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Consórcio de publicações feministas: a visibilidade do feminismo e sua divulgação

Feminist publishing pool: making feminism visible and available

Resumos

Este artigo tem por objetivo contar como, sob a coordenação da Revista Estudos Feministas, se articulou o Consórcio de Publicações Feministas, lembrando que um dos principais aspectos dessa articulação relacionou-se com a visibilidade do feminismo brasileiro e de suas publicações nos diferentes espaços proporcionados pelos eventos científicos. Apresentamos, no decorrer do texto, as publicações que participaram do Consórcio, constituindo parcerias com a Revista Estudos Feministas. Sintetizamos o funcionamento do Consórcio e esclarecemos os aspectos ligados às vendas e à participação das profissionais que efetivaram todo esse processo. Relatamos também, os principais resultados desta iniciativa inédita no campo editorial independente no Brasil. Pela primeira vez no país, diferentes publicações integraram esforços no âmbito da distribuição, vendas e, principalmente, divulgação de seu trabalho, concretizando um dos principais objetivos da criação da Rede de Publicações Feministas.

Consórcio; Publicações Feministas; parcerias


This paper has the objective to show how Feminist Publication Consortium was articulated; taking in mind that one of the main aspects of this articulation was related with feminism visibility and its publications in different spaces provided by scientific events. It is presented on the text the constituted partnership table, synthesizing the functioning of all this process. It is also pointed out the main results of this Publications net that was highlighted for been inedited of its initiative, or rather, for the first time in the country, the Feminist Publications are integrated in the distribution, selling and mainly advertisement scopes, owning to one of the main objectives of its creation.

Consortium; Feminist Publications; Partnerships


EXPERIÊNCIAS EDITORIAIS FEMINISTAS

Consórcio de publicações feministas: a visibilidade do feminismo e sua divulgação

Feminist publishing pool: making feminism visible and available

Rozeli Maria Porto

Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades /UFSC

RESUMO

Este artigo tem por objetivo contar como, sob a coordenação da Revista Estudos Feministas, se articulou o Consórcio de Publicações Feministas, lembrando que um dos principais aspectos dessa articulação relacionou-se com a visibilidade do feminismo brasileiro e de suas publicações nos diferentes espaços proporcionados pelos eventos científicos. Apresentamos, no decorrer do texto, as publicações que participaram do Consórcio, constituindo parcerias com a Revista Estudos Feministas. Sintetizamos o funcionamento do Consórcio e esclarecemos os aspectos ligados às vendas e à participação das profissionais que efetivaram todo esse processo. Relatamos também, os principais resultados desta iniciativa inédita no campo editorial independente no Brasil. Pela primeira vez no país, diferentes publicações integraram esforços no âmbito da distribuição, vendas e, principalmente, divulgação de seu trabalho, concretizando um dos principais objetivos da criação da Rede de Publicações Feministas.

Palavras-chave: Consórcio/Rede, Publicações Feministas, parcerias

ABSTRACT

This paper has the objective to show how Feminist Publication Consortium was articulated; taking in mind that one of the main aspects of this articulation was related with feminism visibility and its publications in different spaces provided by scientific events. It is presented on the text the constituted partnership table, synthesizing the functioning of all this process. It is also pointed out the main results of this Publications net that was highlighted for been inedited of its initiative, or rather, for the first time in the country, the Feminist Publications are integrated in the distribution, selling and mainly advertisement scopes, owning to one of the main objectives of its creation.

Key-words: Consortium, Feminist Publications, Partnerships

Introdução

A Revista Estudos Feministas, que em seus primeiros anos de existência contou com o significativo apoio da Fundação Ford, já está plenamente estabelecida dentro do campo de publicações de prestígio no Brasil, tendo sua continuidade, em parte assegurada pelo financiamento do CNPq e pelas vendas de assinaturas e exemplares. Com isso a Revista atingiu seu objetivo principal de ser um meio de divulgação do conhecimento produzido no campo dos estudos feministas e de gênero no Brasil.

Mas para ampliar a divulgação dessa produção para além do círculo restrito da academia brasileira, foram realizados dois encontros com o apoio da Fundação Ford, o primeiro em 2002, de caráter nacional, o qual potencializou alguns contatos já existentes entre as diferentes publicações acadêmicas e militantes; e o segundo em 2003, de caráter internacional, realizado no Hotel Canto da Ilha em Florianópolis, que contou também com o apoio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e da CAPES.

Este encontro constituiu uma das etapas de um projeto mais amplo, financiado pela Fundação Ford, visando a implantação da versão eletrônica da Revista Estudos Feministas e a criação de uma Rede de Publicações Feministas, composta pelo Portal de Publicações Feministas (www.portalfeminista.org.br) e pelo Consórcio1 1 Consórcio designa o trabalho de articulação com as parceiras para vendas e distribuição dos produtos impressos. de distribuição das publicações impressas nos eventos, nas livrarias e nas ONGs, possibilitando assim, uma maior disseminação do conhecimento sobre gênero e feminismo. Relatamos aqui o funcionamento do Consórcio entre março de 2002 e novembro de 2004, período no qual este contou com a participação de várias instituições acadêmicas e militantes, fortalecendo a articulação entre esses dois setores e a produção do conhecimento no campo feminista.

Nesse período o Consórcio se encarregou da distribuição das revistas nos vários eventos acadêmicos, culturais e militantes realizados no Brasil e no exterior dentro do período mencionado criando uma dinâmica de divulgação unificada para dar visibilidade a estas publicações.

Registramos neste artigo o modo como se articulou esse Consórcio, relembrando que um dos seus principais objetivos estava relacionado com um aumento da visibilidade do feminismo e de suas publicações nos diferentes espaços proporcionados pelos eventos científicos. Relatamos inicialmente as parcerias que foram constituídas durante os eventos representativos da área em 2002, 2003 e 2004, relacionando aqueles nos quais a REF e outras publicações parceiras estiveram presentes. Na seqüência, caracterizamos o funcionamento do Consórcio, esclarecemos os aspectos ligados às vendas e às profissionais que efetivaram esse processo. Por último, apresentamos os resultados do Consórcio de Publicações Feministas que se destacou pelo ineditismo, na medida em que, pela primeira vez no país, essas publicações atuaram de forma integrada no âmbito da distribuição, das vendas e principalmente da divulgação.

Parcerias e Eventos

Para atingir os objetivos propostos no projeto, de forma a viabilizar a criação do Consórcio, foram estabelecidos contatos para intercâmbio com as instituições abaixo relacionadas:

Nem todas essas 33 instituições se integraram ao Consórcio, e isto por razões diversas, que variaram desde as dificuldades materiais para partilhar as despesas nos stands, até as limitações impostas pela carência de recursos humanos suficientes. Assim, durante os anos de 2002, 2003 e 2004, participaram em parceria nos eventos propostos pela Revista Estudos Feministas as seguintes instituições: ANIS, CADERNOS CEPIA, CADERNOS PRIMEIRA MÃO, CATÓLICAS PELO DIREITO DE DECIDIR, CFEMEA, CLAM, EDITORA MULHERES, MANDRÁGORA, NEIM, PAGU, PAPAI, REDE FEMINISTA DE SAÚDE, REDEH, REVISTA GÊNERO, REVISTA ILHA, REVISTA UM OUTRO OLHAR, SOS CORPO, THEMIS e TRANSAS DO CORPO.

No total somaram 19 instituições entre ONGs, revistas acadêmicas e Editoras, as quais estiveram presentes alternadamente em 36 eventos nacionais em parceria com a REF nos anos de 2002, 2003 e 2004, conforme demonstram os quadros a seguir. Vale lembrar que a REF participou também durante o triênio de 6 eventos internacionais.

De acordo com as informações contidas nesses quadros, observa-se em primeiro lugar, que a Revista Estudos Feministas esteve presente em 61 eventos ultrapassando a média de 20 eventos por ano. Essa média ultrapassa a previsão contida no projeto inicial que apontava para 08 eventos anuais. Em segundo lugar, observa-se a participação das integrantes do Consórcio em 36 dos 61 eventos. Destacamos que a participação tanto da REF como de suas parcerias não foi maior em virtude da adoção do critério de seleção de eventos específicos de gênero e feminismo no ano de 2004, levando em conta a experiência acumulada nos anos anteriores como veremos adiante.

Vale salientar que a parceria com estas instituições foi extremamente importante. Muitas vezes elas garantiram a infra-estrutura indispensável à banca de Publicações Feministas. Determinados detalhes importantíssimos para a montagem da banca dependeram inúmeras vezes da organização relativa ao transporte de livros e panfletos para divulgação, cadeiras, mesas, toalhas, lâmpadas e tantos outros materiais que não são disponibilizados pelos organizadores desses congressos.

E isso só foi possível graças ao empenho e companheirismo dessas instituições que ajudaram a superar boa parte das dificuldades. A procura do público leitor por muitas publicações das integrantes do Consórcio é outro aspecto importante a se comentar. Além dessa constante procura por publicações que circulam há mais tempo no meio acadêmico e militante, paulatinamente percebia-se a demanda por outras publicações menos conhecidas devido à efetiva participação destas instituições em congressos anteriores na banca de Publicações Feministas. Essa procura indica a visibilidade proporcionada pelo Consórcio durante sua participação nos vários eventos nestes últimos 3 anos.

Como funciona o Consórcio

Uma das primeiras propostas para dar visibilidade às publicações do Consórcio foi a criação de um kit básico de divulgação que incluía vários materiais como banners, sacolas, folders, cartazes, camisetas, adesivos, etc. Embora nem todos esses itens tenham sido utilizados de modo unificado, os banners e os cartazes por exemplo, destacaram as especificidades das publicações. Camisetas, marcadores de página, cartões postais e adesivos (embora de instituições diferentes), também contribuíram para a divulgação unificada das publicações feministas.

O Consórcio ainda seguiu outras etapas importantes tais como a construção de uma agenda com a programação de eventos; confecção de cartas sobre os eventos para as instituições contendo informações sobre a venda de stands, custos, local e parcerias; organização de rodízios das divulgadoras entre as instituições; organização do envio do material, divisão de despesas; monitoramento de todo processo; relatório de vendas e divulgação; reuniões periódicas da equipe envolvida no projeto.

Nessas reuniões, eram selecionados os eventos mais importantes para a divulgação das Publicações. Eventos específicos no campo de gênero e feminismo (como por exemplo, Seminário Gênero e Educação, Encontro Feminista, etc.) proporcionaram, sem dúvida, resultados mais favoráveis em termos de vendas e divulgação. Identificados tais eventos, era enviada com antecedência uma carta para as instituições contendo informações sobre o local do evento, custos, possibilidade das parcerias, bancas, negociações, etc. Posteriormente, trocadas as informações com as publicações que tinham interesse em participar do Consórcio, era efetivada a compra das bancas e selecionadas pelas suas respectivas instituições as profissionais para administrar as vendas e a divulgação das publicações durante o evento. Além disso, previa-se a divisão efetiva dos custos e a organização do material que era normalmente enviado para o hotel onde estavam hospedadas as divulgadoras ou para os locais onde ocorreriam os eventos. Ao final, o saldo era levado para a REF ou ficava em consignação com a parceria local. Ou era devolvido pelo Correio. Outros detalhes também eram resolvidos, como por exemplo, adiantamentos de viagem, reservas de hotel e passagens. Após cada um dos eventos, eram elaborados os relatórios de despesas, vendas, divulgação, posteriormente enviados às parcerias. A compra dos stands normalmente era feita pela REF e os custos depois divididos pelo Consórcio. Finalmente, o dinheiro das vendas era depositado conforme as instruções de cada instituição.

Certamente nesse processo de organização do Consórcio aconteceram alguns imprevistos. Só para citar um exemplo, certa vez num determinado congresso, uma caixa de livros enviada pelo correio por uma das parcerias não chegou ao hotel. Recebemos uma ligação telefônica nos avisando que ela estava no correio. Após procurá-la pela cidade, descobrimos que o correio era um postinho praticamente ao lado do hotel em que estávamos hospedadas. Não tínhamos levantado as informações suficientes para procurar a tal caixa desmantelada pela viagem. A procura exigiu tempo, dinheiro e paciência. Mas certamente valeu como um aprendizado.

Outras situações inusitadas ocorreram. Por exemplo, em uma delas tivemos que improvisar a mesa para a exposição dos livros e revistas, pois a organização do evento simplesmente desapareceu. Tínhamos o espaço, porém, não havia infra-estrutura alguma para a realização de nosso trabalho. Assim sendo, nos apossamos de alguns móveis usados abandonados em um porão próximo ao stand e os utilizamos como apoio para um pedaço de tábua. Esta era nossa mesa. No último dia do congresso os organizadores reapareceram e perguntaram se precisávamos de mais alguma coisa...

Um outro acontecimento interessante se deu durante um Congresso no Nordeste. Este pelo menos foi mais instrutivo. Alguns rapazes entraram em nossa banca demonstrando muito interesse sobre o tema feminismo. Eles acharam o máximo existir uma banca com tais publicações e elogiaram nossa "coragem" em assumirmos uma identidade feminista... Durante horas conversamos com esses rapazes sobre vários assuntos relativos ao feminismo, às mulheres, aos homens, desmistificamos algumas crenças populares, conversamos sobre as parcerias entre ONGs e Universidades, etc. Porém, o que mais marcou esse diálogo foi quando começamos a falar sobre um tema inédito para eles: Gênero. Eles eram estudantes universitários, mas não estavam participando especificamente daquele congresso e tampouco tinham intimidade com esse assunto.

Esse diálogo (um dentre tantos outros) demonstrou o quanto uma banca de Publicações Feministas favorece a divulgação dos feminismos em diferentes espaços proporcionados por esses eventos científicos, indo além de expectativas comerciais voltando-se à informações que certamente são de interesse de todos/as, acadêmicos/as, militantes e profissionais em geral.

Durante o triênio, várias instituições foram se mostrando interessadas em participar do Consórcio. O resultado é que gradativamente foram se formando e fortalecendo as parcerias. No começo participaram apenas REF e THEMIS. Em novembro de 2003, havia dez instituições2 2 ANIS, CFEMEA, CLAM, EDITORA MULHERES, PAGU, PAPAI, REDEH, REVISTA GÊNERO, SOS CORPO e THEMIS. participando do Consórcio. Com a discussão dos resultados durante o I Encontro Internacional e II Encontro Nacional de Publicações Feministas realizado no mês de novembro deste mesmo ano3 3 Na última sessão Articulação da Rede de Publicações Feministas durante o I Encontro Internacional, foi elaborado por Rozeli Porto um balanço do primeiro ano do Consórcio. Esse artigo retoma vários dos aspectos abordados nesse balanço e incorpora outros que resultam da avaliação do segundo ano de atividades. , outras se mostraram interessadas em participar do Consórcio, favorecendo assim a continuidade do projeto. No final de 2004, 19 instituições4 4 ANIS, CADERNOS CEPIA, CADERNOS PRIMEIRA MÃO, CATÓLICAS PELO DIREITO DE DECIDIR, CFEMEA, CLAM, EDITORA MULHERES, , MANDRÁGORA, NEIM, PAGU, PAPAI, REDE FEMINISTA DE SAÚDE, REDEH, REVISTA GÊNERO, REVISTA ILHA, REVISTA UM OUTRO OLHAR, SOS CORPO, THEMIS e TRANSAS DO CORPO. já estavam integradas ao Consórcio.

Além das Vendas...Divulgadoras e Discussões Feministas

Todo esse processo de implementação do Consórcio de Publicações Feministas foi realizado pelas co-editoras e pela divulgadora da REF5 5 Miriam Pillar Grossi e Luzinete Simões Minella à época eram co-editoras da REF e integravam a coordenação do projeto da Rede, e Rozeli Maria Porto, responsável pela organização nacional do Consórcio de Publicações Feministas. que organizavam as vendas e a divulgação das publicações a nível nacional. Muitas parcerias também contribuíram de maneira significativa proporcionando informações sobre eventos, organizando a infraestrutura relativa aos stands e disponibilizando profissionais especializadas para atuarem efetivamente nesse trabalho.

A maioria destas profissionais que trabalharam na banca de Publicações Feministas tinha formação acadêmica em nível de graduação, realizaram cursos de mestrado e/ou doutorado na área de Humanas, estando familiarizadas portanto, com as questões de gênero e feminismo porque muitas delas faziam pesquisa nesta área. Eram também militantes de ONGs e de outras instituições. Esse tipo de formação era uma condição necessária para participar da banca pois o objetivo do Consórcio de Publicações Feministas ia além da distribuição, venda e divulgação das publicações. As bancas se transformaram em espaços de discussão para assuntos pertinentes aos eventos principalmente no que diz respeito ao feminismo acadêmico e militante, discussões de gênero, relações humanas, violências, sexualidades, ou seja, tornaram-se um local onde se realizaram trocas de experiências, informações sobre projetos, pesquisas, bibliografia e certamente publicações. Essas trocas incluíram jovens pesquisadoras universitárias e ativistas feministas vinculadas às ONGs.

As bancas também funcionaram, em muitos eventos, como ponto de encontro de passeatas e outras manifestações feministas, bem como de contatos com a imprensa local. Dessa maneira, discutia-se com as/os interessados/as sobre "o que é ser feminista no século XXI", sobre "como o movimento feminista é importante para garantir os direitos humanos das mulheres", etc. Falava-se sobre as modificações nas relações entre mulheres e homens ocorridas durante as últimas décadas, sobre as questões de gênero, sobre feminilidades e masculinidades dentre outros assuntos pertinentes ao feminismo, tentando-se, desse modo, esclarecer muitas vezes que a banca de publicações feministas não se restringia aos interesses das mulheres, que não se tratava apenas de livros dirigidos somente as mulheres, mas que as "Publicações Feministas" são de interesse geral da sociedade envolvendo as pessoas independentemente de sua identidade de gênero. Um outro aspecto importante para divulgação e vendas foi ter conhecimento sobre as instituições que estavam fazendo parte do Consórcio e principalmente dos temas de suas publicações. Geralmente, a autora desse artigo, que coordenou esse processo, realizava uma reunião interna entre as profissionais que trabalhavam no stand, observando que a banca se referia à publicações feministas e não se limitava a uma ou duas instituições. Recomendava às profissionais que divulgassem todas as publicações observando o título e o índice dos livros para se inteirarem dos assuntos. Recomendava também que permanecessem no stand, no mínimo, duas pessoas durante o rodízio. Todas, dessa forma, ficavam responsáveis pela divulgação e venda das publicações e das instituições, informando qual o objetivo de cada uma das integrantes do Consórcio. Também planejava a organização física do stand, as anotações das vendas, bem como as responsabilidades com dinheiro e com o controle do estoque.

Observa-se, portanto, que o intuito do Consórcio de Publicações Feministas foi além de perspectivas capitalistas, voltando-se a informações que eram de interesse de toda/os, acadêmicas/os, militantes e profissionais em geral.

Resultados do Consórcio de Publicações Feministas

Diante desse processo, dificilmente alguma das parcerias deixou de realizar vendas durante os eventos. Porém, a divulgação do trabalho de todas as instituições incluindo a REF se mostrou muito satisfatória. A parceria entre ANIS, CADERNOS CEPIA, CADERNOS PRIMEIRA MÃO, CATÓLICAS PELO DIREITO DE DECIDIR, CFEMEA, CLAM, EDITORA MULHERES, MANDRÁGORA, NEIM, PAGU, PAPAI, REDE FEMINISTA DE SAÚDE, REDEH, REF, REVISTA GÊNERO, REVISTA ILHA, REVISTA UM OUTRO OLHAR, SOS CORPO, THEMIS e TRANSAS DO CORPO mostrou-se positiva o que solidificou os laços entre as instituições.

Conforme mencionado, nos anos de 2002, 2003 e 2004 a Revista Estudos Feministas participou de 61 eventos, e cerca de 36 foram realizados em parceria com essas instituições. Segundo demonstraram os dados financeiros6, o resultado das vendas e assinaturas da REF diante da divisão de despesas com as parcerias, mostrou-se, do mesmo modo, satisfatório. Entendemos que o apoio financeiro da Fundação Ford à estruturação e funcionamento do Consórcio foi de fundamental importância para tornar as publicações feministas conhecidas e acessíveis, ou seja, promover sua visibilidade.

Observa-se que a participação em eventos dirigidos a um público muito amplo e diversificado, como por exemplo as reuniões anuais da SBPC, não traziam bons resultados de vendas mas que no entanto eram espaços muito importantes para a divulgação mais ampla da temática do feminismo. Os melhores resultados, tanto em relação às vendas como em relação a divulgação do material e serviços das instituições, foram obtidos, conforme mencionamos, com a participação em eventos específicos de gênero e feminismo, que como podemos constatar pelas listagens apresentadas acima foram de número muito significativo nestes três anos.

Confiando, assim, na experiência obtida em anos anteriores, em 2004, foram selecionados esses tipos de eventos. Exemplo disso foi o Fazendo Gênero 6 realizado em Florianópolis no mês de agosto/2004. Tomando apenas o exemplo da REF, vendemos mais de três mil reais entre assinaturas anuais e bi-anuais, coleções antigas e vendas de revistas avulsas. A procura desse periódico se traduziu não somente na aquisição da revista, mas na possibilidade de publicação de artigos e resenhas, uma vez que a REF é um periódico de ponta em nosso país.

Concluindo, percebe-se pelos bons resultados obtidos durante o funcionamento do Consórcio, o desejo das instituições em darem continuidade a esse projeto. A banca de Publicações Feministas tornou-se um espaço marcante nesses congressos e muitas vezes sua participação foi cobrada em eventos nos quais por alguma razão não pôde estar presente. Do mesmo modo, a banca sempre recebeu convites (tanto das parcerias como das organizações dos eventos) para estar presente nos congressos, principalmente naqueles relativos a gênero e feminismo. Isso demonstra a importância proporcionada pelo Consórcio de Publicações Feministas ao público leitor que participa efetivamente desses eventos.

A experiência em relação à formação desse Consórcio, comprovou a viabilidade na distribuição e vendas a partir do trabalho em conjunto com as organizações que tornaram-se parceiras da REF nesse projeto. O Consórcio participou de inúmeros eventos científicos e militantes de interesse, possibilitando, assim, maior disseminação do conhecimento sobre gênero e feminismo ao público leitor.

Não obstante, vale lembrar que algumas dificuldades foram encontradas, principalmente no que diz respeito às questões operacionais. A imprevisibilidade que cerca as organizações e os eventos, os preços dos stands, os desafios impostos pelas distâncias incomensuráveis deste país e ainda a dificuldade de recursos humanos representam barreiras difíceis de serem solucionadas tanto quanto os problemas com o transporte dos livros, tempo hábil para o envio do material (para que chegasse a tempo de ser divulgado durante o eventos), a falta de infra-estrutura nas bancas, o despreparo das comissões organizadoras, a falta de pessoal dentre outros fatores.

De qualquer modo, pôde-se avaliar que a participação ativa da REF e de suas parcerias em bancas de publicações feministas, configurou o êxito do empreendimento deste Consórcio. Os resultados positivos do funcionamento do Consórcio, a troca de experiências com editoras e organizações de revistas nacionais e internacionais, certamente ampliou o campo de divulgação das revistas brasileiras, dando visibilidade e abrindo novos espaços para estas publicações.

Notas

Copyright ã 2004 by Revista Estudos Feministas.

  • 6 Esses dados constam no Relatório da REF enviado à Fundação Ford em dezembro de 2004.
  • 1
    Consórcio designa o trabalho de articulação com as parceiras para vendas e distribuição dos produtos impressos.
  • 2
    ANIS, CFEMEA, CLAM, EDITORA MULHERES, PAGU, PAPAI, REDEH, REVISTA GÊNERO, SOS CORPO e THEMIS.
  • 3
    Na última sessão Articulação da Rede de Publicações Feministas durante o I Encontro Internacional, foi elaborado por Rozeli Porto um balanço do primeiro ano do Consórcio. Esse artigo retoma vários dos aspectos abordados nesse balanço e incorpora outros que resultam da avaliação do segundo ano de atividades.
  • 4
    ANIS, CADERNOS CEPIA, CADERNOS PRIMEIRA MÃO, CATÓLICAS PELO DIREITO DE DECIDIR, CFEMEA, CLAM, EDITORA MULHERES, , MANDRÁGORA, NEIM, PAGU, PAPAI, REDE FEMINISTA DE SAÚDE, REDEH, REVISTA GÊNERO, REVISTA ILHA, REVISTA UM OUTRO OLHAR, SOS CORPO, THEMIS e TRANSAS DO CORPO.
  • 5
    Miriam Pillar Grossi e Luzinete Simões Minella à época eram co-editoras da REF e integravam a coordenação do projeto da Rede, e Rozeli Maria Porto, responsável pela organização nacional do Consórcio de Publicações Feministas.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      04 Maio 2005
    • Data do Fascículo
      Dez 2004
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