretanto, nenhum estudo analisou diretamente a relação entre o cuidado de si e o trabalho do enfermeiro intensivista. Assim, questiona-se: o cuidado de si influencia o trabalho do enfermeiro intensivista? O objetivo deste estudo foi analisar a influência do cuidado de si no trabalho de enfermeiros intensivistas.

MÉTODO

Tipo de estudo

Trata-se de estudo qualitativo, descritivo-exploratório, no qual a História Oral Temática foi utilizada como método de pesquisa. Nela, parte-se de um assunto específico, sendo que as particularidades de cada narrador somente interessam na medida em que se identificam aspectos que podem ser úteis à informação temática central. É importante para a percepção da profissão e sua interface na sociedade(1010 Macedo MLAF, Rubim Costa MCMD, Lima SP, Padilha MI, Borenstein MS. Thematic oral history in nursing research: a bibliometric study. Cogitare Enferm. 2014;19(2):360-67. doi: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v19i2.37360
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).

População

Foram convidados a participar da pesquisa os enfermeiros intensivistas que atuavam no Centro de Terapia Intensiva (CTI) de um hospital universitário, localizado na Zona Sul da cidade de São Paulo, SP, Brasil. O referido CTI era composto por duas UTI Gerais e uma UTI Neurológica, com 35 leitos no total.

Critérios de seleção

Foram selecionados enfermeiros especialistas em enfermagem intensivista, com experiência de pelo menos um ano trabalhando na UTI e disponibilidade para participar das entrevistas durante o período da coleta de dados, que ocorreu entre os meses de fevereiro e junho de 2018. Foram excluídos os enfermeiros ausentes devido às férias e licenças médicas.

Coleta de dados

Realizaram-se 13 entrevistas semiestruturadas, pautadas num roteiro, com a questão norteadora “O cuidado de si interfere na sua prática profissional? De que maneira?”. Houve o acréscimo de outros questionamentos pertinentes ao objeto de estudo, de acordo com o desenrolar de cada narrativa. As entrevistas foram agendadas pessoalmente e realizadas pelo pesquisador, durante o expediente e de acordo com a disponibilidade dos enfermeiros, numa sala reservada próxima ao CTI. Duraram, em média, 20 minutos e foram gravadas com um aparelho digital.

Análise e tratamentos dos dados

Foram cumpridas as seguintes etapas(1111 Neves VR, Sanna MC. Concepts and practices of teaching and exercise of leadership in Nursing. Rev Bras Enferm. 2016;69(3):686-93. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2016690417i
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):

  1. Transcrição das gravações;

  2. Validação da transcrição pelos participantes da pesquisa;

  3. Transcriação: textualização da narrativa, com a incorporação das perguntas do entrevistador à fala dos participantes e aproximação dos textos das narrativas que se referiam ao mesmo tema;

  4. Validação da transcriação por outro pesquisador, que analisou a fidedignidade do texto transcriado ao transcrito e não encontrou divergências entre eles;

  5. Codificação e indexação dos temas abordados para a criação de categorias de análise, segundo o modelo proposto por Bardin(1212 Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2016.). Nessa etapa, foram identificadas 125 Unidades de Registro (UR) e estabelecidos oito códigos, que originaram oito subcategorias, agrupadas posteriormente por similaridade e pertinência temática em duas categorias, como demonstra o Quadro 1;

    Quadro 1
    Codificação e agrupamento de subcategorias para elaboração das categorias deste estudo.

  6. Validação das categorias por outros dois pesquisadores, que analisaram a pertinência das categorias aos objetivos do estudo e ao texto transcriado;

  7. Interpretação e discussão das categorias temáticas à luz da literatura científica encontrada sobre o tema.

Aspectos éticos

Respeitando as normas da Resolução nº. 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que regem as pesquisas envolvendo seres humanos(1313 Brasil. Ministério da Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre as diretrizes e normas reguladoras das pesquisas envolvendo seres humanos [Internet]. Brasília; 2012 [citado 2019 mar. 2018]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html
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), o projeto foi submetido no ano de 2017 ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo. Após aprovação, no mesmo ano, conforme parecer n. 2.342.810, o pesquisador contatou a gerência de enfermagem das UTI e obteve uma lista com os nomes dos enfermeiros que atendiam aos critérios de seleção estabelecidos. Cada participante assinou um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, cujo texto consta a garantia de anonimato aos entrevistados e a cessão dos depoimentos para fins de ensino e pesquisa, o que dispensou a elaboração e assinatura da carta de cessão de direitos autorais. Para manter o sigilo em relação à identidade dos enfermeiros, os excertos apresentados neste estudo estão identificados com a letra “E”, seguida de um número atribuído a cada participante de acordo com a sequência cronológica na qual foi entrevistado (E1, E2, E3 ... E13). Foi, então, sorteado o nome do primeiro participante, processo que se repetiu ao longo do período de coleta, até o momento em que foi entrevistado o 13º participante e houve a saturação dos dados.

RESULTADOS

Participaram 13 profissionais, com idade entre 27 e 48 anos. Dos seus discursos, emergiram as categorias “Cuidar de si implica prestar um cuidado mais seguro” e “O cuidado de si e a liderança do enfermeiro intensivista”.

Cuidar de si implica prestar um cuidado mais seguro

As práticas de cuidado de si foram descritas pelos participantes como uma possibilidade de prestar um cuidado mais seguro aos pacientes:

Eu comecei a praticar exercício funcional para ficar mais forte e prestar um cuidado melhor, pois certa vez um paciente teve uma parada cardiorrespiratória e não tive fôlego para a compressão torácica durante um ciclo de reanimação (E01).

Na Enfermagem, para você cuidar dos pacientes e liderar a equipe, é preciso cuidar de si mesmo, fazer as coisas que dão prazer, para se manter concentrado e não ter nenhum tipo de interferência (...) Quando você começa a prestar atenção, ficar mais atenta, consegue manter o equilíbrio necessário para trabalhar em cuidados intensivos (E02).

A partir do momento em que você cuida de si, você se equilibra e consegue tanto observar o outro quanto propor um plano de cuidados mais coerente para os pacientes. Quando você vem trabalhar desequilibrado, isso repercute diretamente na sua prática profissional, não só no paciente, mas no seu colega de trabalho também. Você perde a visão, o foco no outro, porque perdeu o foco em si antes de tudo (E03).

Quando eu cuido de mim, cuido bem dos pacientes, com menos estresse, com menos ansiedade. Vou focar melhor naquilo que eu estou fazendo. Isso aí vai contribuir para não acontecerem erros (E05).

Ao cuidar bem de si mesmo, você consegue desenvolver um bom trabalho. A tomada de decisões clínicas, por exemplo, dificilmente ocorre de forma precipitada (E09).

O cuidado de si e a liderança do enfermeiro intensivista

Os entrevistados apontaram os benefícios que o cuidado de si proporciona ao exercício da liderança:

Cuidando de mim mesma, consigo influenciar as outras pessoas, estando bem-humorada, sem dor, atendo às solicitações da equipe, até mesmo para aconselhar (E01).

Outro dia conversava com os técnicos, dando os meus exemplos, pois a maioria é muito jovem, e toquei nesse aspecto deles se cuidarem, caso permaneçam na Enfermagem (E01).

Se eu estou cuidando de mim, ficarei de bem com a vida, com a minha saúde equilibrada. Então, pode acontecer o que for que eu vou me manter firme na liderança, motivando o pessoal, incentivando a prestar o melhor cuidado ao paciente. Então, cuidar de mim influencia totalmente o meu trabalho (E04).

Também foi mencionada a influência positiva do cuidado de si para a resolução de problemas e a mediação de conflitos na UTI:

O cuidado de si proporciona um bem-estar psicológico, fortalece a autoestima, me ajuda na resolução de problemas e conflitos dentro da equipe, pois tenho que ser imparcial, agir com profissionalismo, observando todas as partes e colocar a minha posição, o que deve ser feito (E01).

Um enfermeiro que cuida de si e, como consequência, adquire um grau de estabilidade emocional que o permita lidar com os problemas dentro da UTI acaba fazendo com que os técnicos e auxiliares de enfermagem fiquem confiantes em executarem as tarefas e em trazerem os problemas para ele (E08).

Depreendeu-se dos discursos a seguir que o cuidado de si fortalece o líder, em diferentes aspectos, de modo que seja visto pela equipe como uma referência de atuação:

Cuidar de si mesmo influencia muito o nosso trabalho, porque acabamos sendo um espelho e, se nos mantivermos calmos, num ambiente estressante, em que há várias possibilidades de conflito, isso acaba ajudando a equipe (E08).

Em relação aos técnicos e auxiliares de enfermagem, acho que nós, enfermeiros, somos exemplos. De certa forma, o nosso comportamento reflete o comportamento deles. Se eu sou uma líder que cuida de si e a minha postura é fazer exercício, ler, procurar saber coisas novas, acredito que pode melhorar o desempenho deles (E06).

Se você relacionar o cuidado de si à leitura, ao estudo, à aquisição de conhecimentos técnicos, por exemplo, a consequência do seu autocuidado vai ser um maior conhecimento e, mostrando isso para os seus técnicos, vai influenciar bastante a sua equipe. Acaba causando uma coisa bem positiva dentro da equipe (E08).

DISCUSSÃO

Um dos mais complexos cenários de atuação dos enfermeiros é o ambiente de Cuidados Intensivos(1414 Souza MB, Souza NVDO, Tavares KFA, Madriaga LCV. Nursing residents of intensivist scenarios: the importance of selfcare. Rev Enferm UFPE On line. 2017;11(4):1634-40. doi: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v11i4a15259p1634-1640-2017
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), pois, além de cuidarem de pessoas em estado crítico de saúde, precisam saber lidar com cobranças sociais e econômicas relacionadas ao seu desempenho. As UTI configuram-se como locais que propiciam sobrecarga de trabalho, além de prejuízos físicos e psíquicos para os profissionais atuantes(1515 Padilha KG, Barbosa RL, Andolhe R, Oliveira EM, Ducci AJ, Bregalda RS, et al. Nursing workload, stress/burnout, satisfaction and incidents in a trauma intensive care units. Texto Contexto Enferm. 2017;26(3):e1720016. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0104-07072017001720016
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16 Vasconcelos EM, Martino MMF, França SPS. Burnout and depressive symptoms in intensive care nurses: relationship analysis. Rev Bras Enferm. 2018;71(1):135-41. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0019
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-1717 Oliveira EM, Barbosa RL, Andolhe R, Eiras FRC, Padilha KG. Nursing practice environment and work satisfaction in critical units. Rev Bras Enferm. 2017;70(1):79-86. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0211
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). Os discursos dos participantes revelam o conhecimento acerca da importância do cuidado de si para proporcionar segurança aos pacientes e colaboração com a equipe interprofissional.

Enfermeiros felizes e saudáveis proporcionam uma maior segurança aos pacientes, além de um ambiente de trabalho mais saudável(1818 Crane PJ, Ward SE. Self-healing and self-care for nurses. AORN J. 2016;104(5):386-400. doi: 10.1016/j.aorn.2016.09.007
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). Os participantes do presente estudo demonstraram ter ciência de que cuidar de si mesmos é essencial para cuidar melhor dos pacientes. Foi demonstrado nas entrevistas que o cuidado com o corpo físico pode proporcionar maior disposição para o cuidar. Além disso, demonstrou-se que o cuidado mental fortalece a atenção e a concentração, aspectos essenciais para a tomada de decisões clínicas corretas. Essa compreensão é importante para que possam atuar na promoção e recuperação da saúde das pessoas(1414 Souza MB, Souza NVDO, Tavares KFA, Madriaga LCV. Nursing residents of intensivist scenarios: the importance of selfcare. Rev Enferm UFPE On line. 2017;11(4):1634-40. doi: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v11i4a15259p1634-1640-2017
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). O profissional que tiver dificuldade na elaboração dessa reflexão e concatenação de práticas de cuidado de si na vida cotidiana pode agir de forma desarticulada na formulação e implementação de um plano de cuidados efetivo aos pacientes(1919 Araujo CB, Costa LMC, Santos RM, Almeida LMWS. The practice of self-care by nursing staff of basic health units. Rev Eletr Enferm. 2016;18:e1181. doi: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v18.39304
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).

Os discursos da primeira categoria analisada remetem a estudo realizado na Tailândia(2020 Nantsupawat A, Nantsupawat R, Kunaviktikul W, Turale S, Poghosyan L. Nurse burnout, nurse-reported quality of care, and patient outcomes in Thai Hospitals. J Nurs Scholarsh. 2016;48(1):83-90. doi: 10.1111/jnu.12187
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), cujo objetivo foi investigar o efeito do burnout na qualidade do cuidado prestado aos pacientes, em eventos adversos e nos resultados assistenciais obtidos em hospitais daquele país. Os achados indicam claramente que o burnout em enfermeiros está associado a resultados negativos no cuidado aos pacientes, sendo que intervenções para diminuir essa condição são essenciais para melhorar o cuidado prestado.

Também pode ser feito um paralelo entre os resultados deste estudo e outro, realizado em hospitais públicos de Portugal, que objetivou explorar como a empatia por si mesmo e a autocompaixão de enfermeiros estavam relacionadas à sua qualidade de vida(2121 Duarte J, Pinto-Gouveia J, Cruz B. Relationships between nurses' empathy, selfcompassion and dimensions of professional quality of life: a cross-sectional study. Int J Nurs Stud. 2016;60:1-11. doi: 10.1016/j.ijnurstu.2016.02.015
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). Os resultados demonstraram que a autocompaixão e o cuidado de si podem ser importantes ferramentas para diminuir o burnout entre os enfermeiros, aumentando, assim, a sua qualidade de vida no trabalho. Esta pode ser definida pela percepção de potencialidades no processo de trabalho que possibilitem aos trabalhadores o alcance de felicidade e autorrealização, além de bem-estar, segurança e uso adequado da energia pessoal(2222 Hipólito MCV, Masson VA, Monteiro MI, Gutierrez GL. Quality of working life: assessment of intervention studies. Rev Bras Enferm. 2017;70(1):178-86. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2015-0069
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). Assim, percebe-se que o cuidado de si é uma ferramenta importantíssima para que os enfermeiros cuidem com menos estresse, ocasionando menos erros na assistência à saúde das pessoas, o que está em sintonia com os discursos dos participantes da presente pesquisa.

Os resultados também demonstraram a relação entre as práticas de cuidado de si e o exercício da liderança. Idealmente, é clara a percepção de que o enfermeiro é o gestor do cuidado ao paciente em níveis variados e que, além de identificar, planejar e prescrever esses cuidados, também é responsável pela orientação e supervisão dos técnicos de enfermagem. Entretanto, nem sempre a complexidade da relação existente entre os enfermeiros e liderados a isenta de conflitos, que podem ter repercussões positivas e negativas em um grupo de pessoas cujos empenho e dedicação são esperados para o alcance de objetivos comuns.

A liderança também pode ser vista como o processo de influenciar o comportamento da equipe visando à otimização de resultados e à obtenção de metas institucionais. Tem sido demonstrado que o desenvolvimento dessa competência também pode melhorar a qualidade do cuidado prestado aos pacientes(2323 Saleh U, O'Connor T, Al-Subhi H, Alkattan R, Al-Harbi S, Patton D. The impact of nurse managers' leadership styles on ward staff. Br J Nurs. 2018;27(4):197-203. doi: 10.12968/bjon.2018.27.4.197
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). Os depoentes demonstraram principalmente que o cuidado de si lhes proporcionou o equilíbrio necessário para influenciar os técnicos e auxiliares de enfermagem. Essa habilidade fortalece a liderança e ajuda a resolver importantes desafios nos cuidados à saúde, requerendo tempo, dedicação e um forte senso de si mesmo para ser desenvolvida(2424 Sherman RO. Leadership influence and power. Nurse Leader, 2018;16(1):6-7. doi: https://doi.org/10.1016/j.mnl.2017.10.003
https://doi.org/10.1016/j.mnl.2017.10.00...
). O autoconhecimento, descrito em estudo como consequência de práticas de cuidado de si(1818 Crane PJ, Ward SE. Self-healing and self-care for nurses. AORN J. 2016;104(5):386-400. doi: 10.1016/j.aorn.2016.09.007
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), é uma das qualidades necessárias aos líderes para fortalecer a sua influência. Pode, dentre outras coisas, conforme descrito pelos participantes desta pesquisa, ajudar o enfermeiro a refletir sobre as diversas formas de gerenciar variada gama de situações(2424 Sherman RO. Leadership influence and power. Nurse Leader, 2018;16(1):6-7. doi: https://doi.org/10.1016/j.mnl.2017.10.003
https://doi.org/10.1016/j.mnl.2017.10.00...
).

Outra aproximação que pode ser feita entre as práticas de cuidado de si e liderança, descrita na literatura, diz respeito a uma característica de um líder autêntico: a autoconsciência. Por meio de um estudo realizado na região Sudeste do Brasil(2525 Carvalho AGF, Cunha ICKO, Balsanelli AP, Bernardes A. Authentic leadership and the personal and professional profile of nurses. Acta Paul Enferm. 2016;29(6):618-25. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201600087
http://dx.doi.org/10.1590/1982-019420160...
), pode-se observar que a autoconsciência é uma ferramenta valiosa que abrange a “confiança em si mesmo, em suas motivações, valores, objetivos, sentimentos, desejos, pontos fortes e fracos, bem como a natureza multifacetada de si mesmo”. Assim, o enfermeiro que reflete sobre a sua vida, sobre o seu processo de trabalho, tende a modificar o seu comportamento de forma positiva, o que resulta em um crescimento pessoal e profissional. Esse profissional terá desenvolvido a sua competência de líder, característica que reflete, certamente, de forma positiva no seu trabalho. Terá melhores condições de perceber padrões de comportamento, limites e potencialidades em si mesmo e nos outros, porque optou por seguir o caminho do autoconhecimento, da autopercepção, da autoconsciência, estando alerta em relação à sua vida.

Assim sendo, a liderança é uma competência essencial que precisa ser assimilada e desenvolvida pelo enfermeiro, pois é o profissional referência para a equipe de enfermagem e também para outras equipes que atuam na prática assistencial, como a equipe médica. O seu trabalho depende, interdepende e independe do trabalho de outros profissionais. Nesse sentido, precisa ter equilíbrio, conhecimento, confiança e respaldo para a tomada de decisões. Sendo um profissional criativo, inovador e visionário, influencia positivamente os desfechos para a saúde dos pacientes(2626 Santos JLG, De Pin SB, Guanilo MEE, Balsanelli AP, Erdmann AL, Ross R. Nursing leadership and quality of care in a hospital setting: mixed methods research. Rev Rene. 2018;19:e3289. doi: 10.15253/2175-6783.2018193289
https://doi.org/10.15253/2175-6783.20181...
). Na UTI, o domínio dessa competência é essencial, dada a gravidade do estado de saúde dos pacientes, o que requer um melhor manejo da equipe de trabalho, visando ao alcance dos melhores resultados(2727 Balsanelli AP, Cunha ICKO. Nursing leadership in intensive care units and its relationship to the work environment. Rev Latino Am Enfermagem. 2015;23(1):106-13. doi: 10.1590/0104-1169.0150.2531
https://doi.org/10.1590/0104-1169.0150.2...
).

Os discursos dos participantes também convergem para a questão de que as práticas de cuidado de si podem fazer com que o enfermeiro se equilibre como indivíduo, tendo consciência das suas sensações, controle das suas atitudes, o que é imprescindível para poder influenciar os seus liderados. Além disso, as práticas de cuidado podem fazer com que melhore a sua postura diante do mundo. O enfermeiro, assim, influenciará o empoderamento da equipe de trabalho.

As práticas relacionadas ao cuidado de si podem desenvolver nos enfermeiros uma relação crítica com o seu processo de trabalho, a qual leva em conta as suas questões particulares e está em consonância com os objetivos institucionais. Assim, poderá desenvolver um maior senso crítico em relação a si mesmo e aos outros (chefes, colegas, pacientes e familiares), o que culminará na adoção de hábitos saudáveis, ocasionando maior disposição para efetuar um cuidado mais seguro. Além disso, os enfermeiros desenvolvem a noção de que podem e devem se organizar para cobrar das instituições de saúde uma maior preocupação e comprometimento com o seu bem-estar. Dessa forma, o equilíbrio que pode ser adquirido com as práticas do cuidado de si permite que o enfermeiro influencie de forma positiva a sua equipe de trabalho.

Como limitação, este estudo apresentou a percepção sobre o cuidado de si de enfermeiros num contexto específico, de modo que outros podem ser realizados em diferentes locais e cenários de assistência à saúde. Avança, porém, no conhecimento ao identificar que o cuidado de si influencia diretamente a segurança do paciente mediante a sua liderança.

CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo demonstraram que as práticas relacionadas ao cuidado de si influenciam de modo positivo o processo de trabalho do enfermeiro intensivista. Essa influência ocorreu principalmente nos aspectos relacionados à segurança do paciente e ao desenvolvimento da liderança, importante competência gerencial.

Ressalta-se que a inclusão de tópicos relacionados ao cuidado de si no cotidiano dos profissionais pelos seus gestores, através de atividades de educação permanente, pode melhorar a qualidade de vida no trabalho dos enfermeiros intensivistas e trazer impactos positivos à assistência prestada e à sua liderança.

  • *
    Extraído da dissertação: “O cuidado de si do enfermeiro intensivista”, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo, 2019.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Maio 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    12 Jan 2020
  • Aceito
    20 Out 2020
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