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A força de Heleieth Saffioti 50 anos depois

The Power of Heleieth Saffioti 50 Years Later

La fuerza de Heleieth Saffioti 50 años después

A contribuição da crítica feminista à naturalização das diferenças entre homens e mulheres, antes compreendidas como uma diferenciação genética e não como resultado de um processo de construção das desigualdades, provocou uma significativa reestruturação da tradição do pensamento vigente. O gênero transformou-se numa categoria de grande valor heurístico, seja na desconstrução dessa tradição tida como “cega ao gênero”, seja na reconstrução teórica a partir do enfoque nas “experiências concretas das mulheres nas culturas, na sociedade e na história” (Seyla BENHABIB; Druscilla CORNELL, 1987BENHABIB, Seyla; CORNELL, Druscilla. “Introdução: além da política do gênero”. In: BENHABIB, Seyla; CORNELL, Druscilla (Orgs.). Feminismo como crítica da modernidade: releitura dos pensadores contemporâneos do ponto de vista da mulher. Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos, 1987. p. 7-22., p. 7).

Uma das principais críticas partilhadas pelas feministas à época era da manutenção de uma ciência a serviço dos dominantes que se justificava pelas noções de objetividade, racionalidade e universalidade do saber científico, como salienta Ilana Löwy:

apresentar os conhecimentos produzidos num dado momento - desde aurora do período moderno -, num dado local (Europa, e mais tarde a América do Norte), por indivíduos dotados por uma identidade social específica (machos, membros das classes dominantes) como o único saber, objetivo universalmente válido, de modo a excluir qualquer outro ponto de vista (o das mulheres, dos pobres, das pessoas “de cor”, de países não ocidentais) possibilitou que se consolidasse a hegemonia material e ideológica dos dominantes (LÖWY, 2009LÖWY, Ilana. “Gênero e ciência”. In: HIRATA, Helena; LABORIE, Françoise; LE DOARÉ, Hélène; SENOTIER, Danièle (Orgs.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Editora Unesp, 2009. p. 40-44., p. 42).

Assim, assistimos nos últimos quarenta anos a difusão do pensamento feminista junto com uma renovação das teses e categorias que explicam o lugar que as mulheres ocupam na sociedade e na construção do pensamento. Nesse cenário ganha força a epistemologia feminista que propunha um feminist standpoint ou situated knowledge (Donna HARAWAY, 1995HARAWAY, Donna. “Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial”. Cadernos Pagu, Campinas, v. 5, p. 7-41, jul./dez. 1995.), ou seja, um “conhecimento situado” que é produzido por indivíduos que tomam posição por um certo mundo e recusam outros, destacando a articulação entre o posicionamento social e político das(os) pesquisadoras(es) para a formulação da teoria.

Os estudos sobre as mulheres foram fundamentais para que essa perspectiva se difundisse, não apenas porque houve o questionamento dos pesquisadores enquanto sujeitos universais, mas também porque trouxe a agência dos sujeitos pesquisados (no caso as mulheres) para a perspectiva analítica.

No interior desse debate contemporâneo é importante relembrarmos as teorias clássicas dos estudos de gênero que formaram a nossa base para que pudéssemos questionar hoje tanto o papel do pesquisador e da pesquisa quanto a necessidade de pensarmos as diferentes relações sociais de forma articulada (interseccionalidade, consubstancialidade e nó). Dessa forma, não tem como não retomar Heleieth Saffioti.

Heleieth Saffioti foi uma socióloga marxista, pesquisadora e defensora dos direitos das mulheres. Ao longo de toda a sua trajetória pessoal e profissional articulou teoria e prática como dimensões indissociáveis.

São inúmeras as suas pesquisas sobre a condição feminina que puseram em xeque as análises que não consideravam as mulheres como sujeitas da sociedade e da história. Dedicou-se a entender as desigualdades de gênero na sociedade brasileira e para isso analisou o papel das mulheres no mundo do trabalho, elaborando pesquisas sobre empregadas domésticas, professoras primárias e trabalhadoras da indústria têxtil (SAFFIOTI, 1978SAFFIOTI, Heleieth. Emprego doméstico e capitalismo. Petrópolis: Vozes, 1978., 1981SAFFIOTI, Heleieth. Do artesanal ao industrial: a exploração da mulher. São Paulo: Editora Hucitec, 1981., 2013SAFFIOTI, Heleieth. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. 3. ed. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2013 [1969].).

Sua primeira obra, intitulada A mulher na sociedade de classes: mito e realidade, é marco para os estudos de gênero no Brasil, pois inaugurou a tradição de olhar para as mulheres como sujeitas da história. Podemos tratá-la como uma cânone do pensamento feminista no país, tendo influenciado toda uma geração de mulheres militantes. Escrita no final da década de 1960, portanto em plena ditadura militar, foi publicada pela primeira vez em 1969 e é uma obra de extensa importância para refletirmos sobre o papel das mulheres na sociedade brasileira. No ano de 2019, essa publicação completou meio século e nos reunimos para ‘femenagear’ a autora e retomar a importância da sua contribuição. Com esse intuito, buscamos diálogo com importantes intelectuais que se propõem a debater com Heleieth Saffioti, reler sua obra pioneira e refletir sobre sua importância cinquenta anos depois.

No entanto, a importância de sua contribuição não se limita apenas a uma obra, mas a toda uma vida de pesquisa. Heleieth Saffioti foi uma intelectual que transitou entre o marxismo e o feminismo, trazendo uma inovadora leitura sobre a imbricação entre o capitalismo e o patriarcado e, mais tarde, inseriu nessa simbiose também o racismo.

Nas décadas de 1970 e 1980, ganhou relevância nas suas pesquisas o trabalho das mulheres, abrindo um caminho para a análise da presença feminina no mercado de trabalho, que posteriormente seria percorrido por muitas outras intelectuais. Destacam-se nas suas análises as pesquisas sobre as trabalhadoras domésticas, professoras primárias e as costureiras, entre seus principais trabalhos temos: Profissionalização feminina: professoras primárias e operárias (1969); Do artesanal ao industrial: a exploração da mulher (1981); Mulher brasileira: opressão e exploração (1984).

É no final dos anos de 1980, no seu livro O poder do macho (SAFFIOTI, 1987SAFFIOTI, Heleieth. O poder do macho. São Paulo: Moderna, 1987.), que a autora formula a ideia da simbiose entre patriarcado, racismo e capitalismo, marcando um salto teórico-metodológico em Heleieth Saffioti que, a partir de então, não desvincula a imbricação de gênero, raça e classe em nenhuma de suas análises. Com a publicação da primeira edição de seu livro Gênero, patriarcado e violência, em 2004, a autora amadurece a análise das articulações e chega à formulação do nó frouxo de gênero, raça/etnia e classe (SAFFIOTI, 2015SAFFIOTI, Heleieth. Gênero, patriarcado e violência. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular; Fundação Perseu Abramo, 2015 [2004].).

Sua contribuição sobre o tema da violência de gênero extrapola seus textos e coloca Heleieth Saffioti no campo da atuação política, onde ficou marcada pela luta por políticas públicas para as mulheres. Suas pesquisas sobre o tema fundamentam e dão corpo para a criação dessas políticas. Sobre esse tema destacamos os seguintes textos da autora: “Já se mete a colher em briga de marido e mulher” (2000); “Contribuições feministas para o estudo da violência de gênero” (2001); “Violência contra a mulher e violência doméstica” (2002); “Violência doméstica: questão de polícia e da sociedade” (2002).

A contribuição de Heleieth Saffioti para os estudos de gênero é marcante em várias áreas do conhecimento, tratando de diversos temas de fundamental importância. A presente seção temática não pretende dar conta de toda a obra da autora, mas situar sua imensidão no campo dos estudos de gênero.

Revisitando A mulher na sociedade de classes: renovados olhares sobre suas contribuições teóricas e políticas

A seção temática que apresentamos está dividida em duas grandes partes. A primeira traz textos que dialogam diretamente com A mulher na sociedade de classes, aportando novas visões sobre o impacto, a recepção e as reflexões que a obra trouxe. E a segunda faz um diálogo com outros temas que Heleieth Saffioti tratou e que nos ajuda a refletir e a compreender as relações de dominação contemporâneas.

A seção começa com um artigo escrito por Nadya Araujo Guimarães e Helena Sumiko Hirata, “A mulher na sociedade de classes: inspirações e impactos internacionais”, que analisa a incursão da autora nas obras pioneiras sobre o tema das mulheres e o trabalho na Europa e nos Estados Unidos, bem como a circulação da obra no cenário internacional. As autoras destacam a maestria de Heleieth Saffioti ao trazer para o Brasil a produção intelectual europeia de ponta, dadas as dificuldades da época e a forma lenta com que se estabeleciam as conexões acadêmicas, especialmente para quem escrevia uma tese restrita às cidades de Araraquara e São Paulo.

A afinidade das reflexões trazidas por Saffioti com os primeiros trabalhos franceses sobre a condição da mulher demonstra o profícuo diálogo dela com as teóricas daquele país. Isso propiciou a adoção de noções como ‘repartição por sexo’ e ‘categorias de sexo’ que surgiam como ideias inovadoras no contexto europeu e que eram novidade no Brasil. No entanto, as autoras destacam que, ao introduzir uma perspectiva comparativa entre homens e mulheres, Saffioti diferenciava-se dos primeiros estudos sobre a condição feminina que a tratava como uma categoria específica à parte, prenunciando, assim, “o espaço analítico que seria posteriormente ocupado pelo conceito de ‘gênero’.” (GUIMARÃES; HIRATA, 2021GUIMARÃES, Nadya Araujo; HIRATA, Helena Sumiko. “A mulher na sociedade de classes: inspirações e impactos internacionais”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 29, n. 1, e71394, 2021., p. 5). Saffioti também transcende os achados das pioneiras francesas, em especial, no que diz respeito ao tema do trabalho doméstico. Por outro lado, uma das principais referências para a escrita de A mulher na sociedade de classes, foi a teórica feminista estadunidense Betty Friedan que inspirou os argumentos que ampliaram a explicação sobre como se dá a combinação entre exploração e opressão feminina no ‘capitalismo desenvolvido’, além de servir de base para sua crítica à psicanálise.

Por fim, as autoras destacam o protagonismo de Heleieth Saffioti no cenário internacional e como ela exerceu um importante papel de intermediadora e de construtora de “pontes entre a academia e o marxismo brasileiros e o debate internacional no campo dos estudos sobre a mulher.” (GUIMARÃES; HIRATA, 2021GUIMARÃES, Nadya Araujo; HIRATA, Helena Sumiko. “A mulher na sociedade de classes: inspirações e impactos internacionais”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 29, n. 1, e71394, 2021., p. 9). Isso é perceptível com a publicação da edição inglesa de A mulher na sociedade de classe pela Monthly Review que ganhou vários tratamentos no mundo anglófono, mas, também, pelas releituras contemporâneas, chegando a ser considerado um dos 36 livros produzidos fora dos Estados Unidos e da Europa fundamentais para a história global do pensamento social.

Em uma mesma linha de análise sobre o impacto da obra que inaugura os estudos de gênero no Brasil, o artigo de Bila Sorj e Anna Bárbara Araujo, “A mulher na sociedade de classes: um clássico dos estudos de gênero”, faz uma análise sobre a recepção do livro e da obra de Heleieth Saffioti nas Ciências Sociais brasileiras, interpretando-a a partir da área de estudos de gênero e feminista no país. O artigo oferece uma análise bibliométrica longitudinal das referências feitas por artigos publicados em oito periódicos e que estão distribuídos entre revistas ‘generalistas’ e ‘feministas’. Mesmo reconhecendo que tal classificação é passível de críticas, esse recurso permitiu analisar se a obra de Saffioti ficou “restrita ao campo dos estudos especializados ou se penetrou o chamado mainstream da produção acadêmica das Ciências Humanas e Sociais.” (SORJ, ARAUJO, 2021SORJ, Bila; ARAUJO, Anna Bárbara. “A mulher na sociedade de classes: um clássico dos estudos de gênero”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 29, n. 1, e76729, 2021., p. 2).

Um dos apontamentos de Sorj e Araujo é que a recepção das contribuições teóricas de Heleieth Saffioti ao longo desses cinquenta anos reflete e explica o próprio desenvolvimento do campo dos estudos de gênero no país. Desse modo, podemos entender que os deslocamentos teórico-analíticos e as mudanças nos temas de pesquisa existentes na trajetória da autora sinalizam um movimento mais amplo de consolidação dos estudos de gênero e feministas no Brasil. Porém, a análise deixa explícita que, embora pioneira, Saffioti permanece como uma autora marginal no mainstream das Ciências Sociais brasileiras e seu reconhecimento restringe-se ao campo dos estudos de gênero.

O texto “Notas sobre A mulher na sociedade de classes” de Carla Cristina Garcia faz uma leitura da obra que auxilia as(os) leitoras(es) a se ambientarem ao contexto intelectual e político em que Heleieth escrevia e mostra os diálogos que a autora trava na obra, além de algumas das interpretações acerca de suas teses que surgiram ao longo desse meio século da publicação de seu livro. O texto apresenta a vinculação da autora ao marxismo e a especificidade da sua leitura para a reflexão sobre as mulheres nas sociedades capitalistas, mostrando que para Heleieth a questão da mulher é vista como uma das manifestações da estrutura de classes. Carla Cristina Garcia também analisa a influência de Viola Klein nesse livro de Heleieth Saffioti e, a partir da análise dos papéis sociais de Klein, reflete sobre a concepção de gênero de Saffioti. Segundo a autora do artigo, para Saffioti, o conceito de gênero não se resume a uma categoria analítica, visto que é também uma categoria histórica, na qual os vários elementos estão inseridos, “como tempo e espaço, símbolos culturais, organizações e instituições sociais, a gramática sexual, as relações entre os sujeitos” (GARCIA, 2021GARCIA, Carla Cristina. “Notas sobre A mulher na sociedade de classes”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 29, n. 1, e76731, 2021., p. 8). Por fim, a autora faz uma reflexão sobre a sexualidade das mulheres e os mitos que são elaborados em torno dessa temática, avaliando como as instituições tradicionais e a moralidade influenciam na vida das mulheres.

Esse primeiro momento da seção temática é fechado com o texto de Natalia Pietra Méndez (2021MÉNDEZ, Natalia Pietra. “A mulher na sociedade de classes: contribuições para uma historiografia feminista”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 29, n. 1, e76728, 2021.), “A mulher na sociedade de classes: contribuições para uma historiografia feminista”, no qual apresenta os diálogos de Heleieth Saffioti tanto com o campo feminista quanto com os conhecidos clássicos do pensamento brasileiro, inserindo-a no debate sobre a interpretação do Brasil, analisando sobretudo a parte II do livro, intitulada “Evolução da condição da mulher no Brasil”. A autora do artigo coloca Saffioti como uma contribuição histórica, não apenas porque foi uma mulher que fez história, trazendo uma novidade metodológica dentro do ambiente acadêmico, ao colocar a questão das mulheres no centro do debate junto com classe e raça, mas também porque questionou algumas teses consagradas para a análise do Brasil. Heleieth evidenciou, dessa forma, a necessidade de relacionar os processos históricos com as relações entre os sexos. Natalia ainda ressalta a importância da pesquisa nas fontes históricas que Heleieth se debruçou e a insere como uma autora importante para o questionamento dos saberes tradicionais, que explicitou o papel das mulheres na história. Por fim, Méndez coloca Saffioti como uma contribuição para a historiografia das mulheres no Brasil mesmo não sendo historiadora.

O texto de Isis Táboas (2021TÁBOAS, Ísis Dantas Menezes Zornoff. “Apontamentos materialistas à interseccionalidade”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 29, n. 1, e76725, 2021.) abre um segundo momento da seção temática. O artigo “Apontamentos materialistas à interseccionalidade” dialoga com a obra de Heleieth Saffioti a partir da sua contribuição para os debates da articulação das relações sociais de gênero, raça e classe sem hierarquização. O texto faz uma leitura sobre interseccionalidade, mais especificamente à leitura de Kimberlé Crenshaw, comparando-a ao que a autora chama de leitura materialista. Isis faz uma leitura cuidadosa sobre o surgimento da interseccionalidade, situando que a ideia já estava presente em teorias do século XIX, além de remontar os casos assumidos por Kimberlé Crenshaw que ficaram conhecidos pelo uso da interseccionalidade como um argumento para explicitar a invisibilidade das demandas das mulheres negras e a necessária luta por justiça social que leve em consideração as questões de gênero e raça de maneira articulada. Isis reconhece a importância da perspectiva interseccional para o feminismo latino-americano, mas traz um questionamento à tal noção. A autora traz quatro questões para a perspectiva de Kimberlé Crenshaw incluindo Heleieth Saffioti como um dos expoentes do que chama de leitura feminista materialista. Ao seu lado coloca outras autoras importantes no campo dos estudos de gênero: Mirla Cisne, Helena Hirata e Danièle Kergoat, explicitando as polêmicas que cercam o debate sobre a articulação das categorias. Por fim, a autora aponta a leitura de Heleieth Saffioti sobre o nó de gênero, raça e classe e suas diferenças com a interseccionalidade.

O texto de Maria Lucia da Silveira e Tatau Godinho (2021SILVEIRA, Maria Lucia da; GODINHO, Tatau. “Diálogos sobre a obra de Heleieth Saffioti e o feminismo de esquerda”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 29, n. 1, e76772, 2021.), “Diálogos sobre a obra de Heleieth Saffioti e o feminismo de esquerda”, traz uma elaboração do desenvolvimento dos conceitos de Heleieth Saffioti e os tensionamentos que causaram para pensarmos o movimento feminista, destacando, de um lado, o papel pioneiro da obra A mulher na sociedade de classes e apontando, por outro lado, alguns pontos de dissonância de sua trajetória intelectual. As autoras ressaltam a ousadia de Heleieth por trazer à tona a importância do olhar para a questão das mulheres na compreensão da sociedade, em um momento em que tais questionamentos ainda eram bastante hostilizados. Isso faz com que as autoras entendem já nessa primeira obra de Heleieth uma valorização do feminismo na teoria e na prática. Elas colocam, ainda, que para as militantes da esquerda, a publicação de A mulher na sociedade de classes foi uma referência fundamental para se debater e aprofundar a vinculação da dominação das mulheres ao capitalismo. No entanto, ainda que reconheçam a importância da autora, no que elas entendem ser um primeiro momento de sua trajetória intelectual, quando se debruçou sobre a relação das mulheres no mundo do trabalho, apontam certo distanciamento dela das lutas que se desenvolviam no processo de organização das mulheres trabalhadoras no Brasil no mesmo período em que escrevia. Um dos pontos marcantes do artigo é, justamente, quando as autoras destacam a atuação de Heleieth Saffioti no combate à violência contra as mulheres. Segundo elas, o tema da violência levou a autora a muitos caminhos de atuação, possibilitando o vínculo entre a teoria e a luta pela implantação de políticas públicas voltadas para as mulheres. É com o olhar para esse momento da trajetória de Saffioti que as autoras do artigo ousam dizer que ela se tornou a pensadora do feminismo brasileiro de maior destaque no tema da violência desde o final dos anos 1980, ressaltando não apenas sua importância histórica, mas também a atualidade de sua contribuição.

O último texto da seção temática apresenta um resgate histórico da relação de Heleieth Saffioti com o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM), da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Maíra Kubík Mano e Cecilia Sardenberg (2021MANO, Maíra Kubík Taveira; SARDENBERG, Cecilia Maria Bacellar. “Heleieth e as diferentes gerações de feministas do NEIM/UFBA”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 29, n. 1, e72559, 2021.) trazem um relato sensível e afetuoso para homenagear a ‘madrinha do NEIM’, cuja contribuição foi fundamental para o crescimento e desenvolvimento do Núcleo e influenciou as várias gerações de pesquisadoras associadas. Elas apresentam suas próprias trajetórias para estabelecer um encontro da primeira (Cecilia) com a terceira geração (Maíra) de pesquisadoras, numa ‘conversa a três’ com Heleieth Saffioti, que tem como fio condutor a obra A mulher na sociedade de classes. O entrelaçamento desse encontro tem como ponto comum a articulação entre construção teórica e prática política como indissociável, representada na trajetória de Saffioti e que também está presente na história do NEIM e na das suas pesquisadoras. Heleieth Saffioti permanece viva e seus aportes seguem inspirando as novas pesquisadoras feministas, mesmo que sua presença física já não se faça mais entre nós.

A contribuição de Heleieth Saffioti para o feminismo na atualidade

Mesmo com toda a importância que sua obra tem, o legado teórico de Heleieth Saffioti passou por um momento de ‘esquecimento’ em alguns círculos da academia e dos movimentos feministas, nas duas últimas décadas, ficando circunscrita a alguns grupos da área dos estudos de gênero. No entanto, percebemos que, cada vez mais, jovens intelectuais, algumas presentes nesta publicação, vêm retomando seus conceitos e fazendo novas análises da sua obra (Fernanda Maria Caldeira de AZEVEDO, 2016AZEVEDO, Fernanda Maria Caldeira de. “O conceito de patriarcado nas análises teóricas das ciências sociais: uma contribuição feminista”. Revista Três […] Pontos, Belo Horizonte, v. 13, n. 1, p. 12-20, jan./jun. 2016. Disponível em Disponível em https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistatrespontos/article/view/3386 . Acesso em 29/08/2020.
https://periodicos.ufmg.br/index.php/rev...
; Elaine BEZERRA, 2013BEZERRA, Elaine. “A originalidade do pensamento de Heleieth Saffioti na análise crítica sobre a condição da mulher na sociedade capitalista”. Revista Lutas Sociais, São Paulo, v. 17, n. 31, p. 170-173, jul./dez. 2013. Disponível em Disponível em https://revistas.pucsp.br/index.php/ls/article/view/25734/18368 . Acesso em 29/08/2020.
https://revistas.pucsp.br/index.php/ls/a...
; Renata GONÇALVES, 2013GONÇALVES, Renata. “O pioneirismo de A mulher na sociedade de classes”. In: SAFFIOTI, Heleieth. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. São Paulo: Expressão Popular, 2013. p. 11-25.; Samantha Camacam de MORAES, 2020MORAES, Samantha Camacam de. O feminismo marxista de Heleieth Saffioti: contribuições à educação escolar. 2020. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar) - Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista, Araraquara, SP, Brasil.; Daniele MOTTA, 2018MOTTA, Daniele. “Desvendando Heleieth Saffioti”. Lutas Sociais, v. 22, n. 40, p. 149-160, jan./jun. 2018. Disponível em Disponível em https://revistas.pucsp.br/index.php/ls/article/view/46662 . Acesso em 21/08/2020.
https://revistas.pucsp.br/index.php/ls/a...
; Viviane Modda OLIVEIRA, 2019OLIVEIRA, Viviane Modda. Revisitando Heleieth Saffioti: a construção de um conceito de Patriarcado. 2019. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Sociologia) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil.; Letícia RIBEIRO, 2020RIBEIRO, Letícia de Souza. Diálogos entre Heleieth I. B. Saffioti e Daniil B. Elkonin: uma contribuição à análise histórico-cultural da idade pré-escolar. 2020. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar) - Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista, Araraquara, SP, Brasil.) o que tem colocado Heleieth na cena novamente. Por outro lado, percebemos uma presença marcante de Saffioti e dos seus conceitos também no interior dos movimentos sociais, não apenas os feministas. Um exemplo disso são os Cursos de Realidade Brasileira1 1 Há uma iniciativa intitulada Brasil: Realidade e Revolução, baseada nesses cursos de realidade brasileira, que está sendo realizado no formato virtual, cujo módulo sobre patriarcado e racismo tem Heleieth Saffioti como uma das referências principais. Conheça o conteúdo do curso da Consulta Popular em https://sites.google.com/view/brasil-realidade-revolucao. organizados inicialmente pelo Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), mas que, atualmente, é replicado em vários estados do país por diversas organizações sociais, dentre as quais destaca-se a Consulta Popular. Nessas iniciativas, obra A mulher na sociedade de classes é a base sobre a questão das mulheres na formação social brasileira.

Mesmo com certo apagamento de suas contribuições, suas reflexões mostram uma preocupação com a articulação dos aspectos da diversidade social, com as formações histórico-estruturais, fazendo uma contribuição que olha para a realidade de forma não fragmentada. Desde seu primeiro livro, aqui rememorado, a autora já demonstrava preocupar-se com as articulações de gênero, raça e classe; preocupação que ganhou corpo ao longo dos anos e a fez chegar na formulação do “nó frouxo”. Ferramenta analítica ainda pouco lembrada (realidade que vem sendo transformada) para o debate contemporâneo das intersecções.

Além de retomar meio século da sua obra pioneira em 2019, o ano de 2020 marcou dez anos de seu falecimento. Trazemos a memória de Heleieth Saffioti a partir desta seção temática para que possamos retomar seus textos e levar adiante seu legado, assumindo um compromisso com a pesquisa e a luta feminista, em que Heleieth é, sem dúvida, uma referência e uma inspiração.

A retomada da obra de Heleieth Saffioti mostra-se necessária diante do cenário político que estamos vivendo de rápida perda de direitos antes garantidos e de retrocesso no debate democrático e científico, em que o atual governo federal é um dos principais difusores de uma narrativa antifeminista e mistificadora das relações de gênero. A pauta das mulheres foi mais uma vez colocada no debate da moralidade, circunscritas a seu papel na família (que inclusive aparece no nome da secretaria comandada pela Ministra Damares Alves), da maternidade, da casa.

A afirmação feita por Heleieth na primeira publicação do livro (cinquenta anos atrás) de que não era feminista foi uma das questões debatidas nos artigos presentes nesta seção temática. Sabemos que se dizer feminista naquele momento era algo pejorativo, mas que, ao longo dos anos, foi sendo transformado conforme a luta das mulheres avançava. O discurso conservador que emerge em torno da questão da família e afeta diretamente as mulheres é uma reação as transformações que vivemos nos últimos anos, em decorrência da atuação das mulheres nos diversos campos. Flávia Biroli coloca essas questões nos seguintes termos:

os sentidos do feminino e do masculino estão sendo recodificados. As relações de gênero sofreram transformações na vida afetiva, no universo familiar, nas relações de trabalho remunerado e na política. Não existe igualdade nesses espaços, o machismo e a homofobia não foram superados, mas os movimentos feministas, LGBT e antirracistas têm sido capazes de impor suas pautas ao debate público, ampliando as controvérsias onde antes predominavam silêncio e naturalização. (BIROLI, 2018BIROLI, Flávia. Gênero e desigualdades: limites da democracia no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018., p. 205).

O feminismo é um dos movimentos que mais cresce e é perceptível que alcançou um grau de enraizamento importante nas últimas décadas, saindo dos círculos restritos da academia e das organizações feministas. Está no campo e na cidade, nas escolas, nas redes sociais, ampliou a presença entre as mais jovens e tem se constituído por meio de movimentos e redes internacionais. Quando Heleieth Saffioti escreveu seu livro (aqui rememorado) o país passava pela ditadura militar e as mulheres estavam lutando por democracia (pela via armada, na clandestinidade, no exílio e nas organizações populares). Hoje, ao mesmo tempo que cresce o debate e as reivindicações das mulheres, aumenta, também, o ataque às pautas feministas, como a ideologia de gênero, escola sem partido, estatuto do nascituro, a Portaria nº 2.282/2020 (que dificulta a realização do aborto em casos previstos na lei), entre outros.

Essa obra de Heleieth nos revela, ainda, que o entendimento do mito, enquanto mecanismo construído pela sociedade para justificar o lugar de subordinação das mulheres, permite-nos outra análise da realidade. Além disso, A mulher na sociedade de classes é importante para demonstrar que o ideal da mulher benevolente, que se dedica à família por amor e se restringe ao espaço doméstico é um mito! Recentemente vimos esses mitos ressurgirem na cena, quando a grande mídia exaltou Michele Temer, então primeira-dama do Brasil, como uma mulher ‘bela, recatada e do lar’. Não foi coincidência, entretanto, que o movimento de mulheres no Brasil foi o que fez as maiores manifestações desde a deposição da presidenta Dilma, como o Fora Cunha, o #EleNão e o #HaddadeManuSim.2 2 É importante notar que o movimento de mulheres na América Latina tem dado demonstrações de força como as mobilizações que aconteceram na Argentina em 2018, o Ni una a menos, e a onda de protestos no Chile em 2019 que viralizou um vídeo com inúmeras mulheres fazendo uma intervenção El violador eres tu. Além disso, no ano de 2017 foi chamada pelas mulheres negras estadunidenses uma greve internacional de mulheres no dia 8 de março, que teve repercussões em diversos lugares do mundo, inclusive no Brasil.

Vivemos o momento da renovação dos mitos, muito próximo dos que Heleieth trabalhou no seu livro de 1969. Pensando a sociedade contemporânea, alguns mitos em torno da mulher renascem para tentar tirar a nossa voz da história, para tentar enclausurar a nossa narrativa. Heleieth Saffioti nos alertou: “É deles [dos mitos] que a sociedade costuma lançar mão para impedir ou retardar a emancipação de uma categoria social que se impõe a tarefa da libertação” (2013, p. 179).

Nos últimos anos, a relação entre homens e mulheres se alterou significativamente, transformando não apenas as disputas em torno da luta por direitos, mas também o próprio cotidiano das pessoas. Observa-se, portanto, que estudar, falar e organizar as demandas em torno das desigualdades de gênero causa profundo incômodo e retomar Saffioti é parte dessa disputa e desse incômodo, trazendo uma perspectiva crítica que não se preocupa apenas com o que muitos chamam de identitarismo das mulheres, mas com uma desconstrução das hierarquias e desigualdades sociais. E se Heleieth nos ensinou que as relações estão enoveladas, entendemos que a luta feminista adquire um potencial revolucionário se aliada com a luta anticapitalista e antirracista. Sigamos na luta! Boa leitura!

Referências

  • AZEVEDO, Fernanda Maria Caldeira de. “O conceito de patriarcado nas análises teóricas das ciências sociais: uma contribuição feminista”. Revista Três […] Pontos, Belo Horizonte, v. 13, n. 1, p. 12-20, jan./jun. 2016. Disponível em Disponível em https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistatrespontos/article/view/3386 Acesso em 29/08/2020.
    » https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistatrespontos/article/view/3386
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  • 1
    Há uma iniciativa intitulada Brasil: Realidade e Revolução, baseada nesses cursos de realidade brasileira, que está sendo realizado no formato virtual, cujo módulo sobre patriarcado e racismo tem Heleieth Saffioti como uma das referências principais. Conheça o conteúdo do curso da Consulta Popular em https://sites.google.com/view/brasil-realidade-revolucao.
  • 2
    É importante notar que o movimento de mulheres na América Latina tem dado demonstrações de força como as mobilizações que aconteceram na Argentina em 2018, o Ni una a menos, e a onda de protestos no Chile em 2019 que viralizou um vídeo com inúmeras mulheres fazendo uma intervenção El violador eres tu. Além disso, no ano de 2017 foi chamada pelas mulheres negras estadunidenses uma greve internacional de mulheres no dia 8 de março, que teve repercussões em diversos lugares do mundo, inclusive no Brasil.
  • Como citar esse artigo de acordo com as normas da revista:

    MOTTA, Daniele Cordeiro; BEZERRA, Elaine Mauricio. “A força de Heleieth Saffioti 50 anos depois”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 29, n. 1, e76777, 2021.
  • Financiamento:

    Não se aplica
  • Consentimento de uso de imagem:

    Não se aplica
  • Aprovação de comitê de ética em pesquisa:

    Não se aplica.
  • Errata:

    Neste artigo na contribuição da autoria, onde se lia: As autoras contribuíram igualmente, leia-se: As autoras contribuíram igualmente na redação e, junto com Renata Cristina Gonçalves dos Santos, organizaram a Seção Temática.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Maio 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2021

Histórico

  • Recebido
    29 Ago 2020
  • Revisado
    20 Out 2020
  • Aceito
    09 Nov 2020
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